O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, concedeu nesta terça-feira (11) poderes à Polícia Nacional que permitirão à instituição restringir a circulação de pessoas em situações de emergência e desastres, em uma decisão tomada após a passagem pelo país do furacão Julia que, segundo o governo, causou apenas danos materiais.
De acordo com os regulamentos emitidos pelo ditador, que é o chefe supremo da Polícia da Nicarágua, a instituição de ordem pública agora tem o poder de “restringir a passagem de veículos, carrinhos, pedestres e cavaleiros em locais de alto risco”.
Além disso, a partir de agora os policiais poderão proibir a travessia de rios, leitos de rios, pontes ou ruas e estradas alagadas, assim como regular o trânsito em rodovias, ruas e estradas “afetadas por chuvas ou inundações”.
A Polícia Nacional, chefiada por Francisco Díaz, cunhado de Ortega, também poderá realizar “detenção temporária de pessoas e seus meios de transporte, que agem de forma imprudente, temerária ou irresponsável na condução, colocando em risco a própria vida e a de terceiros”.
A medida foi emitida dois dias após o impacto do furacão Julia na Nicarágua, e quando se multiplicaram os vídeos compartilhados nas redes sociais nos quais carros e pessoas são vistos desafiando rios cheios.
Diferentes internautas e alguns meios de comunicação locais que transmitem apenas nas redes sociais relataram pelo menos três pessoas que morreram quando foram arrastadas pelas correntes, incluindo uma jovem de 17 anos no município de Santa Lucía, perto de onde passou o olho de Julia.
As autoridades nicaraguenses, por sua vez, não reconhecem essas informações.
A nova disposição policial foi justificada na “proteção da população”, e inclui “restrição da circulação de veículos de carga e transporte, retenção e transferência de pessoas em estado de embriaguez, comportamento intransigente e desobediência, suspensão da carteira de motorista e sinalização dos locais que representam vulnerabilidade”.
A Polícia Nacional tem sido uma das instituições estatais mais criticadas por organizações nacionais e internacionais de direitos humanos, que a responsabilizam pela morte de centenas de pessoas nos protestos antigovernamentais contra Ortega em 2018, bem como pelo suposto tratamento cruel e desumano contra opositores desde então.
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