Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Espera-se que este documento notável não seja ignorado: After Action Review of the COVID-19 Pandemic: The Lessons Learned and a Path Forward (Revisão Pós-Ação da Pandemia de COVID-19: Lições Aprendidas e um Caminho a Seguir), elaborado pela Subcomissão Especial da Câmara sobre a Pandemia do Coronavírus.
Até o momento, este é o relatório mais abrangente já produzido por qualquer fonte governamental no mundo. Deve servir como modelo para governos em todos os níveis. Com 500 páginas e mais de 2.000 notas de rodapé, é um tratado robusto e profundamente alarmante, aparentemente abrangente (embora haja vários pontos que poderiam ter sido abordados).
Entre outros pontos amplamente documentados, o relatório demonstra uma relação escandalosa entre a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Partido Comunista Chinês (PCCh):
“Embora a OMS devesse apoiar o mundo inteiro, durante a pandemia de COVID-19, pareceu proteger sua relação com o PCCh. A OMS foi desinformada, teve acesso negado à China e foi usada como cobertura para as ações imprudentes do PCCh. Em um momento em que o mundo buscava liderança e conselhos da OMS, as ações da organização mostraram que ela não apoiava todos os seus membros de forma igualitária. O que se viu foi uma organização que, em vez de servir a toda a humanidade, tornou-se subserviente e presa à política”.
Um dos aspectos mais surpreendentes do relatório diz respeito ao elemento econômico e, em particular, à inflação. O relatório é singular ao deixar claro: o Federal Reserve é a causa da perda de poder de compra e de renda real nos últimos quatro anos. Nesse sentido, é absolutamente notável. Com tanta confusão sobre o tema, este é um alívio muito bem-vindo.
Seu conteúdo merece ser reproduzido e discutido.
“A resposta agressiva e sem precedentes do Federal Reserve à pandemia de COVID-19 envolveu o uso de todas as ferramentas de política monetária disponíveis para a instituição”, afirma o relatório. “Essas ações foram essenciais para evitar uma recessão econômica mais grave, embora também possam ter estabelecido novos precedentes para o papel do Federal Reserve em crises futuras”.
Janeiro de 2020: O Federal Reserve começou a monitorar o surto emergente de COVID-19, avaliando os possíveis riscos para a economia dos EUA. Durante este período, manteve sua política monetária, sem mudanças imediatas nas taxas de juros.
28 de fevereiro de 2020: Em resposta a preocupações crescentes sobre o impacto econômico da COVID-19, o presidente Jerome Powell emitiu uma declaração indicando que o banco central estava preparado para “usar nossas ferramentas e agir conforme necessário para apoiar a economia”.
3 de março de 2020: O Federal Reserve fez um corte emergencial de 50 pontos-base na taxa básica de juros, reduzindo-a para um intervalo de 1,00% a 1,25%. Este foi o primeiro corte emergencial desde a crise financeira de 2008 e teve como objetivo enfrentar os crescentes riscos econômicos decorrentes da pandemia.
15 de março de 2020: O Federal Reserve realizou outro corte emergencial nas taxas de juros, desta vez em 100 pontos-base, reduzindo a taxa básica para um intervalo de 0% a 0,25%. Essa medida efetivamente retornou as taxas aos níveis próximos de zero vistos durante a crise financeira. O Federal Reserve também lançou uma nova rodada de afrouxamento quantitativo (quantitative easing, QE), comprometendo-se a comprar pelo menos US$ 700 bilhões em títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas.
17 de março de 2020: O Federal Reserve estabeleceu a Commercial Paper Funding Facility (Facilidade de Financiamento de Papéis Comerciais, CPFF) para apoiar o fluxo de crédito às famílias e empresas, fornecendo liquidez ao mercado de papéis comerciais.
18 de março de 2020: O Federal Reserve criou a Money Market Mutual Fund Liquidity Facility (Facilidade de Liquidez para Fundos Mútuos do Mercado Monetário, MMLF) para aprimorar a liquidez e o funcionamento dos mercados monetários, garantindo que os fundos mútuos desses mercados pudessem atender às demandas de resgate dos investidores.
23 de março de 2020: O Federal Reserve anunciou medidas extensivas para apoiar a economia, incluindo compras ilimitadas de títulos do Tesouro e MBS (QE essencialmente ilimitado). Além disso, introduziu várias novas facilidades:
Primary Market Corporate Credit Facility (Facilidade de Crédito Corporativo do Mercado Primário): para ajudar a emissão de títulos corporativos.
Secondary Market Corporate Credit Facility (Facilidade de Crédito Corporativo do Mercado Secundário, SMCCF): para ajudar a negociação de títulos corporativos.
Term Asset-Backed Securities Loan Facility (Facilidade de Empréstimos para Títulos Lastreados em Ativos a Termo): para ajudar a emissão de títulos lastreados em ativos.
Expansão do CPFF e do MMLF: para fornecer liquidez adicional aos mercados financeiros.
6 de abril de 2020: O Federal Reserve anunciou a Paycheck Protection Program (PPP) Liquidity Facility (Facilidade de Liquidez do Programa de Proteção ao Pagamento) para apoiar o Programa de Proteção ao Emprego da Administração de Pequenas Empresas, oferecendo liquidez às instituições financeiras participantes.
9 de abril de 2020: O Federal Reserve expandiu ainda mais suas intervenções, introduzindo o Main Street Lending Program (Programa de Empréstimos Main Street), para oferecer até US$ 600 bilhões em empréstimos para pequenas e médias empresas. Também estabeleceu a Municipal Liquidity Facility (Facilidade de Liquidez Municipal) para comprar dívidas de curto prazo diretamente de governos estaduais e locais, fornecendo-lhes liquidez essencial.
Maio–junho de 2020: Implementação e ajustes.
12 de maio de 2020: O Federal Reserve começou a comprar fundos negociados em bolsa de títulos corporativos por meio do SMCCF, marcando a primeira vez que interveio nesse mercado dessa maneira.
8 de junho de 2020: O Federal Reserve expandiu o Main Street Lending Program para permitir que mais empresas se qualificassem para o apoio, ajustando os termos dos empréstimos e os critérios de elegibilidade.
29 de julho de 2020: O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) reafirmou seu compromisso de usar toda a gama de ferramentas disponíveis para apoiar a economia dos EUA, mantendo a taxa básica de juros entre 0% e 0,25% e continuando com as compras de ativos.
27 de agosto de 2020: O Federal Reserve alterou sua estrutura de política conforme o documento Statement on Longer-Run Goals and Monetary Policy Strategy (Declaração sobre Metas de Longo Prazo e Estratégia de Política Monetária), adotando uma forma flexível de meta média de inflação. Isso permitiu que a inflação permanecesse moderadamente acima de 2% por algum tempo para compensar períodos em que esteve abaixo dessa meta.
16 de setembro de 2020: O Federal Reserve reiterou seu compromisso com uma política monetária acomodatícia, sinalizando que as taxas permaneceriam próximas de zero até que as condições do mercado de trabalho atingissem níveis consistentes com as avaliações do FOMC sobre emprego máximo e que a inflação alcançasse 2% e estivesse no caminho para exceder moderadamente essa taxa por algum tempo.
16 de dezembro de 2020: O Federal Reserve anunciou que continuaria comprando pelo menos US$ 120 bilhões em títulos do Tesouro e títulos hipotecários emitidos por agências por mês até que houvesse um progresso substancial em direção às metas do Comitê de emprego máximo e estabilidade de preços.
27 de janeiro de 2021: O Federal Reserve manteve sua postura acomodatícia, mantendo as taxas de juros próximas de zero e continuando o programa de compra de ativos, enfatizando que a recuperação econômica ainda era desigual e estava longe de ser completa.
17 de março de 2021: O Federal Reserve reiterou seu compromisso de apoiar a economia, sinalizando que não aumentaria as taxas de juros antes de 2023, no mínimo, e que as compras de ativos continuariam até que fosse feito progresso substancial.
28 de abril de 2021: O Federal Reserve manteve sua política, mas começou a discutir a possibilidade de reduzir as compras de ativos à medida que a economia mostrava sinais de recuperação.
16 de junho de 2021: O Federal Reserve indicou que poderia começar a reduzir as compras de ativos mais cedo do que o previsto anteriormente, reconhecendo que a inflação estava acima das expectativas.
3 de novembro de 2021: O Federal Reserve anunciou que começaria a reduzir as compras de ativos, diminuindo o ritmo de compra mensal de títulos em US$ 15 bilhões por mês, com o objetivo de encerrar o programa até meados de 2022.
15 de dezembro de 2021: O Federal Reserve acelerou o processo de redução das compras, dobrando o ritmo para US$ 30 bilhões por mês, e sinalizou que os aumentos nas taxas de juros poderiam começar em 2022 em resposta à inflação crescente.
16 de março de 2022: O Federal Reserve aumentou as taxas de juros em 25 pontos-base, marcando seu primeiro aumento desde 2018, e sinalizou uma série de aumentos para combater a inflação e iniciar o processo de normalização da política monetária.
“Duas semanas após a Covid-19 ser declarada uma pandemia, o Federal Reserve utilizou todas as ferramentas disponíveis para mitigar o impacto econômico da pandemia”, conclui o relatório. “O Fed reduziu rapidamente a taxa básica de juros para perto de zero para aumentar a liquidez e amenizar o impacto econômico da pandemia. O Federal Reserve embarcou em um agressivo programa de QE, comprando inicialmente US$ 500 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA e US$ 200 bilhões em títulos hipotecários para fornecer liquidez ao sistema financeiro”.
O relatório argumenta que a resposta “ajudou a economia a se recuperar mais rapidamente do que muitos esperavam”. No entanto, “a combinação de políticas monetárias agressivas e estímulos fiscais alimentou um aumento na demanda à medida que as empresas reabriam e os consumidores gastavam suas economias e cheques de estímulo. … No final de 2021 e início de 2022, a inflação acelerou para níveis não vistos em décadas. O Índice de Preços ao Consumidor e outras métricas de inflação indicaram aumentos significativos nos preços em uma ampla gama de bens e serviços”.
“As ações iniciais do Federal Reserve, embora cruciais para evitar o colapso econômico, também contribuíram para as pressões inflacionárias observadas posteriormente. O prolongado período de juros baixos e as compras de ativos em larga escala, combinado com problemas na cadeia logística e dinâmicas do mercado de trabalho, criou um ambiente propício para o surgimento da inflação … também desempenhou um papel nas pressões inflacionárias que emergiram posteriormente”.
Por um lado, devemos ser gratos por essa documentação. No entanto, há todos os motivos para observar que os elogios pela manutenção da economia são equivocados. A resposta do Federal Reserve também prolongou os lockdowns muito além do que teria ocorrido de outra forma. Os estados teriam reaberto muito mais cedo sem os cheques de estímulo e o dinheiro distribuído indiscriminadamente (helicopter money), e os padrões de vida dos americanos teriam sido preservados.
Em vez de manter a economia em funcionamento, a resposta do Fed causou exatamente o oposto. Criou uma prosperidade ilusória que rapidamente se transformou em inflação. De fato, deve-se especular até que ponto os lockdowns teriam ocorrido sem a impressão de dinheiro. Talvez, sem o Fed, nunca tivesse havido uma resposta tão equivocada à pandemia.
Esse período da nossa história deixou o governo com uma dívida insustentável, e os americanos ainda lutam para sobreviver aos aumentos de preços resultantes. Embora esse relatório mereça atenção e elogios por sua documentação, ele subestima o dano causado pela resposta à pandemia de forma geral. Há muito mais a ser dito, mesmo que este seja um excelente ponto de partida.
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times