Por Tom Ozimek
Enquanto a guerra russo-ucraniana entra em seu 12º dia, esperanças diminuem em relação a um acordo negociado de curto prazo para as hostilidades. O presidente russo, Vladimir Putin, dobrou sua campanha para “desmilitarizar” a Ucrânia no domingo, enquanto a Rússia alertava países vizinhos para ficarem de fora ou serem considerados partes da guerra.
Em telefonemas separados no domingo com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan e o presidente francês Emmanuel Macron, Putin disse que a Rússia só interromperia sua operação militar se as forças ucranianas parassem de lutar e as demandas “bem conhecidas” de Moscou fossem atendidas, de acordo com a leitura do Kremlin do comunicado.
A Rússia está exigindo que a Ucrânia interrompa a ação militar, mude sua constituição para consagrar a neutralidade, reconheça a Crimeia como território russo e reconheça as repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk como territórios independentes, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta segunda-feira, segundo a Reuters. Peskov disse ao veículo que a Rússia havia dito à Ucrânia que estava pronta para interromper sua ação militar “em um instante” se Kiev cumprisse suas condições.
Putin também alertou em uma reunião televisionada no domingo com comissários de bordo da companhia aérea russa Aeroflot que o Estado ucraniano estava em perigo e comparou as sanções ocidentais contra Moscou como equivalentes a “declarar guerra”.
Em mais um sinal de tensões crescentes, o Ministério da Defesa da Rússia alertou no domingo que qualquer país que ofereça o uso de seus aeródromos aos militares da Ucrânia para ataques a ativos russos pode ser considerado como tendo entrado no conflito. Isso ocorre em meio a rumores de que a Polônia pode fornecer caças para as forças ucranianas como parte da ajuda militar.
A Ucrânia solicitou caças da Bulgária, Polônia e Eslováquia.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse no domingo que a Polônia recebeu “luz verde” dos Estados Unidos para enviar os jatos como parte do apoio militar à Ucrânia.
Blinken disse durante uma entrevista coletiva com a presidente da Moldávia, Maia Sandu, no domingo, que Washington vem mantendo discussões com Varsóvia sobre um acordo proposto que permitiria à Ucrânia obter aviões de guerra da Polônia.
Sob o acordo proposto, a Polônia forneceria à Ucrânia seus caças MiG-29 em troca de ter seus hangares reabastecidos pelos Estados Unidos com caças F-16 fabricados nos Estados Unidos.
Mas a Polônia, uma aliada da OTAN, negou planos de fornecer seus aeródromos para uso pelas forças ucranianas ou enviar seus caças para a zona de combate, segundo o gabinete do primeiro-ministro.
Marcin Wasik, vice-chefe de assuntos internos da Polônia, disse a uma rádio polonesa em entrevista na segunda-feira que “a posição da Polônia permanece inalterada” sobre o fornecimento de caças, dizendo que “não enviamos nenhum jato para a Ucrânia”, acrescentando que quaisquer decisões a este respeito deve ser feito conjuntamente pelos aliados da OTAN.
Suas declarações foram ecoadas pelo chefe de segurança nacional polonês, Pawel Soloch, que disse na segunda-feira que nenhuma decisão foi tomada sobre o fornecimento de aviões de guerra para a Ucrânia.
“Nosso governo já declarou que não temos planos de fornecer os caças a jato”, disse Soloch, segundo a televisão estatal polonesa TVP, acrescentando que as decisões a esse respeito precisariam ser tomadas pela OTAN como um todo.
Soloch acrescentou que, embora a Polônia continue apoiando a Ucrânia em sua defesa contra a agressão russa, fornecendo ajuda militar, seu foco principal é fornecer ajuda humanitária.
Mais de 1 milhão de pessoas fugindo da guerra na Ucrânia entraram na Polônia desde que as forças russas lançaram um ataque multifacetado no dia 24 de fevereiro, segundo o gabinete do primeiro-ministro polonês.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu que a OTAN imponha uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, uma proposta que foi descartada pela aliança como muito provocativa e com o risco de desencadear a Terceira Guerra Mundial.
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