Trump dá voz a “famílias ignoradas” no debate sobre imigração

Mídia não divulga crimes cometidos por imigrantes ilegais

27/06/2018 17:09 Atualizado: 27/06/2018 17:09

Por Charlotte Cuthbertson, Epoch Times

Em meio à recente polêmica sobre imigrantes ilegais nos Estados Unidos, existem famílias que foram permanentemente separadas.

“Toda vez que queremos ver ou estar perto de nosso filho, vamos ao cemitério, porque é onde ele está”, disse Laura Wilkerson, moradora de Pearland, no Texas. Josh, seu filho de 18 anos, foi assassinado em 2010.

“Ele foi brutalmente torturado e estrangulado repetidamente. Colocaram fogo no corpo depois que ele morreu”, disse Wilkerson.

Josh foi morto por um colega de classe, um imigrante ilegal de Belize, que agora está cumprindo prisão perpétua.

No meio de toda a retórica sobre as famílias temporariamente separadas na fronteira devido à tentativa de travessia ilegal, o presidente Donald Trump convidou à Casa Branca, em 21 de junho, um grupo de pais cujos filhos foram mortos por estrangeiros ilegais.

Histórias arrasadoras

“Minha filha se chamava Christy Sue Piña”, disse Juan Piña, morador de Greenfield, na Califórnia. “Em 1990, ela foi sequestrada, estrangulada, esfaqueada, estuprada e sodomizada, e seu corpo foi encontrado em meio a uma plantação de alcachofras”.

Piña disse que lutou por mais de 28 anos para que o assassino mexicano fosse extraditado.

“Em 3 de maio, Deus respondeu às minhas preces e o México finalmente o liberou. Ele agora está em uma prisão do Condado de Monterey e podemos dar início ao processo judicial pela morte de minha filha”.

Em outro caso, Sarah Root foi morta na noite de sua formatura da faculdade, em 2016, por um imigrante ilegal que estava bêbado e dirigindo com excesso de velocidade. Ele foi posteriormente liberado mediante o pagamento de uma fiança de 5.000 dólares, e não foi mais visto desde então.

“Nossa separação, como todos disseram, é permanente”, disse a mãe de Sarah, Michelle Root. “Sarah nunca se tornará uma esposa, uma mãe, uma avó, uma tia. Meu filho já não tem mais a companhia de sua única irmã. Minha vida foi devastada e também a vida de toda a família e dos amigos da minha filha”.

(Da esq. para a dir.) Scott Root Jr., Michelle Root, Sarah Root e Scott Root na cerimônia de formatura de Sarah em 30 de janeiro de 2016, poucas horas antes dela ser morta (Cortesia de Michelle Root)
(Da esq. para a dir.) Scott Root Jr., Michelle Root, Sarah Root e Scott Root na cerimônia de formatura de Sarah em 30 de janeiro de 2016, poucas horas antes dela ser morta (Cortesia de Michelle Root)

Root disse que muitas vezes se pergunta por que é importante saber se o motorista responsável pela morte de sua filha, Edwin Mejia, está no país ilegalmente.

“O que aconteceria se ele não estivesse aqui? Minha filha ainda estaria viva”, disse ela em uma entrevista anterior.

“Eu não posso saber como teria sido, mas adivinhem, ninguém mais morreu em Omaha, Nebraska, em 31 de janeiro vítima de um motorista bêbado. E se Sara tivesse sobrevivido?

(Da esq. para a dir.) Scott Root Jr. e Michelle Root assistem à cerimônia de formatura de Sarah em 30 de janeiro de 2016, poucas horas antes dela ser morta (Cortesia de Michelle Root)
(Da esq. para a dir.) Scott Root Jr. e Michelle Root assistem à cerimônia de formatura de Sarah em 30 de janeiro de 2016, poucas horas antes dela ser morta (Cortesia de Michelle Root)

Mary Ann Mendoza disse que seu filho, o sargento Brandon Mendoza, foi assassinado enquanto dirigia voltando do trabalho para casa, por um imigrante ilegal que estava bêbado e consumindo metanfetamina.

Mendoza escreveu uma carta ao ex-presidente Barack Obama em 2014 perguntando por que o motorista, Raúl Silva Corona, não tinha sido deportado 20 anos antes, depois de ter sido condenado por crimes no Colorado.

Ela não obteve resposta.

A mãe expressou sua gratidão a Trump e ao vice-presidente Mike Pence. “Não há palavras para descrever o que o seu apoio e sua preocupação significam para todos e cada um de nós”.

Atualmente, assim como todos os outros membros da família, Mendoza também tem que lidar com o problema das redes sociais.

“As pessoas me chamam de racista, me chamam de porca nazista”. “Seu filho é um porco, você é uma porca nazista”, disse ela em uma entrevista anterior. “Não dá para mencionar alguns dos nomes pelos quais as pessoas me chamaram no Twitter”.

Ela disse que os bloqueia e continua com seu trabalho. Vários membros da família se uniram e formaram no ano passado um grupo de apoio às vítimas chamado Advogados Pelas vítimas de Crimes de Estrangeiros Ilegais.

Cobertura da mídia

Mendoza também acusou a mídia de não divulgar os crimes cometidos pelos imigrantes ilegais.

“Existem centenas de milhares de vítimas a cada ano que são atingidas por crimes cometidos por imigrantes ilegais: estupro, assalto e roubo de identidade”, disse ela.

“Estas coisas não são denunciadas, não são controladas. Se o público visitasse o site ‘IllegalAlienCrimeReport.com’ e visse a magnitude dos crimes cometidos contra seus compatriotas norte-americanos por imigrantes ilegais a quem foi permitido permanecer neste país, ficaria doente, porque a mídia tradicional não permite que se saiba o que realmente está acontecendo”.

Trump disse que a cobertura da mídia é injusta.

“Estas são as famílias que a mídia ignora. A mídia não fala nada sobre elas. Isso é muito injusto”, disse ela.

“Onde está a indignação dos meios de comunicação pela política de ‘Captura e Libertação’ que permite a entrada de drogas letais em nosso país? Onde está a condenação das ‘Cidades Santuário’ democratas, que libertam criminosos violentos nas nossas comunidades e depois os protegem?”.

O vice-diretor do Serviço de Imigração e Controle de Fronteiras (ICE), Tom Homan, disse que a partir de 31 de julho de 2017, quase 10 mil criminosos estrangeiros que tinham voltado para as ruas ao invés de serem entregues ao ICE, já cometeram outros crimes.

Estatísticas da criminalidade

A maioria dos dados disponíveis sobre criminalidade não diferencia entre imigrantes ilegais e legais, mas as estatísticas das prisões federais fornecem alguns detalhes.

Cerca de 94% dos prisioneiros de origem estrangeira são imigrantes ilegais, segundo relatório de dezembro dos departamentos de Segurança Nacional e de Justiça.

Presos estrangeiros ilegais podem representar cerca de 19% do número total de presos do sistema federal, enquanto a população estimada de estrangeiros ilegais nos Estados Unidos é constituída de 3 a 4 por cento.

Um total de 58.766 estrangeiros conhecidos ou suspeitos estavam sob custódia federal no final de 2017, incluindo 39.455 pessoas sob custódia do Departamento Prisional e 19.311 sob custódia do Serviço de Agentes Federais dos Estados Unidos, de acordo com o relatório.

Deste total, 37.557 foram confirmados como estrangeiros pelo ICE, enquanto 21.209 pessoas nascidas no exterior estavam sob investigação para determinar se poderiam ser deportados. Segundo o ICE, um estrangeiro é um cidadão não-americano e um não-nacional.

O procurador-geral Jeff Sessions disse que os não-americanos cometem um número substancialmente desproporcional de delitos relacionados a drogas e, em particular, alimentam a crise nacional das drogas.

“Nossos cidadãos estão sendo vítimas de crimes cometidos por imigrantes ilegais, e qualquer ofensa cometida por um criminoso estrangeiro é, em última análise, evitável. Uma vítima é muito”, disse Sessions em uma declaração em 21 de dezembro.

O relatório não inclui informações sobre as populações estrangeiras ou sobre estrangeiros em prisões federais e prisões locais, que representam cerca de 90% da população total encarcerada dos Estados Unidos.

Até junho de 2016, havia 191.161 criminosos condenados com processos de deportação pendentes que estavam em liberdade nos Estados Unidos, de acordo com um Relatório de Detenção e Detenção Semanal do ICE.

Relatório do Voice

Trump realizou o evento de imigração para coincidir com a publicação do primeiro relatório trimestral do novo escritório para ajudar as vítimas de crimes de imigrantes ilegais, Vítimas do Compromisso com a Imigração (Voice, na sigla em inglês).

O ICE lançou o grupo Voice em abril de 2017, em resposta a um decreto do presidente.

O grupo auxilia na prestação de serviços sociais às vítimas, bem como na obtenção de permissão de rastreio de um suposto criminoso que esteja sob custódia.

Em um caso ocorrido recentemente, uma solicitação para o Voice feita por uma das famílias afetadas levou à prisão de um imigrante, de acordo com o relatório. Outra solicitação permitiu que um imigrante criminoso fosse deportado.

O atendimento telefônico do Voice recebeu um total de 1.251 chamadas entre 26 de abril de 2017 e 30 de setembro de 2017.

“Voice já ajudou centenas de famílias, colocou-as em contato com serviços cruciais como aconselhamento durante o luto, acompanhou seus casos e ajudou a garantir que os criminosos estrangeiros que prejudicaram suas famílias fossem detidos, presos e deportados”, disse Trump.