Israel anuncia que deixará de trabalhar com agência da ONU em Gaza: “É parte do problema”

Por Agência de Notícias
25/03/2024 16:34 Atualizado: 25/03/2024 16:34

O governo de Israel informou nesta segunda-feira que deixará de trabalhar com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) na Faixa de Gaza, acusando a entidade de “perpetuar o conflito” por causa de suas supostas ligações com o grupo terrorista islâmico Hamas.

“A UNRWA é parte do problema e agora vamos parar de trabalhar com ela. Estamos eliminando ativamente o uso da UNRWA porque eles estão perpetuando o conflito em vez de tentar aliviá-lo”, disse o porta-voz do governo israelense, David Mencer, em entrevista coletiva diária.

O comissário geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, afirmou no domingo que Israel informou à ONU que não aprovará mais nenhum comboio humanitário para o norte da Faixa de Gaza, onde a fome já é uma realidade.

“Apesar da tragédia que se desenrola sob nossa vigilância, as autoridades israelenses informaram à ONU que não aprovarão mais nenhum comboio de alimentos da UNRWA para o norte”, relatou.

O comissário lembrou que a UNRWA, que presta serviços a cerca de 6 milhões de palestinos em diferentes países e é o principal agente humanitário na Faixa de Gaza, é, em meio à guerra, “o principal sustento” para mais de 2 milhões de pessoas deslocadas internamente no enclave e a única que pode fornecer “assistência para salvar vidas” no norte.

A notícia chega em um momento de crescente pressão internacional sobre Israel para que permita a entrada de mais ajuda humanitária na Faixa de Gaza, onde metade da população está em risco iminente de fome, de acordo com um relatório recente da ONU.

Israel não esconde suas intenções de expulsar a UNRWA da Faixa e acusa a instituição de ter ligações diretas com o Hamas, depois de denunciar em janeiro que 12 de seus 30.000 funcionários estavam envolvidos nos ataques de 7 de outubro.

Entretanto, Israel alega que a infiltração do Hamas na agência é muito mais profunda e que mais de 2.130 de seus funcionários em Gaza, cerca de 17%, têm vínculos ativos com grupos “terroristas”.