Ditadura de Ortega diz que não faz mais parte da OEA e critica entidade: “infame”

Por agência efe e renato pernambucano
20/11/2023 23:29 Atualizado: 20/11/2023 23:29

O regime da Nicarágua anunciou nesta segunda-feira em Manágua que não faz mais parte do que qualificou como “infame organização chamada OEA”, acusando-a de ser “ingerencista, instrumento de intervenção do governo hegemônico unipolar e decadente dos Estados Unidos e responsável pelos golpes de Estado no hemisfério”.

“Estamos nos retirando definitivamente. A Nicarágua não tem mais nenhuma relação, não somos mais membros dessa organização infame chamada OEA”, escreveu o ministro das Relações Exteriores da Nicarágua, Denis Moncada, em mensagem por ocasião da saída do país da Organização dos Estados Americanos (OEA), que entrou em vigor no domingo.

O regime sandinista apresentou um pedido formal para deixar a OEA há dois anos, depois que a Assembleia Geral de Ministros das Relações Exteriores da organização desqualificou as eleições nas quais o ditador Daniel Ortega, no poder desde 2007, foi “reeleito” para um quinto e quarto mandatos consecutivos, com seus principais concorrentes na prisão.

Fotografia do logotipo da Organização dos Estados Americanos (OEA), em fotografia de arquivo (EFE/Lenin Nolly)

“A OEA continua a ser o Ministério das Colônias projetado e organizado pela potência norte-americana para encobrir e justificar suas ações agressivas, violando o direito internacional contra os povos e governos progressistas e revolucionários da América Latina e do Caribe”, declarou Moncada.

“A OEA materializa a extensão do poder e a interferência do governo norte-americano contra a independência, a soberania, o bem-estar, a paz e a segurança dos povos do hemisfério”, disse ele. A Nicarágua acusa a OEA de “golpismo”.

A Nicarágua acusou a OEA de ser responsável, com o apoio dos EUA, pela derrubada dos presidentes Jacobo Árbenz na Guatemala (1954), João Goulart no Brasil (1964), Salvador Allende no Chile (1973) e Maurice Bishop em Granada (1983), além da “ocupação militar da República Dominicana em 1965 durante o governo do professor Juan Bosch”.

O país também culpa a organização pela invasão do Panamá em 1989; pelo fracassado “golpe de Estado” contra o presidente ditador Hugo Chávez (já falecido) em abril de 2002; pela derrubada de Manuel Zelaya em Honduras em 2009; pela “tentativa frustrada de golpe” contra o presidente equatoriano Rafael Correa em 2010; e pela destituição do presidente paraguaio Fernando Lugo em 2012, entre outros.

Manágua também afirmou que “a falsidade dos relatórios eleitorais da OEA foi a ponta de lança para o golpe na Bolívia e a derrubada do presidente Evo Morales”; e que tanto essa organização quanto os EUA e a União Europeia não reconhecem o regime de Nicolás Maduro na Venezuela e “promovem um fantoche presidencial e usurpam” a representação de Caracas no Conselho Permanente da OEA. “Estamos encerrando esse capítulo prejudicial da OEA”.

No caso da Nicarágua, de acordo com o ministro das Relações Exteriores, “a OEA tem agido repetidamente de forma interferente, transgredindo os princípios de não intervenção em assuntos internos, o respeito à soberania dos Estados e o direito dos povos de escolher livremente seu destino, princípios reconhecidos pelo direito internacional e contidos em sua carta fundadora”.

“Essa ação intervencionista foi demonstrada por seu envolvimento e ação tendenciosa no golpe de Estado fracassado na Nicarágua em 2018”, declarou Moncada.

“Não somos colônia de nenhuma potência, e reivindicamos dignidade e decoro nacional, em legítima defesa de nossa independência, soberania e autodeterminação, e por isso o digno Governo da Nicarágua, em 18 de novembro de 2021, renunciou a fazer parte desse Ministério das Colônias, denunciando a Carta da OEA”, acrescentou.

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