Nova Iorque processa empresas de ônibus que transportam migrantes para a cidade

Por Agência de Notícias
05/01/2024 13:13 Atualizado: 05/01/2024 13:13

A prefeitura de Nova Iorque entrou nesta quinta-feira com uma ação judicial contra 17 empresas de ônibus fretados que transportam há quase dois anos migrantes do estado do Texas para a cidade, exigindo US$ 708 milhões para cobrir os custos da assistência a estas pessoas.

A ação judicial foi apresentada depois que o prefeito nova-iorquino, o democrata Eric Adams, avisou ontem que estava avaliando todas as possibilidades de confrontar as empresas de ônibus, que estão levando migrantes para o estado vizinho de Nova Jersey primeiro para, de lá, viajarem para Nova Iorque, a fim de fugir de uma ordem executiva de Adams que impõe dias e horários precisos para este tipo de viagem fretada.

O governador do Texas, o republicano Greg Abbott, enviou cerca de 33.600 migrantes para Nova Iorque nos últimos 20 meses sem que as empresas que os transportam pagassem o custo pela hospedagem dessas pessoas, disse Adams em comunicado.

“Hoje, nosso governo entrou com uma ação contra 17 empresas que participaram do plano do governador Abbott de transportar dezenas de milhares de migrantes para a cidade em uma tentativa de sobrecarregar nosso sistema de serviços sociais”, declarou.

O prefeito democrata também reiterou que a cidade não pode mais “arcar com os custos dos estratagemas políticos imprudentes do estado do Texas”.

A ação judicial de Nova Iorque pretende recuperar o dinheiro gasto até agora com alojamnto, refeições e educação para as crianças e outras assistências fornecidas a elas, bem como o dinheiro que a cidade gastará com os mais de 65 mil migrantes sob seus cuidados e o investimento que terá que fazer em outros que forem futuramente transportados do Texas como parte do plano de Abbott.

Adams explicou que as empresas de transporte estão violando a Lei de Serviços Sociais do estado, que estabelece que as empresas que intencionalmente transportam pessoas que precisam de abrigo e serviços, como parte de um plano de má fé, devem pagar esses custos.

“A lei é clara: ao participar desse esquema imprudente, essas empresas de ônibus assumem a responsabilidade por esses custos”, disse a diretora do Departamento de Justiça da cidade, Lisa Zornberg.

O prefeito de Nova Iorque tem dito repetidamente que a chegada de mais de 160 mil migrantes desde abril de 2022, 68 mil dos quais estão sob os cuidados da cidade, criou uma crise humanitária e fiscal que levará a um gasto de US$ 12 bilhões até meados de 2025.

O fluxo constante de migrantes, tanto enviados pelo Texas quanto chegando por conta própria de outros estados, levou a cidade a alugar hotéis para serem usados como abrigos, montar tendas, adotar medidas como a limitação do tempo nos abrigos (tanto para solteiros quanto para famílias com crianças) e, por fim, definir dias e horários específicos para a chegada de ônibus.

Na primavera (no hemisfério norte) de 2022, Abbott começou a enviar ônibus com migrantes para cidades com prefeitos democratas, como Washington, Boston e Nova Iorque, a fim de, segundo o republicano, distribuir a carga de migração enfrentada por seu estado devido às políticas do governo do presidente, o democrata Joe Biden.