Manifestantes brasileiros no Rio juntam-se ao movimento global “Ocupar”

03/11/2011 03:00 Atualizado: 13/11/2014 23:51
Jovens brasileiros armaram acampamento na Praça Cinelândia no Rio de Janeiro, em 26 de outubro de 2011. Inspirado no protesto ''indignado'', realizado na Espanha e em Wall Street, os ativistas do movimento ''Ocupar Rio'' estão acampados em protesto. (Vanderlei Almeida/AFP/Getty Images)
Jovens brasileiros armaram acampamento na Praça Cinelândia no Rio de Janeiro, em 26 de outubro de 2011. Inspirado no protesto ”indignado”, realizado na Espanha e em Wall Street, os ativistas do movimento ‘Ocupa Rio’ estão acampados em protesto (Vanderlei Almeida/AFP/Getty Images)

RIO DE JANEIRO – Em meio ao som do samba, maracatu, capoeira e música, manifestantes inspirados pelo movimento global Ocupar montaram acampamento com 100 barracas na Praça Cinelândia, no coração do centro do Rio de Janeiro.

Enquanto o movimento ganhou terreno em mais de 80 países do mundo, ele viu uma diversidade de temas e objetivos em diferentes locais.

No Rio de Janeiro, os manifestantes em sua maioria questionam a corrupção, a pobreza, o desemprego, e as violações dos direitos humanos. Enquanto isso, alguns se juntaram ao movimento do Ocupar Rio para protestarem contra deslocamentos forçados na cidade antes da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

“Há tantos escândalos [no país] e toda a indignação que vem se acumulando que agora atingiram o limite. Não podemos permitir ficar ainda pior”, disse Luiza Werneck, de 32 anos, atualmente desempregada.

Os manifestantes convergiram na Praça Cinelândia para protestar contra a construção maciça da hidrelétrica de Belo Monte na Amazônia e mudanças no Código Florestal brasileiro, que ameaça aumentar o desmatamento.

Cerca de 400 manifestantes podem ser encontrados no local do protesto diariamente. Eles começaram a estabelecer acampamento duas semanas atrás, depois de participar na manifestação mundial em 15 de outubro chamada “Unidos pela Mudança Global”, que foi inspirado no movimento Ocupar Wall Street e no Indignado na Espanha.

Os manifestantes são de todas as esferas da vida, vindos de uma grande variedade de origens, crenças e classes sociais.

“Estou aqui porque o mundo está mudando e é hora de fazer alguma coisa. […] Nós estamos aqui para obter uma alternativa criativa e mais humana para o sistema brasileiro e mundial que falhou”, disse Rafael Laman, de 28 anos, astrólogo e estudante de ciências sociais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

“Os fenômenos celestes estão influenciando a Terra, e é por isso que não é algo localizado apenas em Nova York, na Europa ou na Ásia, mas aqui também”, disse Laman.

“Em vez de ficar em casa angustiados e desesperados […] estamos aqui tentando encontrar valores comuns e positivos para a construção de um novo mundo. Nós não temos um inimigo comum, mas sim, um propósito comum”, disse ele.

Enquanto a mídia local critica que o movimento não oferece soluções, os manifestantes dizem que o acampamento é em si mesmo uma mensagem e uma expressão de uma nova forma de sistema social, político e econômico.

Com sua própria biblioteca, cantina, hortas urbanas, bazares, estação multimídia, equipes de limpeza, vigílias de segurança, sistema de reciclagem de lixo, para não mencionar oficinas, performances artísticas, cinema, discussões temáticas, e mais, o Ocupar Rio é realmente uma cidade em miniatura.