Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês – Capítulo 2

07/12/2004 03:00 Atualizado: 28/04/2022 11:16

NO INÍCIO DO PARTIDO COMUNISTA CHINÊS

Este é o segundo dos Nove Comentários

Original em chinês, 19 de novembro de 2004

Atualizado em 28 de abril de 2022.

Prefácio

De acordo com o livro “Explicando de Forma Simples e Analisando os Caracteres Compostos (Shuowen Jiezi)”, escritos por Xu Shen (em 147 d.C., na Dinastia Han Oriental), o caractere chinês ‘dang’, que significa ‘partido’ ou ‘gangue’, é formado por dois radicais que correspondem a ‘promover ou advogar’ e ‘escuro ou preto’, respectivamente. Colocando os dois radicais juntos, o caractere significa ‘promovendo escuridão’. ‘Partido’ ou ‘membro do partido’ (que também pode ser interpretado como ‘gangue’ ou ‘membro da gangue’) leva consigo um significado depreciativo. Confúcio disse: “Um homem nobre é orgulhoso, mas não agressivo, sociável, mas não partidário”. As notas de rodapés dos Analectos (Lunyu) explicam: “As pessoas que se ajudam ajudam mutuamente a esconder seus atos errados são consideradas como formando uma gangue (partido)”. Na história chinesa, as facções políticas sempre foram chamadas de Pengdang (cabala, sociedade secreta). Na cultura tradicional chinesa, isto é um sinônimo de ‘gangue de patifes’ e está associado a implicações de se conspirar para fins egoístas.

Por que o Partido Comunista emergiu, cresceu e, eventualmente, apoderou-se do poder na China contemporânea? O Partido Comunista Chinês (PCCh) tem constantemente incutido na mente do povo chinês que a história escolheu o Partido Comunista Chinês, que o povo escolheu o Partido Comunista Chinês e que “sem o Partido Comunista Chinês não haveria uma nova China”.

O povo chinês escolheu o Partido Comunista? Ou , o Partido Comunista conspirou contra e forçou o povo chinês a aceitá-lo? Precisamos encontrar respostas na história.

Desde a Dinastia Qing (1644-1911) até os primeiros anos do período da República (1911-1949), a China passou por tremendos choques externos e extensas tentativas de reformas internas. A sociedade chinesa estava em tumulto doloroso. Muitos intelectuais e pessoas com ideais elevados queriam salvar o país e seu povo. Entretanto, em meio ao caos e à crise nacional, crescia o sentimento de ansiedade, causando primeiro o desapontamento e depois o desespero total. Como pessoas que procuram qualquer médico disponível na hora da doença, elas procuraram suas soluções fora da China. Quando os modelos inglês e francês falharam, eles os substituíram pelo método russo. Eles não hesitaram em prescrever o remédio mais extremo para a doença, na esperança de que a China pudesse rapidamente se tornar forte.

O Movimento de quatro de maio de 1919 foi o reflexo claro deste desespero. Algumas pessoas defendiam o anarquismo, outras propunham derrubar as doutrinas de Confúcio, e outros ainda sugeriam adotar uma cultura estrangeira. Em pouco tempo, eles rejeitaram a cultura tradicional chinesa e se opuseram à doutrina de Confúcio do meio termo. Ansiosos por adotarem um caminho mais curto, eles defenderam a destruição de tudo o que fosse tradicional. Por um lado, os membros radicais dentre eles não tinham uma forma de servir o país e, por outro lado, eles acreditavam firmemente em seus próprios ideais e desejos. Eles achavam que o mundo estava sem esperanças, e acreditavam que somente eles tinham achado o caminho certo para o futuro desenvolvimento da China. Eles queriam ardentemente a revolução e a violência.

Diferentes experiências os levaram a diferentes teorias, princípios e caminhos entre vários grupos. Eventualmente, um grupo de pessoas se encontrou com representantes do Partido Comunista da União Soviética. A ideia do “uso da revolução violenta para conseguir o poder político”, tirada da teoria marxista-leninista, fascinou as suas mentes ansiosas e se adequou ao desejo deles de salvar o país e sua gente. Imediatamente, formaram uma aliança entre si. O comunismo foi introduzido na China, um conceito completamente estrangeiro. No total, treze representantes estiveram presentes no primeiro congresso do Partido Comunista Chinês. Mais tarde, alguns deles morreram, alguns fugiram, e alguns, traindo o Partido Comunista Chinês ou se tornando oportunistas, trabalharam para a ocupação japonesa e se tornaram traidores da China ou deixaram o Partido Comunista Chinês e se juntaram ao Kuomintang (o Partido Nacionalista, daqui por diante chamado de KMT). Em torno de 1949, quando o Partido Comunista Chinês assumiu o poder na China, dos treze membros originais do Partido, restavam somente Mao Tsé-Tung e Dong Biwu. Não está claro se os fundadores do Partido Comunista Chinês estavam a par de que a “deidade” da União Soviética que tinham introduzido na época  era, na realidade, um espectro do mal e que o remédio que eles procuraram para fortalecer a nação era, na verdade, um veneno mortal.

O Partido Comunista de Toda a Rússia (Bolchevique, mais tarde conhecido como o Partido Comunista da União Soviética), tendo acabado de vencer sua revolução, estava obcecado com a ambição de ter a China. Em 1920, a União Soviética criou a Divisão do Extremo Oriente, um segmento da Terceira Comunista Internacional, ou seja, o Comintern. Ela ficou responsável pela criação de um partido comunista na China e em outros países. Boris Shumyatsky era o responsável pela Divisão, e Grigori Voitinsky era o vice-diretor. Eles começaram a preparar a implantação do Partido Comunista Chinês com Chen Duxiao e outros. A proposta submetida à Divisão do Extremo Oriente, em junho de 1921, para a implantação de uma divisão da China no Comintern, mostrava que o Partido Comunista Chinês era um segmento liderado pelo Comintern. Em 23 de julho de 1921, com a ajuda de Vladimir Abramovich Neiman-Nikolsky e Henk Sneevliet (conhecido pelo apelido de Maring) da Divisão do Extremo Oriente, o Partido Comunista Chinês foi oficialmente instituído.

O movimento comunista foi então introduzido na China como um experimento e o Partido Comunista Chinês se colocou acima de tudo e de todos, conquistando tudo em seu caminho, e trazendo à China, deste modo, uma catástrofe sem fim. 

I. O Partido Comunista Chinês cresceu através da gradual perversão

Não é uma tarefa fácil introduzir na China um espectro estrangeiro e maléfico como o do Partido Comunista, que é totalmente incompatível com a tradição chinesa, um país com uma história de cinco mil anos de civilização. O Partido Comunista Chinês enganou a população e os intelectuais patriotas, afirmando  que queria servir o país com a promessa da “utopia comunista”. Ele distorceu ainda mais a teoria do comunismo, que já tinha sido seriamente distorcida por Lênin, fornecendo bases teóricas para destruir todos os princípios e morais tradicionais. Além disso, a teoria distorcida do comunismo do Partido Comunista Chinês foi usada para destruir tudo o que era desvantajoso para o regime do Partido Comunista Chinês e para eliminar todas as classes sociais e as pessoas que pudessem oferecer ameaça ao seu controle. O Partido Comunista Chinês adotou a destruição da crença da Revolução Industrial bem como o mais completo ateísmo do comunismo. O Partido Comunista Chinês herdou a negação da propriedade privada do comunismo e importou a teoria da revolução violenta de Lênin. Ao mesmo tempo, o Partido Comunista Chinês herdou e fortaleceu as piores partes da monarquia chinesa.

A história do Partido Comunista Chinês é um processo do gradual acúmulo de cada forma de maldade, doméstica e estrangeira. O Partido Comunista Chinês aperfeiçoou os seus nove traços herdados, dando a eles “características chinesas”: a maldade, a hipocrisia, o incitamento, liberando a escória da sociedade, a espionagem, o roubo, a luta, a eliminação e o controle. Em resposta às constantes crises, o Partido Comunista Chinês consolidou e fortaleceu os meios e a extensão de uso destas características malignas.

Primeiro traço herdado: a maldade – vestindo a forma maligna do marxismo-leninismo

Inicialmente, o marxismo atraiu os comunistas chineses com a declaração de “usar a revolução violenta para destruir o sistema do Estado velho e estabelecer uma ditadura do proletariado”. Esta é precisamente a raiz do mal no marxismo e no leninismo.

O materialismo marxista é baseado nos estreitos conceitos econômicos das forças de produção, relações de produção e da mais-valia. Durante os estágios iniciais e subdesenvolvidos do capitalismo, Marx fez uma previsão míope de que o capitalismo iria morrer e o proletariado iria vencer, no entanto, a história e a realidade provaram o contrário. A revolução violenta e a ditadura proletária do marxismo-leninismo favoreceram o poder político e o domínio do proletariado. O Manifesto Comunista apresentou as bases históricas e filosóficas do Partido Comunista para os conflitos de classe e para a luta. Objetivando o poder, o proletariado acabou com as relações sociais e princípios morais tradicionais. Em sua primeira manifestação, as doutrinas do comunismo foram estabelecidas em oposição a toda tradição.

Universalmente, a natureza humana repele a violência. A violência faz as pessoas cruéis e tirânicas. Então, em todos os lugares e todos os tempos, a humanidade rejeitou fundamentalmente as premissas da teoria da violência do Partido Comunista, uma teoria que não tem antecedentes em nenhum sistema mais antigo de pensamento, filosofia ou tradição. O sistema de terror comunista caiu sobre a Terra como se não viesse de lugar algum.

A ideologia maligna do Partido Comunista Chinês está alicerçada na premissa de que os seres humanos podem conquistar a natureza e transformar o mundo. O Partido Comunista atraiu muitas pessoas com o seu ideal de “emancipação de toda a humanidade” e “união do mundo”. O Partido Comunista Chinês enganou muita gente, principalmente aqueles que estavam preocupados com a condição humana e estavam ansiosos por deixarem suas próprias marcas na sociedade. 

O Partido Comunista Chinês esqueceu de que acima existe um Céu. Inspirados pela bela, porém errônea, noção de “construir o Céu na Terra”, eles desprezaram as tradições e desconsideraram as vidas dos outros, o que, em contrapartida, os degradou. Eles fizeram tudo isso na tentativa de que o Partido Comunista Chinês apresentasse um serviço louvável e adquirisse honra.

O Partido Comunista apresentou como verdade a fantasia do “paraíso comunista”, e incitou o entusiasmo do povo para lutar por ela: “Pela razão troveja a nova criação; e um mundo melhor que nasce”. [1] Empregando uma ideia totalmente absurda, o Partido Comunista Chinês rompeu as ligações entre a humanidade e o Céu, e cortou a corda de salvação que liga o povo chinês aos seus ancestrais e às tradições nacionais. Ao convocar as pessoas a darem as suas vidas pelo comunismo, o Partido Comunista Chinês fortaleceu sua habilidade de praticar o mal.

Segundo traço herdado: a hipocrisia – o mal tem de iludir para fingir ser correto

O mal precisa mentir. Para tirar vantagem da classe trabalhadora, o Partido Comunista Chinês deu a ela os títulos de “a classe mais avançada”, “a classe altruísta”, “a classe líder”, e “os pioneiros da revolução proletária”. Quando o Partido Comunista precisou do homem do campo, prometeu “terra para o agricultor”. Mao aplaudiu os agricultores dizendo: “Sem os pobres agricultores não haveria revolução; negar seu papel é negar a revolução”. [2] Quando o Partido Comunista precisava de ajuda da classe capitalista, a chamava de “companheiros trabalhadores na revolução proletária” e prometia a ela “democracia republicana”. Quando o Partido Comunista quase foi exterminado pelo KMT, ele apelou em voz alta “chinês não luta contra chinês” e prometeu se submeter à liderança do KMT. Assim que acabou a guerra contra os japoneses (1937-1945), o Partido Comunista Chinês virou-se com força total contra o KMT e destruiu seu governo. Da mesma forma, o Partido Comunista Chinês destruiu a classe capitalista, logo após assumir o controle da China e, no final, transformou os agricultores e trabalhadores num proletariado verdadeiramente sem dinheiro.

A ideia de uma frente unida é um exemplo típico das mentiras ditas pelo Partido Comunista Chinês. Para ganhar a guerra civil contra o KMT, o Partido Comunista Chinês partiu de suas táticas usuais de matar todo membro da família dos senhores proprietários e dos ricos agricultores e adotou uma ‘política temporária de unificação’ com suas classes inimigas como as dos senhores proprietários e dos ricos agricultores. Em 20 de julho de 1947, Mao Tsé-Tung anunciou que “Exceto por alguns poucos elementos reacionários, deveríamos adotar uma atitude mais tranquila com a classe dos senhores proprietários… para reduzir os elementos hostis”. Entretanto, depois que o Partido Comunista Chinês conseguiu o poder, os senhores proprietários e os ricos agricultores não escaparam do genocídio.

Dizer uma coisa e fazer outra é normal para o Partido Comunista. Quando o Partido Comunista Chinês precisou usar os partidos democratas, ele pediu que todos os partidos “se esforçassem para uma coexistência duradoura, que praticassem a supervisão mútua, que fossem sinceros uns com os outros, e compartilhassem honra e desgraça”. Todos que discordavam ou recusavam a obedecer a conceitos, palavras, ações ou à organização do Partido eram eliminados. Marx, Lênin e os líderes do Partido Comunista Chinês, todos disseram que o poder político do Partido Comunista não seria dividido com quaisquer outros indivíduos ou grupos. Desde o começo, o comunismo claramente carregava dentro de si o gene da ditadura. O Partido Comunista Chinês é ditatorial e único. Quando tentava ganhar o poder ou depois de consegui-lo, nunca coexistiu com quaisquer outros partidos políticos ou grupos de uma maneira sincera. Mesmo durante o assim chamado período “calmo”, a coexistência do Partido Comunista Chinês com outros foi, quando muito, uma representação.

A história nos diz para nunca acreditar em nenhuma das promessas que o Partido Comunista Chinês faz, nem confiar que seja cumprido qualquer compromisso do Partido Comunista Chinês. Acreditar nas palavras do Partido Comunista em qualquer questão seria algo que custaria à pessoa a própria vida.

Terceiro traço herdado: o incitamento – habilmente estimulando o ódio e incitando a luta entre as massas

A desonestidade serve para incitar o ódio. A luta é construída em cima do ódio. Onde não existe o ódio, ele pode ser criado.

O sistema bem enraizado do clã patriarcal da zona rural chinesa serviu como uma barreira fundamental à instituição do poder político do Partido Comunista. A sociedade rural era inicialmente harmoniosa e a relação entre os proprietários das terras e os arrendatários não era totalmente conflitante. Os proprietários ofereciam aos agricultores um meio de vida, e, em contrapartida, os agricultores sustentavam os proprietários das terras.

Essa relação, de alguma forma mutuamente dependente, foi transformada pelo Partido Comunista Chinês num antagonismo extremo de classe e numa exploração de classe. A harmonia foi transformada em hostilidade, ódio e luta. O razoável foi transformado em não razoável, a ordem foi transformada em caos, e o republicanismo transformado em despotismo. O Partido Comunista encorajou a desapropriação, o assassinato por dinheiro, e o massacre de proprietários de terras, agricultores ricos, suas famílias e seus clãs. Muitos agricultores não queriam tomar a propriedade dos outros. Alguns devolviam à noite a propriedade que pegavam dos proprietários das terras durante o dia, porém eles eram criticados pelos grupos do Partido Comunista Chinês que trabalhavam nas regiões rurais como tendo “baixa consciência de classe”.

Para incitar o ódio entre as classes, o Partido Comunista Chinês transformou o teatro chinês numa ferramenta propagandista. Uma história muito bem conhecida da opressão de classe, “A menina dos cabelos brancos” [3], originalmente era uma história sobre uma imortal feminina e não tinha nada a ver com os conflitos de classe. Entretanto, através das ‘canetadas’ dos escritores militares, ela foi transformada num drama “moderno”, ópera e balé usado para incitar o ódio de classes. Quando o Japão invadiu a China durante a II Guerra Mundial, o Partido Comunista Chinês não lutou com as tropas japonesas. Ao invés disso, ele atacou o governo KMT com acusações de que o KMT traiu o país por não lutar contra o Japão. Até no momento mais crítico da calamidade nacional, ele incitou o povo para que se opusesse contra o governo KMT.

O incitamento das massas para lutarem umas contra as outras é uma estratégia do Partido Comunista Chinês. O Partido Comunista Chinês criou a fórmula 95:5 para a classificação das classes: 95% da população estaria inserida nas várias classes que poderiam ser persuadidas, enquanto que as 5% restantes seriam classificadas como inimigos de classe. Pessoas dentro dos 95% estavam seguras, mas aquelas dentro dos 5% “lutariam” contra. Por causa do medo e para se protegerem, as pessoas se esforçaram para pertencer aos 95%. Isto resultou em muitos casos nos quais as pessoas se prejudicavam, inclusive com insultos e agressões. Pelo uso intenso do incitamento em seus movimentos políticos, o Partido Comunista Chinês aperfeiçoou esta técnica.

Quarto traço herdado: liberando a escória da sociedade – infratores e a escória social formam as fileiras do Partido Comunista Chinês

A liberação da escória da sociedade leva ao mal, e o mal precisa usar a escória da sociedade. As revoluções comunistas sempre fizeram uso da rebelião dos delinquentes e da escória social. A “Comuna de Paris”, na verdade, envolvia homicídio, incêndio e violência liderados pela escória social. Até Marx olhava de cima a “massa proletária” [4]. No Manifesto Comunista, Marx diz:, “A ‘classe perigosa’, a escória social, aquela massa podre, passiva e derrotada do mais baixo nível da velha sociedade, pode, aqui e ali, ser arrebatada para dentro do movimento por uma revolução proletária; entretanto, as suas condições de vida preparam-na para ser muito mais uma ferramenta subornável para intrigas reacionárias”. Os camponeses, por outro lado, eram considerados por Marx e Engels não qualificados em nenhuma classe social por sua chamada fragmentação e ignorância.

O Partido Comunista Chinês desenvolveu ainda mais o lado negro da teoria de Marx. Mao Tsé-Tung dizia: “A escória social e os criminosos sempre foram rejeitados pela sociedade, mas na verdade, na revolução nas zonas rurais, eles são os mais corajosos, os mais meticulosos e os mais firmes”. [2] A massa proletária fortaleceu a natureza violenta do Partido Comunista Chinês e logo instituiu o poder político do Partido Comunista nas áreas rurais. Em chinês, a palavra ‘revolução’ significa literalmente ‘tirar vidas’, o que soa horrível e desastroso para todas as boas pessoas. Entretanto, o Partido conseguiu imbuir a palavra ‘revolução’ de significado positivo. Da mesma forma, num debate sobre o termo ‘massa proletária’ durante a Revolução Cultural, o Partido Comunista Chinês sentiu que ‘massa’ não soava bem, então substituiu o termo simplesmente por ‘proletariado’.

Outro comportamento da escória da sociedade é agir como patife. Quando criticados por serem ditadores, os oficiais do Partido revelariam suas tendências ameaçadoras e sem nenhuma vergonha diriam algo como: “Vocês estão certos, é precisamente isto que estamos fazendo. A experiência chinesa, acumulada através das décadas passadas, exige que nós exerçamos esta ditadura democrática. Nós a chamamos de ‘a autocracia democrática do povo’”.

Quinto traço herdado: a espionagem – infiltração, disseminação de conflito, desintegração e substituição

Somadas à trapaça, a incitação da violência e a utilização da escória da sociedade, técnicas de espionagem e a disseminação de conflito também foram usadas. O Partido Comunista Chinês foi hábil na infiltração. Décadas passadas, os “três mais eficientes” agentes secretos do Partido Comunista Chinês, Qian Zhuangfei, Li Kenong e Hu Beifeng, estavam na verdade trabalhando para Chen Geng, o administrador da Segunda Agência da Seção de Espionagem do Comitê Central do Partido Comunista Chinês. Quando Qian Zhuangfei trabalhava como secretário e subordinado de confiança de Xu Enzeng, o diretor do Escritório de Investigação do Comitê Central do KMT, ele enviou informações secretas sobre o primeiro e o segundo plano estratégico para cercar as tropas do Partido Comunista Chinês em Jiangxi, província de Li Kenong, através do correio interno do Departamento de Organização do Comitê Central do KMT, que mais tarde entregou em mãos a Zhou Enlai (também chamado de Chou En-lai) [5]. Em abril de 1930, uma organização especial de agentes duplos subsidiada pela Agência Central de Investigação do KMT foi implantada na região nordeste da China. Aparentemente, ela pertencia ao KMT e era dirigida por Qian Zhuangfei, mas, por trás das cenas, ela era controlada pelo Partido Comunista Chinês e liderada por Chen Geng.

Li Kenong também se juntou ao Quartel General das Forças Armadas do KMT como criptógrafo. Foi Li que decodificou a mensagem urgente referente à prisão e revolta de Gu Shunzhang [6], um Diretor do Escritório de Segurança do Partido Comunista Chinês. Qian Zhuangfei imediatamente enviou a mensagem decodificada para Zhou Enlai, evitando assim que todo o grupo de espiões fosse capturado.

Yang Dengying era um representante especial pró-comunista do Escritório Central de Investigação do KMT em Xangai. O Partido Comunista Chinês ordenou que ele prendesse e executasse aqueles membros que o Partido Comunista Chinês não considerava confiáveis. Um oficial graduado do Partido Comunista Chinês da Província de Henan uma vez ofendeu um membro do Partido e seu próprio pessoal usou de influência para colocá-lo na cadeia do KMT por vários anos.

Durante a Guerra da Liberação [7], o Partido Comunista Chinês conseguiu infiltrar um agente secreto que Chiang Kai-shek (também chamado de Jiang Jieshi) [8] mantinha em total sigilo. Liu Pei, Tenente-General e Vice-Ministro do Ministério da Defesa, estava encarregado de despachar o exército do KMT. Liu, na verdade, era um agente secreto do Partido Comunista Chinês. Antes de o KMT divulgar qual seria sua próxima missão deles, a informação desta ação já tinha chegado a Yan’an, quartel-general do Partido Comunista Chinês. Assim, o Partido Comunista desenvolveria um plano de defesa de acordo com o necessário. Xiong Xianghui, um secretário e subordinado de confiança de Hu Zongnan [9], revelou a Zhou Enlai o plano de Hu de invadir Yan’an. Então, quando Hu Zongnan e suas forças alcançaram Yan’an, o local já estava deserto. Zhou Enlai disse uma vez: “O Presidente Mao sabia das ordens militares de Chiang Kai-shek antes de elas serem dadas ao comandante do exército de Chiang”.

Sexto traço herdado: o roubo – o roubo por fraude e violência se tornou a “nova ordem”

Tudo o que o Partido Comunista Chinês tem, foi conseguido através do roubo. Quando o Partido Comunista Chinês queria organizar o Exército Vermelho para estabelecer seu regime através da força militar, ele precisou de armas, munição, comida e roupas. O Partido Comunista Chinês levantava fundos suprimindo senhores de terras locais e roubando bancos, agindo exatamente como bandidos. Numa missão liderada por Li Xiannian [10], um dos líderes sêniores do Partido Comunista Chinês, o Exército Vermelho sequestrou as famílias mais ricas da hierarquia do condado na região oeste da província de Hubei. Eles não sequestraram somente uma pessoa, mas um de cada família rica do clã. Os sequestrados eram mantidos vivos para que as famílias continuassem dando suporte financeiro ao exército. Só quando o Exército Vermelho estivesse satisfeito ou as famílias sequestradas estivessem completamente sem recursos é que os sequestrados eram devolvidos a suas famílias, muitos deles à beira da morte. Alguns tinham sido aterrorizados ou torturados tão severamente que morriam antes que pudessem retornar.

Através da “opressão dos senhores de terras locais e do confisco de suas terras”, o Partido Comunista Chinês estendeu a fraude e a violência de seus saques para toda a sociedade, substituindo a tradição com a “nova ordem”. O Partido Comunista cometeu todos os tipos de más ações, grandes e pequenas, e não promoveu qualquer benefício. O Partido Comunista Chinês oferece pequenos favores a qualquer um que incite pessoas a denunciar os outros. Como resultado disto, a compaixão e a virtude desapareceram completamente e foram substituídas pelo conflito e matança. A “utopia comunista” é,  na verdade, um eufemismo para os saques violentos.

Sétimo traço herdado: a luta – destruição do sistema nacional, da ordem e da hierarquia tradicional

Fraude, incitamento, liberação da escória social e espionagem têm como propósito o roubo e a luta. A filosofia comunista promove lutas. A revolução comunista não era somente espancamentos, destruições e roubos desorganizados. Mao disse: “Os principais alvos do ataque dos camponeses são os tiranos locais, a elite má e os ilegais senhores de terras, mas de passagem eles também atacam todas as instituições e ideias patriarcais, a corrupção oficial nas cidades e os costumes e práticas ruins nas áreas rurais”. [2] Mao instruiu claramente que se destruísse todo o sistema tradicional e os costumes do campo.

A luta comunista também inclui as forças armadas e os conflitos armados. “Uma revolução não é um jantar comemorativo, a pintura de um quadro, ou a feitura de um bordado; ela não pode ser tão refinada, lenta e gentil, ou tão sóbria, delicada, cortês, contida e magnânima. Uma revolução é uma revolta, um ato de violência através do qual uma classe derruba a outra”. [2] A luta foi usada pelo Partido Comunista Chinês quando ele tentou dominar o poder do Estado pela força. Algumas décadas mais tarde, o Partido Comunista Chinês usou a mesma característica da luta para “educar” a geração seguinte durante a Grande Revolução Cultural.

Oitavo traço herdado: a eliminação – estabelecendo uma total ideologia de genocídio

O Comunismo tem feito muitas coisas com absoluta crueldade. O Partido Comunista Chinês prometeu aos intelectuais um “paraíso na terra”. Mais tarde, os rotulou de “direitistas” e os colocou na infame nona categoria [11] de pessoas perseguidas, ao lado dos senhores de terras e espiões. Ele despojou os proprietários de terras e capitalistas de suas propriedades, exterminou as classes dos senhores de terras e camponeses ricos, destruiu a hierarquia social e a ordem no campo, tirou a autoridade das figuras locais, sequestrou e extorquiu suborno das pessoas mais ricas, fez lavagem cerebral nos prisioneiros de guerra, “reformou” industriais e capitalistas, infiltrou-se no KMT e o desintegrou, separou-se da Internacional Comunista (Comintern) e a traiu, liquidou todos os dissidentes através de sucessivos movimentos políticos depois que chegou ao poder em 1949, e ameaçou seus próprios membros com coerção. Tudo o que fez não deixou margem para outras ações.

Os fatos acima mencionados foram todos baseados na teoria do genocídio do Partido Comunista Chinês. Todos os seus movimentos políticos foram uma campanha de terror com intenção genocida. O Partido Comunista Chinês começou a construir seu sistema teórico de genocídio no seu estágio inicial como uma composição de suas teorias sobre classe, revolução, luta, violência, ditadura, movimentos e partidos políticos. Este sistema abrange todas as experiências acumuladas e adotadas pelo Partido Comunista Chinês através de suas várias práticas genocidas.

A expressão principal do genocídio do Partido Comunista Chinês é o extermínio da consciência e do pensamento independente. Desta forma, um “reinado de terror” atende seus interesses fundamentais. O Partido Comunista Chinês não o eliminará somente se você se opuser a ele, mas pode também eliminá-lo se você estiver a favor dele. Ele eliminará quem quer que julgue que deva ser eliminado. Consequentemente, todos vivem sob a sombra do terror e temem o Partido Comunista Chinês.

Nono traço herdado: o controle – o uso da natureza do Partido para controlar todo o Partido e, em seguida, o restante da sociedade

Todas as características herdadas objetivam atingir uma única meta: controlar a população através do uso do terror. Através de suas ações maléficas, o Partido Comunista Chinês tem provado ser o inimigo natural de todas as forças sociais existentes. Desde a sua introdução, o Partido Comunista Chinês tem enfrentado crise após crise, entre as quais a crise de sobrevivência tem sido a mais crítica. O Partido Comunista Chinês existe num estado de perpétuo temor pela sua sobrevivência. Seu único propósito tem sido manter sua própria existência e poder, seu maior benefício próprio. Para suplementar seu poder declinante, o Partido Comunista Chinês tem de tomar medidas cada vez mais cruéis regularmente. O interesse do Partido não é o interesse de um único membro do Partido, nem é uma coleção de quaisquer interesses individuais, mas sim o interesse do próprio Partido como uma entidade coletiva que afasta qualquer senso lógico do indivíduo.

A “natureza do Partido” tem sido a característica mais depravada deste espectro malévolo. A natureza do Partido sobrepujou a natureza humana de uma maneira tão completa que o povo chinês perdeu a sua humanidade. Por exemplo, antes, Zhou Enlai e Sun Bingwen eram companheiros. Depois que Sun Bingwen morreu, Zhou Enlai adotou a filha dele, Sun Weishi, como filha adotiva. Durante a Revolução cultural, Sun Weishi foi repreendida. Ela morreu mais tarde em custódia com um grande prego enterrado em sua cabeça. Seu pedido de prisão foi assinado pelo seu pai adotivo, Zhou Enlai.

Um dos líderes iniciais do Partido Comunista Chinês foi Ren Bishi, que estava encarregado das vendas de ópio durante a guerra anti-japonesa. Naquele tempo, o ópio era um símbolo da invasão estrangeira, pois os britânicos usaram as importações de ópio na China para drenar a economia chinesa e transformar o povo chinês em viciados. Apesar do grande sentimento nacional contra o ópio, Ren teve a ousadia de plantar ópio numa grande área por causa do seu “senso de natureza do Partido”, arriscando-se à condenação universal. Pela natureza ilegal e sensível dos negociantes de ópio, o Partido Comunista Chinês usava a palavra ‘sabão’ como palavra código para o ópio. O Partido Comunista Chinês usava os rendimentos provenientes do comércio ilegal da droga com países vizinhos para custear a sua existência. No Centenário do Nascimento de Ren, um dos líderes chineses da nova geração elogiou grandemente a habilidade de Ren em relação ao Partido ou seu senso de natureza do Partido, dizendo que “Ren possuía caráter superior e era um membro modelo do Partido. Ele também acreditava firmemente no Comunismo e tinha uma lealdade ilimitada à causa do Partido”.

Um exemplo da boa aptidão para o Partido era Zhang Side. O Partido disse que ele foi morto pela queda repentina de um forno, mas outros alegaram que ele morreu enquanto queimava ópio. Como ele era uma pessoa quieta, tendo servido na Divisão da Guarda Central e nunca pediu nenhuma promoção, dizem que sua morte foi “tão pesada como o Monte Tai”, [12] significando que sua vida foi da maior importância.

Outro modelo de “natureza do Partido”, Lei Feng, era bem conhecido como o “parafuso que nunca enferruja, funcionando na máquina revolucionária”. Por um longo período de tempo, tanto Lei como Zhang foram usados para educar o povo chinês como ser leal ao Partido. Mao Tsé-Tung dizia:, “O poder dos exemplos não tem limites”. Muitos heróis do Partido foram usados para moldar a “vontade de ferro e os princípios do espírito do Partido”.

Assim que conseguiu o poder, o Partido Comunista Chinês lançou uma campanha agressiva de controle da mente para moldar novas “ferramentas” e novos “parafusos” nas gerações seguintes. O Partido formou uma série de “pensamentos adequados” e uma gama de comportamentos estereotipados. Estes protocolos eram inicialmente introduzidos dentro do Partido, mas rapidamente se expandiam para todo o público. Alegando agir em nome da nação, estes pensamentos e atitudes atuavam no povo como lavagem cerebral, gerando obediência aos mecanismos malévolos do Partido Comunista Chinês.

II. As bases indecorosas do Partido Comunista Chinês

O Partido Comunista Chinês alega ter uma história brilhante, uma história de sucessivas vitórias. Isto é simplesmente uma tentativa de embelezar e glorificar a imagem do Partido Comunista Chinês aos olhos do público. De fato, o Partido Comunista Chinês não tem glória alguma para anunciar. Somente utilizando seus nove traços herdados, ele pôde se estabelecer e se manter no poder.

O estabelecimento do Partido Comunista Chinês – Alimentado nos seios da União Soviética

“Com a reportagem do primeiro canhão durante a Revolução de Outubro, nos chegou o marxismo e o leninismo”. Era assim que o Partido se retratava ao povo. No entanto, quando o Partido foi fundado, ele era apenas o ramo asiático da União Soviética. Desde o início, ele foi um partido traidor.

Durante o período de fundação do Partido, eles não tinham dinheiro, nem ideologia ou qualquer experiência. Eles não tinham uma base na qual pudessem se sustentar. O Partido Comunista Chinês se juntou ao Comintern para ligar seu destino à existente revolução violenta. A revolução violenta do Partido Comunista Chinês era descendente de Marx e da revolução de Lênin. O Comintern era o centro de operações para derrubar poderes políticos em todo o mundo, e o Partido Comunista Chinês era simplesmente uma ramificação oriental do comunismo soviético, com a função de implantar o imperialismo do Exército Vermelho Russo. O Partido Comunista Chinês compartilhou a experiência do Partido Comunista da União Soviética de violento controle político do proletariado e seguiu as instruções do Partido Soviético em sua linha política, intelectual e organizacional. O Partido Comunista Chinês copiou os meios secretos e de resistência através dos quais uma organização externa ilegal sobreviveria, adotando medidas de extrema vigilância e controle. A União Soviética era a espinha dorsal e patrono do Partido Comunista Chinês.

A constituição do Partido Comunista Chinês, aprovada no Primeiro Congresso do Partido, foi formulada pelo Comintern, com bases no marxismo-leninismo e nas teorias da luta de classe, ditadura do proletariado e estabelecimento do Partido. A constituição do Partido Soviético forneceu a sua base fundamental. A alma do Partido Comunista Chinês consiste da ideologia importada da União Soviética. Chen Duxiu, um dos principais oficiais do Partido Comunista Chinês, tinha opiniões diferentes de Maring, o representante do Comintern. Maring escreveu um recado para Chen dizendo que se Chen fosse realmente um membro do Partido Comunista, ele deveria seguir as ordens do Comintern. Embora Chen Duxiu fosse um dos fundadores do Partido Comunista Chinês, ele não podia fazer nada a não ser ouvir e obedecer ordens. Na verdade, ele e o Partido eram simplesmente subordinados à União Soviética.

Durante o Terceiro Congresso do Partido Comunista Chinês, em 1923, Chen Duxiu reconheceu publicamente que o Partido era sustentado quase que totalmente por contribuições do Comintern Soviético. Em um ano, o Comintern contribuiu com cerca de 200 mil yuanes para o Partido Comunista Chinês, com resultados insatisfatórios. O Comintern acusou o Partido Comunista Chinês de não estar sendo suficientemente diligente em seus esforços.

De acordo com estatísticas incompletas de documentos divulgados pelo Partido, de outubro de 1921 a junho de 1922, o Partido Comunista Chinês recebeu 16.655 yuanes. Em 1924, eles receberam 1.500 dólares e 31.927,17 yuanes e, em 1927, a quantia de 187.674 yuanes. A contribuição mensal do Comintern era em média de 20 mil yuanes. As táticas geralmente usadas pelo Partido Comunista Chinês hoje, como lobby, invasão de privacidade, oferta de propinas, ameaças, já eram usadas na época. O Comintern acusou o Partido Comunista Chinês de continuadamente fazer lobby para conseguir fundos.

“Eles tiram vantagem de diferentes fontes de recursos (Escritório Internacional de Comunicações, representantes do Comintern, organizações militares, etc.) para conseguir fundos, porque uma organização não sabe que outra organização já desviou os fundos… o engraçado é que eles só não entendem a psicologia de nossos camaradas soviéticos. O mais importante é que eles sabem como tratar de maneira diferente os camaradas encarregados de distribuir os fundos. Uma vez que soubessem que não seriam capazes de conseguir por meios normais, eles adiavam os encontros. No fim, eles usam os meios mais grosseiros para chantagear, como espalhar rumores de que alguns oficiais do campo tinham conflitos com os soviéticos, e que o dinheiro estava sendo dado a comandantes militares ao invés do Partido Comunista Chinês.” [13].

A primeira aliança entre o KMT e o Partido Comunista Chinês – um parasita se infiltra no centro de comando e sabota a Expedição do Norte [14]

O Partido Comunista Chinês sempre disse ao povo que Chiang Kai-shek traiu o movimento da Revolução Nacional [15], forçando o Partido Comunista Chinês a levantar-se em revolta armada.

Na realidade, o Partido Comunista Chinês é um parasita e um espectro possessor. Na primeira aliança KMT-PCCh, ele cooperou com o KMT com a finalidade de expandir sua influência, tirando vantagem da Revolução Nacional. Além disso, o Partido Comunista Chinês estava ávido por fazer a revolução com o apoio soviético e tomar o poder, e seu desejo pelo poder de fato destruiu e traiu o movimento da Revolução Nacional.

No Segundo Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, em julho de 1922, os que se opunham à aliança com o KMT dominavam o congresso, porque os membros do Partido estavam ansiosos por tomar o poder. Entretanto, o Comintern vetou a resolução conseguida no congresso e ordenou ao Partido Comunista Chinês que se juntasse ao KMT.

Durante a primeira aliança KMT-PCCh, em janeiro de 1925, o Partido Comunista Chinês organizou seu Quarto Congresso Nacional em Xangai e levantou a questão da liderança na China antes que Sun Yat-sen [16] morresse, em 12 de março de 1925. Se Sun não tivesse morrido, ele, em vez de Chiang, teria sido o alvo do PCCh em sua busca pelo poder.

Com o apoio da União Soviética, o Partido Comunista Chinês tomou imoralmente o poder político dentro do KMT durante o período de aliança. Tan Pingshan (1886-1956, um dos primeiros líderes do Partido Comunista Chinês, na província de Guangdong) tornou-se o ministro do Departamento Central de Pessoal do KMT. Feng Jupo (1899-1954, um dos primeiros líderes do Partido Comunista Chinês na província de Guangdong), tornou-se secretário do Ministro do Trabalho, a quem foi dado poder total para cuidar de todos os assuntos relacionados a questões trabalhistas. Lin Zuhan (ou Lin Boqu, 1886-1960, um dos primeiros membros do Partido Comunista Chinês) era o Ministro dos Assuntos Rurais, enquanto Peng Pai (1826-1929, um dos líderes do Partido Comunista Chinês) era secretário deste ministério. Mao Tsé-Tung assumiu o cargo de ministro interino da propaganda no Ministério da Propaganda do KMT. As escolas militares e as lideranças dos militares sempre eram o foco do Partido Comunista Chinês: Zhou Enlai assumiu o cargo de diretor do Departamento de Política da Academia Militar de Huangpu (Whampoa), e Zhang Shenfu (ou Zhang Songnian, 1893-1986, um dos fundadores do Partido Comunista Chinês que apresentou Zhou Enlai para se juntar ao Partido Comunista Chinês) era seu diretor associado. Zhou Enlai também foi Chefe da Seção de Advogados e Juízes e plantou conselheiros militares russos aqui e ali. Muitos comunistas exerciam funções de instrutores de disciplina política nas escolas militares do KMT. Os membros do Partido Comunista Chinês também serviam como representantes do Partido KMT em vários níveis do Exército Revolucionário Nacional [17]. Também ficou estipulado que nenhuma ordem poderia ser considerada efetiva sem a assinatura de um representante do Partido. Como resultado desta conexão parasita ao movimento Revolucionário Nacional, o número de membros do Partido Comunista Chinês cresceu drasticamente de menos de mil, em 1925, para 30 mil, por volta de 1928.

A Expedição do Norte começou em fevereiro de 1926. De outubro de 1926 a março de 1927, o Partido Comunista Chinês lançou três rebeliões armadas em Xangai. Mais tarde, ele atacou os quartéis militares da Expedição do Norte, mas falhou. Os manifestantes para greves gerais na província de Guangdong envolviam-se em conflitos violentos com a polícia diariamente. Em 1927, esses levantes provocados pelo Partido Comunista Chinês levaram o KMT a realizar uma limpeza, em 12 de abril [18].

Em agosto de 1927, membros do Partido Comunista Chinês dentro do Exército Revolucionário do KMT começaram a Rebelião de Nanchang, a qual foi rapidamente contida. Em setembro, o Partido Comunista Chinês começou o Levante da Colheita de Outono para atacar Changsha, mas este ataque também foi contido. O Partido Comunista Chinês começou a implantar uma rede de controle no exército onde “ramos do Partido fossem estabelecidos ao nível das companhias no exército”, e fugiu para a região da Montanha Jinggangshan na Província de Jiangxi [19], estabelecendo controle daquela região do interior.

A Rebelião Camponesa de Hunan – incitando a escória da sociedade à revolta

Durante a Expedição do Norte, quando o Exército Revolucionário Nacional estava em guerra com os chefes militares, o Partido Comunista Chinês instigava rebeliões nas áreas rurais na tentativa de conseguir o poder.

A Rebelião Camponesa de Hunan, em 1927, foi uma revolta da escória da sociedade, assim como a bem conhecida Comuna de Paris de 1871, a primeira revolta comunista. Os franceses e estrangeiros em Paris, na época, testemunharam que a Comuna de Paris era um grupo destrutivo de bandidos que vagueavam sem qualquer visão. Vivendo em excelentes construções e grandes mansões, comendo alimentos extravagantes e caros, eles se preocupavam somente em desfrutar dos seus momentos felizes e não se preocupavam com nada à sua frente. Durante a rebelião da Comuna de Paris, eles censuraram a Imprensa. Eles também pegaram como refém e mais tarde mataram o Arcebispo de Paris, Georges Darboy, que fazia sermões para o Rei. Para divertimento pessoal, eles mataram cruelmente 64 clérigos, incendiaram palácios e destruíram escritórios do governo, residências particulares, monumentos, e inscrições em colunas. A riqueza e a beleza da capital francesa não se comparavam a nenhuma outra capital da Europa. No entanto, durante a revolta da Comuna de Paris, as construções foram reduzidas a cinzas e as pessoas a esqueletos. Tamanhas atrocidades e crueldade raramente foram vistas através da história.

Como Mao Tsé-Tung admitiu,

É verdade que os camponeses estavam incontroláveis no campo. Suprema em autoridade, a associação dos camponeses não permitia que o proprietário da terra falasse e acabou com seu prestígio. Isto equivalia a pisotear o proprietário da terra e mantê-lo lá. Os camponeses ameaçavam, “Nós vamos colocá-los na outra lista [a lista dos reacionários]!” Eles multavam os tiranos locais e a burguesia maldosa, exigiam contribuições deles, e destruíam as suas liteiras. As pessoas se aglomeravam nas casas dos tiranos locais e da burguesia maldosa que eram contra a associação dos camponeses, abatiam os seus porcos e consumiam seus cereais. Eles até se recostavam por um minuto ou dois nas camas incrustadas de marfim que pertenciam às senhoritas das famílias dos tiranos locais e da burguesia maldosa. À menor provocação, eles faziam prisões, coroavam-nos com exagerados chapéus de papel e desfilavam com eles através da vila, dizendo “Vocês proprietários sujos, agora vocês sabem quem nós somos!” Fazendo tudo o que queriam e virando tudo de cabeça para baixo, eles criaram um tipo de terror no campo. [2]

Mas Mao deu total aprovação a estes atos “incontroláveis”, dizendo: “Falando francamente, é necessário criar terror por um tempo em toda a área rural ou será impossível impedir as atividades dos contra-revolucionários no campo ou suprimir a autoridade da burguesia. Os limites apropriados devem ser ultrapassados para endireitar o errado, ou, então, o errado não poderá ser endireitado… Muitas das ações no período da ação revolucionária, as quais se notaram que estavam indo longe demais, foram, de fato, as mesmas coisas requeridas pela revolução”. [2]

A revolução comunista criou um sistema de terror.

A operação contra o Japāo na fronteira do norte – a fuga dos derrotados

O Partido Comunista Chinês rotulou de “A Longa Marcha” a operação anti-japonesa na fronteira do norte. Ele proclamou “A Longa Marcha” como uma lenda revolucionária chinesa. Ele declarou que “A Longa Marcha” foi um “manifesto”, uma “propaganda” e uma “semeadura”, que terminou com a vitória do Partido Comunista Chinês e a derrota dos seus inimigos.

O Partido Comunista Chinês fabricou essas mentiras tão óbvias sobre marchar para o norte para lutar com os japoneses como uma forma de encobrir suas falhas. De outubro de 1933 a janeiro de 1934, o Partido Comunista sofreu uma derrota total. Na quinta operação do KMT, cujo objetivo era cercar e aniquilar o Partido Comunista Chinês, o Partido Comunista Chinês perdeu suas bases rurais uma após a outra. Com suas áreas de influência continuadamente se retraindo, a parte principal do Exército Vermelho teve de fugir. Esta é a verdadeira origem da Longa Marcha.

A Longa Marcha, na verdade, visava romper o cerco e fugir para a distante Mongólia e a União Soviética, formando um arco que primeiro iria para o oeste e depois para o norte. Uma vez posicionado, o Partido Comunista Chinês poderia escapar para a União Soviética em caso de derrota. O Partido Comunista Chinês encontrou grandes dificuldades no caminho em direção à distante Mongólia. Eles escolheram ir através de Shanxi e Suiyuan. Por um lado, marchando através destas províncias do norte, eles podiam declarar que eram “anti-japoneses e ganhar os corações das pessoas. Por outro lado, aquelas áreas eram seguras porque as tropas japonesas não se mobilizariam por lá. A área ocupada pelo exército japonês era ao longo da Grande Muralha. Um ano mais tarde, quando o Partido Comunista Chinês finalmente chegou a Shanbei (província ao norte de Shaanxi), a força principal do Exército Vermelho Central havia diminuído de mais de 80 mil para cerca de 6 mil pessoas.

O Incidente de Xi’an – o Partido Comunista Chinês semeou a dissensão e juntou-se pela segunda vez ao KMT

Em dezembro de 1936, Zhang Xueliang e Yang Hucheng, dois generais do KMT, sequestraram Chiang Kai-shek em Xi’an. Esse evento ficou conhecido como o Incidente de Xi’an.

De acordo com os registros do Partido Comunista Chinês, o Incidente de Xi’an foi um “golpe militar” iniciado por Zhang e Yang, que deram um ultimato de vida ou morte à Chiang Kai-shek. Ele foi forçado a tomar uma posição contra os invasores japoneses. Diz-se que Zhou Enlai foi convidado a ir a Xi’an como um representante do Partido Comunista Chinês para ajudar a negociar uma resolução pacífica. Com diferentes grupos mediando na China, o incidente foi resolvido pacificamente, terminando uma guerra civil de dez anos e iniciando uma aliança nacional unificada contra os japoneses. Os livros de história do Partido Comunista Chinês dizem que este incidente foi um acontecimento crucial para contornar as crises na China. O Partido Comunista Chinês apresenta-se como o partido patriota que leva em consideração os interesses de toda a nação.

Mais e mais documentos têm revelado que vários espiões do Partido Comunista Chinês já tinham se juntado em torno de Yang Hucheng e Zhang Xueliang antes do Incidente de Xi’an. Liu Ding, um membro secreto do Partido Comunista Chinês foi apresentado a Zhang Xueliang por Song Qingling, esposa de Sun Yat-sen, uma irmã da Senhora Chiang e um membro do Partido Comunista Chinês. Depois do Incidente de Xi’an, Mao Tsé-Tung elogiou afirmando que:, “Liu Ding desempenhou um serviço digno de mérito no Incidente de Xi’an”. Entre os que trabalhavam ao lado de Yang Hucheng, a sua própria esposa Xie Baozhen era um membro do Partido Comunista Chinês e trabalhava no Departamento Político do Exército de Yang. Xie casou com Yang, em janeiro de 1928, com a aprovação do Partido Comunista Chinês. Além disto, Wang Bingnan, um membro do Partido Comunista Chinês, foi um convidado de honra na casa de Yang naquela época. Mais tarde, Wang se tornou vice-ministro do Ministério dos Assuntos Estrangeiros do Partido Comunista Chinês. Foram estes membros do Partido Comunista Chinês em torno de Yang e Zhang que diretamente instigaram o golpe.

No início do incidente, os líderes do Partido Comunista Chinês queriam matar Chiang Kai-shek, vingando a sua repressão anterior ao Partido Comunista Chinês. Naquele tempo, o Partido Comunista Chinês tinha uma base muito fraca ao norte da província de Shaanxi, e corria o risco de ser completamente eliminado numa única batalha. O Partido Comunista Chinês, utilizando todas as suas habilidades de enganar, instigou Zhang e Yang a se revoltarem. Para deter os japoneses e evitar que eles atacassem a União Soviética, Stalin escreveu pessoalmente ao Comitê Central do Partido Comunista Chinês, pedindo a eles que não matassem Chiang Kai-shek, mas que cooperassem com ele por uma segunda vez. Mao Tsé-Tung e Zhou Enlai perceberam que eles não podiam destruir o KMT com a força limitada do Partido Comunista Chinês; se eles matassem Chiang Kai-shek, eles seriam derrotados e até eliminados pelo exército vingativo do KMT. Nestas circunstâncias, o Partido Comunista Chinês mudou sua postura. O Partido Comunista Chinês forçou Chiang Kai-shek a aceitar a cooperação uma segunda vez em nome de uma resistência aliada contra os japoneses.

O Partido Comunista Chinês primeiro instigou uma revolta, apontando a arma para Chiang Kai-shek, mas depois voltou atrás e, agindo como um herói de teatro, forçou-o a aceitar novamente o Partido Comunista Chinês. O Partido Comunista Chinês não escapou somente de uma crise de desintegração, mas também usou a oportunidade para se agarrar ao governo do KMT pela segunda vez. O Exército Vermelho logo se tornou o Exército da Oitava Marcha e tornou-se ainda maior e mais poderoso do que antes. É de se admirar a incomparável capacidade de enganar do Partido Comunista Chinês.

A guerra contra o Japāo – o Partido Comunista Chinês cresceu matando com armas emprestadas

Quando estourou a guerra contra o Japāo, em 1937, o KMT tinha mais de 1,7 milhões de soldados armados, navios com 110 mil toneladas, e cerca de 600 aviões de guerra de vários tipos. O tamanho total do exército do Partido Comunista Chinês, incluindo o Novo Quarto Batalhão, que foi novamente agrupado em novembro de 1937, não tinha mais que 70 mil pessoas. Seu poder foi mais enfraquecido pela política interna fracionária e podia ser eliminado numa única batalha. O Partido Comunista Chinês percebeu que se fosse encarar uma batalha com os japoneses, ele não seria capaz de derrotar nem uma única divisão das tropas japonesas. Aos olhos do Partido Comunista Chinês, sustentar seu próprio poder ao invés de assegurar a sobrevivência da nação era o foco central da ênfase dada à “união nacional”. Entretanto, durante a cooperação com o KMT, o Partido Comunista Chinês exerceu uma política interna de “dar prioridade à luta pelo poder político, a qual deve ser revelada internamente e transformada em prática verdadeira”.

Depois que os japoneses ocuparam a cidade de Shenyang, em 18 de setembro de 1931, estendendo, assim, o controle sobre grandes áreas no nordeste da China, o Partido Comunista Chinês lutou ombro a ombro com os invasores japoneses para derrotar o KMT. Numa declaração escrita em resposta à ocupação japonesa, o Partido Comunista Chinês estimulou pessoas das áreas controladas pelo KMT a se rebelarem, fazendo com que “trabalhadores fizessem greve, camponeses criassem problemas, estudantes boicotassem as aulas, pessoas pobres parassem de trabalhar, soldados se revoltassem” para provocar a queda do governo nacionalista.

O Partido Comunista Chinês empunhava a bandeira pedindo resistência aos japoneses, mas eles tinham somente exércitos locais e forças de guerrilha nos campos longe das linhas de frente. Exceto por umas poucas batalhas, incluindo a luta na Passagem Pingxing, o Partido Comunista Chinês não contribuiu muito com a guerra contra os japoneses. Ao invés disso, eles gastaram energia expandindo suas próprias bases. Quando os japoneses se renderam, o Partido Comunista Chinês incorporou os soldados que se renderam ao seu exército, alegando terem expandido para mais de 900 mil soldados regulares, além de dois milhões de paramilitares. O exército do KMT estava essencialmente sozinho nas linhas de frente lutando com os japoneses, perdendo na guerra mais de 200 oficiais. Os oficiais de comando do lado do Partido Comunista Chinês quase não tiveram perdas. No entanto, os registros do Partido Comunista Chinês têm alegado constantemente que o KMT não resistiu aos japoneses e que foi o Partido Comunista Chinês que comandou a grande vitória na guerra contra os japoneses.

Retificação em Yan’an – criando os mais temíveis métodos de perseguição

O Partido Comunista Chinês atraiu incontáveis jovens patriotas para Yan’an em nome da luta contra os japoneses, mas perseguiu dezenas de milhares deles durante o movimento de retificação em Yan’an. Desde que conseguiu o controle da China, o Partido Comunista Chinês descreveu Yan’an como a “terra santa” revolucionária, mas não fez nenhuma menção aos crimes que cometeu durante a retificação.

O movimento de retificação em Yan’an foi o maior, o mais sombrio e o mais feroz jogo de poder já conduzido no mundo humano. Sob o argumento de estar limpando pequenas toxinas burguesas, o Partido acabou com a moralidade, a independência de pensamento, a liberdade de ação, a tolerância e a dignidade. O primeiro passo para a retificação foi estabelecer para cada pessoa arquivos pessoais que incluíam: 1) um relatório pessoal; 2) uma crônica da vida política da pessoa; 3) histórico familiar e relações sociais; 4) autobiografia e transformação ideológica; 5) avaliação de acordo com a natureza do Partido.

No arquivo pessoal, a pessoa tinha de fazer uma lista de todos os seus pertences desde o nascimento, todos os eventos importantes e a hora e o local em que ocorreram. Era pedido para as pessoas escreverem diversas vezes para o arquivo e qualquer omissão seria vista como sinal de impureza. A pessoa tinha de escrever todas as atividades sociais de que já tivesse participado, especialmente as relacionadas com seu ingresso no Partido. A ênfase era dada à maneira pessoal de pensar durante estas atividades sociais. A avaliação com base na natureza do Partido era ainda mais importante e a pessoa tinha de confessar quaisquer pensamentos ou comportamentos anti-partido na mente, na palavra, nas atitudes de trabalho, na vida diária, ou nas atividades sociais. Por exemplo, na avaliação mental, exigia-se que a pessoa examinasse se ela tinha ficado preocupada com o interesse próprio, se tinha usado o trabalho do Partido para alcançar objetivos pessoais, se tinha vacilado na confiança no futuro revolucionário, temido a morte nas batalhas, ou tivesse sentido falta dos familiares e esposa depois de se juntarem ao Partido no exército. Não havia padrões objetivos, então se encontrou problemas em quase todo mundo.

Usava-se a coerção para extrair “confissões” dos oficiais que estavam sendo inspecionados para se eliminar “traidores escondidos”. Isso resultou em inúmeras armações e acusações errôneas e falsas, e um grande número de oficiais foi perseguido. Durante a retificação, Yan’an foi chamada de “um lugar de expurgo da natureza humana”. Uma equipe de trabalho entrou na Universidade de Assuntos Militares e Políticos para examinar a história pessoal dos oficiais, causando o Terror Vermelho por dois meses. Vários métodos foram usados para extrair confissões, inclusive confissões de improviso, confissões demonstrativas, “persuasão grupal”, “persuasão de cinco minutos”, avisos particulares, relatórios de conferência, e a identificação dos “rabanetes” (vermelho por fora, branco por dentro). Houve também a “tomada de foto”, o alinhamento de todos no palco para exame. Aqueles que pareciam nervosos eram identificados e apontados como suspeitos para serem investigados.

Até representantes do Comintern se aterrorizavam com os métodos usados durante a retificação, dizendo que a situação de Yan’an era deprimente. As pessoas não ousavam interagir entre si. Cada pessoa tinha seu próprio machado para amolar e todos estavam nervosos e amedrontados. Ninguém ousava falar a verdade ou proteger amigos maltratados, porque cada um estava tentando salvar a própria vida. Os maus, aqueles que bajulavam, mentiam e insultavam os outros, eram promovidos; a humilhação se tornou uma realidade da vida em Yan’an, fosse humilhando outros companheiros ou a si próprio. As pessoas foram empurradas à beira da insanidade, forçadas a abandonar a dignidade, o senso de honra ou vergonha, e o amor por outra pessoa para salvar a própria vida e seus empregos. Eles deixaram de expressar suas próprias opiniões, mas ao invés disso recitavam os artigos dos líderes do Partido.

Este mesmo sistema de opressão foi utilizado em todas as atividades políticas do Partido Comunista Chinês desde que ele tomou o poder na China.

Três anos de guerra civil – traindo o país para tomar o poder

A Revolução Burguesa Russa, em fevereiro de 1917, foi uma revolta relativamente branda. O Czar colocou os interesses do país em primeiro lugar e entregou o trono ao invés de resistir. Lênin voltou apressado da Alemanha para a Rússia, dirigiu outro golpe, e, em nome da revolução comunista, matou os revolucionários da classe capitalista que tinham derrubado o Czar, estrangulando a revolução burguesa russa. O Partido Comunista Chinês, como Lênin, colheu os frutos da revolução nacionalista. Depois que a guerra anti-japonesa acabou, o Partido Comunista Chinês começou a chamada “Guerra da Liberação” (1946-1949) para derrubar o governo do KMT, trazendo mais uma vez o desastre da guerra para a China.

O Partido Comunista Chinês é bem conhecido pela sua “estratégia de massa”, o sacrifício e a mortandade maciços para ganhar uma batalha. Em várias batalhas com o KMT, incluindo as lutas em Liaoxi-Shenyang, Pequim-Tianjin, e Huai Hai [20], o Partido Comunista Chinês usou essas táticas primitivas, bárbaras e desumanas que sacrificaram números imensos de seu próprio povo. Quando sitiou a cidade de Changchun, na província de Jilin, no nordeste da China, para acabar com o suprimento de comida na cidade, foi ordenado ao Exército da Liberação do Povo (ELP) que proibissem as pessoas comuns de deixarem a cidade. Durante os dois meses do cerco de Changchun, cerca de 200 mil pessoas morreram de fome ou congeladas. Mas o ELP não permitiu que as pessoas saíssem. Depois que a batalha acabou, o Partido Comunista Chinês, sem nenhuma vergonha, anunciou que eles haviam “libertado Changchun sem disparar um tiro”.

Entre 1947 e 1948, o Partido Comunista Chinês assinou com a União Soviética o “Acordo de Harbin” e o “Acordo de Moscou”, entregando bens nacionais e recursos do nordeste em troca do total apoio da União Soviética às relações estrangeiras e assuntos militares. Conforme os acordos, a União Soviética iria fornecer ao Partido Comunista Chinês 50 aviões; daria ao Partido Comunista Chinês em duas partes as armas deixadas pelos japoneses derrotados; e venderia ao Partido Comunista Chinês a preços baixos as munições e suprimentos militares controlados pela União Soviética no nordeste da China. Se o KMT atacasse o nordeste, a União Soviética iria secretamente dar apoio ao exército do Partido Comunista Chinês. Além disso, a União Soviética ajudaria o Partido Comunista Chinês a ter o controle sobre Xinjiang, no noroeste da China; o Partido Comunista Chinês e a União Soviética construiriam uma força aérea aliada; os soviéticos ajudariam a equipar 11 divisões do exército do Partido Comunista Chinês e transportariam para o nordeste da China um terço das armas fornecidas pelos EUA (avaliadas em 13 bilhões de dólares).

Para obter o apoio soviético, o Partido Comunista Chinês prometeu à União Soviética privilégios especiais no nordeste, tanto por terra como por ar; entregou à União Soviética informações sobre as ações militares tanto do governo do KMT quanto dos EUA; forneceu à União Soviética produtos do nordeste (algodão, grãos de soja) e suprimentos militares em troca de armas modernas; concedeu à União Soviética direitos preferenciais de mineração na China; permitiu à União Soviética estabelecer bases militares no nordeste e em Xinjiang; e permitiu ao soviéticos estabelecerem na China a Agência de Inteligência do Extremo Oriente. Se estourasse uma guerra na Europa, o Partido Comunista Chinês enviaria uma força expedicionária de 100 mil homens e mais dois milhões de trabalhadores para apoiar a União Soviética. Além disso, o Partido Comunista Chinês prometeu unir algumas regiões especiais na província de Liaoning à Coreia do Norte, se fosse necessário.

III. Demonstrando os traços do mal

O temor eterno marca a história do Partido

A característica do Partido Comunista Chinês que mais se destaca é o eterno temor. Desde seu início, o maior interesse do Partido Comunista Chinês é a sobrevivência. Esse interesse conseguiu sobrepujar o temor escondido debaixo de uma aparência de constante mudança. O Partido Comunista Chinês é como uma célula cancerosa que se espalha e se infiltra em cada parte do corpo, mata as células normais que estão em volta e cresce de forma maligna além do controle. Em nosso ciclo histórico, a sociedade tem sido incapaz de dissolver um fator mutante como o Partido Comunista Chinês e não tem alternativa a não ser deixar que ele prolifere à vontade. Este fator mutante é tão poderoso que nada no nível e alcance de sua expansão pode contê-lo. Muito da sociedade se tornou poluída, e áreas cada vez maiores foram inundadas pelo comunismo ou por elementos comunistas. Estes elementos se fortaleceram gradualmente, aproveitando-se da existência do Partido Comunista Chinês, e fundamentalmente degredaram a moralidade e a sociedade humana.

O Partido Comunista Chinês não acredita em nenhum princípio geral de moral e justiça reconhecido. Todos os seus princípios são inteiramente voltados para o interesse próprio. O Partido Comunista Chinês é fundamentalmente egoísta e não há princípios que possam restringir e controlar seus desejos. Baseado em seus próprios princípios, o Partido precisa continuar mudando sua aparência vestindo novas peles. Durante o período inicial, quando sua sobrevivência estava em risco, o Partido Comunista Chinês se uniu ao Partido Comunista Soviético, ao KMT, ao corpo governamental do KMT, e à Revolução Nacional. Depois que conseguiu o poder, o Partido Comunista Chinês se agarrou a várias formas de oportunismo, às mentes e aos sentimentos dos cidadãos, às estruturas sociais, e a tudo em que podia pôr as mãos. Ele utilizou-se de todas as crises como uma oportunidade para obter mais poder e fortalecer seus meios de controle.

A constante busca do mal – as “armas mágicas” do Partido Comunista Chinês

O Partido Comunista Chinês alega que a vitória revolucionária depende de três “armas mágicas”: a construção do Partido, a luta armada, e as frentes unidas. A experiência com o KMT ofereceu ao Partido Comunista Chinês mais duas “armas”: a propaganda e a espionagem. As diversas “armas mágicas” do Partido foram introduzidas com os nove traços herdados do Partido Comunista Chinês: a maldade, a hipocrisia, o incitamento, a liberdade deixar livre da escória da sociedade, a espionagem, o roubo, a luta, a eliminação e o controle.

O marxismo-leninismo é mau em sua natureza. Ironicamente, os comunistas chineses não compreenderam realmente o marxismo-leninismo. Lin Biao [21] disse que havia muito poucos membros do Partido Comunista Chinês que realmente tinham lido os trabalhos de Marx ou Lênin. O público considerava Qu Qiubai [22] um ideólogo, mas ele admitiu ter lido muito pouco do marxismo-leninismo. A ideologia de Mao Tsé-Tung é uma versão rural do marxismo-leninismo que defende a revolta dos camponeses. A teoria da fase primária do socialismo de Deng Xiaoping tem o capitalismo como seu nome final. As “Três Representações” [23] de Jiang Zemin foram constituídas do nada. O Partido Comunista Chinês nunca entendeu realmente o que é o marxismo-leninismo, mas herdou dele os aspectos malévolos, aos quais acrescentou outros próprios ainda mais perversos.

A frente unida do Partido Comunista Chinês é um conjunto de fraudes e retribuições de curto prazo. O objetivo da união era fortalecer seu poder, ajudá-lo a crescer de um grupo isolado para um grupo maior, e mudar a proporção de seus amigos e inimigos. A união exigia discernimento, a identificação de quem eram seus amigos e inimigos; quem estava à esquerda, no meio, e à direita; quem deveria ser favorecido e quando, e quem deveria ser atacado e quando. Facilmente, ela transformava antigos inimigos em amigos e de volta em inimigos novamente. Por exemplo, durante o período da revolução democrática, o Partido se aliou aos capitalistas; durante a revolução socialista, ele eliminou os capitalistas. Em outro exemplo, líderes de outros partidos democráticos como Zhang Bojun [24] e Luo Longji [25], co-fundadores da “Liga Democrática da China”, foram usados como suportes do Partido Comunista Chinês durante o período de tomada do poder do Estado, mas mais tarde foram perseguidos como “direitistas”.

O Partido Comunista é uma sofisticada gangue profissional

O Partido Comunista usou a estratégia das duas faces, uma face suave e flexível e outra dura e inflexível. As suas estratégias mais suaves incluem propaganda, frentes unidas, semear dissensões, espionagem, instigar revoltas, fraudes, dominar a mente das pessoas, lavagem cerebral, mentiras e enganações, encobrir a verdade, abusos psicológicos, e provocar um clima de terror. Fazendo essas coisas, o Partido Comunista Chinês cria uma síndrome do medo no coração das pessoas que as leva facilmente a esquecer as transgressões do Partido. Esses métodos poderiam reprimir a natureza humana e estimular a maldade na humanidade. As táticas duras do Partido Comunista Chinês incluem violência, luta armada, perseguição, movimentos políticos, assassinato de testemunhas, sequestro, suprimir vozes críticas, ataques armados, batidas periódicas, etc. Estes métodos agressivos criam e perpetuam o terror.

O Partido Comunista Chinês usa concomitantemente tanto os métodos suaves quanto rígidos. Em algumas ocasiões eles são flexíveis e em outras são rígidos, ou são flexíveis por fora, enquanto duros em seus assuntos internos. Num clima flexível, o Partido Comunista Chinês encoraja a expressão de opiniões diferentes, mas, como atraindo a serpente para fora de seu buraco, aqueles que falam serão perseguidos no período seguinte de controle rígido. O Partido Comunista Chinês sempre usou a democracia para desafiar o KMT, mas quando intelectuais nas áreas controladas pelo Partido Comunista Chinês discordavam do Partido, eles eram torturados ou até decapitados. Como exemplo, podemos olhar para o vergonhoso “Incidente dos Lírios Selvagens”, no qual o intelectual Wang Shiwei (1906-1947), que escreveu um ensaio chamado “Lírios Selvagens” para expressar seu ideal de igualdade, democracia e humanitarismo foi expurgado no movimento da Retificação de Yan’an e cortado em pedaços com machadadas pelo Partido Comunista Chinês, em 1947.

Um oficial veterano que sofreu torturas no movimento da Retificação de Yan’an lembra que quando ele estava sob pressão intensa, forçado contra o chão e obrigado a confessar, a única coisa que ele pôde fazer foi trair sua própria consciência e inventar mentiras. Primeiro, ele se sentiu mal por implicar e armar contra seus colegas. Ele se odiou tanto que queria acabar com a própria vida. Coincidentemente, uma arma havia sido colocada em cima da mesa. Ele a pegou, apontou-a para sua cabeça e puxou o gatilho. A arma estava sem balas. A pessoa que o investigava caminhou até ele e disse, “É bom que você tenha admitido que o que fez foi errado. Os policiais do Partido são condescendentes”. O Partido Comunista sabia que você tinha chegado ao seu limite, e que você tinha sido “leal” ao Partido, então você passou no teste. O Partido Comunista Chinês sempre põe a pessoa numa armadilha mortal primeiro e depois desfruta de cada dor e humilhação dela. Quando alguém alcança o limite e só quer morrer, o Partido “gentilmente” vem e mostra uma forma de viver. Há o ditado “melhor um covarde vivo que um herói morto”. A pessoa se torna tão grata ao Partido que o toma como seu salvador. Anos mais tarde, esse oficial soube sobre o Falun Gong, uma prática de cultivo e qigong que havia começado a se difundir na China. Ele achou boa a prática. Entretanto, quando começou a perseguição ao Falun Gong, em 1999, as lembranças dolorosas do passado foram revividas por ele, e ele não mais ousou dizer que o Falun Gong era bom.

A experiência do último imperador da China, Puyi [26], foi semelhante à desse oficial. Aprisionado nas celas do Partido Comunista Chinês e vendo as pessoas sendo mortas uma após a outra, ele pensou que logo morreria. Para viver, ele aceitou passar por lavagem cerebral e cooperou com os guardas da prisão. Mais tarde, ele escreveu uma autobiografia, “A Primeira Metade de Minha Vida”, que foi usada pelo Partido Comunista Chinês como um exemplo bem sucedido de remodelação ideológica.

De acordo com estudos médicos modernos, muitas vítimas de pressão intensa e isolamento, acabam vítimas de um senso anormal de dependência a seus torturadores, conhecido como Síndrome de Estocolmo. O estado de humor das vítimas, felicidade ou raiva, alegria ou tristeza, passa a ser ditado pelo humor de seus torturadores. O mínimo favor concedido às vítimas é recebido com gratidão profunda. Há casos em que as vítimas desenvolvem “amor” por seus captores. Este fenômeno psicológico foi usado com sucesso por muito tempo pelo Partido Comunista Chinês, tanto contra seus inimigos, como no controle e remodelação das mentes dos cidadãos.

O Partido é o mais perverso

A maioria dos secretários gerais do Partido Comunista Chinês foi rotulada de anticomunista. Obviamente, o Partido Comunista Chinês tem vida própria, com um corpo próprio e independente. O Partido administra os oficiais e não o contrário. Nas “áreas soviéticas” da província de Jiangxi, enquanto o Partido Comunista Chinês estava cercado pelo KMT e mal podia sobreviver, ele ainda dirigiu operações internas de limpeza em nome de liquidar “divisões militares antibolcheviques”, executando seus próprios soldados à noite ou apedrejando-os até à morte para economizar munição. Na província norte de Shaanxi, enquanto pressionado entre os japoneses e o KMT, o Partido Comunista Chinês começou o amplo movimento de limpeza da Retificação de Yan’an, matando numerosas pessoas. Este tipo repetitivo de massacre em tal escala não impediu que o Partido Comunista Chinês expandisse seu poder para finalmente dominar toda a China. O Partido Comunista Chinês expandiu este padrão de rivalidade interna e de matar um ao outro das pequenas áreas soviéticas para toda a nação.

O Partido Comunista Chinês é como um tumor maligno: em seu desenvolvimento rápido, o centro do tumor já está morto, mas ele continua a se espalhar para os organismos saudáveis ao seu redor. Depois que ele se infiltra nos organismos e nos corpos, novos tumores crescem. Para começar, não importa quão boa ou má uma pessoa seja, depois de se juntar ao Partido Comunista Chinês, ele ou ela se torna uma parte de sua força destrutiva. Indubitavelmente, este tumor do Partido Comunista Chinês continuará a crescer até que não reste mais nada para ele se alimentar. Então, o câncer certamente morrerá.

O fundador do Partido Comunista Chinês, Chen Duxiu, foi um intelectual e um líder do movimento estudantil de Quatro de Maio. Ele não se mostrou um admirador da violência e avisou os membros de Partido Comunista Chinês de que se eles tentassem converter o KMT para as ideologias comunistas ou tivessem muito interesse no poder, isso certamente levaria a relações tensas. Enquanto um dos mais ativos da geração de Quatro de Maio, Chen também era tolerante. Entretanto, ele foi o primeiro a ser rotulado de “direitista oportunista”.

Outro líder do Partido Comunista Chinês, Qu Qiubai, acreditava que os membros do Partido Comunista Chinês deveriam se envolver em batalhas e lutar, organizar rebeliões, derrubar autoridades, e usar meios extremos para fazer a sociedade chinesa voltar ao seu funcionamento normal. Entretanto, ele confessou antes de sua morte: “Eu não quero morrer como um revolucionário. Eu deixei seu movimento há muito tempo atrás. Bem, a história pregou uma peça, trazendo a mim, um intelectual, para o palco político da revolução e me deixando lá por muitos anos. No fim, ainda não pude superar minhas próprias noções burguesas. Depois de tudo, eu não posso me tornar um guerreiro da classe proletária”. [27]

O líder do Partido Comunista Chinês, Wang Ming, aconselhado pelo Comintern, defendeu a união com o KMT na guerra contra os japoneses, ao invés de expandir as bases do Partido Comunista Chinês. Nas reuniões do Partido Comunista Chinês, Mao Tsé-Tung e Zhang Wentian [28] não puderam persuadir este companheiro e camarada nem puderam revelar a verdadeira situação deles: de acordo com a limitada força militar do Exército Vermelho, eles não poderiam deter nem uma única divisão dos japoneses por si próprios. Se contra o bom senso o Partido Comunista Chinês tivesse decidido lutar, então a história da China certamente seria diferente. Mao Tsé-Tung foi forçado a se manter calado nas reuniões. Mais tarde, Wang Ming foi expulso, primeiro como uma variante “esquerdista” e depois rotulado como um direitista oportunista.

Outro secretário do Partido, Hu Yaobang, que foi forçado a se demitir, em janeiro de 1987, trouxe de volta o apoio do povo chinês ao Partido Comunista Chinês, fazendo justiça a muitas vítimas inocentes que tinham sido condenadas durante a Revolução Cultural. Ainda assim, no final, foi posto para fora.

Zhao Ziyang, o secretário mais recentemente afastado [29], quis ajudar o Partido Comunista Chinês apoiando reformas, porém suas atitudes trouxeram-lhe desastrosas consequências.

Então, o que cada novo líder do Partido Comunista Chinês poderia realizar? Reformar verdadeiramente o Partido Comunista Chinês poderia implicar em sua morte. Os reformistas rapidamente teriam seus poderes removidos pelo Partido Comunista Chinês. Há certo limite dentro do qual os membros do Partido Comunista Chinês podem fazer transformações no sistema do Partido Comunista Chinês. Assim, não há jeito de o Partido Comunista Chinês ser bem sucedido nas reformas.

Se os líderes do Partido se tornaram todos “más pessoas”, como poderia o Partido Comunista Chinês ter expandido a revolução? Muitas vezes, quando o Partido Comunista Chinês estava no auge, mesmo os mais malignos, seus oficiais mais graduados, falharam em seus postos. Isso porque o grau de maldade deles não alcançava o padrão do Partido, que tinha selecionado várias e várias vezes somente os mais malignos. Muitos líderes do Partido terminaram suas vidas políticas em tragédia, no entanto, o Partido Comunista Chinês tem sobrevivido. Os líderes do Partido Comunista Chinês que sobreviveram às suas posições não eram aqueles que poderiam influenciar o Partido, mas aqueles que podiam compreender as intenções malévolas do Partido e segui-las. Eles fortaleceram a habilidade do Partido Comunista Chinês de sobreviver enquanto em crise, e se entregaram totalmente ao Partido. Não é de se admirar que os membros do Partido fossem capazes de lutar com o Céu, com a Terra, e contra os seres humanos, mas nunca poderiam se opor ao Partido. Eles são ferramentas adestradas do Partido, ou ao menos simbioticamente relacionados com o Partido.

A falta de vergonha se tornou uma qualidade esplêndida do Partido Comunista Chinês, hoje em dia. De acordo com o Partido, os seus erros foram todos cometidos pelos líderes do Partido, por exemplo, Zhang Guotao [30] ou a Gangue dos Quatro [31]. Mao Tsé-Tung foi julgado pelo Partido como tendo três falhas e sete acertos, enquanto Deng Xiaoping julgou-se tendo quatro falhas e seis acertos, mas o Partido mesmo nunca errou. Mesmo se o Partido estivesse errado, seria o Partido mesmo que corrigiria os erros. Por isso, o Partido diz aos seus membros para “olhar para frente” e “não se prender em dívidas passadas”. Muitas coisas poderiam mudar: o paraíso comunista almejar a modesta meta socialista de casa e comida; o marxismo-leninismo ser substituído pelas “Três Representações”. O povo não deveria se surpreender em ver o Partido Comunista Chinês promover a democracia, autorizar a liberdade de crença, de um dia para outro abandonar Jiang Zemin, ou retificar a perseguição ao Falun Gong, se achasse necessário fazer isso para manter o controle. Há uma coisa que nunca muda sobre o Partido Comunista Chinês: a perseguição fundamental dos objetivos do Partido, a sobrevivência e manutenção do seu poder e controle.

O Partido Comunista Chinês misturou violência, terror e doutrinação forçada para formar suas bases teóricas, a qual é transformada na natureza do Partido, os princípios supremos do Partido, o espírito de seus líderes, o mecanismo funcional de todo o Partido, e o critério para as atitudes de todos os membros do Partido Comunista Chinês. O Partido Comunista é rígido e frio, e suas disciplinas são duras como ferro. A intenção de todos os membros precisa ser unificada, e as ações de todos os membros precisam obedecer completamente à agenda do Partido.

Conclusão

Por que a história escolheu o Partido Comunista a qualquer outra força política na China? Como todos nós sabemos, há duas forças neste mundo, duas opções. Uma é o velho e o mal, cujo objetivo é fazer o mal e escolher o negativo. A outra é o correto e o bom, que vai escolher o reto e o benevolente. O Partido Comunista Chinês foi escolhido pelas velhas forças. A razão da escolha se dá precisamente porque o Partido Comunista Chinês reuniu todo o mal do mundo, chinês ou estrangeiro, passado ou presente. É uma representação típica das forças malignas. O Partido Comunista Chinês tirou grande vantagem da benevolência e inocência inata das pessoas para enganar, e gradualmente prevaleceu em desenvolver a capacidade destrutiva atual.

O que o Partido quis dizer quando afirmou que não haveria uma nova China sem o Partido Comunista? Desde sua fundação, em 1921,  até que tomasse o poder político,  em 1949, a evidência mostra claramente que, sem fraude e violência, o Partido Comunista Chinês não estaria no poder. O Partido Comunista Chinês difere de todos os outros tipos de organizações que seguem a ideologia distorcida do marxismo-leninismo, e faz o que bem entende. Ele pode explicar tudo o que faz com sofisticadas teorias e vinculá-las de forma inteligente a certas porções das massas, para assim “justificar” suas ações. Ele difunde propaganda todos os dias, encobrindo suas estratégias com teorias e princípios, para provar estar sempre correto.

O desenvolvimento do Partido Comunista Chinês tem sido um processo de acumulação do mal, com absolutamente nada de glorioso. A história do Partido Comunista Chinês nos conta precisamente sua ilegitimidade. O povo chinês não escolheu o Partido Comunista Chinês, ao invés disso, o Partido Comunista Chinês forçou o comunismo, este espectro estrangeiro do mal, sobre o povo chinês através da aplicação dos traços do mal que herdou do Partido Comunista, a maldade, a hipocrisia, o incitamento, a libertação da escória da sociedade, a espionagem, o roubo, a luta, a eliminação e o controle.

Notas:

[1] Do hino comunista, “A Internacional”.

[2] Do “Relatório sobre uma investigação do movimento camponês em Hunan”, de Mao Tsé-Tung, março de 1927.

[3] A lenda folclórica chinesa “A menina dos cabelos brancos” é a história de uma imortal que mora numa caverna e tem poderes sobrenaturais para premiar a virtude e punir o vício, defender o correto e restringir o mal. Entretanto, no drama “moderno” chinês, ópera e balé, ela foi descrita como sendo uma menina que foi forçada a fugir para uma caverna depois de seu pai ser espancado até a morte por haver recusado casá-la com um velho senhor de terras. Ela ficou com os cabelos brancos por falta de nutrição. Este se tornou um dos mais conhecidos dramas “modernos” na China e instigou o ódio pela classe dos senhores de terras.

[4] O lumpemproletariado, é traduzido rudemente como trabalhadores miseráveis ou desprezíveis. Esse termo refere-se à classe dos “desprezados”, a elementos degenerados e do submundo que pertenciam à população dos centros industriais. Estão incluídos os ladrões, prostitutas, gângsteres, chantagistas, trapaceiros, pequenos criminosos, vagabundos, desempregados crônicos ou imprestáveis, pessoas rejeitadas pela indústria e todos os tipos de desclassificados, degredados e elementos degenerados. O termo foi criado por Marx em “As Lutas de Classe na França”, 1848-1850.

[5] Zhou Enlai (1898-1976) foi a figura mais proeminente no Partido Comunista Chinês depois de Mao. Ele foi um dos líderes do Partido Comunista Chinês e premiê da República Popular da China de 1949 até sua morte.

[6] Gu Shunzhang foi originalmente um dos cabeças do sistema especial de agentes do Partido Comunista Chinês. Em 1931, ele foi preso pelo KMT e os ajudou a identificar muitos agentes secretos do Partido Comunista Chinês. Todos os oito membros da família de Gu foram mais tarde enforcados e enterrados na Concessão Francesa em Xangai. 

[7] A guerra entre o Partido Comunista Chinês e o KMT ocorreu em junho de 1946. A guerra foi marcada por três campanhas sucessivas: Liaoxi-Shenyang, Huai-Hai e Pequim-Tianjin, após as quais o Partido Comunista Chinês derrubou o regime do KMT, e fundou da República Popular da China em 1º de outubro de 1949.

[8] Chiang Kai-shek foi líder do KMT, e mais tarde, exilado, se tornou governante de Taiwan.

[9] Hu Zongnan (1896-1962), natural do condado de Xiaofeng (agora parte do condado de Anji), provincia de Zhejiang, foi vice-comandante, comandante interino e chefe de gabinete do Centro Militar e Administrativo do Sudeste do KMT.

[10] Li Xiannian (1909-1992) foi um dos líderes do Partido Comunista Chinês e presidente da China, em 1983. Ele desempenhou papel importante em ajudar Deng Xiaoping a recuperar o poder em outubro de 1976, no final da Revolução Cultural.

[11] Quando o Partido Comunista Chinês iniciou a reforma da terra, as pessoas foram qualificadas. Entre as classes definidas como inimigas, os intelectuais estão depois dos proprietários de terras, reacionários, espiões, etc., na posição número 9.

[12] De um poema de Sima Qian (c. 145-135 a.C. – c. 87 a.C.), um historiador e sábio da Dinastia Han do Oeste. Seu famoso poema diz:, “Todo mundo tem de morrer; morre-se mais solene que o Monte Tai ou mais leve que uma pena”. O Monte Tai (Taishan) é uma das maiores montanhas na China.

[13] Yang Kuisong: “Uma sinopse do apoio financeiro que Moscou deu ao Partido Comunista Chinês dos anos de 1920 a 1940 (1)”, Nº. 27, da edição web do 21 Century, de 30 de junho de 2004. O autor Yang Kuisong foi professor associado de história contemporânea na Academia Chinesa de Ciências Sociais. Atualmente, é professor no Departamento de História da Universidade de Pequim e professor adjunto da Universidade Normal da China Oriental.

[14] A Expedição do Norte foi uma campanha militar comandada por Chiang Kai-shek, em 1927, que intencionava unificar a China sob o regime do KMT e acabar com o regime dos chefes militares locais. A Expedição teve um grande sucesso nesses objetivos. Durante a Expedição, o Partido Comunista Chinês estava aliado ao KMT.

[15] O movimento revolucionário durante a aliança PCCh-KMT, marcado pela Expedição do Norte.

[16] Sun Yat-sen (1866-1925), fundador da China moderna.

[17] O Exército Revolucionário Nacional, controlado pelo KMT, foi o exército nacional da República Chinesa. Durante o período da aliança PCCh-KMT, ele incluía membros do Partido Comunista Chinês que se juntaram à aliança.

[18] Em abril de 1927, o KMT liderado por Chiang Kai-shek iniciou uma operação militar contra o Partido Comunista Chinês em Xangai e várias outras cidades. Cerca de 5 a 6 mil membros do Partido Comunista Chinês foram capturados e muitos deles foram mortos em Xangai entre 12 de abril e o fim de 1927.

[19] A área da Montanha Jinggangshan é considerada a primeira base rural revolucionária do Partido Comunista Chinês e é chamada de “o berço do Exército Vermelho”.

[20] As batalhas Liaoxi-Shenyang, Pequim-Tianjin, e Huai-Hai foram as três maiores batalhas que o Partido Comunista Chinês lutou com o KMT de setembro, de 1948 a janeiro de 1949, que aniquilou muitas das melhores tropas do KMT. Milhões de vidas foram perdidas nestas três batalhas.

[21] Lin Biao (1907-1971), um dos importantes líderes do Partido Comunista Chinês, serviu sob Mao Tsé-Tung como membro do Politburo da China, vice-presidente (1958) e Ministro da Defesa (1959). Lin é considerado o arquiteto da Revolução Cultural na China. Ele foi designado sucessor de Mao em 1966, mas perdeu seu favoritismo em 1970. Pressentindo sua queda, Lin se envolveu numa tentativa de golpe e tentou fugir para a URSS assim que a trama foi descoberta. Durante sua tentativa de fuga, seu avião caiu na Mongólia, resultando em sua morte.

[22] Qu Qiubai (1899-1935) foi um dos primeiros líderes e famoso escritor esquerdista do Partido Comunista Chinês. Ele foi capturado pelo KMT, em 23 de fevereiro de 1935, e morreu em 18 de junho do mesmo ano.

[23] As “Três Representações” foram inicialmente mencionadas num discurso feito por Jiang Zemin, em fevereiro de 2000. De acordo com essa doutrina, o Partido deve sempre representar a tendência das forças de produção avançadas da China, a orientação da cultura avançada da China e os interesses fundamentais da grande maioria do povo chinês.

[24] Zhang Bojun (1895-1969) foi um dos fundadores da “Liga Democrática da China”, um partido democrático na China. Ele foi considerado como o “direitista número um”, em 1957, por Mao Tsé-Tung e foi um dos poucos “direitistas” não retificados depois da Revolução Cultural.

[25] Luo Longji (1898-1965) foi um dos fundadores da “Liga Democrática da China”. Ele foi classificado como “o mais direitista” por Mao Tsé-Tung, em 1958, e foi um dos poucos “direitistas” não retificados depois da Revolução Cultural.

[26] Pu-yi, de nome manchu Aisin Gioro (1906–1967), o último imperador da China (1908-1912), governou sob o nome de Hsuan T’ung. Depois de sua abdicação, o novo governo republicano deu a ele uma grande pensão governamental e permitiu que ele vivesse na Cidade Proibida de Pequim até 1924. Depois de 1925, ele viveu na concessão japonesa de Tianjin. Em 1934, e reinando sob o nome de K’ang Te, ele se tornou o imperador do estado fantoche japonês de Manchukuo ou Manchúria. Ele foi capturado pelos russos, em 1945, e mantido como prisioneiro deles. Em 1946, Pu Yi testemunhou no julgamento dos crimes de guerra de Tóquio que ele tinha sido uma ferramenta involuntária dos militares japoneses e não, como declaravam, o instrumento da autodeterminação manchu. Em 1950, ele foi entregue aos comunistas chineses e ficou preso em Shenyang até 1959, quando Mao Tsé-Tung lhe deu anistia.

[27] Da obra “Umas poucas palavras a mais”, de Qu Qiubai, em 23 de maio de 1935, pouco antes de sua morte em 18 de junho.

[28] Zhang Wentian (1900-1976) foi um importante líder do Partido Comunista Chinês desde 1930. Ele foi vice-ministro do Ministério das Relações Exteriores da China, de 1954 a 1960. Durante a Revolução Cultural, ele foi perseguido até sua morte, em 1976. Seu caso foi reconsiderado em agosto de 1979.

[29] O último dos dez secretários gerais do Partido Comunista Chinês que foi dispensado por discordar do uso da força para acabar com as demonstrações estudantis na Praça Tiananmen em 1989.

[30] Zhang Guotao (1897-1979) foi um dos fundadores do Partido Comunista Chinês. Ele foi expulso do Partido Comunista Chinês em abril de 1938. Em 1948, ele foi para Taiwan, depois para Hong Kong em 1949, e por fim imigrou para o Canadá em 1968.

[31] A “Gangue dos Quatro” era formada por Jiang Qing (1913-1991), esposa de Mao Tsé-Tung, por Zhang Chunqiao (1917-1991), oficial do Departamento de Propaganda de Xangai, pelo crítico literário Yao Wenyuan (1931) e por Wang Hongwen (1935-1992), guarda de segurança de Xangai. Eles subiram ao poder durante a Grande Revolução Cultural (1966-1976) e dominaram a política chinesa durante os primeiros anos da década de 70.

Introdução – Índice

Capítulo 1: O que é o Partido Comunista Chinês?

Capítulo 3: A tirania do Partido Comunista Chinês

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Editorial Epoch Times