Delegação colombiana viaja a Cuba para iniciar reaproximação com ELN

11/08/2022 17:37 Atualizado: 11/08/2022 17:37

Por EFE

Uma delegação do governo da Colômbia, chefiada pelo chanceler Álvaro Leyva, viajou a Havana nesta quinta-feira para iniciar a reaproximação com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) para retomar as negociações de paz, paralisadas entre 2018 e 2022 durante a presidência de Ivan Duque.

A informação foi confirmada à Agência Efe por fontes próximas ao processo, que detalharam que entre os viajantes está o alto comissário para a paz, Danilo Rueda, e o senador Iván Cepeda, que há muitos anos apoia as negociações de paz com grupos insurgentes.

Pouco depois, o chanceler Leyva confirmou a informação com uma foto da delegação que publicou em suas redes sociais: “A paz total não é apenas nacional, mas vai além das fronteiras. Compartilho uma foto tirada esta manhã minutos antes de partir para a República de Cuba”.

“Danilo está autorizado a fazer contatos, é seu trabalho, sua função. Vamos verificar, há muitos boatos, declarações, manifestações a favor de tréguas, de possibilidades de paz, mas agora é ver se é verdade”, declarou, por sua vez, o presidente colombiano, Gustavo Petro, a jornalistas.

“O trabalho de Danilo neste momento é auscultar o máximo possível a violência na Colômbia, até que ponto é verdadeira a possibilidade de processos de paz, de acolhimento à justiça em muitos casos, de reinício de negociações e tréguas que possam reduzir substancialmente a violência na Colômbia. Logo teremos uma avaliação dessa atividade”, acrescentou.

Esta viagem ocorre depois que Petro, que assumiu o cargo no domingo passado, reafirmou no início da semana que buscará retomar as negociações de paz com a guerrilha e afirmou que nas próximas semanas se saberá se essas negociações continuarão ocorrendo em Cuba.

As negociações do governo colombiano com o ELN começaram em 2017 em Quito, durante o governo de Juan Manuel Santos, e em 2018 foram transferidas para Havana, onde ainda estão os principais líderes da guerrilha, apesar da paralisação das conversas durante o governo Duque.

Petro disse que quer retomar o protocolo já estabelecido nas negociações que “permite a continuação dos diálogos com o ELN ali (em Havana)”, mas deve ser o governo de Cuba que concorde em voltar a patrocinar as negociações, bem como a Noruega com seu papel de garantidora, ou se seria preciso adicionar novos países.

Nesse sentido, Petro também afirmou que “a Espanha expressou disposição para ajudar no processo de paz colombiano”, em linha com a oferta que o Chile também fez para sediar as negociações.

Posição da Guerrilha

O comandante máximo do ELN, Eliécer Herlinto Chamorro, conhecido como “Antonio García”, disse em entrevista ao jornal “CM&”, publicada esta semana, que as negociações de paz devem ser retomadas do ponto em que estavam quando foram paralisadas.

“Quem quebrou (a negociação de paz) foi o governo de Duque, agora o novo governo e o Estado colombiano devem ficar a salvo dessa violação. É o básico. Portanto, (deve ser o) ponto de partida para reiniciar as negociações”, disse o chefe da guerrilha.

O ELN, que ganhou força nos últimos anos, já expressou em vários comunicados que quer voltar à mesa de negociações para buscar a paz com o governo Petro.

As negociações estão suspensas desde 2018 devido à exigência do governo Duque para que o ELN libertasse todos os reféns que tem em seu poder e renunciasse também a todas as suas atividades criminosas.

Após o ataque contra uma escola de cadetes em Bogotá em 2019, que deixou 22 mortos e 68 feridos e foi cometido pelo ELN, o governo colombiano pediu a Cuba que entregasse os negociadores que estão em Havana, mas a ilha invocou protocolos diplomáticos para não atender a esse pedido.

 

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