Um estudo da Universidade Northwestern revelou que banheiros abrigam uma biodiversidade viral pouco explorada. A pesquisa analisou amostras de escovas de dente e chuveiros, detectando uma abundância de vírus, principalmente bacteriófagos, que influenciam as comunidades microbianas nesses ambientes.
As amostras de biofilmes em escovas de dente e chuveiros mostraram uma variedade de vírus associados a bactérias. Foram identificadas mais de 600 unidades taxonômicas operacionais virais (vOTUs), muitas ligadas a famílias bacterianas como Burkholderiaceae e Sphingomonadaceae.
Apesar de compartilharem a mesma água, os vírus diferem entre escovas e chuveiros. As escovas, em contato com a boca, contêm microbiota mais ligada ao corpo humano, enquanto os chuveiros abrigam microrganismos ambientais, como micobactérias, que podem ser patogênicas.
A análise revelou que apenas 19 dos 44 vírus associados ao gênero Mycobacterium têm semelhança com vírus conhecidos, indicando a descoberta de muitos novos vírus. Os cientistas afirmam que isso reflete a vasta biodiversidade viral em ambientes fechados, como banheiros, ainda pouco explorada.
A pesquisa também observou que, embora a diversidade viral esteja ligada à presença de hospedeiros bacterianos, esses vírus não possuem genes relacionados à resistência a antibióticos ou virulência, sugerindo que não representam um risco imediato à saúde. No entanto, a alta diversidade levanta questões sobre seu papel no equilíbrio microbiano desses ambientes.
Os resultados indicam a necessidade de mais estudos sobre viroma em ambientes internos, especialmente em áreas com contato frequente com o corpo humano, como escovas de dente. Além disso, os cientistas sugerem o desenvolvimento de novos métodos de investigação, já que as técnicas atuais podem não capturar toda a diversidade viral.
O estudo destaca a dinâmica dos microbiomas em ambientes domésticos, influenciados por fatores como quantidade de água, hábitos de higiene e tipo de abastecimento. Enquanto escovas de dente têm microbiomas fortemente influenciados pelo contato humano, chuveiros, com menos interação direta, ainda abrigam microrganismos potencialmente prejudiciais.
A descoberta de uma rica biodiversidade viral em itens cotidianos sugere que ambientes internos são mais complexos do que se pensava. A pesquisa pode levar ao uso de vírus como ferramentas terapêuticas e biotecnológicas no futuro.
Essa exploração inicial dos vírus em biofilmes domésticos ressalta a necessidade de mais estudos sobre seu impacto nos ambientes em que vivemos, especialmente em locais de contato diário com humanos.