Direita chilena não participará dos atos para lembrar 50º aniversário do golpe de Estado

Por efe e renato pernambucano
06/09/2023 17:34 Atualizado: 06/09/2023 17:34

A direita tradicional chilena, agrupada na coalizão Chile Vamos, anunciou nesta quarta-feira que não participará dos atos no próximo dia 11 para lembrar do 50º aniversário do golpe de Estado e disse que não assinará a declaração a favor da democracia promovida pelo presidente Gabriel Boric.

O presidente da União Democrática Independente (UDI), um dos partidos da coalizão, Javier Macaya, explicou que se recusam a ir à cerimônia no palácio presidencial de La Moneda porque não querem participar de possíveis “pedidos de desculpas a figuras que não nos parecem merecer homenagens, como o presidente Salvador Allende”.

“Tudo o que o governo fez nos últimos meses foi contribuir para gerar um clima de confronto, de ódio, de imposição de uma única verdade histórica”, acrescentou Macaya, cujo partido foi fundado por Jaime Guzmán, ideólogo da Constituição atual, em vigor desde a ditadura militar.

Por sua vez, Fuad Chahin, presidente da Renovação Nacional (RN), outro partido do Chile Vamos, pediu ao mandatário que tenha “uma mensagem convocatória em torno do 11 de setembro de 2023” e garantiu que “ele será responsável se tivermos um dia pacífico ou um dia violento”.

No dia 11 de setembro completam-se 50 anos desde que o general, Augusto Pinochet, liderou um golpe de Estado contra o governo do presidente socialista Salvador Allende, que cometeu suicídio em La Moneda antes de ser capturado pelas tropas de Pinochet.

O governo chileno organizou um grande ato público para esse dia, em uma praça próxima ao palácio presidencial, que contará com a presença de vários líderes mundiais, como os presidentes de México, Andrés Manuel López Obrador; Colômbia, Gustavo Petro; Argentina, Alberto Fernández; Uruguai, Luis Lacalle Pou, e o de Portugal, António Costa; entre outros.

A comemoração do 50º aniversário do golpe está gerando polarização e tensão no Chile e Boric, o primeiro presidente nascido após a rebelião militar, descreveu na semana passada a atmosfera como “elétrica”.

O ex-líder estudantil, de 37 anos, quer assinar nesse dia uma declaração de quatro pontos a favor da democracia, que é fortemente contestada tanto pelo Chile Vamos quanto pelo Partido Republicano.

O Chile Vamos apresentou sua própria declaração e insistiu em condenar também “as violações dos direitos fundamentais” ocorridas durante o governo da Unidade Popular de Allende (1070-1973), assim como “as produzidas hoje”.

Segundo Gloria Hutt, líder do Evópoli, terceiro partido da coligação, “reflete nossa vontade de evitar rupturas como a que tivemos em 1973 e a importância que atribuímos à proteção da democracia”.

Entre para nosso canal do Telegram