Paradeiro de Óscar Pérez, policial que se rebelou contra Maduro, é desconhecido

16/01/2018 16:51 Atualizado: 16/01/2018 17:32

O policial venezuelano Óscar Pérez, que no último mês de junho sobrevoou em um helicóptero e lançou granadas no Supremo Tribunal do regime de Nicolás Maduro, está desaparecido. Algumas fontes o declaram morto.

Nas últimas horas, ele publicou vídeos no Instagram. “Eles estão nos atacando com RPG! Granadas! Lança-granadas! Não atirem, por favor! Há civis aqui! Mulheres e crianças! Não querem deixar-nos render, literalmente querem nos assassinar. Esta luta é por vocês. Não o fizemos por nós, e sim por vocês, suas famílias e seus filhos”, declarou.

“Temos feridos. Nós não estamos atirando e eles continuam atacando! Nós vamos nos entregar! Não continuem a atirar”, acrescenta.

Anteriormente, Óscar Pérez disse no mesmo vídeo: “Estamos negociando para nos entregar e o que eles fazem é atirar!”

Quando os militares os encurralaram, Pérez percebe que as coisas não se desdobraram conforme o esperado. Em uma série de vídeos, ele expõe a sequência de eventos a partir de sua perspectiva.

Uma fonte de “alto escalão” obtida pela CNN teria informado que Óscar Pérez morreu em confronto com a Guarda Nacional em 15 de janeiro.

Óscar Pérez estava supostamente na área de El Junquito, no município de Libertador, a oeste de Caracas, de acordo com vídeos publicados por vizinhos.

Esta é a imagem antes do lançamento das granadas antitanque que destruíram o imóvel onde estava.

Propriedade em Junquito cercada por forças de segurança do regime (Captura de tela de vídeo do Instagram)
Propriedade em Junquito cercada por forças de segurança do regime (Captura de tela de vídeo do Instagram)

As forças do regime de Maduro supostamente mataram aqueles que estavam dentro: o grupo de Pérez.

Casa em Junquito após o impacto do lançador de granadas antitanque (Captura de tela de vídeo do Instagram)
Casa em Junquito após o impacto do lançador de granadas antitanque (Captura de tela de vídeo do Instagram)

Em 27 de junho, Óscar Pérez voou em um helicóptero transportando como bandeira um artigo da Constituição venezuelana que convocou as pessoas a se rebelareem contra os que abusam do poder.

Óscar Pérez segurando uma bandeira de Libertad em 27 de junho de 2017 (Reprodução)
Óscar Pérez segurando uma bandeira de Libertad em 27 de junho de 2017 (Reprodução)

Desde então, o policial passou à clandestinidade e publicou apelos às Forças Armadas e à polícia para que se insurgissem contra a ditadura. Ele também treinou grupos para levantar barricadas e defender-se contra ataques das forças policiais.

“Nós apelamos a todos os venezuelanos de leste a oeste, de norte a sul (…) para que se reconectem com nossas forças armadas e, juntos, recuperem a nossa amada Venezuela”, disse ele, de acordo com a BBC em 15 de Janeiro.

Em vez de escolher a maneira pacífica, como o resto da oposição que procura uma saída democrática, Pérez não abandonou as armas de combate até o fim.

Pérez em seu último contato grita "Nós vamos nos entregar, não continuemos atirando!" (Captura de tela de vídeo do Instagram)
Pérez em seu último contato grita “Nós vamos nos entregar, não continuemos atirando!” (Captura de tela de vídeo do Instagram)

Em 19 de dezembro, ele publicou fotos quando ele e seus homens assaltaram uma unidade da Guarda Nacional e recuperaram armas de guerra.

Naquela ocasião, ele afirmou: “Foi uma operação tática impecável onde continuamos a recuperar as armas do povo para o povo”.

Nicolás Maduro, líder do regime venezuelano, aliado a Cuba, disse depois da abordagem: “Onde eles aparecerem, ordenei ao comando das Forças Armadas chumbo nos grupos terroristas”.

Antes da suposta morte de Pérez, os moradores de Junquito divulgaram um vídeo do registro que fizeram das horas terror durante o prolongado e estrondoso tiroteio.

A versão oficial é que o grupo de policiais de alto escalão teria atacado os militares durante as negociações para se renderem. O vídeo de Pérez assegura o contrário.

Em uma das últimas postagens do rebelde, um usuário do Facebook disse: “É injusto! Não me canso de ver esses vídeos! A impotência que me dá, porque se foi do país quando teve a chance de fazer, o tanto que lutou, para que lhe matassem dessa maneira, isso é injusto. Deus lhe tenha você no alto, apesar das circunstâncias você nunca deixou de mencionar Deus”.

Outra pessoa escreveu: “Nesse video, você pode ver uma tristeza em seus olhos… Meu Deus, não mais morte. Meu próprio país me assusta”.

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