El Niño e insegurança existente agravam crise alimentar na América Latina

Por Agência de Notícias
14/05/2024 01:35 Atualizado: 14/05/2024 01:35

A confluência na América Latina e no Caribe do fenômeno climático El Niño e um contexto anterior de insegurança alimentar intensificou a crise de alimentos na região, atingindo números alarmantes em 2024.

De acordo com o relatório Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição (SOFI) de julho de 2023, cerca de 43,2 milhões de pessoas estão subnutridas, e 83,4 milhões enfrentam insegurança alimentar grave.

A situação é ainda mais crítica nos países onde o Programa Mundial de Alimentos (PMA) tem presença ativa, conforme detalhado no Relatório Global sobre Crises Alimentares (GORP) de fevereiro, no qual se estima que 28,5 milhões de indivíduos estejam em situação de insegurança alimentar aguda, um número três vezes maior do que o observado durante o período da pandemia de COVID-19.

Especificamente, no corredor da América Central, que inclui El Salvador, Guatemala e Honduras, 743 mil pessoas estão em situação de insegurança alimentar grave, de acordo com avaliações realizadas pelo PMA e pela Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC) em fevereiro deste ano.

A região também foi duramente atingida por condições climáticas extremas atribuídas ao fenômeno El Niño, que, entre abril e novembro de 2023, expôs 1,3 milhão de pessoas a secas severas em países como Bolívia, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Peru e Venezuela.

Impacto Severo na América do Sul

El Niño afetou severamente a América do Sul entre 2023 e 2024, desencadeando uma série de eventos climáticos extremos que tiveram um impacto significativo na vida, nos meios de subsistência e na segurança alimentar de milhões de pessoas.

Em Colômbia, Venezuela, Bolívia e Peru, foram registradas secas e incêndios florestais. Nas costas do Pacífico de Peru e Equador, as tempestades e as chuvas se intensificaram, causando inundações.

De acordo com o PMA, mais de 800 mil pessoas nesses países sofreram com secas severas, com a bacia do rio Amazonas atingindo seus níveis mais baixos de chuvas em 120 anos.

No Equador, chuvas fortes e enchentes afetaram dezenas de milhares de pessoas. A Bolívia declarou estado de emergência em 51 municípios devido a incêndios florestais e desastres naturais que afetaram cerca de 5.000 famílias.

A Colômbia enfrentou vários riscos climáticos, incluindo incêndios florestais e secas que afetaram diretamente cerca de 45 mil pessoas e interromperam atividades agrícolas essenciais.

O Peru testemunhou uma combinação de chuvas fortes na costa e condições mais secas nas regiões andina e amazônica, resultando em um aumento significativo de casos de dengue e afetando mais de 714 mil pessoas, exacerbando a insegurança alimentar e deteriorando as condições de vida, especialmente entre pequenos agricultores e comunidades indígenas.

Atenuando a insegurança alimentar

Em resposta ao impacto devastador do El Niño na América do Sul entre 2023 e 2024, o PMA e a ONG Action Against Hunger implementaram uma série de medidas essenciais para atenuar a insegurança alimentar e desenvolver a resiliência comunitária.

Ambas as organizações realizaram avaliações e estudos detalhados para identificar as regiões mais afetadas e entender melhor as necessidades locais.

Na Colômbia, o PMA e a Action Against Hunger realizaram avaliações de risco, estudos de percepção de impacto e estratégias de enfrentamento, e trabalharam em colaboração com o governo para desenvolver um plano de resposta nacional.

Esse esforço conjunto tem como objetivo enfrentar a ameaça de mais 2,1 milhões de pessoas ficarem em situação de insegurança alimentar devido a El Niño.

Na Bolívia e no Peru, o PMA prestou apoio técnico e logístico aos esforços do governo, ajudando a posicionar os recursos humanitários e a melhorar a capacidade de resposta a emergências.

A Action Against Hunger, no Peru, treinou as comunidades locais em saúde, higiene e nutrição. Já na Colômbia trabalhou para reduzir os riscos ambientais e fortalecer as capacidades locais para lidar com a variabilidade climática.

O desenvolvimento de planos de ação antecipados e sistemas de alerta precoce em países como Equador e Peru permite que sejam tomadas medidas antes que as piores consequências das chuvas e inundações esperadas se concretizem.

A resposta emergencial incluiu a distribuição de assistência alimentar e transferências de dinheiro a milhares de pessoas afetadas em Colômbia, Peru e Equador para garantir o acesso a necessidades básicas, como água potável, alimentos e itens de higiene em situações de extrema vulnerabilidade.

Essas intervenções buscam não apenas mitigar os efeitos imediatos de El Niño, mas também fortalecer a preparação de longo prazo das comunidades para futuras emergências vinculadas ao clima.