Autoridades venezuelanas ligadas à corrupção na PDVSA tinham contas multimilionárias no Credit Suisse

O banco suíço tinha 25 contas vinculadas a pessoas associadas a vários esquemas de corrupção.

21/02/2022 14:25 Atualizado: 21/02/2022 14:25

Por Agência EFE 

Mais de 20 venezuelanos ligados à petrolífera estatal venezuelana PDVSA, incluindo Nervis Villalobos, ex-vice-ministro de Energia de Hugo Chávez, tinham contas no banco suíço Credit Suisse no valor de pelo menos 273 milhões de dólares, segundo uma investigação jornalística revelada neste domingo.

Dados bancários vazados divulgados pela organização internacional de imprensa Organised Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP) através de diversos meios de comunicação internacionais, incluindo o “Miami Herald”, mostram que Villalobos abriu uma conta em setembro de 2011 e em menos de dois anos já acumulava ativos de 9,5 milhões de francos suíços (10,3 milhões de dólares às taxas de câmbio atuais).

O ex-ministro venezuelano está sendo investigado na Espanha em um caso por suposta lavagem de fundos provenientes do saque da PDVSA.

No mesmo dia em que abriu sua conta Villalobos, Luis Carlos de León Pérez, ex-Diretor Financeiro da Electricidad de Caracas, abriu outra no mesmo banco, onde chegou a possuir ativos de pelo menos 22,6 milhões de francos suíços (24,5 milhões de dólares), segundo o jornal de Miami.

As informações sobre esses dois ex-líderes venezuelanos fazem parte de um vazamento de dados de mais de 18.000 contas bancárias desde a década de 1940 até 2010, ao qual o jornal alemão “Süddeutsche Zeitung” teve acesso, que compartilhou com o OCCRP e 46 outros meios de comunicação internacionais.

Esse vazamento, semelhante ao dos Panama Papers de 2016 e dos Pandora Papers de 2021, revela que o banco suíço tinha 25 contas vinculadas, em alguns casos, a pessoas que já haviam sido associadas a vários esquemas de corrupção.

Os jornalistas dizem que havia 16 contas com pelo menos 162,9 milhões de francos suíços (US $176 milhões nas taxas de câmbio atuais) pertencentes a sete pessoas que foram “condenadas ou acusadas de envolvimento” em um esquema de suborno da PDVSA.

A isso deve-se acrescentar pelo menos uma dezena de contas que pertenciam a pessoas “envolvidas nas tramas, seus parentes e parceiros”, mas que não aparecem em documentos judiciais analisados ​​por repórteres.

Boa parte das contas foi aberta entre 2004 e 2015, e permaneceram abertas mesmo após a descoberta do escândalo sobre a situação da petroleira estatal venezuelana, indicou o consórcio de jornalistas.

Outro dos nomes que vieram à tona é o de José Roberto Rincón Bravo, também investigado na Espanha em um caso de lavagem de dinheiro. Ele é filho de Roberto Rincón, que admitiu ter subornado funcionários da PDVSA perante a Justiça dos EUA, em 2016.

Ambos tinham quatro contas conjuntas no Credit Suisse no valor de cerca de 93 milhões de francos suíços (101 milhões de dólares).

A isso deve ser acrescentado que os repórteres descobriram que sete pessoas associadas a esses venezuelanos suspeitos de atividades ilícitas relacionadas à PDVSA tinham contas que chegaram a ter pelo menos 20,1 milhões de francos suíços (21,8 milhões de dólares).

Além disso, encontraram pessoas relacionadas a outra trama de corrupção na qual Villalobos estava envolvido, para a qual teriam sido desviados cerca de 2 bilhões da PDVSA, indica o jornal americano.

O consórcio cita o empresário venezuelano Omar Farías, que tinha pelo menos 4 milhões de francos suíços (4,3 milhões de dólares) no Credit Suisse, e José Luis Zabala, que conseguiu ter três contas no mesmo banco totalizando pelo menos 19 milhões de francos (US$ 20,6 milhões).

Em ambos os casos, são pessoas relacionadas a Diego Salazar, primo do ex-ministro venezuelano de Energia e Petróleo e ex-presidente da PDVSA, Rafael Ramírez.

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