Trump doa salário para combate a crise dos opioides

02/12/2017 00:32 Atualizado: 07/12/2017 19:27

WASHINGTON ─ Seguindo sua tradição, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump voltou a doar o seu próprio salário. Os aproximadamente US$ 100.000 de seu salário no terceiro trimestre foram doados à pasta da Saúde e Serviços Humanos (HHS) para enfrentar a crise dos opioides que atormenta o país.

Eric Hargan, secretário da HHS, fez o anúncio na coletiva de imprensa da Casa Branca em 30 de novembro. Hargan disse que a decisão de Trump de doar seu salário é “uma demonstração de sua compaixão, de seu patriotismo e de seu senso de dever para com o povo americano”.

Hargan confirmou que o HHS usaria o dinheiro para uma campanha de conscientização pública em larga escala sobre os perigos do vício de opiáceos.

“O presidente está pessoalmente dedicado a derrotar esta crise porque o vício chega ao lar para muitos de nós”, disse Hargan. “Você o ouviu compartilhar em seu discurso sobre opioide a história de como ele perdeu seu próprio irmão para o alcoolismo. E falando pessoalmente, o vício em opioides tem sido uma constante na minha cidade natal, na minha família, por anos.”

Secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Eric Hargan, concede uma coletiva de imprensa na Casa Branca, Washington, em 30 de novembro de 2017 (Alex Wong/Getty Images)
O secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Eric Hargan, concede uma coletiva de imprensa na Casa Branca, Washington, em 30 de novembro de 2017. Ele anunciou a boa ação pessoal de Trump para ajudar no enfrentamento da crise dos opioides no país (Alex Wong/Getty Images)

Em outubro, Trump designou a crise dos opiáceos como uma crise nacional de saúde pública. A declaração antecipou medidas para combater o problema, como formas de aumentar o acesso ao tratamento e a imposição de requisitos mais rigorosos às prescrições de opiáceos.

A crise dos opioides foi alimentada por analgésicos prescritos, como OxyContin e Vicodin. Oitenta por cento dos novos usuários de heroína iniciam seu vício com opioides prescritos. Quando as pastilhas prescritas se esgotam ou se tornam muito caras na rua, o novo viciado as substitui por heroína e, mais recentemente, pelo fentanil.

O Conselho de Assessores Econômicos do presidente (CEA, na sigla em inglês) estimou que o custo da crise dos opioides em 2015 foi de US$ 504 bilhões, ou 2,8% do PIB. O que é mais de seis vezes o custo econômico da epidemia da estimativa mais recente.

O CEA disse que as estimativas anteriores subestimaram enormemente o custo econômico subestimando o componente mais importante da perda: fatalidades resultantes de overdoses. Em 2015, mais de 33 mil americanos morreram de overdose de drogas envolvendo opiáceos.

Em 2016, as estimativas preliminares colocam o número de todos os óbitos por overdose de drogas em 64 mil. O número de mortos até agora em 2017 é ainda maior, principalmente devido a opioides sintéticos, como fentanil e carfentanil. O fentanil é 50 vezes mais poderoso que a heroína e 100 vezes mais potente que a morfina.

“Juntos, enfrentaremos este desafio como uma família nacional com convicção, com unidade e com um compromisso de amar e apoiar os nossos vizinhos em momentos de extrema necessidade. Trabalhando juntos, vamos vencer esta epidemia de opioides”, disse Trump em comunicado em 20 de novembro.

O salário do primeiro trimestre de Trump foi destinado ao National Park Service para financiar projetos de restauração no Antietam National Battlefield. Já o seu salário do segundo trimestre teve como destino o Departamento de Educação para centros de ciência, tecnologia, engenharia e matemática para crianças.

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