Legislador boliviano diz que Luis Arce, presidente da Bolívia persegue opositores ao estilo “Castro-Chavista”

"A comunidade internacional tem que tomar conhecimento do que está acontecendo na Bolívia."

Por Agência de notícias
31/12/2022 00:16 Atualizado: 31/12/2022 00:18

O presidente da legislatura departamental da região boliviana de Santa Cruz, Zvonko Matkovic Ribera, afirmou que o governo de Luis Arce na Bolívia segue os mesmo passos de governos como os de Cuba, Venezuela e Nicarágua ao estabelecer um “reino de terror” para perseguir seus opositores. A afirmação veio por conta da prisão do governador do departamento de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, opositor do governo de Arce.

Em entrevista à EFE, Matkovic expressou seu pesar com a prisão de Camacho e destacou que é “preocupante ter um governo” que não aprendeu “com os erros dos outros” e que parece estar dando “mais um passo na direção” do que é sugerido por seus países vizinhos.

“A comunidade internacional tem que tomar conhecimento do que está acontecendo na Bolívia. O presidente da Bolívia, Luis Arce, está usando uma página deste manual castro-chavista para utilizar tudo o que estiver a seu alcance para se manter no poder”, disse Matkovic.

Para o político, a apreensão do adversário de Arce “repete a forma de agir de países como a Venezuela, Cuba ou Nicarágua” e a “forma de Governo passou de uma democracia participativa para um reino do terror onde o Governo usa todas as ferramentas ao seu dispor, a perseguição política, judicial, policial” e até mesmo o “sequestro de autoridades para leva-lás de uma parte do país para outra a fim de submetê-las a julgamento”.

O legislador departamental lembrou que ele próprio esteve preso durante oito anos em três prisões diferentes na Bolívia. Ele havia sido acusado de envolvimento em um polêmico caso de suposto terrorismo que data de 2009, quando Morales era presidente. O caso foi encerrado em 2020 durante a gestão interina de Jeanine Áñez.

O “caso de terrorismo” eclodiu em 16 de abril de 2009, quando um comando da polícia realizou uma operação em um hotel de Santa Cruz que resultou na morte de três estrangeiros e na prisão de dois outros, acusados ​​de fazer parte de uma célula terrorista que supostamente pretendia realizar uma secessão em Santa Cruz e um atentado contra o ex-presidente Evo Morales.

Segundo os réus, isso se tratava de um caso ligado a motivos políticos para silenciar líderes da oposição de Morales em Santa Cruz. Diferentes versões dos fatos durante a investigação questionaram se o tiroteio no hotel havia sido realmente uma ação antiterrorista.

“Eles nos levaram por todo o país, violaram todos os nossos direitos judiciais, fundamentais, constitucionais e nossos direitos humanos, assassinaram pessoas”, lembrou Matkovic, acrescentando que por isso o caso em questão está sob análise da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

Em sua opinião, com o “caso do terrorismo” eles tentaram “quebrar uma organização” e a intenção de Arce agora “é exatamente a mesma”.

“Meu reconhecimento é que eles entraram em uma competição com Evo Morales, uma competição pelo poder, pela representatividade de seu partido, suas lutas internas, onde um quer ser mais abusivo que o outro”, disse.

No caso de Camacho, Matkovic afirmou que não houve prisão, mas um “sequestro”.

“Eles interceptaram o governador com armas de grosso calibre, apontaram uma arma para ele, quebraram as janelas de seu veículo, o agrediram fisicamente, o jogaram no chão, o algemaram”, denunciou Matkovic.

Segundo o político, a operação para posteriormente transferir Camacho para La Paz foi realizada pela Polícia “em combinação com o Exército” porque para isso foi utilizado um helicóptero militar.

“Aqui nada disso pode acontecer sem que o presidente tenha dado sua permissão e claro que isso o torna cúmplice dessa perseguição política contra seus adversários”, afirmou.

Matkovic questionou se existem condições para Camacho ter “um julgamento justo” pela forma como foi preso.

Ele apontou ainda que os advogados de defesa de Camacho manifestaram preocupações já que ele está sendo ameaçado por vários grupos que tem ligações com o partido que atualmente governa o país que chegaram à Força Especial de Combate ao Crime (Felcc), onde Camacho está desde quarta-feira, e que disseram que “nunca mais saí de La Paz”.

O político destacou que “não é um problema apenas do povo de Santa Cruz e do governador Camacho”, mas de “todos os bolivianos” e em particular dos opositores e cidadãos que em 2019 exigiram “respeito ao voto”. 

Camacho foi preso pelo caso “golpe de Estado I” iniciado a pedido do partido governista que o acusa junto com outros opositores de “terrorismo” por promover um suposto golpe contra Evo Morales.

Morales renunciou à Presidência em 2019, alegando ser vítima de um golpe, mas seus detratores dizem que sua saída do poder teve ligação com denúncias de fraude que favoreciam Morales nas fracassadas eleições gerais daquele ano.

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