Comentário
Os recentes ataques cibernéticos contra o setor energético evidenciam as ameaças cibernéticas representadas pela China e pela Rússia.
A Agência de Segurança Cibernética e de Infraestrutura dos Estados Unidos (CISA) relatou em 15 de junho que vários departamentos governamentais sofreram intrusões relacionadas ao software de transferência de arquivos MOVEit. O grupo de ransomware russo conhecido como CLOP ou TA505 assumiu a responsabilidade pelo ataque e publicou uma mensagem em seu site na dark web, que diz (em caixa alta): “Se você é um governo, cidade ou serviço policial, não se preocupe, apagamos todos os seus dados”. Em 7 de junho, a CISA e o FBI emitiram um aviso sobre o CLOP explorando vulnerabilidades no MOVEit para roubar dados.
Esta é a terceira vez em três anos que hackers estrangeiros conseguem invadir agências governamentais dos Estados Unidos. O ataque mais recente ocorre apenas algumas semanas após o direcionamento de infraestruturas críticas nos Estados Unidos e em Guam por hackers ligados à China. Isso pode ser um exercício de treinamento para interromper as comunicações entre os Estados Unidos e a Ásia em caso de guerra. Se um conflito entre os Estados Unidos e o regime chinês estourasse, Guam seria um ponto de trânsito crítico para as forças americanas.
A Avaliação Anual de Ameaças de 2023 da Comunidade de Inteligência dos Estados Unidos identificou a China e a Rússia como as maiores ameaças à segurança dos Estados Unidos, sendo a área cibernética uma preocupação primordial. A ameaça do regime chinês inclui roubo de tecnologia e informações, vigilância, espionagem econômica e roubo cibernético. Outra dimensão da ameaça cibernética do regime aos Estados Unidos é a esfera da informação, controlando informações e disseminando propaganda e outras desinformações. Moscou é considerado um fornecedor mais bem-sucedido de notícias falsas e desinformação, mas representa uma ameaça militar e de hackers significativa, incluindo roubo cibernético.
No início da guerra entre Rússia e Ucrânia, hackers ligados ao Kremlin atacaram as comunicações militares por satélite na Ucrânia. Hackers militares russos também se infiltraram nas redes militares europeias, além de infraestruturas de energia e transporte. Antes da invasão russa, o Cadet Blizzard – uma nova unidade de hackers dentro do GRU (inteligência militar russa) – realizou operações visando infraestruturas ucranianas. O grupo foi associado a outras atividades cibernéticas nefastas, como ataques em geral, desfiguração de sites, espionagem cibernética, coleta e compartilhamento de dados roubados e operações de hack-and-leak. Um grupo de hackers russo diferente foi implicado no hack da Mt. Gox, levando cerca de 850.000 bitcoins.
Uma grande preocupação do Departamento de Segurança Interna (DHS) é um ciberataque contra infraestruturas críticas dos Estados Unidos. Outra possibilidade são os ciberataques contra instalações militares americanas no exterior. Esse tipo de ataque poderia impedir que as forças armadas dos EUA respondessem a uma ameaça física aos Estados Unidos ou a seus aliados. A interrupção dos serviços de infraestrutura crítica nos Estados Unidos, como infraestrutura energética, oleodutos e gasodutos, e sistemas de transporte, poderia causar pânico generalizado e caos.
O Departamento de Energia (DOE) está entre as agências americanas que são repetidamente alvo de ciberataques. Uma das vítimas do último ataque foi o Laboratório Nacional de Oak Ridge, onde são realizadas pesquisas nucleares. A violação pode ter comprometido as informações pessoais de dezenas de milhares de funcionários e contratados do DOE.
O DHS está preocupado com os ataques à infraestrutura energética dos Estados Unidos. A rede elétrica dos EUA é antiga e vulnerável a ataques cibernéticos e físicos. Cerca de 70% das linhas de transmissão têm pelo menos 30 anos, enquanto 60% dos disjuntores têm mais de 35 anos. Em 2022, 10,7% dos ciberataques visaram a indústria de energia, incluindo um ataque em fevereiro à empresa Encino Energy, sediada em Ohio. Em março, o Congresso introduziu o Projeto de Lei de Estabelecimento do Centro de Análise de Ameaças Energéticas para aprimorar a proteção da infraestrutura energética dos EUA.
Estão sendo desenvolvidas tecnologias avançadas e disruptivas que podem neutralizar os ativos de defesa dos EUA. Um pulso eletromagnético (EMP) gerado a partir de uma explosão solar geomagnética ou de um míssil explodindo na atmosfera pode causar a falha de todos os componentes eletrônicos afetados. À medida que as forças armadas em todo o mundo se tornam mais dependentes das capacidades cibernéticas e espaciais, o hacking se tornará uma arma mais importante, prejudicando a capacidade de um país de travar uma guerra.
Para este fim, a Rússia vem treinando seus elementos espaciais, desenvolvendo armas anti-satélite e capacidade de interferência de satélites. Moscou também está desenvolvendo armas de energia direta e armas terrestres e espaciais, que podem destruir ou interromper os satélites dos EUA e aliados.
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do The Epoch Times.
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