Grande parte dos presos na Venezuela depende de parentes para comer, afirma relatório

Sistema prisional do país não possui 'nem infraestrutura nem políticas para manter as pessoas com dignidade', afirma diretora do OVP

21/12/2021 16:16 Atualizado: 21/12/2021 16:16

Por VOA

Pessoas privadas da liberdade na Venezuela dependem de seus familiares para poderem se alimentar e não possuem infraestrutura adequada nos centros de detenção para fazer suas refeições, denunciou o Observatório Venezuelano de Prisões (OVP), na segunda-feira, em um relatório.

Carolina Girón, diretora do OVP, explicou em entrevista coletiva virtual que, para a reportagem “A fome atinge a população carcerária venezuelana”, foram realizadas pesquisas em 34 presídios do país com detentos, advogados e familiares de presidiários, entre outros.

Os resultados apresentados por Girón indicam que 71,6% dos entrevistados não recebem alimentos do ministério que o preside e dependem principalmente de familiares para se alimentar, outros em menor proporção dependem de outros presidiários e a outra parte não recebe apoio de ninguém.

28,4% dos que recebem alimentação do Estado relataram que a alimentação “não é variada”. A pesquisa determinou que a média de refeição é apenas uma por dia.

Além da questão do acesso à alimentação, Girón destacou que o sistema prisional do país não possui “nem infraestrutura nem políticas para manter as pessoas com dignidade”.

“Não há refeitórios, os poucos refeitórios não estão sendo usados. Não há cozinhas, e a infraestrutura que havia na cozinha também não está sendo utilizada. Por isso, as pessoas privadas da liberdade cozinham e comem na cela”, indicou.

O acesso à água nas prisões também é “deficiente”, afirmou Girón. “64% [dos inquiridos] afirmam não ter abastecimento de água”, afirmou.

O observatório indicou que 97,2% dos entrevistados afirmaram ter perdido peso durante a detenção.

“É normal as pessoas perderem peso quando são presas, mas não é normal perder mais de 40% do seu peso”, relatou o diretor da OVP.

O Observatório Venezuelano de Prisões (OVP) também expressou sua preocupação com o aumento das mortes por problemas de saúde nas prisões. Em 2020 foram registrados 184 e no primeiro trimestre de 2021, cerca de 69.

O estado venezuelano nada declarou sobre esta situação, afirma Girón.

O observatório apresenta mais de uma dezena de recomendações no relatório, entre elas a preparação de um projeto de reativação do abastecimento alimentar em estabelecimentos prisionais ou de saneamento e formação dos espaços destinados ao preparo e armazenamento de alimentos nesses estabelecimentos.

No início deste ano, a ministra das Relações Penitenciárias, Mirelys Contreras, se reuniu com o ministro da Alimentação, Carlos Leal, para “fortalecer as articulações” para garantir a alimentação dos privados de liberdade, publicou em seu Twitter.

Além disso, em junho deste ano, o líder venezuelano Nicolás Maduro anunciou uma comissão especial para realizar uma “revolução profunda e acelerada” no sistema judicial do país.

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