A conexão entre a memória e o sono

27/07/2013 08:25 Atualizado: 06/08/2013 16:46
Quando você estuda para um exame, será que há algo que pode ser feito, enquanto você dorme, para que você retenha melhor aquilo que você estudou? (Science Nation/ National Science Foundation)
Quando você estuda para um exame, será que há algo que pode ser feito, enquanto você dorme, para que você retenha melhor aquilo que você estudou? (Science Nation/National Science Foundation)

Pesquisadores descobriram que as informações podem ser melhor retidas se estímulos de reforço forem enviados durante o sono.

Quando você estuda para um exame, será que há algo que pode ser feito, enquanto você dorme, para que você retenha melhor as informações?

“A questão é: o que determina quais informações serão mantidas e quais serão descartadas?”, disse o neurocientista Ken Paller.

Com o apoio da National Science Foundation (NSF), Paller e sua equipe da Universidade Northwestern estudam a conexão entre a memória e o sono, e como, durante o sono, aumentar a capacidade de memorização.

“Nós sabemos que muitos dos estágios do sono são importantes para a memória. Entretanto, há muitas evidências de que o sono de ondas lentas é particularmente importante para alguns tipos de memória”, explica Paller.

O sono na fase de ondas lentas é muitas vezes chamado de “sono profundo” e consiste das fases 3 e 4 do sono, ou seja, com Movimento Não Rápido dos Olhos (NREM).

Os membros da equipe de laboratório de Paller mostraram à Science Nation dois dos experimentos que realizaram com os participantes do estudo. No primeiro, os participantes aprenderam duas músicas de forma semelhante ao modo do jogo Guitar Hero. Depois de terem aprendido as músicas, os participantes foram levados a tirar uma soneca, durante a qual, só uma das músicas aprendidas foi tocada suavemente por várias vezes, para assim, seletivamente reforçar a memória dessa música, mas não da outra. Paller queria saber se os participantes poderiam se lembrar mais acuradamente da música tocada durante a soneca.

No segundo experimento, os participantes foram convidados a memorizar  a região da tela de um computador onde cada um de 50 objetos foram mostrados. A apresentação de cada objeto foi associada a um som específico e único. Durante a soneca, a memória da localização de 25 objetos dos 50 foi reforçada pelo repetição do som específico associada ao objeto. Neste experimento, Paller queria saber se os participantes poderiam ter melhor lembrança da região da tela se o som associado ao objeto fosse também tocado durante a soneca.

Para os que participaram desses experimentos de reforço de memória, os pesquisadores registraram – através de eletrodos de Eletroencefalografia, EEG, afixados ao couro cabeludo -, a atividade elétrica gerada no cérebro durante a soneca. Assim, puderam medir se houve um reforço da memória durante o “sono profundo”. Em ambos os experimentos, os participantes que receberam o reforço, se comparado aos que não receberam, puderam lembrar melhor das coisas que foram reforçadas enquanto eles dormiam.

“Acreditamos que o processamento da memória ocorre todas as noites durante o sono”, disse Paller. “Estamos começando a descobrir que tipos de memória podem ser reforçados, o quão grandes podem ser os efeitos desse reforço bem como que tipos de estímulos devem ser usados para reativar a memória de modo que possa ser melhor consolidada”.

O objetivo da Paller é entender os mecanismos cerebrais responsáveis pela memória. E isso, por sua vez, pode ajudar as pessoas com problemas de memória, inclusive as que percebem que ficam mais esquecidas à medida que envelhecem.

“Nós temos menos sono de ondas lentas à medida que envelhecemos. É claro, muitos mecanismos do cérebro entram em ação para que possamos lembrar das coisas, inclusive o processamento da informação que acontece durante o sono. Não há muito a descobrir sobre como funciona a memória, contudo, eu acho que é justo dizer que a pessoa que você é quando está acordado é, em parte, função do que seu cérebro faz quando você está dormindo”, explica Paller. Ele diz que essas técnicas de reativação podem ser úteis para melhorar o aprendizado das pessoas.

“O que é bonito sobre esses experimentos é que o Dr. Paller caracterizou o sono profundo como uma janela de tempo crítica durante a qual a memória de experiências específicas pode ser seletivamente reforçada através do uso de métodos de reativação e sem que para isso seja necessário esforço consciente”, disse Akaysha Tang, diretor do programa de neurociência cognitiva na NSF.

“Normalmente, a pessoa fica repetindo conscientemente aquilo que precisa se lembrar para que isso fique retido na memória por mais tempo, e, para isso, a pessoa gasta bastante tempo”, continua Tang. “Dr. Paller e sua equipe de laboratório mostraram que um reforço seletivo sobre a memória pode ser alcançado sem esforço consciente e não requer mais do que uma hora de sono. Portanto, em vez de varar a noite para memorizar algo, no futuro, será possível consolidar a memória apenas dormindo com uma canção de ninar programada cientificamente!”.

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