Dietas vegetarianas podem ser melhores do que pensávamos

Pesquisadores revelam que um terço das mortes prematuras poderiam ser evitadas com dieta vegetariana

10/06/2018 18:41 Atualizado: 10/06/2018 19:26

Por Matthew Berger, Healthline

Há algum tempo existe um consenso de que as dietas vegetarianas são mais saudáveis do que as dietas que dependem muito da carne. Mas podemos estar apenas começando a aprender o quanto elas podem ser mais saudáveis. Uma nova pesquisa sugere que, se todos nós comêssemos uma dieta vegetariana, um terço das mortes precoces poderiam ser prevenidas.

Especialistas dizem que, de fato, podemos estar subestimando os benefícios de comer alimentos à base de plantas. “Acabamos de fazer alguns cálculos olhando para a questão de quanto poderíamos reduzir a mortalidade (mudando) para uma dieta saudável, mais baseada em vegetais — não necessariamente totalmente vegana — e nossas estimativas são de que cerca de um terço das mortes precoces poderia ser evitado”, disse o Dr. Walter Willett, professor de epidemiologia e nutrição da Faculdade de Medicina de Harvard, durante uma conferência médica no Vaticano em abril.

“Isso não é o mesmo que falar sobre fazer atividade física ou não fumar, estamos falando de todos os casos de mortes, não apenas mortes por câncer”, acrescentou. “Isso provavelmente é subestimado, assim como nós não levamos a obesidade a sério mesmo sendo importante, no entanto, nós controlamos a obesidade.”

Especialistas em nutrição não estão surpresos

O anúncio não foi surpreendente para os nutricionistas que falaram com a Healthline. “De forma alguma [nos surpreendemos]”, disse Melissa Halas-Liang, nutricionista e porta-voz da Academia de Nutrição e Dietética da Califórnia. “Nós literalmente somos o que comemos.”

“De fato, não estou surpresa”, disse Kristin Kirkpatrick, nutricionista licenciada e gerente de bem-estar do Cleveland Clinic Wellness Institute.

A organização de Hultin concluiu em 2009 que “dietas vegetarianas apropriadamente planejadas, incluindo dietas vegetarianas ou veganas completas, são saudáveis, nutricionalmente adequadas e podem trazer benefícios à saúde na prevenção e no tratamento de certas doenças”.

Especificamente, essas dietas estão ligadas a um menor risco de doença cardíaca, pressão alta, obesidade, câncer e doenças crônicas.

Halas-Liang disse a Healthline que ela também viu pacientes com lúpus e artrite reumatóide “simplesmente assimirem o total controle” da doença por meio da maior ingestão de vegetais.

“A inclusão de uma dieta vegetariana tem um impacto positivo sobre questões autoimunes”, disse ela.

Um estudo de 2013 financiado em parte pelo Instituto Americano de Pesquisa do Câncer (AICR) concluiu que os vegetarianos tinham um risco quase 10% menor de desenvolver câncer do que os não vegetarianos.

No geral, o AICR afirmou que mais de um terço dos casos de câncer nos EUA poderiam ser prevenidos pela ingestão de uma dieta saudável e pela manutenção de um peso saudável.

Virar vegetariano não é tão simples

Com todos esses benefícios potenciais, não deveríamos todos ser vegetarianos?

Não é tão simples assim.

Hultin disse que muitas vezes recomenda que as pessoas que estão tentando gerenciar ou prevenir doenças crônicas, como doenças cardíacas ou diabetes tipo 2, “reduzam o consumo de carne enquanto aumentam os alimentos vegetais”.

Mas pode ser difícil mudar para uma dieta mais saudável sem enfrentar inconvenientes não intencionais, talvez com impactos de saúde próprios.

“Para algumas pessoas, pode ser incrivelmente difícil desistir de queijo ou de um hambúrguer na sexta-feira à noite. O paciente se sai melhor quando se sente atraído para experimentar a dieta, em vez de ser instruído a fazê-lo”, disse ela.

Halas-Liang disse que tem um colega que diz a todos os seus clientes para se tornarem veganos. Halas-Liang avisou-o de que os clientes estão “apenas ignorando você”.

“A comida é algo muito pessoal. As pessoas têm memórias ligadas à comida”, disse Halas-Liang. “Eu acho que dietas altamente restritivas podem levar a uma desordem alimentar que pode resultar em distúrbios alimentares.”

Enquanto Halas-Liang não come carne há mais de 20 anos, a principal coisa que ela enfatiza é evitar a carne processada e usar a carne mais como uma iguaria, em vez de ser a peça central de todas as refeições.

“Se alguém gosta de jantar um bife algumas vezes por semana, e você diz: ‘Ei, você deveria ser vegetariano’, você vai desanimá-lo completamente”, disse Halas-Liang. “Trata-se de saber com qual tipo de paciente você está lidando.”

Matthew Berger é um colaborador da Healthline, que originalmente publicou esta matéria