Alimentação hidratante: tenha o corpo fresco e bem disposto

30/01/2015 11:57 Atualizado: 31/01/2015 23:15

Nosso corpo é constituido em sua maior parte por água: um adulto tem, em média, cerca de 70% de seu corpo composto por água, enquanto que uma criança tem cerca de 80% ou mais.

A água está presente em todas as estruturas e órgãos do corpo humano e é o elemento fundamental para todos os processos fisiológicos do organismo: respiração, digestão, excreção, mediações bioquímicas, transporte de substâncias, controle da temperatura corporal, produção de enzimas e de hormônios, metabolismo celular etc.

Dependendo das funções executadas e da consequente necessidadede de fluidos, cada órgão contém a proporção de água de que necessita; por exemplo, os ossos contém de 22 a 30 % de água, os músculos e o coração cerca de 75 a 80%, e o sangue cerca de 90%.

Atualmente, estamos passando por um período de poucas chuvas e de secas em muitos rios, lagos e represas, em várias partes do Brasil, o que vem ocasionando racionamentos em vários locais. Mas, junto com isso, várias iniciativas inteligentes vêm sendo tomadas por pessoas, no intuito de captar, economizar e reutilizar a água, doméstica e comunitariamente.

Porém, existe um outro aspecto deste assunto sobre qual podemos nos conscientizar e aprender: a escolha de alimentos que possuem uma boa qualidade hidratante (a capacidade de trazer água para o organismo).

O foco dessa abordagem é, então, otimizar o estado de hidratação orgânica das pessoas e evitar a sua desidratação, o calor excessivo e a fadiga crônica.

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Todo alimento, em geral, possui água. Alguns possuem muita, outros, pouca. Os que possuem água em abundância, exigem de nós menos consumo de água, porque hidratam o corpo naturalmente e facilitam todos os nossos processos metabólicos. Os que têm menos, exigem que consumamos mais água, para que as funções metabólicas (mastigação, deglutição, digestão, assimilação e excreção) ocorram satisfatoriamente.

Assim, por exemplo, ao comermos frutas frescas, naturalmente precisaremos tomar pouca ou nenhuma água para o bom funcionamento de todos os processos ditos acima. Já, se comermos biscoitos, bolos ou doces teremos muito mais necessidade de tomar água, para que os procesos metabólicos ocorram corretamente, e se isso não for feito, teremos sede, digestão mais lenta, descompensação nas atividades intestinais, pancreáticas e eliminativas (urina mais concentrada e escura – que pode levar a processos infecciosos ou prejudicar o funcionamento dos rins -, fezes ressecadas e evacuações mais difíceis, podendo originar hemorroidas etc).

Alimentos frescos de origem vegetal, como saladas, legumes e frutas (em geral, frutas secas não contam como alimentos hidratantes) podem chegar a cerca de 95% de teor de água, o que é excelente para organismos desidratados, e bem diferente de alimentos secos e desidratantes, como pães, bolachas, pizzas, bolos, frios, carnes secas e outros.

É bom que se ressalte que praticamente todos os alimentos industrializados contêm açúcar, xarope de milho rico em frutose e/ou sal refinado, elementos esses que exigem a ingestão de muita água.

O consumo de alimentos ricos em água faz uma enorme diferença para o organismo, especialmente na atualidade. Então, vamos ver algumas dicas:

• Alimentos que hidratam: frutas, legumes e saladas.

• Alimentos que desidratam ou que exigem mais consumo de água:

› Farináceos, ou seja, todos os tipos de alimentos feitos com farinhas: pães, massas, bolos, biscoitos etc

› Embutidos: salame, presunto, copa, mortadela, chester etc;

›Frituras, gorduras saturadas (manteiga, banha etc) e alimentos ricos em gorduras (creme de leite, chantilly, queijos amarelos etc);

› Salgadinhos industrializados;

› Doces, chocolates, balas, ácucar, mel ;

› Alimentos assados, salgados ou muito temperados;

› Condimentos: pimentas, alho cru, cebola crua, canela, cravo-da-Índia, gengibre, ketchup, mostarda, maionese;

›Carnes: de frango, de vaca, de peixe etc (Apesar de conterem água em certa medida, por serem muito fibrosas e exigirem cozimento ou fritura, levam à necessidade de consumir mais água depois de prontas);

› Arroz branco (o arroz integral, se bem feito, tende a manter mais umidade do que o arroz branco);

› Molhos: de carne, de tomate, bechamel etc;

› Amendoim (e, especialmente, pasta de amendoim) e avelãs (e, ainda mais, creme de chocolate com avelãs);

› Pipocas e alimentos caramelizados;

› Aveia seca, granola etc.

• Em geral, escolha comer mais ou predominantemente alimentos frescos e de origem vegetal: frutas, legumes e saladas, em detrimento dos alimentos intrinsecamente quentes (amendoim, pimenta, chocolate, etc), secos ou muito condimentados.

• Opções para o café da manhã: frutas frescas com iogurte; salada de frutas; suco de frutas; iogurte batido com água e um pouco de mel; maçãs cozidas (frescas ou geladas;), queijo branco com maçã fatiada; iogurte, sementes de girassol cruas, mais amêndoas cruas, junto com um pouco de geleia de amoras e água (freca ou gelada); pão integral com queijo fresco e um copo de suco de frutas; sucos de vegetais frescos (3 cenouras+1/2 maçã+ 1 talo de aipo; ou 3 cenouras+1/2 pepino+1/2 maçã; etc) etc.

• Opções para almoço e jantar: legumes no vapor levemente temperados com limão, pouco sal marinho e um pouco de azeite; saladas variadas (rúcula, escarola, repolhos, cenoura, tomate, pepino, agrião etc); comidas árabes (homus, babaganouch, coalhada fresca e tabule), com pouco pão de acompanhamento; salada de macarrão (macarrão tipo parafuso, servido frio, com legumes – abobrinha, tomate etc – e temperos leves); pão integral + rúcula + tomate + mussarella de búfala + pitada de sal marinho + um fio de azeite, acompanhado de suco de frutas frescas; pate de ricota com nozes picadas, sal marinho, azeite junto com salada de folhas + pepino e cenouras cortados em tiras; etc.

É claro que não precisamos ser radicais em nada, e podemos comer pratos aquecidos, bem temperados ou mesmo hipercalóricos de vez em quando, mas certamente você notará que ao passar a comer alimentos mais refrescantes, você sofrerá menos com o calor e com a sede.

Uma outra dica bem simples é colocar algumas gotas de limão, caso os alimentos ou sucos sejam muito doces, porque mesmo algumas frutas naturais, quando muito maduras, são muito doces e causam mais sede. E, ao invés de comer frutas muito maduras, coma-as um pouco mais firmes ou menos maduras: as frutas vão perdendo a água na medida em que amadurecem, além de que o sabor levemente azedo das frutas normalmente refresca o organismo, enquanto o sabor doce aquece. Mas, não é preciso comer futas verdes!!!! Comê-las um pouco mais firmes e não tão doces já é o suficiente.

Além disso, é preciso saber que até mesmo entre os vegetais e frutas existem os que contêm mais ou menos água, e mais ou menos açúcar (intrinsecamente natural, como a frutose) exigindo mais ou menos ingestão de água.

Os que têm consistência mais mole e são mais polpudos e úmidos, normalmente possuem mais água, e vice-versa. Assim, a melancia, o melão, a laranja, o limão, a mexirica, a uva, a lichia, o pepino, o tomate, o aipo, o chuchu, a abobrinha e similares contêm bastante água. Já o coco seco, o abacate, a goiaba, a mandioca, a mandioquinha e similares têm um pouco menos de água; mas ainda assim têm sempre mais água do que os farináceos e outros alimentos que desidratam.

Líquidos que hidratam e líquidos que desidratam

Em relação ao consumo direto de líquidos, a água (seja a do filtro ou algumas das minerais comercializadas) é superior a qualquer outro tipo de líquido para o organismo.

Como dito acima, ela é imprescindível para a imensa maioria das funcões metabólicas do corpo. Além disso, quando comparada com sucos comercializados (adoçados com açúcar ou adoçantes) e, especialmente com refrigerantes, a água promove, de fato a hidratação correta e definitiva do organismo para aquele momento, enquanto que sucos e refrigerantes ocasionam mais necessidade de água após o seu consumo, já que seu sabor doce e, muitas vezes, a grande quantidade de açúcar, adoçantes e flavorizantes presentes em sua composição desestabilizam a o equilíbrio hídrico do corpo – o que sempre exigirá mais água para o organismo em algum momento.

Quanto a adicionar açúcar ou adoçantes nos líquidos, é inquestionável que isso prejudica o organismo de várias formas, e, sem dúvida, sempre exige mais consumo de água por parte da pessoa.

Então, se você pode diminuir ou abdicar de usar açúcar e adoçantes em sucos, cafés e outras bebidas, o seu organismo manterá por muito mais tempo a sua hidratação natural e precisará de muito menos ingestão de água.

O café, originalmente, era tomado sem açúcar e com uma pequenina rodela de casca de limão: os árabes sabiam, de alguma forma, que toda vez que tomamos café o corpo tem que compensar sua ingestão gastando um pouco de suas reservas de vitamina C.

O hábito de colocar açúcar no café surgiu por causa da grande abundância na produção de açúcar, graças à descoberta da cana-de-açúcar, e assim o açúcar foi sendo adicionado a tudo – cafés, chás, sucos naturais, chegando a praticamente todos os tipos de alimentos industrializados, hoje em dia -, o que nos tornou dependentes do açúcar e provocou uma pandemia de doenças como o diabetes e as doenças cardiovasculares.

Sendo assim, podemos tomar uma atitude inteligente, aproveitando esse momento crítico: irmos abdicando do uso do açúcar e dos adoçantes, seja evitando os alimentos industrializados que já contêm açúcar, xarope de milho, adoçantes artificiais e similares, seja adoçando cada vez menos nossas próprias bebidas feitas em casa, como chás, cafés, sucos e outros.

Por fim, temos cinco elementos cotidianos que aquecem e/ou desidratam bastante o organismo e que podemos evitar ou diminuir: o cigarro, o café, o álcool, os sucos artificiais e os refrigerantes.

O cigarro resseca os pulmões e as vias aéreas, sendo que a umidade é essencial ao aparelho respiratório, para que ocorra a justa troca dos gases. Além disso, a fumaça do cigarro provoca aumento no calor interno do corpo e uma intoxicação crônica nos pulmões, no sangue e no fígado, o que exige um grande consumo de água pelo organismo para resfriar-se e para neutralizar, redirecionar e eliminar as toxinas do cigarro pela pele e pelos rins.

O café que tomamos tem uma qualidade intrínseca quente, e ao ser aquecido se torna ainda mais quente para o organismo, causando grande acúmulo de calor interno nas pessoas. Isso exige muita ingestão de água. Muitas pessoas têm mau hálito por tomarem muito café; elas não sabem que o café provoca acúmulo de calor e acidificação no estômago, gerando mau hálito. Além disso, devido à esse calor excessivo e a essa acidificação, é comum que tais pessoas desenvolvam gastrite.

O álcool é intrisecamente quente, e mesmo quando ingerido gelado na forma de cerveja, de vodka ou similares, aquece o fígado, o sangue e todo o organismo. Além disso, algumas bebidas alcoólicas, como a cerveja, são diuréticas, o que causa maior desidratação e necessidade de consumo de água. Soma-se a isso o fato de que muitas pessoas tomam muita bebida alcoólica, o que exige uma grande eliminação dos excedentes pelos rins, levando novamente a um processo de desidratação orgânica. Tudo isso contribui para desidratar o organismo e aquecê-lo, o que exige um grande consumo de água.

Os sucos artificiais, especialmente os em pó, são muito danosos ao organismo, porque contêm muitos elementos artificiais prejudiciais, e, por isso, precisam ser eliminados através da urina, o que desidrata e exige mais ingestão de água. Além disso, a adição de açúcar ou de adoçantes sintéticos também contribui para a necessidade de ingestão de água. Ou seja: os sucos artificiais são ruins em termos gerais e, especialmente, em termos da hidratação orgânica.

Quanto aos refrigerantes, eles parecem matar a sede, porque sempre estão gelados, mas, como têm sabor doce, sejam adoçados com adoçantes artificiais ou não, eles passam a mensagem para o corpo de que existe excesso de açúcar no organismo, e, assim, ocorrem os processos de aumento da diurese (urina) e a consequente desidratação orgânica, o que exige mais ingestão de água. E, além disso, como foi dito antes, eles possuem componentes artificiais, o que exige que o corpo use a sua água interna para eliminá-los através da urina, reativando o ciclo desidratação ⇒hidratação, aumentando a necessidade de água.

Por isso, prefira a água aos sucos naturais, os sucos naturais aos industrializados, e os sucos industrializados aos refrigerantes.

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Resumindo: escolha mais ou predominantemente alimentos refrescantes e hidrate o seu corpo: você sentirá muito menos sede, se cansará menos, terá maior disposição, sensação de frescor e bem-estar em boa parte do tempo.

Alberto Fiaschitello é terapeuta naturalista e cientista social