Argentina modificará lei educacional para punir doutrinação

Por Agência de Notícias
05/04/2024 01:15 Atualizado: 05/04/2024 01:15

O governo da Argentina modificará vários artigos de sua Lei de Educação para punir o que chamou de “doutrinação nas escolas”, conforme anunciou nesta quinta-feira o porta-voz do Executivo, Manuel Adorni.

“Além disso (…) será disponibilizado um canal para que pais e alunos possam denunciar a doutrinação e a atividade política que não respeita a liberdade de expressão”, disse o porta-voz do governo do presidente Javier Milei em entrevista coletiva.

Adorni afirmou que esse canal permitirá que pais e alunos “denunciem quando não sentirem que seu direito à educação está sendo respeitado”.

“Ficamos tristes ao ver conteúdos nas salas de aula ou em eventos escolares tingidos de militância”, declarou.

O porta-voz referiu-se a um vídeo postado em redes sociais no qual, durante um evento por ocasião do Dia dos Veteranos e dos Mortos na Guerra das Malvinas, comemorado em 2 de abril, um professor expressou opiniões sobre a atual situação política na Argentina, provocando reclamações de vários ex-combatentes presentes.

O anúncio do governo coincide com uma greve de professores no país, que acontece nesta quinta-feira e foi convocada pela Confederação dos Trabalhadores da Educação da República Argentina (CTERA).

O sindicato dos professores está reivindicando o restabelecimento do Fundo Nacional de Incentivo Docente, a defesa das aposentadorias dos trabalhadores do setor e o aumento do financiamento para a educação no país.

Adorni foi muito crítico em relação à greve, lembrando que os sindicatos de professores não realizaram nenhuma ação semelhante em 2023, quando o peronista Alberto Fernández governava o país.

O porta-voz também reclamou dos “atrasos e interrupções” que esse tipo de ação acarreta para o calendário escolar na Argentina, onde as aulas começaram no início de março.

“Que futuro resta a um país devastado se aqueles que vão liderá-lo são reféns de sindicalistas que os usam para negociar seus privilégios?”, questionou.