Projeto de porto com investimento do regime comunista chinês causa polêmica na Argentina

Por Agência de Notícias
19/01/2023 19:16 Atualizado: 19/01/2023 19:17

O projeto de construção de um “porto multiuso” com capital de uma empresa chinesa na província da Terra do Fogo, às portas da Antártida, suscitou polêmica na Argentina devido ao suposto risco de conflitos globais, o que foi rechaçado nesta quinta-feira por autoridades da província.

O governo da Terra do Fogo ratificou em dezembro do ano passado um memorando de entendimento assinado em agosto com a empresa chinesa Shaanxi Chemical Industry Group, subsidiária de propriedade integral da Shaanxi Coal Chemical Industry Group, a maior empresa de produção química da província de Shaanxi, que é o centro de construção da iniciativa chinesa Cinturão e Rota.

O investimento total estimado é de US$ 1,25 bilhão, para um projeto que recebeu críticas da oposição, ao destacar que a Antártica é uma zona de paz e a necessidade de evitar conflitos globais.

“Cogitar que o porto seja uma base militar chinesa na Terra do Fogo é uma fábula”, disseram à EFE nesta quinta-feira porta-vozes do governo da Terra do Fogo, em resposta a essas críticas.

O projeto prevê que a empresa chinesa invista na construção de um empreendimento com capacidade anual de 600 mil toneladas de amônia sintética, 900 mil toneladas de uréia e 100 mil toneladas de glifosato no sul da Argentina.

Além disso, prevê a construção de “um terminal portuário multiuso”, que permite a atracação de navios de 20.000 toneladas, e uma usina de 100 MW, que servirão para suprir as necessidades locais, além de abastecer o próprio projeto.

Em declarações à EFE, o senador pela Terra do Fogo do partido opositor União Cívica Radical, Pablo Daniel Blanco, lembrou que este porto requer autorização do Ministério das Relações Exteriores e da Secretaria de Portos, Hidrovias e Marinha Mercante, que depende do Ministério dos Transportes, com quem se espera que o governador da Terra do Fogo, Gustavo Melella, se encontre esta tarde por conta da polêmica.

“Concordo com o aproveitamento dos recursos naturais de gás e petróleo, com o aproveitamento petroquímico. Não concordo com a instalação de um porto com capital chinês ou estrangeiro de qualquer espécie”, acrescentou Blanco.

O governo da Terra do Fogo havia informado que o memorando de entendimento foi concebido no âmbito do acordo firmado pela Argentina de cooperação mútua com a China, assinado pelo presidente argentino, Alberto Fernández, e o líder chinês, Xi Jinping, em 2022, quando diferentes acordos bilaterais foram fechados e o país sul-americano aderiu à iniciativa Cinturão e Rota.

Tanto o governo provincial quanto o Ministério da Defesa diferenciaram o projeto do memorando, localizado na cidade de Río Grande, do projeto de construir na cidade de Ushuaia uma Base Naval Integrada que inclui um cais que permite a atracação de navios de dimensões maiores, para melhorar o centro logístico para a Antártica, com recursos nacionais.

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