Colômbia: ações do ELN provocam crise humanitária em Chocó, enquanto Petro libera cultivo de coca no país

Por agência efe e renato pernambucano
19/12/2022 14:13 Atualizado: 19/12/2022 14:43

A “greve armada” que os guerrilheiros do ELN mantêm desde quinta-feira passada confinou 9.800 pessoas de quatro municípios do departamento colombiano de Chocó (oeste), denunciou na sexta-feira (16) a Defensoria do Povo, que pediu atenção para essa população.

O Provedor de Justiça, Carlos Camargo, citado em um comunicado, explicou que após o anúncio de uma “greve armada” por parte da frente ocidental “Omar Gómez”, do Exército de Libertação Nacional (ELN), “pelo menos 9.800 pessoas dos municípios de Istmina, Medio San Juan, Sipí e Nóvita, que estão conectadas pelo rio San Juan e afluentes, estão em confinamento por tempo indeterminado.”

A população é afetada porque não tem acesso aos serviços de saúde ou ao transporte normal de alimentos e suprimentos.

Numa “greve armada” os guerrilheiros costumam restringir a circulação de veículos nas estradas, a mobilidade de pessoas e até ordenar o fechamento de lojas, além de cometer ataques e fazer ameaças contra quem descumprir essas regras.

Invasão armada

Camargo lembrou que na última segunda-feira, 12 de dezembro, houve uma incursão de paramilitares das Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC) na comunidade afro de Negría, em Istmina, na qual uma pessoa foi assassinada.

Como consequência desta violência, os habitantes de Negría (141 pessoas) deslocaram-se para a aldeia de San Miguel, no município de Medio San Juan e para a sede municipal de Istmina.

Além do confinamento da população, há restrição de mobilidade, comércio e transporte de passageiros e mercadorias de e para o município de Litoral del San Juan, onde 64 comunidades são afetadas, incluindo Docordó, sede municipal.

A mobilidade depende do rio San Juan, que é a única entrada e que liga este município com Buenaventura, cidade do departamento vizinho de Valle del Cauca, através do município de Bajo Calima.

“Partindo da Defensoria do Povo, insistimos na importância de que as autoridades tomem as medidas necessárias para enfrentar a grave situação humanitária que se registra em Medio San Juan (Chocó) e Bajo Calima (Valle del Cauca). É urgente, a proteção efetiva e assistência humanitária imediata à população atingida”, destacou Camargo.

Na última quarta-feira, várias comunidades do Chocó alertaram para o “grave risco” que enfrentam devido à invasão de grupos ilegais e confrontos entre o Clã do Golfo e o ELN, além de uma “greve armada”, apesar do anúncio de “socorro humanitário” nessa zona feita por essa guerrilha e o governo colombiano em Caracas.

Tudo isso apesar de que um dos primeiros acordos alcançados em Caracas após a retomada das negociações entre o governo e o ELN foi “um sistema de ajuda humanitária para garantir o retorno da população deslocada e acabar com as situações de confinamento ” no Médio Calima (Valle del Cauca) e Médio San Juan (Chocó) a partir de janeiro. 

Todos esses eventos contrariam os primeiros acordos alcançados em Caracas, após a retomada das negociações entre o governo e o ELN, que anunciavam “um sistema de ajuda humanitária para garantir o retorno da população deslocada e acabar com as situações de confinamento ” no Médio Calima (Valle del Cauca) e Médio San Juan (Chocó) a partir de janeiro.

Gustavo Petro e as políticas de combate ao narcotráfico

O atual presidente da Colômbia, Gustavo Petro, tem sido alvo de críticas desde que assumiu o governo, principalmente pela forma como conduz o combate ao narcotráfico. Em um pronunciamento divulgado pela Revista Semana na última sexta-feira, Petro afirmou que permitirá o plantio de folhas de coca até que a substituição desse tipo de cultivo funcione, o ex-presidente, Andrés Pestana, declarou em seu Twitter que “Ficou claro desde a campanha: Petro é um apêndice do tráfico de drogas”.

No marco da primeira assembleia cocaleira nacional, realizada em El Tarra, departamento de Norte de Santander, Petro declarou que: “Devemos desenhar um programa para que um camponês continue com a folha de coca enquanto funciona a cultura substituta, vão nos dizer que convivemos com esse satanás, não, convivemos com a realidade, não só não cometendo os erros dos passado, podemos fazer isso com um processo de diálogo”.

“Não devemos falhar, temos que construir a sociedade, as propostas conjuntas que foram apresentadas me parecem pertinentes, por exemplo, uma, se um camponês cocaleiro não para sua colheita porque não sabe o que o espera, por exemplo, a fome, se essa desconfiança não o permite dar o passo e você observa uma mudança estrutural no mercado mundial da cocaína, porque mudaram os donos do narcotráfico, não são colombianos, já são organizações poderosas e um Pablo Escobar empalideceria, é preciso encontrar uma solução”, ressaltou o presidente.

O ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em sua última entrevista exclusiva concedida à nossa mídia, forneceu sua opinião acerca dos interesses do governo de Gustavo Petro vinculados ao regime venezuelano.

“Na Colômbia, o presidente pró-drogas que assumiu, Petro, uma das primeiras coisas que fez foi reatar com Maduro. Não é simplesmente por amizade, não é simplesmente para jogar biriba no fim de semana, claro que não, é porque eles querem melhorar a coordenação no narcotráfico. Querem melhorar a coordenação no apoio ao terrorismo…”

 

Entre para nosso canal do Telegram

Assista também: