Venezuela não extraditará preso por envolvimento em morte de promotor Marcelo Pecci

Por agência efe e renato pernambucano
23/12/2022 14:56 Atualizado: 23/12/2022 14:56

O ministro do Interior e da Justiça da Venezuela, Remigio Ceballos, afirmou nesta quinta-feira (22) que o país não extraditará Gabriel Salinas, detido nesta semana em Caracas e acusado pela Colômbia pelo assassinato do promotor paraguaio Marcelo Pecci, em crime ocorrido em maio deste ano.

“O artigo 69 da Constituição proíbe taxativamente a extradição dos venezuelanos. Dessa forma, esses cidadãos serão julgados pelo sistema judiciário venezuelano”, afirmou o integrante do Executivo, em entrevista coletiva.

Ceballos, no encontro com jornalistas, revelou a prisão de outro homem, identificado como Carlos Gómez, que tem vínculos com Salinas.

Além disso, o ministro afirmou que a Venezuela repassará aos governos da Colômbia e Paraguai “toda a informação necessária sobre estes indivíduos de alta periculosidade”.

O ministro apresentou um vídeo que mostra Salinas – que conduzia o jet ski que transportou o assassino de Pecci – confessando participação no crime e dizendo que, por isso, recebeu um pagamento de US$ 8 mil (R$ 41,5 mil).

Segundo depoimento do venezuelano preso, Francisco Correa, acusado pelo Ministério Público da Colômbia de ser o articulador do assassinato, deu as ordens para os envolvidos e entregou a arma com que Wendret Carrillo – preso na Colômbia, onde confessou – disparou no promotor, em uma ilha próxima à cidade de Cartagena.

Quem era Marcelo Pecci

Pecci era um promotor de justiça reconhecido nacional e internacionalmente pelo seu trabalho contra o crime organizado e o tráfico de drogas. Membro da Rede Ibero-Americana de Procuradores Antidrogas, composta por promotores de justiça de 20 países e da unidade antinarcóticos do Paraguai, criada em 2007 para investigar crimes relacionados ao narcotráfico.

Em 2017, Pecci liderou a operação “Zootopia”, desmontando a maior estrutura, na época, da facção brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC) no Paraguai. A operação resultou na apreensão de 500 quilos de cocaína. O promotor participou da investigação de vários grandes casos e seu trabalho causou perdas substanciais ao narcotráfico global.

Seu assassinato é investigado por funcionários dos Estados Unidos, Paraguai e Colômbia. Com a prisão de Salinas, agora seis indivíduos estão sob custodia como autores materiais do crime.

Em 6 de junho, na Colômbia, foram detidos Wendret Carrillo, Eiverson Zabaleta, Marisol Londoño, Cristian Camilo Monsalve Londoño e Francisco Luis Correa, esse último, apontado pelo Ministério Público local como o mentor do assassinato.

Os quatro primeiros aceitaram as acusações de homicídio e porte de armas e receberam uma redução da pena, sendo condenados por um tribunal de Cartagena a mais de 23 anos de prisão.

Já Luis Correa se declarou inocente em audiência preliminar e segue em processo de julgamento na Colômbia.

Apesar dos avanços nas investigações e a detenção dos autores materiais, ainda não se sabe quem ordenou o assassinato do promotor paraguaio.

Venezuela é considerada um Narcoestado

O Ex-minisatro das relações exteriores, Ernesto Araújo, e alguns especialistas e oficiais, principalmente dos Estados Unidos, consideram o regime venezuelano como um Narcoestado. Em uma entrevista para o Epoch Times e NTD Brasil, Ernesto definiu a Venezuela como um narco-socialismo e indicou a confluência nos interesses do novo presidente colombiano, que poderá acentuar ainda mais a problemática do narcotráfico na região.

“Na Colômbia, o presidente pró-drogas que assumiu, Petro, uma das primeiras coisas que fez foi reatar com Maduro. Não é simplesmente por amizade, não é simplesmente para jogar biriba no fim de semana, claro que não, é porque eles querem melhorar a coordenação no narcotráfico. Querem melhorar a coordenação no apoio ao terrorismo. E infelizmente, nós vemos o Brasil indo por essa linha. Nada de bom pode vir de uma associação com o regime venezuelano. O regime venezuelano é hoje, digamos assim, a “holding” de várias organizações criminosas. A Venezuela hoje é uma espécie de Disneylândia do crime.” Afirmou o ex-ministro.

 

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