Marco temporal e Agenda 2030: O espectro soviético no Brasil | Opinião

Por Danielle Dutra
31/10/2023 18:12 Atualizado: 18/01/2024 11:37

O mundo mudou, tudo se modernizou, inclusive as estratégias totalitárias. A figura do líder revolucionário e do Estado ditatorial foi universalizada, os próprios líderes revolucionários e ditaduras decidiram usar essas fantasias. Agora temos a Agenda 2030, as ONGs, a agenda verde, que com toda sutileza necessária, escondem os mesmos propósitos obscuros do autoritarismo em sua essência: o poder absoluto. No Brasil, a perda do direito à propriedade privada está muito bem maquiada e travestida de falsos valores morais, assim como aconteceu na União Soviética. Lancemos uma luz sobre os fatos para expor os paralelos e semelhanças marcados na história dos crimes desse espectro que paira sobre nosso país.

“Terra para os camponeses”! Era esse o lema implementado por Vladimir Lênin — fundador e teórico do comunismo soviético —  numa das frentes para a tomada de poder na Rússia. Buscando mais apoio entre as massas camponesas para o Partido Bolchevique, ele propagava a ideia de que distribuiria as terras no país, algo semelhante à atual Reforma Agrária. 

Consciente da ameaça que o direito da propriedade privada traz a um Estado autoritário, esse lema durou pouco. Apenas 24 horas após os Bolcheviques tomarem o poder em 1917, as “Terras dos Camponeses” se tornaram estatais e a promessa comunista de distribuição e igualdade foi cumprida como de costume: O Partido e seus membros ficaram com tudo.

Ao continuar seu legado o sucessor de Lênin, Joseph Stalin ordenou que todas as fazendas da União Soviética se tornassem coletivas — os chamados kolkhozes — que funcionam como uma cooperativa, onde uma grande propriedade agrícola era baseada na socialização da mão de obra e trabalho voluntário. Isso trouxe morte e miséria para milhões de pessoas no campo. E ao final do regime, as poucas propriedades privadas que restaram, de pequenos agricultores em pequenas áreas, foram as únicas que mantiveram a produtividade e a ínfima produção agrícola do regime. 

Parece distante da realidade brasileira, porém, similaridades podem ser encontradas no que vem acontecendo nas últimas décadas no Brasil quanto à luta por terra, a Reforma Agrária e o direito à propriedade privada. A luta incansável dos “povos indígenas” pela demarcação de terras no país esconde propósitos mais obscuros. 

“Terra para os índios”: A questão do marco temporal

STF derruba marco temporal, Congresso aprova lei do marco temporal. O presidente veta parte do marco temporal, e entre os vetos o principal é sobre a indenização para produtores que terão suas terras expropriadas ao estilo maoísta-leninista. De acordo com Lula, eles devem sair sem nada. A Câmara já sinalizou a derrubada do veto. Esses embates, e a clara dissonância entre os três poderes, são reflexos da realidade que acontece há décadas no campo.

Diferente de discursos pomposos feitos por excelentíssimos — de terno ou de toga — em Brasília, há um conflito constante entre agricultores, indígenas e movimentos sem terra em várias partes do país; mas será que o real problema no Brasil é a distribuição de terras?

Vejamos: O Brasil tem 740 áreas indígenas em diferentes fases do procedimento demarcatório, que ocupam 1,17 milhão de km²  para 1,6 milhão de indígenas, o que representa 0,83% do total de habitantes no Brasil. Os dados estão de acordo com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) em 2021 e do censo do IBGE em 2023.

Em contrapartida, 30,2% do território é destinado ao uso agrosilvopastoril, o equivalente a 2,5 milhões de km². E quantas pessoas vivem nessa área? De acordo com Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a população rural compreende 18,74 milhões de pessoas, representando 8,7% da população total em 2021.

Quantificação territorial da ocupação, dos usos das terras e das áreas destinadas à preservação, conservação e proteção da vegetação nativa no Brasil (2021) (Fonte: Embrapa)

Gráfico: Quantificação territorial da ocupação, dos usos das terras e das áreas destinadas à preservação, conservação e proteção da vegetação nativa no Brasil (2021) (Fonte: Embrapa)

Se compararmos a densidade demográfica desses dois cenários, nos territórios indígenas são 1,36 habitantes/km², enquanto que na área rural são 7,48 hab/km².

Fazendo a analogia preferida dos cavaleiros do apocalipse da destruição da Amazônia, em um campo de futebol caberiam 1,5 índios, enquanto que nesse mesmo campo estariam 17,3 agricultores. Mais do que 11 vezes mais terra para cada indígena.

Porém, a densidade demográfica ainda não é a questão mais importante nesse contexto, e sim o quanto desses territórios são produtivos. 

Em apenas 2,5 milhões de km² o Brasil produz alimentos para 1 bilhão de pessoas no mundo, enquanto que nas áreas indígenas, os seus habitantes mal conseguem produzir para o próprio sustento. A realidade indígena em alguns locais beira condições desumanas. 

A maioria dos índios em reservas demarcadas são proibidos de produzir e explorar seus próprios territórios, segundo relatos dos próprios indígenas na CPI das ONGs.

Além de proibida de produzir, a população indígena brasileira, em sua grande maioria, não tem acesso a recursos como saneamento básico, educação e saúde. 

Mas nem todos vivem nessa precariedade. Uma pequena parte dos indígenas iniciaram o agroindígena (será que também serão chamadas de fascistas?), onde estimulam o cultivo e exploração sustentável de seus territórios. Um exemplo é a etnia dos Parecis no Mato Grosso, que sob muita pressão de instituições como a própria Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e sofrendo muitas retaliações, não cedeu às perseguições e cultiva soja mecanizada, o que lhes garante melhores condições de vida.

Ouvido pelo Epoch Times, Isaías da Costa, indígena da etnia Macuxi, relatou como o processo demarcatório histórico da região de Raposa Serra do Sol afetou o desenvolvimento local e trouxe retrocessos aos povos indígenas. Alguns membros de sua etnia são favoráveis ao marco temporal, pois alegam que o índio não precisa de mais terras e sim de apoio governamental para seu desenvolvimento.

E não é apenas Isaías e colegas de sua etnia que relatam isso. Muitos índios corroboram que o processo de demarcação de terras traz mais problemas para os povos indígenas. 

“Mais terras, mais prisão”, disse a Ysani Kalapalo da aldeia de Tehuhungu, no Parque Indígena do Xingu, em vídeo publicado nas redes sociais e reproduzido na CPI das ONGs.

Interesses obscuros

Mas se os índios não precisam de terra, por que tanta repercussão para aumentar a área demarcada no país?

Como denunciado na CPI das ONGs e ouvido pelo Epoch Times por mais de uma fonte, o interesse “oculto” na demarcação indígena no país é amplamente estrangeiro. Áreas demarcadas como indígenas, mesmo que antes propriedades particulares produtivas, passam a pertencer à União e logo, são submetidas a órgãos estatais e Organizações Não Governamentais.

As instituições que alegam “cuidar” dos índios, utilizando o falso moralismo de preservar a cultura e os costumes desses povos, recebem milhões de “fundações” e tudo que possa ser nomeado ou não — quase todas estrangeiras — enquanto os indígenas continuam com uma única questão sendo preservada: a miséria.  

Assim como os slogans da União Soviética de “Terra para os camponeses” e sua coletivização da produção agrícola, os slogans atuais giram em torno de dizer que o “Marco temporal é o fim das nossas culturas, da Amazônia e da nossa vida” ou “roubaram nossa terra, querem roubar nosso futuro”, e giram promovidos e financiados por essas entidades.

Conforme denunciado pelo antropólogo Edward Mantoanelli na CPI das ONGs, há um “establishment ongueiro” no Brasil. Entidades como a FUNAI e ONGs como o Instituto Socioambiental (ISA) e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) são alguns exemplos de instituições que recebem milhões de dólares de instituições estrangeiras como a Ford Foundation e as Open Society Foundations. 

Fundações que financiam as ONGs do Establishment brasileiro, apresentado pelo antropólogo Edward Mantoanelli na CPI das ONGs (Imagem: print de tela da sessão do CPI na TV Senado).

De acordo com Isaías, o interesse dessas ONGs  é a exploração das riquezas naturais presentes nas terras indígenas, que incluem ouro, diamante e água potável. Outra indígena entrevistada pelo Epoch Times, alega que entidades estrangeiras junto da Organização das Nações Unidas (ONU) teriam interesse no Aquífero Guarani, a maior reserva de água doce do mundo.

Se essas terras permanecerem nas mãos de agricultores e fazendeiros que mantêm o setor agropecuário, responsável por 24,4% do PIB do país em 2023, como continuarão a expandir a exploração cínica dos tesouros que deveriam ser nacionais, de cada filho dessa terra chamada Brasil? E em quem podemos confiar, além de nós mesmos, para eliminar esses criminosos que não roubam apenas nossas riquezas, mas a identidade dos povos indígenas e suas possibilidade, de serem, como lhes é de direito, plenos cidadãos brasileiros?

Alinhamento das ONGs, a Agenda 2030 e o STF

Fazer com que diferentes povos de um mesmo país entrem em conflito por um pedaço de terra, a mando e sob a influência de ONGs e entidades estrangeiras, por si só, já é uma atitude sorrateira e atroz. No entanto, isso tudo pode fazer parte de algo ainda maior. 

Quando a discussão sobre o marco temporal voltou aos holofotes, a ONU passou a emitir várias declarações em apoio à derrubada do marco temporal alegando que isso ajudaria a barrar a crise climática.

Mas como a demarcação de terras indígenas combateria uma crise climática que mais de 1600 cientistas e o vencedor do Nobel da física afirmaram não existir? Lembra um dos mandamentos comunistas: crie um inimigo para lutar, não importa quem ou o que, ele precisa existir para justificar tudo que seja feito para derrotá-lo.

O ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) número 13 da Agenda 2030 — plano de ação global elaborado pela ONU para colocar o mundo em um caminho mais “sustentável e resiliente” até 2030 —  é justamente elaborar uma “ação contra a mudança global do clima” para acabar com a crise climática e tem como meta “tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos”.

No Brasil, a meta 13.2 busca “Integrar a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) às políticas, estratégias e planejamentos nacionais”, o que significa que a preocupação com as mudanças climáticas devem ser inseridas na elaboração das políticas públicas em âmbito nacional.

Vale ressaltar também, que todos os processos do STF estão classificados de acordo com o respectivo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A aproximação do STF com a Agenda 2030  é “fundamental para a efetivação de medidas para este desafio mundial tendo em vista a possibilidade de se empreender no âmbito da Corte políticas e ações concretas”.

Ao pesquisar no site da Suprema Corte sobre o Recurso Extraordinário requerido pela FUNAI, que levou à decisão recente da derrubada do marco temporal como parâmetro de demarcação de terras indígenas, observa-se que esse processo está alinhado a seis diferentes ODS.

Print do site portal.stf.jus.br referente ao processo do marco temporal

A ONG WWF, que jorra seus milhões de dólares para o Brasil anualmente, também fez declarações semelhantes de que a demarcação indígena estaria relacionada às mudanças climáticas: “A demarcação desses territórios, portanto, constitui peça-chave no combate ao aquecimento global”, alega a WWF-Brasil em seu site.

Óbvia e ironicamente, todo esse “establishment ongueiro” que financia e insta a demarcação indígena no Brasil é um forte aliado da ONU, e consequentemente, também segue a implementação da Agenda 2030.  

Qualquer semelhança não é mera coincidência: o caso da Nova Zelândia

A perda da soberania nacional é apenas a ponta do iceberg sobre a questão da demarcação indígena no Brasil. Essa disputa por território é global e o modus operandi não é muito diferente; encontramos os mesmos interesses obscuros anteriormente citados.  

A Nova Zelândia passou por um processo de demarcação de terras indígenas do povo Maori, semelhante ao que o Brasil passa agora. Porém, o Partido Comunista da Nova Zelândia  foi influenciado pela Internacional Comunista  sediada em Moscou. Eles emitiram instruções para os comunistas da Nova Zelândia nos anos 40.

“Todo país que tem mais de uma raça encontrará comunistas lá dentro, provocando brigas, exagerando com os conflitos para causar desentendimentos e basicamente fazer uma revolução e tomar o poder para si”, analisou Trevor Loudon, autor convidado do Epoch Times

Essa “revolução” na Nova Zelândia foi baseada na literatura marxista-leninista, com alguma referência a Marxismo e a questão nacional, de Stalin. A tese, segundo Loudon, é que em áreas onde não há uma grande estrutura de classes, não é possível usar a classe trabalhadora para executar uma revolução. É preciso, então, encontrar grupos minoritários para que eles formem uma “classe revolucionária” para dessa maneira avançar a revolução.

Durante a década de 1940, Na Nova Zelândia, o Partido Comunista apoiou protestos por terras Maori em Bastian, ponto perto de Auckland e trabalhou em estreita colaboração com a Rainha Maori.

O movimento comunista da Nova Zelândia se dividiu depois e, fossem facções pró-soviéticas, pró-chinesas, pró-cubanas, ou até facções pró-albanesas, todas apoiaram “os direitos à terra” dos Maori.

Não é menos óbvio pontuar que o processo de demarcação indígena e a propaganda abrangente contra o marco temporal no Brasil contam com apoio do partido governante, o PT, cujo presidente Lula juntamente com o falecido ditador cubano, Fidel Castro, fundou o Foro de São Paulo: uma organização criada no início da década de 1990 congregando a herança do comunismo do século passado — os principais partidos políticos de esquerda do continente, agentes criminosos e movimentos sociais.

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As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times