Ditadura de Ortega dissolve Companhia de Jesus da Nicarágua e confisca seus bens

Por agência efe e renato pernambucano
23/08/2023 21:45 Atualizado: 23/08/2023 21:46

A ditadura do ex-guerrilheiro sandinista Daniel Ortega cancelou, nesta quarta-feira, o estatuto jurídico da Associação Companhia de Jesus da Nicarágua e ordenou a expropriação dos seus bens, que incluem uma universidade e duas escolas privadas.

A dissolução da Associação Companhia de Jesus da Nicarágua, registrada no país desde 16 de maio de 1995, foi aprovada pela ministra do Interior nicaraguense, María Amelia Coronel Kinloch, segundo decisão publicada em “La Gaceta”, o Diário Oficial nicaraguense.

A decisão é divulgada uma semana depois de a Justiça da Nicarágua, controlada pelos sandinistas, ter congelado as contas bancárias e apreendido as propriedades da jesuíta Universidade Centro-Americana (UCA), um dos mais prestigiados centros de estudos privados do país, após ser acusada de crimes de terrorismo.

A UCA, considerada um dos últimos bastiões da liberdade de pensamento na Nicarágua, rechaçou as acusações infundadas das “autoridades” e decidiu suspender suas atividades acadêmicas e administrativas.

A Companhia de Jesus, à qual pertence o papa Francisco, é a maior ordem religiosa masculina da Igreja Católica, com mais de 16 mil membros, conforme indicado no seu site.

Na decisão desta quarta-feira, o Ministério do Interior sustentou que a Associação Companhia de Jesus da Nicarágua foi ilegalizada por “descumprimento das leis”, alegando que o registro de seu conselho de administração expirou em 27 de março de 2020 e não informou suas demonstrações financeiras para o período fiscal entre 2020 e 2022.

Quanto à liquidação do patrimônio da organização, que inclui ainda as escolas privadas Loyola e América Central, o Ministério do Interior explicou que caberá à Procuradoria-Geral da República transferir os bens ou imóveis para o nome do “Estado da Nicarágua”.

As relações entre a ditadura de Ortega e a Igreja Católica vivem momentos de grande tensão, marcados pela expulsão e prisão de padres, pela proibição de atividades religiosas e pela suspensão das suas relações diplomáticas.

O papa Francisco classificou o regime sandinista como “ditadura grosseira” em entrevista recente ao portal argentino “Infobae”, assinalando “um certo desequilíbrio na pessoa que dirige” o país centro-americano; entretanto, o apoio do pontífice ou do Vaticano aos fiéis e representantes da igreja diante da dura perseguição no país, até o momento, são ínfimos.

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