Mortes de indígenas e desmatamento na Amazônia estão ligados ao narcotráfico

Por Agência de Notícias
09/03/2023 19:47 Atualizado: 09/03/2023 19:47

As atividades do narcotráfico na Amazônia brasileira e peruana parecem estar cada vez mais ligadas ao desmatamento e ao aumento de assassinatos de indígenas e ativistas ambientais, advertiu nesta quinta-feira a ONU em um relatório publicado em Viena.

“O tráfico de drogas pode provocar desmatamento de maneira direta e indireta”, destaca o documento elaborado pela Junta Internacional de Controle de Entorpecentes (JIFE), órgão da ONU encarregado de garantir o cumprimento das convenções internacionais sobre drogas.

O narcotráfico requer grandes extensões de terra, seja para cultivos ilícitos ou “quando o produto do crime é lavado por meio de gado e outras atividades”, indica o relatório.

Seja como for, destaca-se que o crescimento dos homicídios nas áreas rurais da Amazônia coincide com um aumento da influência e diversificação dos crimes cometidos por grupos de narcotráfico.

“Nesse sentido, há cada vez mais evidências (…) da existência de uma ligação entre o narcotráfico e o desmatamento ilegal: entre 2017 e 2021, policiais realizaram pelo menos 16 grandes apreensões de cocaína escondida em remessas de madeira”, denuncia a JIFE.

Várias “organizações criminosas nacionais e internacionais” estão presentes na região amazônica do Brasil, um dos principais países consumidores e de trânsito de cocaína do mundo.

Entre eles, “destacam-se o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital, que lutam pelo controle das rotas do tráfico”, lembra a JIFE.

No Peru, observa-se também que os grupos do narcotráfico têm ampliado suas atividades, “levando-os aos territórios de povos indígenas e outras terras protegidas, particularmente em áreas do Trapézio amazônico e nas regiões de Puno e Ucayali”, onde já praticava garimpo e extração ilegal de madeira, além do contrabando.

Os dados disponíveis atribuem a esses grupos criminosos dez assassinatos, principalmente de lideranças de povos indígenas, cometidos em território peruano entre 2020 e 2021.

“Nesse mesmo período, a magnitude do narcotráfico no país cresceu de forma alarmante, ganhando mais espaço e enraizando cada vez mais nas estruturas sociais e econômicas”, destaca o “Relatório 2022” da Junta.

Prova disso é um crescimento acentuado da área de plantações ilícitas de coca no Peru, onde devido à pandemia de COVID-19 e outros fatores, as autoridades erradicaram “menos da metade” da área de plantações ilegais que tinham planejado anular em 2021.

A área total de cultivos erradicados foi de 5.774,68 hectares, correspondendo a uma produção de 62,2 toneladas.

Também no Equador houve um aumento da “violência sofrida pela população local”, aponta a JIFE.

A Junta lembra que esse país é cada vez mais utilizado pelos narcotraficantes para armazenar a cocaína produzida na Colômbia e no Peru, antes de enviá-la a seus destinos finais, que são principalmente os Estados Unidos e Europa.

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