Assembleia Geral da ONU aprova resolução que pede fim de embargo dos EUA a Cuba

Por Guillermo Azabal via efe
30/10/2024 21:14 Atualizado: 30/10/2024 21:14

A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou nesta quarta-feira (30), por mais um ano e por uma maioria esmagadora, uma resolução não vinculativa contra as sanções dos Estados Unidos a Cuba, que já duram 62 anos.

A resolução teve 187 votos a favor, dois contra (EUA e Israel) e uma abstenção (Moldávia).

“O presidente (dos EUA) Joe Biden, com surpreendente mimetismo, deixou intacto o regime coercitivo de seu antecessor (Donald Trump) e o aplicou, ciente de suas consequências devastadoras”, declarou o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, na tribuna da ONU, pouco antes da votação.

A resolução intitulada “Necessidade de acabar com o embargo econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba”, que é apresentada anualmente, reafirma “a igualdade soberana dos Estados, a não intervenção e a não interferência nos assuntos internos, e a liberdade de comércio e navegação internacionais”.

Em seu discurso na Assembleia Geral, Parrilla definiu as sanções contra Cuba como “medidas desumanas” e “típicas de uma guerra econômica extrema”, com as quais os EUA pretendem advertir “qualquer nação que se atreva a defender firmemente sua soberania e construir seu próprio futuro”.

“Deixem Cuba viver em paz”, declarou Parilla, sob o olhar impassível do único representante da delegação dos EUA na sala.

Ontem as expressões mais fortes de apoio à causa de Cuba vieram da Rússia, dos membros do Movimento dos Não Alinhados e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Hoje, o apoio veio do Irã, que se manifestou com mais veemência contra os EUA.

O bloqueio a Cuba “é uma ameaça ao multilateralismo. As sanções são um método para alcançar objetivos nacionais mesquinhos que ameaçam a paz e a segurança internacionais”, afirmou o embaixador iraniano na ONU, Amir Saeid Iravani.

Repetição do apoio de 2023

A margem de apoio a Cuba desta vez é idêntica à obtida no ano passado, mas com a abstenção da Ucrânia.

Neste ano, a resolução foi acompanhada por um relatório muito crítico e detalhado do secretário-geral da ONU.

Esse relatório, que foi elaborado ao longo do ano, inclui fortes respostas contra o bloqueio dos EUA a Cuba por parte de mais de 180 países e 35 instituições internacionais, incluindo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Programa Mundial de Alimentos (PMA), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os EUA decretaram as primeiras sanções contra Cuba em 1959, logo após o triunfo da revolução no país, mas o primeiro grande bloco de medidas veio em 1962, sob o comando do presidente John F. Kennedy.

Desde então, elas foram ampliadas e intensificadas em várias ocasiões, como com a Lei Helms-Burton (1996) e as 240 medidas do governo de Trump. A administração de Biden praticamente manteve as medidas de seu antecessor.

Cuba sofre com escassez de alimentos, remédios e combustível; apagões diários prolongados; inflação galopante; dolarização crescente; e deterioração dos serviços estatais, como educação e saúde.