Trump cobra de premier britânica mais foco no terrorismo islâmico

01/12/2017 13:19 Atualizado: 07/12/2017 19:25

O presidente americano Donald Trump aconselhou a primeira-ministra britânica Theresa May a concentrar-se mais na ameaça do terrorismo radical islâmico.

O tuíte de Trump ocorre um dia depois de o presidente haver retuitado três vídeos de um político britânico de direita que mostra alegada violência cometida por muçulmanos.

“Theresa May, não se concentre em mim, concentre-se no terrorismo radical islâmico destrutivo que está ocorrendo no Reino Unido. Estamos indo bem!”, Trump escreveu no Twitter em 29 de novembro.

Um porta-voz de May respondeu aos retuítes de Trump dos vídeos criticando o Britain First, o partido político cuja vice-líder, Jayda Fransen, publicou primeiramente os vídeos.

“Britain First tenta dividir as comunidades pelo uso de narrativas odiosas que vendem mentiras e provocam tensões. Eles causam ansiedade às pessoas que respeitam a lei. Os britânicos rejeitam esmagadoramente a retórica preconceituosa da extrema direita que é a antítese dos valores que este país representa: decência, tolerância e respeito”, disse o porta-voz, de acordo com The Guardian.

Populares participam de uma vigília à luz de velas em respeito às vítimas do ataque terrorista de 22 de maio, na Praça Albert, em 23 de maio de 2017, em Manchester, Inglaterra (Jeff J Mitchell/Getty Images)
Populares participam de uma vigília à luz de velas em respeito às vítimas do ataque terrorista de 22 de maio, na Praça Albert, em 23 de maio de 2017, em Manchester, Inglaterra (Jeff J Mitchell/Getty Images)

O Reino Unido sofreu vários ataques cometidos por extremistas islâmicos este ano. Em 22 de maio, um homem-bomba matou 22 pessoas e feriu quase 60 em uma apresentação de Ariana Grande em Manchester. A plateia estava composta principalmente por adolescentes.

O grupo terrorista ISIS reivindicou a responsabilidade pelo ataque, realizado por Salman Abedi, um cidadão britânico de ascendência líbia. Abedi viajou diversas vezes para a Líbia, em áreas agora controladas pelo ISIS, antes de realizar o ataque.

Peritos e policiais trabalham no local do ataque terrorista de 22 de março próximo à Ponte de Westminster (Reuters/Neil Hall)
Peritos e policiais trabalham no local do ataque terrorista de 22 de março próximo à Ponte de Westminster (Reuters/Neil Hall)

Dois meses antes, em 22 de março, um homem atropelou pedestres com um carro na Ponte de Westminster, em Londres. Depois de sair do carro, Khalid Masood usou uma faca para matar um policial. Masood teria trabalhado na Arábia Saudita em 2005, de acordo com The Telegraph. Quatro pessoas foram mortas no incidente e outras quase 50 ficaram feridas. O ISIS reivindicou a responsabilidade pelo ataque, embora a polícia britânica tenha contestado a reivindicação do grupo terrorista.

Agentes da polícia e de serviços de emergência socorrem uma pessoa ferida num aparente ataque terrorista na Ponte de Londres, no centro de Londres, em 3 de junho de 2017 (Daniel Sorabji/AFP/Getty Images)
Agentes da polícia e de serviços de emergência socorrem uma pessoa ferida num aparente ataque terrorista na Ponte de Londres, no centro de Londres, em 3 de junho de 2017 (Daniel Sorabji/AFP/Getty Images)

No dia 3 de junho, sete pessoas foram mortas e 28 feridas quando três terroristas atropelaram pedestres com uma van na Ponte de Londres e esfaquearam outras nas proximidades. May disse “basta” em resposta ao ataque e cobrou uma resposta mais forte ao terrorismo radical islâmico. “Não podemos nem devemos fingir que as coisas podem continuar como estão”, disse May em 4 de junho.

Imagens de um dos terroristas da Ponte de Londres, Khuram Butt, rezando para uma bandeira negra islâmica foram exibidas num documentário de 2016 veiculado na televisão britânica. Butt era uma das 20 mil pessoas conhecidas pelas autoridades antiterroristas no Reino Unido por seus pontos de vista extremistas, mas não estava entre os 3.000 extremistas sob vigilância nas atuais 500 investigações ativas.

No ataque mais recente, em 15 de setembro, trinta pessoas ficaram feridas num trem de metrô em Londres quando um explosivo caseiro foi detonado. O ISIS reivindicou a responsabilidade pelo ataque.

Desde que tomou posse, em janeiro, o presidente Donald Trump tem seguido uma linha dura contra o extremismo islâmico e intensificado a atuação contra o grupo terrorista ISIS no Iraque e na Síria. No mês passado, Trump anunciou um avanço vital na luta contra o ISIS após a libertação da cidade síria de Raqqa.

O Strike Eagle F-15E da Força Aérea dos EUA atira durante um vôo de apoio à Operação Inherente Resolve em 21 de junho de 2017 (Equipe do sargento Trevor T. McBride/US Air Force)
O Strike Eagle F-15E da Força Aérea dos EUA atira durante um vôo de apoio à Operação Inherente Resolve em 21 de junho de 2017 (Equipe do sargento Trevor T. McBride/US Air Force)

Raqqa era a última grande fortaleza do grupo, após a recente perda de Mosul, no Iraque. “Ao lado de nossos parceiros da coalizão, nós fizemos mais progresso contra esses terroristas doentios nos últimos meses do que nos últimos anos”, afirmou Trump à época.

No último ataque terrorista islâmico nos Estados Unidos, oito pessoas morreram no dia 31 de outubro, quando um homem atropelou pedestres e ciclistas com uma caminhonete na cidade de Nova York. A polícia disse ter encontrado inúmeras imagens e vídeos relacionados ao ISIS em seu telefone e acreditava que ele foi “radicalizado no país”. O ataque foi reivindicado pelo ISIS.

“O que estamos fazendo, cada vez que somos atacados, de agora em diante? Nós estamos batendo neles [ISIS] dez vezes mais forte”, disse Trump em resposta ao ataque.

Durante uma viagem à Arábia Saudita em maio, Trump discursou para a Cúpula Árabe Islâmica Americana, que contou com a presença de mais de 50 líderes árabes e muçulmanos. Ele instou-os a se unirem na luta contra o Islã radical.

Trump atribuiu o terror a uma ideologia, que ele distinguiu da religião do Islã. Em uma das linhas mais memoráveis de seu discurso, ele afirmou: “Os terroristas não adoram a Deus. Eles adoram a morte”.

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