Nova doutrina naval de Putin lista EUA e OTAN como principais ameaças à segurança nacional da Rússia

01/08/2022 12:04 Atualizado: 01/08/2022 15:29

Por Katabella Roberts 

A OTAN e os Estados Unidos passaram a ser as principais ameaças marítimas da Rússia, de acordo com uma atualização da  doutrina naval assinada por Vladimir Putin em 31 de julho.

O presidente russo assinou a doutrina durante as comemorações do Dia da Marinha em São Petersburgo, onde disse também que a Marinha da Rússia em breve será equipada com poderosos mísseis de cruzeiro hipersônicos, o “Zircon”.

Durante um longo discurso nas comemorações, Putin também elogiou o czar Pedro, o Grande, por ajudar a tornar a Rússia uma grande potência marítima e aumentar sua posição global. Reiterou ainda que a Rússia reforçará as capacidades operacionais de sua marinha em um esforço para proteger a segurança nacional e seus interesses no oceano.

A nova doutrina de 55 páginas (pdf) identifica os mares Ártico, Negro, Okhotsk e Bering, bem como os estreitos Báltico e Curilas, como áreas de “interesse nacional”, que o presidente russo disse serem economicamente vitais e estratégicas.

Ao assinar o novo decreto, Putin prometeu proteger as fronteiras da Rússia “com firmeza e por todos os meios”.

De acordo com a doutrina, o “curso de dominação dos Estados Unidos no Oceano Mundial” e a movimentação da OTAN para mais perto das fronteiras da Rússia são as duas grandes ameaças à segurança da Rússia.

“Os principais desafios e ameaças à segurança nacional e ao desenvolvimento sustentável da Federação Russa relacionados ao Oceano Mundial são: o curso estratégico dos EUA para o domínio do Oceano Mundial e sua influência global nos processos internacionais, incluindo aqueles relacionados ao uso de vias de transporte e recursos energéticos do Oceano Mundial”, de acordo com o documento recém-assinado, traduzido pela agência de notícias estatal Tass.

Entretanto, “os planos da OTAN de aproximar a sua infraestrutura militar das fronteiras russas e as tentativas da aliança de assumir funções globais” continuam a ser “inaceitáveis” para a Rússia e “continuam a ser um fator determinante nas suas relações com a OTAN”, segundo o documento.

Marinha ‘sendo constantemente aprimorada’

Ainda no domingo, Putin enfatizou que a capacidade da marinha de responder a ameaças com “velocidade relâmpago” era fundamental para proteger a soberania e a liberdade da Rússia, acrescentando que as capacidades navais do país estão “sendo constantemente aprimoradas”.

O presidente também prometeu que a marinha russa receberá sistemas de mísseis hipersônicos “Zircon” nos próximos meses e a fragata, Almirante Gorshkov, será a primeira a ser equipada com armas.

Armas hipersônicas podem viajar a nove vezes a velocidade do som. Autoridades russas confirmaram que a Marinha do país realizou vários lançamentos de teste do Zircon de navios de guerra e submarinos no ano passado.

A localização de sua implantação dependerá dos “interesses de garantir a segurança da Rússia”, disse Putin.

Em outros lugares, a doutrina afirma que a prioridade da Rússia é desenvolver a cooperação estratégica e naval com a Índia, bem como uma cooperação mais ampla com o Irã, Iraque, Arábia Saudita e outros estados da região.

Também reconhece que a Rússia atualmente não possui bases navais suficientes a nível global.

“Guiada por esta doutrina, a Federação Russa defenderá seus interesses nacionais nos oceanos do mundo firmemente e com determinação, e ter poder marítimo suficiente garantirá sua segurança e proteção”, diz o documento.

A nova doutrina entra em vigor imediatamente.

Durante seu discurso no domingo, Putin não mencionou a invasão da Ucrânia pela Rússia, embora a doutrina recém-assinada preveja um “fortalecimento abrangente da posição geopolítica da Rússia” nos mares Negro e Azov.

A Reuters contribuiu para esta notícia.

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