Centro Simon Wiesenthal repudia declarações de Lula sobre o Holocausto

Por Agência de Notícias
20/02/2024 00:19 Atualizado: 20/02/2024 00:19

O Centro Simon Wiesenthal (CSW) repudiou a comparação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre a guerra de Israel contra o grupo terrorista islâmico Hamas com o assassinato sistemático de seis milhões de judeus pelas mãos de Adolf Hitler e dos nazistas durante o Holocausto.

“As declarações de Lula são incompatíveis com a participação do Brasil como membro observador da IHRA (Aliança Internacional de Memória do Holocausto), cuja definição internacionalmente aceita de antissemitismo inclui a comparação do regime nazista com as políticas de Israel”, alertou em comunicado o diretor do CSW para a América Latina, Ariel Gelblung.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”, declarou Lula ontem durante uma cúpula de líderes da União Africana em Adis Abeba.

“Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”, acrescentou o presidente brasileiro.

Gelblung lembrou que “esta não é a primeira vez desde 7 de outubro que Lula faz declarações altissonantes de solidariedade aos palestinos, mas esta declaração vai além do que é aceitável”.

O diretor descreveu como “ultrajante” que Lula “profane a memória das vítimas dos nazistas com a tentativa legítima de Israel de desmantelar o grupo terrorista Hamas, que massacrou mais judeus em 7 de outubro do que em qualquer outro dia desde o fim do Holocausto nazista e a Segunda Guerra Mundial”.

Israel declarou guerra ao Hamas depois de o grupo islâmico ter cometido um ataque brutal em solo israelense que terminou com cerca de 1.200 mortos e 250 reféns levados para Gaza, dos quais 130 permanecem detidos no enclave.

Por outro lado, mais de 29 mil pessoas morreram na Faixa de Gaza em 136 dias de bombardeios de Israel, segundo fontes palestinas.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, classificou as palavras de Lula como “vergonhosas e graves” e argumentou que elas buscam “banalizar o Holocausto” e “o direito de Israel de se defender”.

“Comparar Israel com o Holocausto nazista e com Hitler é ultrapassar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e para garantir o seu futuro até a vitória total e o faz respeitando o direito internacional”, afirmou Netanyahu.

Hoje mais cedo, Israel decidiu declarar Lula como “persona non grata”.

“Não perdoaremos nem esqueceremos: em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que peça desculpas e se retrate das suas palavras”, anunciou o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, após se reunir com o embaixador brasileiro no país.

“Não é nenhum segredo que Lula está expandindo os seus laços com o regime assassino iraniano, que treinou e financia o Hamas. Recentemente, permitiu que dois navios de guerra iranianos atracassem no Rio de Janeiro”, declarou no comunicado do CSW o reitor associado e diretor de Ação Social Global do centro, rabino Abraham Cooper.

“Tal retórica é música para os ouvidos do regime que nega o Holocausto e procura destruir o Estado judeu”, destacou Cooper, que instou Estados Unidos, Alemanha e outras democracias a denunciarem as declarações de Lula que certamente incitarão o antissemitismo em seu próprio país e além.”