Produtores rurais criam o “Abril Amarelo” em reação ao “Abril Vermelho” do MST 

Por Fernanda Salles
05/04/2024 10:50 Atualizado: 05/04/2024 20:32

O “Abril Vermelho” começou – intensificação das invasões de terra pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em todo o país – e em resposta, produtores rurais do grupo denominado “Invasão Zero” lançaram uma campanha em 1° de Abril, chamada “Abril Amarelo”, com o objetivo de proteger suas terras.

Segundo informações divulgadas pelo jornal A Gazeta do Povo, o grupo conta com aproximadamente 35 mil produtores distribuídos nos estados da Bahia, Pernambuco, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Tocantins, Pará, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

“Deflagramos [o “Abril Amarelo”] em todos os estados em que temos influência, para que todos os produtores se organizem. É uma reação. Eu espero que isso possa conter e evitar essas invasões que eles [MST] gostam tanto de fazer nesse mês de abril”, afirmou Luiz Uaquim, um dos coordenadores do movimento Invasão Zero.

A iniciativa não agradou ao MST. Ao O Globo, o diretor nacional do MST na Bahia, Evanildo Costa, definiu o grupo de produtores rurais como uma “milícia rural” e os acusou de disseminar notícias falsas e usar armas de fogo. 

Em uma entrevista coletiva, Stédile afirmou que o grupo está preparado para realizar novas “ocupações” de terras, com o objetivo de pressionar o governo Lula. 

“O Abril Vermelho é um momento de resistência e de reivindicação dos trabalhadores rurais sem terra”, afirmou Stédile. “Estamos preparados para intensificar nossas ações e ocupações de terra como forma de pressionar o governo a implementar políticas efetivas de reforma agrária.”

O “Abril Vermelho” teve início a partir do Massacre de Eldorado dos Carajás, um evento ocorrido em abril de 1996, onde 19 sem-terra morreram no Pará. Desde então, o MST passou a dedicar esse mês à memória desses eventos, transformando-o em um período marcado por invasões de propriedades e mobilizações em todo o país. 

Ao longo desse tempo, diversas dessas mobilizações culminaram em confrontos com a polícia ou em episódios de violência no campo, resultando inclusive em morte.

Danielle Dutra contribuiu para essa notícia