Pyongyang exporta carvão via Rússia para Coreia do Sul e Japão apesar das sanções

30/01/2018 16:13 Atualizado: 30/01/2018 16:13

A Coreia do Norte mandou carvão para a Rússia no ano passado, o qual depois foi entregue à Coreia do Sul e ao Japão em uma possível violação das sanções impostas pelos Estados Unidos, conforme informou a agência Reuters.

Em uma matéria jornalística, foram citadas três fontes da inteligência da Europa Ocidental que não foram identificadas.

O Conselho de Segurança da ONU proibiu as exportações de carvão da Coreia do Norte em 5 de agosto, como parte das sanções destinadas a cortar uma importante fonte de divisas que Pyongyang precisa para financiar suas armas nucleares e seus programas de mísseis de longo alcance.

Foto tirada em 21 de novembro de 2017 mostra um monte de carvão no porto de Rajin, na Zona Econômica Especial Rason da Coreia do Norte, paralisada por uma proibição das Nações Unidas sobre as exportações de carvão de Pyongyang (Ed Jones/AFP/Getty Images)
Foto tirada em 21 de novembro de 2017 mostra um monte de carvão no porto de Rajin, na Zona Econômica Especial Rason da Coreia do Norte, paralisada por uma proibição das Nações Unidas sobre as exportações de carvão de Pyongyang (Ed Jones/AFP/Getty Images)

No entanto, o regime comunista enviou, pelo menos três vezes desde então, carvão para os portos russos de Nakhodka e Kholmsk, onde foi descarregado nas docas e recarregado em navios que o levaram à Coreia do Sul e ao Japão, afirmaram as fontes.

“O porto russo de Nakhodka está se tornando um centro de transferência de carvão norte-coreano”, disse uma das fontes da segurança europeia, que pediu anonimato devido à sensibilidade da diplomacia internacional em torno da Coreia do Norte.

"O porto russo de Nakhodka está se tornando um centro de transferência de carvão norte-coreano"
“O porto russo de Nakhodka está se tornando um centro de transferência de carvão norte-coreano”

Segundo a Reuters, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia não respondeu a um pedido de explicações que lhe foi enviado em 18 de janeiro. Ao mesmo tempo, a missão russa para as Nações Unidas informou ao comitê de sanções do Conselho de Segurança, em 3 de novembro, que Moscou estava cumprindo as sanções.

A Reuters não pode verificar de forma independente se o carvão descarregado nas docas russas era o mesmo que foi enviado para a Coreia do Sul e o Japão. A Reuters também não conseguiu determinar se os proprietários dos navios que partiram da Rússia para a Coreia do Sul e o Japão conheciam a origem do carvão.

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos sancionou na quarta-feira (24) o proprietário de um dos navios, o Ual Ji Bong 6, por ter entregue o carvão norte-coreano em Kholmsk em 5 de setembro.

Não ficou claro quais empresas se beneficiaram das remessas de carvão.

A agência de notícias citou uma fonte do transporte ocidental não identificada dizendo que alguns dos embarques chegaram ao Japão e à Coreia do Sul em outubro de 2017.

Uma fonte da segurança norte-americana confirmou o comércio de carvão da Coreia do Norte através da Rússia e disse que ela ainda continuava, informou a Reuters.

Legisladores russos criticaram a reportagem da Reuters.

Quando perguntado sobre os embarques, um porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos respondeu: “É claro que a Rússia precisa fazer mais. Todos os Estados membros dos Estados Unidos, incluindo a Rússia, devem implementar resoluções de sanções de boa fé e esperamos que todos o façam”.

Um painel independente de especialistas informou ao Conselho de Segurança em 5 de setembro que a Coreia do Norte “estava deliberadamente usando canais indiretos para exportar produtos proibidos, evitando as sanções”.

Foto tirada em 21 de novembro de 2017 mostra trabalhador russo caminhando em frente a guindastes no porto de carvão RasonConTrans, na Zona Econômica Especial de Rason da Coreia do Norte (Ed Jones/AFP/Getty Images)
Foto tirada em 21 de novembro de 2017 mostra trabalhador russo caminhando em frente a guindastes no porto de carvão RasonConTrans, na Zona Econômica Especial de Rason da Coreia do Norte (Ed Jones/AFP/Getty Images)

A Reuters também informou no mês passado que petroleiros russos haviam fornecido combustível à Coreia do Norte e o presidente Donald Trump disse à agência, em entrevista no dia 17 de janeiro, que a Rússia estava ajudando Pyongyang a obter suprimentos, violando as sanções.

Duas rotas distintas para o carvão foram identificadas por fontes da segurança ocidental.

A primeira utilizou navios da Coreia do Norte através de Nakhodka, cerca de 85 km (53 milhas) a leste da cidade russa de Vladivostok.

A segunda rota levou carvão através de Kholmsk na ilha russa de Sakhalin, ao norte do Japão.

O carvão não passou pela alfândega russa porque as sanções da ONU entraram em vigor, mas depois ele foi carregado no mesmo cais em navios operados pela China. Esses navios declararam como país de origem a Coreia do Norte (conforme documentos de controle do porto russo), segundo fonte da administração portuária de Sakhalin que falou sob condição de anonimato.

A Reuters viu os documentos de controle portuário que estabelecem a procedência do carvão da Coreia do Norte. Os navios que carregaram o carvão norte-coreano partiram para os portos de Pohang e Incheon, na Coreia do Sul, de acordo com informações de rastreamento das embarcações.

Devido a isto, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos impôs sanções na quarta-feira a 9 entidades, 16 pessoas e seis navios, acusados de ajudar o programa de armas da Coreia do Norte.

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