‘Um Cinturão e Uma Rota’ da China é estrada pandêmica perfeita para novo coronavírus

"O coronavírus é transmissível não apenas pela interação entre humanos, mas também pelo contato com um objeto inanimado manipulado por uma pessoa doente, como um operário"

29/01/2020 14:49 Atualizado: 30/01/2020 06:05

Por Chriss Street, Epoch Times

A iniciativa chinesa “Um Cinturão, Uma Rota”, que pretende entrelaçar 152 nações, permitirá que o coronavírus se espalhe pelo mundo, impossibilitando a quarentena, alerta a revista Foreign Policy.

Especialistas identificaram o misterioso vírus como “2019-nCoV” ou “pneumonia de Wuhan”, que infectou milhares de pessoas na China. No entanto, analistas afirmam que o número real de infecções é provavelmente muito maior do que o relatado pelo regime chinês. Os hospitais que usaram todos os kits de testes de coronavírus estão rotulando as novas “mortes como pneumonia ou outras doenças”, informou o China Law Blog.

A iniciativa chinesa de “Um Cinturão, Uma Rota” (OBOR, na sigla em inglês) faz parte de uma agenda econômica e política de bilhões de dólares para expandir o comércio e a infraestrutura chineses em todo o mundo. A China é o maior financiador do mundo para projetos de infraestrutura terrestre e marítima em 70 países centrais, representando dois terços da população mundial. Nesse ritmo, a revista Foreign Policy acredita que a doença se tornará uma “ameaça global”.

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A China está usando o mesmo manual de prevenção, realizando quarentenas em áreas geográficas onde foi aplicado com sucesso entre novembro de 2002 e maio de 2004, para impedir a propagação da epidemia de SARS. Mas, apesar de colocar em quarentena cerca de 46 milhões de habitantes em 16 cidades, o número de mortes e de pessoas infectadas com a pneumonia de Wuhan continua aumentando.

A Organização Mundial da Saúde estima que a taxa de reprodução (RO) da infecção por coronavírus “2019-nCoV” é de até 2,5, o que significa que uma pessoa infectada pode infectar até 2,5 outros indivíduos. Essa taxa de RO é menor que a taxa de SARS de 2003, de 2 a 5, que resultou em 8.098 infectados e 774 mortes. Mas a RO é maior que a pandemia de gripe H1N1 de 1919 que infectou 500 milhões de pessoas e matou 50 milhões, incluindo 675 mil americanos.

A grande diferença com o surto de SARS de 17 anos atrás é que o produto interno bruto (PIB) da China é cerca de 8,4 vezes maior e suas exportações são cerca de 3 vezes maiores. O mapa de distribuição da China nos primeiros meses da epidemia de SARS em 2003 mostrou a concentração de casos restrita às províncias de Guangdong e Shanxi. No entanto, o atual surto de coronavírus já foi confirmado em 29 das 31 províncias da China.

Embora 35 milhões de chineses estejam em quarentena, a epidemia está se espalhando exponencialmente por toda a China e proliferou para cerca de uma dúzia de outras nações em apenas três semanas.

O diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse em entrevista coletiva em 23 de janeiro que, após dois dias de debate com especialistas mundiais sobre o coronavírus: “Não vou declarar uma PHEIC (emergência de saúde pública de interesse internacional) hoje.” Mas ele acrescentou rapidamente: “Não se enganem. Esta é uma emergência na China, mas ainda não se tornou uma emergência de saúde global. A avaliação de risco da OMS é de que o surto é de muito alto risco na China e de alto risco regional e globalmente.”

Os efeitos sociais e econômicos de uma pandemia foram discutidos no Evento 201, organizado pelo Centro para a Segurança da Saúde, da Universidade Johns Hopkins, em Nova Iorque, no dia 18 de outubro. A simulação de uma pandemia mundial mostrou que uma doença altamente contagiosa pode se espalhar pelo mundo em seis meses e matar 65 milhões de pessoas em dezoito meses.

Uma investigação preliminar do epidemiologista da Universidade de Lancaster, Jonathan Read, estima que o atual coronavírus tem uma taxa de RO muito maior, de 3,8. Ele calcula que surgirão 250 mil casos de coronavírus em Wuhan até 4 de fevereiro.

Nicholas Pardini, da Davos Advisory, está preocupado com o grande risco de “contágio oculto” nas cadeias de suprimentos globais. Ele enfatiza: “o coronavírus é transmissível não apenas pela interação entre humanos, mas também pelo contato com um objeto inanimado manipulado por uma pessoa doente, como um operário”.

Com 40% das vendas da Amazon e 60% dos bens duráveis do Walmart importados da China, Pardini alerta que os clientes americanos em breve deverão tomar cuidado ao receber entregas de suprimentos globais.