Por Michael Wing
Arqueólogos curdos e alemães no início de 2022 exploraram os restos de uma cidade de 3.400 anos que emergiu das profundezas do rio Tigre, perto de Mosul, no norte do Iraque.
Em meio às ruínas da cidade da Idade do Bronze, outrora parte do Império Mitani, que durou de 1550 a 1350 a.C., eles exploraram um palácio anteriormente conhecido por eles, mas também desenterraram várias novas estruturas grandes e um extenso complexo industrial.
Acredita-se que a cidade possivelmente seja Zakhiku, outrora um importante centro no rio Tigre, em Kemune, onde agora se encontra o reservatório de Mosul. Devido à seca no sul do Iraque, desde dezembro, grandes volumes de água foram retirados do reservatório e enviados para o sul para irrigar as plantações, portanto, a queda dos níveis de água ofereceu uma oportunidade para os pesquisadores explorarem. Assim, uma equipe, liderada pelo arqueólogo curdo Dr. Hasan Ahmed Qasim, presidente da Organização de Arqueologia do Curdistão, e pelos arqueólogos alemães Dr. Ivana Puljiz, da Universidade de Freiburg, e Dr. Peter Pfälzner, da Universidade de Tübingen, partiu espontaneamente para mergulhar mais fundo na cidade antiga.
Eles rapidamente conseguiram financiamento para uma escavação de emergência da Fundação Fritz Thyssen, através da Universidade de Freiburg, mas estavam sob uma tremenda pressão para explorar o máximo que pudessem, pois não sabiam quando os níveis de água subiriam novamente. O local em Kemune está localizado na região do Curdistão, no norte do Iraque.
Em um curto período de tempo, em colaboração com a Diretoria de Antiguidades e Patrimônio de Duhok, eles mapearam uma grande área da cidade entre janeiro e fevereiro, informou a Universidade de Tübingen. Eles exploraram o palácio, que já havia sido descoberto em 2018, e também descobriram várias novas estruturas – grandes edifícios, incluindo uma parede de vários metros de altura com fortificações e torres, uma monumental instalação de armazenamento de vários andares e um grande complexo industrial.
“O enorme edifício de depósito é particularmente importante porque ele deve ter armazenado grandes quantidades de mercadorias, provavelmente trazidas de toda a região”, disse Puljiz.
Qasim acrescentou: “os resultados da escavação mostram que o local era um importante centro do Império Mitani”.
Feita de tijolos secos ao sol, a parede está notavelmente bem preservada, considerando que por mais de 40 anos ficou em uma sepultura submersa. O bom estado da descoberta também pode ter a ver com um terremoto que acabou com o Império Mitani em 1350 a.C. e destruiu a parte superior da muralha, enterrando a cidade em escombros, protegendo-a de distúrbios.
De particular interesse para os pesquisadores foram cinco vasos de cerâmica que continham mais de 100 tabuletas cuneiformes feitas de argila crua, que se acredita serem do período assírio médio e poderiam fornecer informações valiosas sobre como o Império Mitani terminou. Algumas das tabuletas, que poderiam ser cartas e ainda estavam em seus envelopes de barro.
“É quase um milagre que tabletes cuneiformes feitos de argila crua tenham sobrevivido tantas décadas debaixo d’água”, disse Pfälzner.
Antes que as águas mergulhassem a cidade sob o reservatório mais uma vez, os pesquisadores cobriram o local com plástico apertado e cascalho para protegê-lo de mais danos – particularmente na parede de argila crua e outras descobertas importantes que permanecem ocultas.
A cidade está agora completamente submersa sob o reservatório de Mosel. A exploração dos pesquisadores das ruínas de 3.400 anos, parte de um projeto financiado pela Fundação Gerda Henkel, está em pausa por enquanto, até que as águas recuem, deixando a cidade antiga para futuras descobertas.
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