Xingu+23, paralela à Rio+20, também discutirá desenvolvimento sustentável

05/06/2012 10:51 Atualizado: 13/11/2014 23:56

Conferência de povos indígenas no Pará discutirá alternativa ao projeto hidrelétrico de Belo Monte

O amanhecer numa aldeia às margens do Xingu. (Cortesia de Caetano Ruas)
O amanhecer numa aldeia às margens do Xingu. (Cortesia de Caetano Ruas)

Após 23 anos do I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, realizado em 1989 no município de Altamira, estado do Pará, com o objetivo de resistir ao projeto de construção do então Complexo Hidrelétrico do Xingu, as margens do Rio Xingu sediarão um novo encontro, o Xingu+23.

A conferência acontecerá entre os dias 13 e 17 de junho, na comunidade de Santo Antônio, município Vitória do Xingu, a 46 quilômetros de Altamira. A comunidade já foi parcialmente desapropriada pelo consórcio Norte Energia visando a construção da nova e reduzida versão do projeto, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

Um dos encontros paralelos à Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, o Xingu+23 tem como objetivo reafirmar a resistência contra a construção da hidrelétrica, já em andamento no município de Belo Monte, a cerca de 50 quilômetros de ambos Altamira e Vitória do Xingu, e defender os direitos dos atingidos pela obra, de acordo com os organizadores.

Segundo a coordenadora do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, Antônia Melo, o encontro também será um festejo cultural, com missas tradicionais e a Festa de Santo Antônio no dia do santo padroeiro da comunidade (13). Debates, seminários e protestos também integram a programação da conferência.

O encontro celebra o 23º aniversário do que o movimento considera como a primeira vitória dos povos da região contra o projeto de barramento das águas do Rio Xingu: o retardamento do projeto hidrelétrico após a repercussão nacional e internacional alcançada em fevereiro de 1989 com o primeiro encontro, que contou com a participação de três mil pessoas e ampla cobertura da mídia.

De acordo com o Movimento Xingu Vivo para Sempre, o coletivo que organiza o encontro formado por organizações sociais e ambientalistas da região de Altamira e das áreas de influência do Projeto da Hidrelétrica de Belo Monte que historicamente se opuseram à sua concretização, o encontro deve reunir cerca de 500 pessoas, entre indígenas, pescadores, ribeirinhos, ativistas, estudantes e camponeses.

Para viabilizar o encontro, o Xingu Vivo recebe doações através da internet e de comitês de mobilização organizados em São Paulo, Porto Alegre e Belém, que também preparam comitivas para irem à Santo Antônio.

Se construída, a usina de Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás apenas da chinesa Três Gargantas e da brasileira e paraguaia Itaipu (PN). Com sua instalação cerca de 40 mil famílias ribeirinhas seriam expulsas de suas terras, segundo relatório enviado recentemente à ONU por sete organizações defensoras dos direitos humanos.

De acordo com estudos inicias, a empreitada deve inundar uma área florestal de 440 quilômetros quadrados e afetar direta e indiretamente 66 municípios e 11 terras indígenas, além de provocar grande impacto ambiental, considerado por especialistas como irreversível.

O movimento Xingu Vivo para Sempre ganhou esse nome devido ao encontro homônimo realizado em 2008 com o mesmo objetivo e que culminou na publicação da ‘Carta Xingu Vivo para Sempre’, através da qual apresentara à sociedade brasileira um projeto alternativo de desenvolvimento para a região.