Cólica menstrual: aprenda a tratá-la e curá-la naturalmente

16/06/2015 07:00 Atualizado: 16/06/2015 12:25

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a cólica menstrual não é uma condição natural da mulher, assim como a TPM também não é.

A cólica menstrual é uma condição que resulta de alterações das funções normais do aparelho reprodutor feminino.

Caracteriza-se por dores (que podem ser leves, médias ou fortes) no abdome inferior, às vezes irradiadas para as costas e para as coxas.

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Essas dores são, normalmente, intermitentes (surgem e depois vão passando, e depois retornam novamente, sempre nesse ciclo) e podem ser como fisgadas, ou como cãibras, ou mesmo como um peso (como uma pressão no baixo abdome).

A cólica, na verdade, é o sintoma ou o estado mais evidente daquilo que se chama de dismenorreia (menstruação difícil), que também pode ocasionar fadiga, enjoo, vômitos, cefaleia e dores irradiadas intensas. Se a dismenorreia for apenas do tipo funcional (sem que seja ocasionada por doenças e/ou alterações anatômicas) é conhecida como dismenorreia primária; e se for devido a doenças (como miomas, feridas no útero, endometriose, tumores e outras) é chamada de dismenorreia secundária.

A dismenorreia também pode ocorrer devido ao uso de DIU (dispositivo intrauterino); por isso, as mulheres que utilizam o DIU devem estar atentas, porque em alguns casos o DIU pode estar provocando alterações fisiológicas negativas em seu organismo.

Para saber se uma pessoa sofre de dismenorreia primária ou secundária, é preciso recorrer a exames clínicos e laboratoriais, os quais podem identificar a presença ou não de alterações anatômicas ou doenças associadas ao útero.

Se os resultados mostrarem que ela é primária, então basta recorrer ao um bom profissional de saúde (especialmente os que utilizam a medicina tradicional chinesa, a homeopatia ou a medicina ayurvédica), que identificará o motivo da menstruação difícil, a tratará e normalmente a curará, sem que seja necessária qualquer intervenção mais séria, como cirurgias, uso de hormônios etc.

Caso se constate que é secundária, ou seja, fruto de miomas, endometriose ou outras, então é necessário um tratamento muito mais longo e profundo, mas que, mesmo assim, tende a ter uma boa evolução (desenvolvimento positivo), desde que seja um tratamento holístico ou integrado, que é feito levando-se em conta os aspectos emocionais, nutricionais, comportamentais e funcionais da pessoa e do seu organismo.

Causas gerais da dismenorreia

A dismenorrreia está ligada diretamente ao sistema reprodutor, o qual, psicologicamente envolve alguns âmbitos da vida de uma mulher: sua sexualidade e todos os conceitos e comportamentos associados a ela; sua maternidade (as condições de sua própria gestação e de sua relação com sua mãe); sua fecundidade e conceitos associados (suas noções e expectativas quanto a dar a luz e ser mãe); sua feminilidade e conceitos associados; sua feminilidade versus papéis e funções masculinas na sociedade contemporânea; sua virgindade e condições associadas (violações ou abusos sexuais sofridos, etc); outros.

Isso significa que toda e qualquer função ligada ao seu sistema reprodutor (chamado também de sistema genital) – ovulação, menstruação, produções hormonais, lubrificação genital, desenvolvimento dos órgãos genitais etc – pode ser afetada por condições emocionais importantes para a pessoa. Tais condições são tão importantes que uma adolescente ou uma mulher pode ter alterações fisiológicas significativas (dismenorreia, secura vaginal, baixa produção hormonal, TPM e outras) ou até mesmo anatômicas e/ou patológicas (hipodesenvolvimento sexual, hirsutismo, cistos ovarianos,miomas,endometriose, câncer uterino, frigidez, ninfomania etc) devido a condições psicológicas conflituosas, desequilibradas e/ou traumáticas inconscientes: sentimento de rejeição materna ou paterna; conflitos quanto à sua sexualidade (excessiva, “pecaminosa”, reprimida etc), à questão do gênero, ao seu papel social, ao seu objeto afetivo etc; baixa autoestima e sensação de incapacidade de ser feminina, mulher adulta e/ou mãe; traumas por abusos sexuais, violações, estupros, abortos, por presenciar cenas de pais em situações de sexualidade perversa; etc.

Todas essas condições, circunstâncias e aspectos podem influenciar decisivamente no sistema reprodutor de uma mulher, causando uma série de distúrbios: esses precisam ser interpretados e conhecidos, sempre que possível, em seus aspectos psicológicos, porque suas curas podem depender totalmente desse conhecimento e dessa cura e reorganização emocional, sendo que, muitas vezes, esses distúrbios podem durar anos ou toda uma vida, inclusive sofrendo modificações ou gerando novas doenças, mesmo com tratamentos hormonais, cirúrgicos etc, se não forem sanados em suas raízes psicológicas. Então, nesse aspecto, o ideal é encontrar uma boa psicóloga, um bom terapeuta floral, ou um bom médico homeopata para que essas causas sejam conhecidas, tratadas e essa mulher renasça nova, com autoaceitação e autoapreciação, abertura afetiva, autoconfiança, feminilidade, alegria e amadurecimento.

Causas e características fisiológicas da dismenorreia primária

Em geral, existem dois tipos de dismenorreia primária: a que se deve a um estado de deficiência energético-funcional, e a que se deve a um estado de excesso energético-funcional.

Na primeira (de deficiência energética e orgânica), o organismo encontra-se debilitado, com baixa nutrição ou baixa energia. Isso leva a uma deficiência na produção do sangue, dos hormônios, da energia e dificulta tanto na produção (endométrio) como na expulsão (menstruação) do sangue. Ou seja: o ciclo menstrual se apresenta débil e econômico, com baixa produção de hormônios, e, às vezes

, com encistamento ovariano (cistos nos ovários), menstruação escassa e curta, cólicas, sangue “fino” (não espesso e nem com coágulos), corrimento esbranquiçado crônico etc. A pessoa tende a apresentar cansaço crônico, fraqueza, língua pálida, pulso fino e fraco, conjuntivas descoradas, face um pouco pálida, anemia etc.

Para esse tipo de condição, as cólicas tendem a ser em forma de dor profunda e contínua, mas nem sempre muito intensas, às vezes com sensação de peso no local. Como são devidas a uma fraqueza orgânica, as cólicas tendem a aparecer nos últimos dias da menstruação e/ou logo após o seu término, períodos em que o corpo perdeu mais sangue e energia.

A pessoa tende a querer se cobrir, a ficar em posição fetal quando deitada (para aquecer seu útero) e a melhorar com a aplicação de bolsa quente e pressionando o local.

O segundo tipo (de excesso energético contido), apresenta uma congestão energética, ou seja, um tipo de estagnação funcional por represamento da energia e do sangue na região do abdome e do útero. Isso se deve em geral a condições emocionais, como ressentimento, raiva, frustração ou semelhantes, que bloqueiam ou dificultam o fluxo de energia e de sangue especialmente relacionados ao fígado.

O fígado guarda praticamente 2/3 do sangue do corpo em si mesmo, quando estamos parados, e libera quantidades de sangue quando entramos em atividade ou necessitamos do sangue para executar funções, como no caso da menstruação.

Na medicina tradicional chinesa sabe-se que o fígado controla a dispersão ou difusão do sangue pelo organismo, e que ele nutre diretamente as funções uterinas. Assim, quando ele está disfuncional, o útero (assim como outros órgãos a ele relacionados) tende a ter suas funções prejudicadas. E as emoções que normalmente afetam e dificultam o trabalho do fígado são essas como a raiva, a mágoa, a frustração e o ressentimento. Claro que existem outras condições e circunstâncias que afetam as funções hepáticas, incluindo o consumo de bebidas alcoólicas, de alimentos gordurosos, as intoxicações medicamentosas etc, e junto com as emocionais, precisam ser sanadas para a sua recuperação e para a normalização da menstruação.

O tipo de dismenorreia causada por congestão energética tende a gerar uma forte cólica menstrual, com dores intensas e contínuas (já na pré-menstruação), que podem irradiar-se para as pernas e para as costas, congestão abdominal, vômitos e cefaleia intensa. Esses sintomas tendem a diminuir assim que a menstruação desce, e vão desaparecendo com o final da menstruação. Nesse tipo de cólica, a pessoa deseja ficar estendida, com o corpo aberto e sem pressão sobre o abdome.

A menstruação tende a ser com sangue mais escuro e mais espesso, com coágulos. A pessoa tende a ser irrequieta, irritadiça e até explosiva no período pré-menstrual, com forte TPM e, muitas vezes, com a “sensação de não caber em si mesma”, como estando apertada dentro de um molde apertado.

Em alguns casos, essa congestão sanguínea no útero se dá por uma exposição ao frio: a pessoa ficou na friagem da noite por muito tempo, e/ou lavou a cabeça e não a secou perfeitamente, ou entrou na água fria da piscina ou do mar, ou tomou muita bebida gelada ou sorvete. Essas coisas provocam uma congestão de sangue em certas partes do corpo (para aquecer os locais que se resfriaram), o que impede um fluxo livre do sangue menstrual.

Tratamentos

Para os dois casos, sempre a pesquisa dos fatores emocionais é fundamental. Então, sugere-se a busca de um bom profissional, que auxilie na busca, na compreensão e na transformação dos conteúdos emocionais negativos e conflituosos.

Também deve-se evitar exposição ao frio e lavar a cabeça até o término da menstruação. Se tiver que lavar, secar muito bem a cabeça.

Em ambos os casos, o ideal é procurar um bom médico ou terapeuta naturalista, ou que usem medicina tradicional chinesa, medicina ayurvédica, homeopatia, antroposofia e similares.

Dicas

Tratando a dismenorreia causada por deficiência de energia ou fraqueza orgânica

É preciso usar elementos que enriqueçam e fortaleçam o sangue e dinamizem a energia e a circulação sanguínea.

Sugestões para nutrir e fortalecer o sangue e o organismo: Angelica sinensis, Dan Gui Shao Yao San, Wu Ji Pills, levedura de cerveja, complexo-B, spirulina, chlorella, consumo de folhas verdes escuras, brócolis, lentilha, inhame, cará, batata-doce, mandioquinha, pólen de flores, arroz integral etc.

Comer e nutrir-se bem é uma condição essencial para ir melhorando esse tipo de dismenorreia.

Durante as cólicas, cobrir-se bem, tomar alimentos substanciosos (mas não pesados e difíceis de digerir), como canja de galinha, sopa de legumes, chás e similares. Aplicar bolsa quente no baixo-ventre.

Tratando a dismenorreia por congestão de energia

É preciso, em primeiro lugar, resolver as questões emocionais, dissolver as tensões psíquicas e promover o livre fluxo da energia e do sangue.

Sugestões para aliviar as tensões e os bloqueios da energia e do sangue: Primoris, óleo de primula, óleo de linhaça, Jia Wei Xiao Yao Wan (San), Tepeex, Sedatif-PC, Magnésio-Plus, chás de alcachofra e alecrim, etc.

No período pré-menstrual (especialmente 1 semana antes de menstruar), tomar suco de salsão (com folhas) e cenoura, 2x ao dia (bata 1 talo de salsão com folhas e 2 cenouras). Evitar o uso de sal refinado e açúcar. Tome Tepeex ou Sedatif-PC.

Durante as cólicas, tomar chá de alcachofra, alecrim e canela; massagear agradável, mas profundamente os ombros (o músculo trapézio), depois o músculo que fica entre o polegar e o dedo indicador de ambas as mãos (durante 2 a 3 minutos cada mão) e massagear a parte interna das canelas até os joelhos de ambas as pernas durante 5 ou 10 minutos cada perna.

……

Dismenorreia tem cura: basta procurar o profissional competente e fazer um tratamento adequado.