Foro de São Paulo: governo colombiano e ELN se preparam para reiniciar negociações de paz em Caracas

Por agência efe renato pernambucano
19/11/2022 19:12 Atualizado: 19/11/2022 19:12

O governo colombiano e os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) se preparam para reiniciar, na próxima segunda-feira em Caracas, as negociações de paz interrompidas há quatro anos, para as quais ainda não se sabe a composição total das equipes negociadoras.

“No evento convocado em Caracas pelo Alto Comissariado para a Paz e o chefe da delegação de diálogo do ELN, serão anunciados os outros membros que intervirão na mesa”, disse o governo em um comunicado no sábado.

Do lado do governo, os nomes de Otty Patiño, ex-guerrilheiro do M-19 que será o chefe da equipe de negociação, e do presidente da Federação Colombiana de Pecuaristas (Fedegan), José Félix Lafourie, ferrenho inimigo da guerrilha, foram confirmados.

Especula-se que a deputada María José Pizarro, filha de Carlos Pizarro, comandante do M-19 que assinou a desmobilização dessa guerrilha e pouco depois, em 1990, foi assassinado quando era candidato à presidência; e Iván Cepeda, que sempre defendeu as conversações de paz.

O presidente do Senado, Roy Barreras, que fez parte da equipe de negociação com as FARC em Cuba, disse que tanto o presidente Gustavo Petro quanto o alto comissário para a paz, Danilo Rueda, o ofereceram para fazer parte do grupo, mas ele rejeitou o pedido citando que seus compromissos não lhe permitem “aceitar esta nova tarefa por enquanto”.

Um passo à frente

Desde sua chegada à Presidência, Gustavo Petro tem destacado que uma das prioridades de seu governo é a “paz total”, iniciativa que tem como pedra angular as negociações com o ELN, iniciadas em 2017 pelo então presidente Juan Manuel Santos e suspensas as ano seguinte por decisão de seu antecessor, Iván Duque.

Sob esta política, Petro também busca um acordo ou submissão à Justiça de outros grupos armados ilegais, como os dissidentes das FARC e gangues criminosas.

“Na paz é preciso manter sempre as portas e as possibilidades abertas; esta é uma tentativa que esperamos que dê certo, não sabemos como será, mas obviamente há esperança de que desta vez dê certo”, disse Vera Grabe, um dos fundadores do M-19, grupo guerrilheiro do qual Petro fez parte na juventude.

O tão esperado anúncio sobre o local e a data para o reinício das conversações foi feito na noite de sexta-feira (18) pelo gabinete do Alto Comissariado para a Paz da Colômbia, em um comunicado.

“A mesa de diálogo recomeçará na próxima segunda-feira, 21 de novembro, à tarde, na cidade de Caracas, República Bolivariana da Venezuela”, disse o comunicado assinado pelo alto comissário Rueda e Pablo Beltrán, chefe da delegação do ELN.

Xadrez Político

A presença de Lafaurie na equipe de negociação do governo, embora tenha causado surpresa por sua ferrenha oposição à guerrilha, tem sido bem recebida por diversos setores que a consideram uma ousadia de Petro, embora se desconheça seu alcance.

“José Félix Lafaurie era opositor da solução política do conflito armado entre o Estado e as extintas FARC-EP e crítico do acordo de paz. Sua presença na mesa de negociações com o ELN é sinal de que a paz é imparável, conquista vontades e transforma o país”, disse Rodrigo Londoño, presidente do partido Comunes, formado pelos ex-guerrilheiros das FARC.

Por sua vez, o senador Humberto de la Calle, que chefiou a equipe de negociação do governo com as FARC, comentou que foi uma “boa decisão” do Petro confiar a Otty Patiño “a chefia da equipe de negociação com o ELN (porque) ele conhece e tem experiência.”

Entretanto, o assessor presidencial para as Regiões, Luis Fernando Velasco, disse este sábado que a decisão de chamar Lafaurie à mesa de negociações com o ELN o surpreendeu, mas que mostra que “não há nada a esconder” nestes diálogos. 

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