EUA descarta reivindicação do governo brasileiro ao G20 por imposto estatal mundial sobre grandes geradores de empregos

Chamado de “taxação de grandes fortunas” pelo establishment esquerdista, o plano foi rejeitado pela Secretaria do Tesouro norte-americano.

Por Igor Iuan
22/05/2024 00:41 Atualizado: 22/05/2024 00:41

Os Estados Unidos discordam da proposição sobre um imposto estatal que recolheria os recursos de bilionários – muitos deles criadores e mantenedores de milhares de empregos pelo mundo. O posicionamento é da secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen. A sugestão veio do governo Lula, que aproveitou a oportunidade do Brasil presidir o G20 neste ano e encampou a ideia. Burocratas franceses, espanhóis, alemães e sul-africanos também apoiaram a sugestão.

O plano seria impor uma taxação mínima global sobre empresas. A medida exigiria que os “super-ricos”, como costumeiramente são chamados em veículos da imprensa brasileira, tivessem que pagar pelo menos 2% de suas riquezas anualmente. Em torno de 140 países aderiram a essa proposta em 2021, mas ela tem enfrentado resistência nos EUA e em outras nações.

“Acreditamos na tributação progressiva. Mas a noção de algum acordo global comum para tributar bilionários com receitas redistribuídas de alguma forma – não apoiamos um processo para tentar alcançar isso. Isso é algo que não podemos assinar”, sustentou Yellen.

A secretária do Tesouro americano se reunirá com ministros das finanças de diversos países, porém adianta que Washington não apoiará as negociações do G20 sobre o assunto.

Evento do G20 custará mais de R$300 milhões ao povo brasileiro

Apesar do nome, o Grupo dos Vinte é formado por 19 países cujas economias figuram entre as maiores do planeta. Inaugurado em 1999, foi idealizado num contexto de crise econômica em algumas nações emergentes, e apresentava uma performance mais técnica, restrita a discussões quantitativas sobre o sistema financeiro global. Tanto que, por anos, a organização teve encontros apenas com os ministros da Fazenda de cada país. 

Após a crise econômica mundial de 2008, passou a ser permitida a presença de chefes de Estado, o que transformou o grupo num palco alvissareiro para líderes políticos expressarem seus interesses particulares, com visibilidade global. De 1.º de dezembro de 2023 até 30 de novembro de 2024, o Brasil ocupa a Presidência do G20 e será responsável por organizar a próxima cúpula, no final deste ano.

Segundo levantamento publicado por veículos da imprensa brasileira, o governo Lula pretende gastar até R$304 milhões com a contratação de serviços para a organização dos eventos do G20, que ocorrerão em várias cidades do país. O governo federal fez uma megalicitação com 43 lotes divididos em sete grupos distintos. Foram previstas compras para 19 ministérios de Lula, como Secom, Turismo, Saúde e outras pastas.

Mais impostos aos ricos não significam maior benefício ao povo

Embora encontre respaldo na opinião pública por vender uma ideia de luta contra a desigualdade social, é desconsiderado o número de demissões em massa que poderia advir dessa medida arbitrária. Dono da Riachuelo, o empresário Flávio Rocha definiu em 2021 a taxação de grandes geradores de riquezas como uma “via não inteligente”. Para o empresário, a experiência seria um incentivo para pessoas ricas deixarem o Brasil. 

Outro fator fragiliza a reivindicação do governo brasileiro ao G20. Falta a garantia de que os países – cada qual com sua realidade geopolítica, bélica e econômica – realmente utilizem os recursos para benefício da população, ao invés do agigantamento do próprio Estado.