89 africanos morrem por nova doença misteriosa no Sudão do Sul, afirma OMS

Resposta pela OMS foi complicada devido ao clima inclemente recente e inundações severas no país

16/12/2021 17:29 Atualizado: 16/12/2021 17:29

Por Jack Phillips

A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou que enviou uma equipe de resposta rápida ao Sudão do Sul após cem pessoas morrerem de uma doença ainda não identificada.

Sheila Baya, porta-voz da OMS, afirmou à BBC na terça-feira, que a doença causou pelo menos 89 mortes no estado de Jonglei, no Sudão do Sul.

“Decidimos enviar uma equipe de resposta rápida para fazer a avaliação e investigação de risco; então eles vão poder colher amostras dos pacientes (…) mas provisoriamente, o número que obtivemos foi de 89 mortes”, relatou Baya.

No entanto, a resposta da OMS foi complicada pelo clima inclemente recente e inundações em Fangak, o epicentro da nova doença misteriosa, afirmou Baya. Um oficial de saúde local do Sudão do Sul declarou a Baya que as primeiras amostras coletadas na região deram negativo para cólera, uma doença bacteriana frequentemente associada a enchentes.

A OMS não emitiu um comunicado sobre a doença e Baya não forneceu outros detalhes.

A organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), que opera no Sudão do Sul, afirmou que as enchentes aumentaram a pressão sobre as instalações de saúde.

“Estamos extremamente preocupados com a desnutrição, com níveis de desnutrição aguda severa que dobram o limite da OMS”, declarou a MSF, “e o número de crianças internadas em nosso hospital com desnutrição severa dobrou desde o início das enchentes”.

As Nações Unidas também descreveram as recentes inundações como as piores em décadas, afetando mais de 780.000 pessoas na região.

“Mulheres, crianças e idosos chegaram exaustos e famintos”, relatou Arafat Jamal, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) no Sudão do Sul, em outubro de 2021, sobre as enchentes.

Jamal acrescentou: “Alguns não comiam há dias. Outros estão presos em ilhas cercadas por água, protegendo-se sob as árvores e não podem atravessar em segurança. As mulheres estão profundamente preocupadas com a saúde de seus filhos, com o aumento do risco de infecções por doenças mortais transmitidas pela água”.

O diretor da Concern no Sudão do Sul, Shumon Sengupta, investigou a situação no país, que se separou do Sudão há cerca de uma década.

“A magnitude das enchentes este ano foi imensa. Mais de 200.000 pessoas, mais de um quarto da população local do Estado de Unidade, foram forçadas a abandonar suas casas devido ao aumento das águas”, afirmou ele em um comunicado.

Sengupta acrescentou: “Várias famílias foram deslocadas e estão se refugiando em terrenos mais altos, em prédios públicos ou com vizinhos ou parentes. O acesso aos serviços básicos, incluindo saúde e apoio nutricional, foi interrompido, pois algumas clínicas foram danificadas, submersas em enchentes ou ficaram inacessíveis”.