Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês – Parte 1

Por Epoch Times
04/12/2004 03:00 Atualizado: 15/04/2023 13:57

Este é o primeiro dos Nove Comentários

Original em chinês, 19 de novembro de 2004.

Atualizado em 15 de abril de 2023.

 

COMENTÁRIO UM

O que é o Partido Comunista?

Prefácio

Há mais de cinco mil anos, o povo chinês criou uma esplêndida civilização sobre a terra nutrida pelo Rio Amarelo e pelo Rio Yangtzé. Ao longo do tempo, dinastias se estabeleceram e passaram, e a cultura chinesa teve momentos de florescimento e de decadência. Grandes e tocantes histórias tiveram a China como palco histórico.

O ano de 1840, considerado de modo geral pelos historiadores como o início da era contemporânea do país, marca o ponto de partida da jornada da China da tradição para a modernização. A civilização chinesa experienciou nela quatro grandes episódios de desafios e respostas. Os primeiros três desafios incluem a invasão de Pequim pelas forças da aliança anglo-francesa, nos primeiros anos da década de 1860, a Guerra Sino-Japonesa, em 1894 (também chamada de “Guerra Jiawu”), e a guerra Russo-Japonesa no nordeste da China, em 1906. Diante desses três desafiantes episódios, a China respondeu com o Movimento de Ocidentalização, que foi marcado pela importação de bens e armamentos modernos, reformas institucionais por meio da Reforma dos Cem Dias, em 18981, a tentativa de implementação, ao final da Dinastia Qing, de uma monarquia constitucional e, mais tarde, a Revolução Xinhai (ou Revolução Hsinhai)2, em 1911.

Ao final  da  Primeira  Guerra  Mundial,  a  China,   embora tenha saído vitoriosa, não compunha a lista das principais potências da época. Muitos chineses acreditaram que os três  primeiros  episódios  de  resposta  haviam  falhado. O Movimento de Quatro de Maio3 levaria a uma quarta tentativa de responder aos desafios prévios e culminaria na completa ocidentalização da cultura chinesa por meio do movimento comunista e de sua revolução extrema.

Esta obra aborda os efeitos dessa última resposta, isto é, o impacto do movimento comunista e do Partido Comunista sobre a civilização da China. Cerca de cem milhões de pessoas morreram de modo não natural, e quase tudo da cultura e civilização chinesa tradicional foi destruído. Forneceremos análises sobre as consequências do que se passou na China nos últimos 160 anos, seja devido às escolhas dos chineses ou por imposição ao país a partir do exterior.

I. Fiando-se na violência e no terror para tomar e manter o poder político

“Os comunistas não se rebaixam a dissimular suas opiniões e seus fins. Proclamam abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social existente”.4 Essa citação é tirada do parágrafo final do Manifesto Comunista, o principal documento do Partido Comunista. A violência é o primeiro e o principal meio pelo qual o Partido Comunista obteve poder. Essa marca característica foi transmitida a todas as formas subsequentes do Partido que surgiram desde seu nascimento. 

De fato, o primeiro Partido Comunista do mundo foi estabelecido alguns anos depois da morte de Karl Marx. Um ano após a Revolução de outubro de 1917, nasceu o Partido Comunista Russo (Bolchevique), posteriormente conhecido como Partido Comunista da União Soviética. Esse partido cresceu com o emprego da violência contra os “inimigos de classe” e se manteve por meio da violência contra membros do Partido e contra cidadãos comuns. Durante os expurgos de Stalin, na década de 1930, o Partido Comunista da União Soviética assassinou mais de 20 milhões dos assim chamados espiões e traidores, além daqueles que foram considerados como tendo opiniões diferentes.

O Partido Comunista Chinês (PCCh) começou como um braço do Partido Comunista da União Soviética na Terceira Internacional Comunista. Portanto, herdou naturalmente seu ímpeto assassino.

Durante a primeira guerra civil entre os comunistas e o Kuomintang5, entre 1927 e 1936, a população da província de Jiangxi declinou de mais de 20 milhões para cerca de 10 milhões. Esses números são suficientes para que se veja o dano causado pelo uso da violência operada pelo Partido Comunista Chinês. O uso da violência pode ser inevitável quando se tenta obter o poder político. Ainda assim, nunca existiu um regime tão voraz para o assassinato como o do Partido Comunista Chinês, especialmente em períodos de paz. Desde 1949, quando emergiu vitorioso da guerra civil contra o Kuomintang e unificou a China sob um mesmo governo, o número de mortes causadas pela violência do Partido Comunista Chinês superou o total de mortes ocorridas em todas as guerras travadas no planeta entre 1921 e 1949.

Um importante exemplo do uso da violência pelo Partido Comunista foi seu apoio ao Khmer Vermelho no Camboja. Sob o Khmer Vermelho, um quarto da população do Camboja, incluindo a maioria dos chineses imigrantes e seus descendentes, foi assassinado. E, até hoje, a China impede que a comunidade internacional coloque o Khmer Vermelho em julgamento, com o evidente propósito de encobrir sua própria e notória participação no genocídio. O Partido Comunista Chinês tem laços estreitos com as forças armadas e os regimes despóticos mais brutais do mundo. Além do Khmer Vermelho, incluem-se os Partidos Comunistas da Indonésia, das Filipinas, da Malásia, do Vietnã, da Birmânia, do Laos e do Nepal – todos eles estabelecidos com o apoio do Partido Comunista Chinês. Muitos líderes desses Partidos são chineses e, atualmente, alguns deles estão escondidos na China.

Outros Partidos Comunistas derivados do maoísmo incluem o Sendero Luminoso, na América do Sul (Peru), e o Exército Vermelho Japonês, cujas atrocidades foram condenadas pela comunidade internacional.

Uma das teorias que os comunistas empregam é o darwinismo social. O Partido Comunista aplica às relações e à história humanas a ideia darwiniana da rivalidade entre as espécies, sustentando que a luta de classes é a única força motriz para o desenvolvimento da sociedade. A luta, portanto, transformou-se na “crença” fundamental do Partido Comunista, uma ferramenta para obter e manter o controle político. As famosas palavras de Mao evidenciam essa lógica de sobrevivência do mais apto: “Com 800 milhões de pessoas, como pode funcionar sem luta?”

Outra famosa afirmação de Mao é que a Revolução Cultural deve ser realizada “a cada sete ou oito anos”.6 O reiterado uso da violência é um importante meio de o PCCh manter seu governo na China. O propósito do uso da violência é gerar terror. Cada luta e cada movimento serviram como um exercício de terror, de maneira que as pessoas na China tremiam em seus corações, submetiam-se ao terror e gradualmente se tornavam escravizadas sob o controle do Partido.

Hoje, o terrorismo foi alçado à posição de principal inimigo a um mundo livre e civilizado. Sem dúvida, o terrorismo violento exercido pelo Partido Comunista, graças aos aparatos do Estado, foi maior em escala, mais longo em duração e mais devastador em suas consequências. Hoje, no século XXI, essa característica congênita do Partido Comunista não deve ser esquecida, já que, no devido tempo, ela terá um papel determinante em seu destino.

II. Utilizando mentiras para justificar a violência

Pode-se medir o desenvolvimento civilizacional de determinado regime pelo grau em que emprega a violência. Nesse sentido, os regimes comunistas claramente representam um enorme retrocesso para a civilização humana. Ainda assim, desafortunadamente, o Partido Comunista foi chamado de progressista por muitos — uma classificação que atribui à violência o papel de um meio essencial e inevitável para o progresso das sociedades.

Essa ampla aprovação da violência não ocorre senão como parte do hábil e incomparável uso de fraudes e mentiras pelo Partido Comunista, que é outra característica congênita do PCCh.

“Desde o início, pensamos que os EUA são um país adorável. Acreditamos que isso se deve pelo fato de que os EUA nunca ocuparam a China, nem lançaram ataques à China. De modo mais fundamental, os chineses têm uma boa impressão dos eua devido à tradição democrática e ao caráter generoso e aberto do povo americano.”

Esse excerto é de um editorial publicado em 4 de julho de 1947, no jornal oficial do PCCh, Xinhua. Três anos depois, o Partido enviou soldados para lutar contra as tropas norte-americanas na Coreia do Norte, descrevendo-os como os imperialistas mais malignos do mundo. Cada chinês da China Continental se surpreenderia ao ler esse editorial escrito há mais de 50 anos. O Partido proibiu publicações com passagens semelhantes e publicou versões reescritas das antigas matérias.

Desde que chegou ao poder, o PCCh tem utilizado artifícios semelhantes em cada movimento, incluindo a supressão aos contrarrevolucionários (1950-1953), a “parceria” entre empresas públicas e privadas (1954-1957), o Movimento Antidireitista (1957), a Revolução Cultural (1966-1976), o Massacre da Praça da Paz Celestial (1989), e, mais recentemente, a perseguição ao Falun Gong, desde 1999. O caso mais infame foi a perseguição aos intelectuais, em 1957. O Partido pediu aos intelectuais que expressassem sua opinião, mas em seguida os perseguiu como “direitistas”, utilizando as próprias opiniões deles como evidência de seus “crimes”. Quando alguns criticaram a perseguição como uma conspiração, Mao disse publicamente: “Isto não é uma trama velada, mas uma artimanha ao ar livre”.

Mentira e fraude desempenharam um papel muito importante na tomada de poder e na manutenção do controle pelo PCCh. Intelectuais chineses têm, desde tempos remotos, dado ênfase à percepção da história nacional. A China conta com o mais longo e bem documentado registro histórico do mundo — um repertório que o povo chinês referencia para avaliar sua realidade e até mesmo para a busca de melhoramento espiritual. Por isso mesmo o Partido Comunista Chinês fez da alteração e ocultação da verdade histórica prática comum, visando fazer com que a narrativa histórica sirva aos propósitos do regime comunista. Em suas propagandas e publicações, ele reescreve a história tanto de tempos remotos, como o período de Primavera e Outono (770-476 a.C.) e o período dos Estados Combatentes (475-221 a.C.), quanto de eventos recentes, como a Revolução Cultural. Tais alterações históricas são forjadas há mais de 50 anos, desde 1949, e todos os esforços para restaurar a verdade histórica têm sido implacavelmente bloqueados e suprimidos pelo Partido.

Quando a violência se torna insuficiente para manter o controle, o PCCh recorre à mentira e à fraude, que servem para justificar e mascarar esse modo de governar por meio da violência.

O Partido Comunista não inventou o uso da fraude e da mentira, mas tem recorrido, sem reservas, a essas artimanhas. O Partido prometeu terras aos camponeses, fábricas aos trabalhadores, liberdade e democracia aos intelectuais e paz para todos. Nenhuma dessas promessas foi cumprida. Uma geração de chineses morreu enganada e outra geração de chineses continua iludida. Esse é o maior infortúnio dos chineses, o aspecto mais lamentável da nação chinesa.

III. Constante mudança de princípios

Durante um debate pela televisão de candidatos à presidência dos EUA em 2004, um deles disse que uma pessoa pode mudar suas táticas para lidar com algo quando necessário, mas nunca deve mudar suas “crenças” ou o “núcleo de seus valores”, de outra forma, “esta pessoa já não será confiável”7. Essa afirmação realmente esclarece um princípio básico.

O Partido Comunista é um caso emblemático de constante mudança de princípios. Por exemplo: em 80 anos, desde seu estabelecimento, o Partido realizou 16 convenções nacionais e modificou seu Estatuto 16 vezes. Nos mais de cinquenta anos após ter obtido o poder, o PCCh fez cinco grandes modificações na Constituição chinesa.

O Partido Comunista alardeia seu ideal como a chamada “igualdade social”, sua meta última como a “utopia comunista”. A China hoje, sob o controle comunista, se tornou, inversamente, uma nação tomada pelas mais acentuadas desigualdades econômicas do mundo — com uma variedade de membros do PCCh alcançando a extrema riqueza, enquanto 800 milhões de pessoas permanecem pobres no país.

As teorias-guia do Partido Comunista Chinês começaram com o marxismo-leninismo, ao qual foi adicionado o maoismo; depois, o pensamento de Deng Xiaoping e, recentemente, as “Três Representações” de   Jiang Zemin. O marxismo e o maoismo não são em nada compatíveis com as teorias de Deng e a ideologia de Jiang; na verdade, eles são opostos. Essa mistura de teorias comunistas empregadas pelo PCCh é, de fato, uma raridade na História humana.

Os princípios adotados pelo Partido Comunista ao longo se sua evolução se contradizem amplamente. Invertem-se da busca por uma integração global” que transcende os Estados nacionais ao nacionalismo extremo; do de propriedades privadas e da “erradicação das classes exploradoras” à promoção da entrada de capitalistas no Partido. Os princípios de ontem se invertem nas políticas de hoje, enquanto se aguarda para saber as mudanças de amanhã. Mude quantas vezes for seus princípios, as metas do Partido Comunista Chinês permanecem claras: adquirir e manter o poder e exercer controle social absoluto.

Na história do PCCh, houve mais de uma dúzia de movimentos aos moldes de “lutas de vida ou morte”. Eles todos coincidem com transferências de poder no país ocorridas após alterações em princípios elementares do Partido.

Cada mudança de seus princípios ocorreu a partir de uma inevitável crise enfrentada pelo Partido, ameaçando sua legitimidade e sobrevivência. Seja a colaboração com o Partido Kuomintang, a política externa pró-EUA, a reforma econômica e a expansão do mercado ou a promoção do nacionalismo, cada uma dessas decisões ocorreu em momentos de crise, e todas estão relacionadas com a tomada e solidificação de poder. Cada ciclo de perseguição a um grupo, seguido da reversão da mesma perseguição, está conectado com mudanças nos princípios básicos do PCCh.

Um provérbio ocidental sustenta que as verdades são sustentáveis e constantes e que as mentiras são mutáveis. Há sabedoria nessas palavras.

IV. Como a natureza do Partido substitui e elimina a natureza humana

O Partido Comunista Chinês se estrutura como um regime autoritário leninista. Desde o começo do Partido, estabeleceram-se três linhas básicas: a linha política, a linha intelectual e a linha organizacional. A linha intelectual se refere à base da filosofia do Partido. A linha política se refere ao estabelecimento de metas. E a linha organizacional se refere a como as metas serão alcançadas dentro do formato de estrita organização.

O primeiro e mais importante requerimento de todos os membros do Partido e daqueles que são regidos pelo Partido é obedecer aos comandos incondicionalmente. É disso que se trata a linha organizacional.

Na China, a população como um todo conhece a dupla face dos membros do PCCh. Em âmbito privado, a maioria dos membros do Partido possui uma natureza humana comum, tem alegrias, raivas, preocupações e as satisfações de pessoas comuns. Eles possuem méritos e fraquezas de um ser humano comum. Podem ser pais, maridos, esposas e amigos. Porém, acima dessa natureza humana está a natureza do Partido, que, de acordo com suas exigências, transcende a humanidade. Decorre disso que a natureza humana se torna relativa e mutável, enquanto a natureza do Partido se torna absoluta, além de qualquer dúvida ou questionamento.

Durante a Revolução Cultural, era comum pais e filhos, maridos e esposas, mães e filhas, estudantes e professores lutarem entre si, delatarem uns aos outros e se tratarem como inimigos. A natureza do Partido motivou os conflitos e o ódio em cada um desses casos. Durante o primeiro período do regime do PCCh, muitos altos oficiais do Partido viram-se indefesos e desamparados conforme seus familiares eram rotulados inimigos de classe. É outro fenômeno que decorre da natureza do Partido.

O poder que a natureza do Partido exerce sobre o indivíduo resulta da prolongada doutrinação imposta pelo Partido Comunista Chinês, um condicionamento começa já no jardim de infância com a premiação de respostas sancionadas pelo Partido — respostas que contrariam tanto o senso comum, como a natureza humana da criança. Alunos recebem educação política do primário à universidade, e aprendem a seguir e reproduzir respostas padronizadas e sancionadas pelo Partido. Desviando-se disso, não podem passar em exames ou concluir graduações.

Um membro do PCCh deve permanecer consistente com a linha do Partido quando se expressar publicamente, não importa como se sinta em particular. A estrutura organizacional do Partido é uma gigantesca pirâmide, com o poder central no topo, controlando toda a hierarquia. Essa estrutura é uma das mais importantes características do regime do Partido e ajuda a produzir uma conformidade absoluta.

O Partido Comunista Chinês alcançou a este momento sua degeneração completa em uma entidade política que luta tão somente para preservar os próprios interesses, não mais instigada pela busca de qualquer suposta “utopia comunista”. Creia ele ou não em seu aspecto ideológico, a estrutura organizacional do comunismo permanece e sua exigência por obediência incondicional não mudou. Esse Partido, situando-se acima da humanidade e da natureza humana, erradica quaisquer organizações ou indivíduos que entenda como prejudiciais, ou mesmo como potencialmente prejudiciais ao seu poder, sejam eles cidadãos comuns ou oficiais do alto escalão do Partido.

V. Um espectro maligno que se opõe à natureza e à natureza humana

Todas as coisas sob o Céu passam pelo ciclo de nascimento, maturação, degeneração e morte.

Diferente do regime comunista, as sociedades não comunistas, mesmo aquelas que sofrem sob um regime totalitário ou ditatorial, geralmente possuem algum grau de auto-organização e autodeterminação.

De fato, a antiga sociedade chinesa era regida de acordo com uma estrutura binária. Nas áreas rurais, os clãs eram o centro de uma organização social independente, enquanto as áreas urbanas eram organizadas ao redor das corporações de ofício. O poder de imposição do governo não se estendia ao nível dos condados e abaixo dele.

O regime nazista, provavelmente o mais atroz regime totalitário já estabelecido à exceção daqueles do Partido Comunista, ainda permitia o direito à propriedade privada. Regimes comunistas, em contrapartida, erradicaram quaisquer elementos ou formas de organização social independentes do Partido em voga, substituindo-os por uma estrutura de poder altamente centralizada pelo comando em seu topo.

Se as estruturas sociais cuja dinâmica é de baixo para cima permitem que a autodeterminação de indivíduos ou grupos aconteça naturalmente, o regime comunista é antinatural em sua essência.

O Partido Comunista não possui padrões universais para a natureza humana. Os conceitos de bem e mal, assim como todas as leis e regulamentos, são arbitrariamente manipulados. Comunistas não permitem o assassinato, exceto para aqueles categorizados como inimigos do Partido. Piedade filial é bem-vinda, exceto para parentes considerados inimigos de classe. Benevolência, retidão, propriedade, sabedoria e fidelidade são todas boas, mas não são aplicáveis quando o Partido não deseja ou não quer considerar essas virtudes tradicionais. O Partido Comunista destitui os padrões universais da natureza humana e se sustenta em princípios que se opõem a essa natureza.

Sociedades não comunistas geralmente consideram a dualidade do bem e do mal da natureza humana e confiam em contratos sociais fixos para alcançar equilíbrio. Em sociedades comunistas, entretanto, o próprio conceito de natureza humana é negado, nem o bem, nem o mal são reconhecidos. Eliminar os conceitos de bem e mal, de acordo com Marx, serve para derrubar completamente a superestrutura8 da antiga sociedade.

O Partido Comunista não acredita em Deus, nem respeita a natureza física. “Batalhe contra o Céu, brigue contra a Terra, lute contra os seres humanos – nisto reside infinita alegria”. Esse era o lema do Partido Comunista Chinês durante a Revolução Cultural, uma época em que grande sofrimento foi infligido ao povo chinês e a seu país.

Os chineses tradicionalmente acreditam na unidade entre o Céu e os seres humanos. Lao Tsé disse no Tao Te Ching: “O homem segue a Terra, a Terra segue o Céu, o Céu segue o Tao, e o Tao segue o que é natural”.9 Os seres humanos e a natureza existem dentro de uma relação harmônica na totalidade do cosmos.

O Partido Comunista é um tipo de entidade. Entretanto, ele se opõe à natureza, ao Céu, à Terra e à humanidade. É um espectro maligno que se opõe ao universo.

VI. Algumas características de possessão maligna

O Partido Comunista, em si mesmo, não participa em atividades produtivas ou criativas. Uma vez que conquiste poder, ele se adere à população local para controlá-la e manipulá-la. Por medo de perder o controle adquirido, o Partido então estende sua influência até as mais básicas unidades sociais. Consequentemente, se segue o monopólio dos recursos produtivos e a drenagem das riquezas da sociedade.

Na China, o Partido Comunista se estende por todo lugar e controla tudo, mas ninguém nunca viu os registros contábeis do Partido, apenas os do Estado, dos governos locais e das empresas. Do governo central aos comitês das vilas áreas rurais, os servidores dos municípios são sempre classificados como inferiores aos membros do Partido, com os governos municipais tornando-se então subordinados às instruções do respectivo comitê do Partido Comunista. As despesas do Partido são então supridas pelos municípios, mas sem prestação de contas independente, confundindo os registros contábeis dos governos locais com os do PCCh. Esta organização permeia, como um malevolente espectro possessor, cada partícula da sociedade chinesa, perseguindo suas unidades mais ínfimas como se fosse sua sombra; penetra profundamente suas tramas e células como um parasita de vasos finos para a sucção do sangue, drenando a vitalidade do hospedeiro, controlando e manipulando a vastidão da sociedade.

Ao longo da história humana, esse curioso tipo de “possessão” do agregado por um regime já havia sido vista, parcialmente ou por curtos períodos. Jamais, porém, operou por tanto tempo e controlou tão completamente uma sociedade como sob o regime do Partido Comunista.

Por essa razão, recai o fardo da pobreza sobre os lavradores chineses — desgastados pelo trabalho árduo. Eles sustentam não somente os servidores públicos da administração local, mas também um número similar ou maior de oficiais do Partido.

Por essa razão, houve grandes demissões entre a força de trabalho chinesa. A estrutura onipresente e parasitária do PCCh tem extraído fundos das empresas do país há anos.

Por essa razão, os intelectuais chineses sentem tamanha dificuldade no livre exercício de seus ofícios. É porque além da administração comum do Estado,a sombra do Partido, que a segue por toda parte em constante vigilância sobre a população. Seguindo a alusão a um espírito possessor, o Partido obriga-se a controlar por completo a mente dos possuídos para sobreviver pela drenagem de sua energia.

Estudos de ciência política moderna comumente pontuam três fontes principais de poder como: violência, riqueza e conhecimento. O Partido, sem hesitar, se vale do monopólio da violência estatal para adquirir a riqueza alheia, mas além disso — e com maior importância —  ele priva populações de sua liberdade de expressão e de imprensa. Para reter seu absoluto monopólio do poder, violenta o espírito e os anseios populares. Considerado este aspecto, o rígido controle social manifesto pela possessão maligna do PCCh dificilmente pode ser comparado com o de qualquer outro regime do mundo.

VII. Examine a si próprio e se liberte da possessão do Partido Comunista Chinês

Em 1848, no Manifesto Comunista, o primeiro documento programático do Partido Comunista, Marx proclamou que “um espectro ronda a Europa – o espectro do comunismo”.3 Um século depois, o comunismo é mais do que um espectro perturbador, ele adquiriu um corpo material e concreto. Espalhou-se pelo mundo como uma epidemia, matou dezenas de milhões e tomou propriedades e a liberdade mental e espiritual de centenas de milhões.

A doutrina básica do Partido Comunista contém o confisco de toda propriedade privada, a fim de eliminar a “classe exploradora”. A propriedade privada é a base dos direitos sociais, e muitas vezes traz consigo laços com a cultura nacional. Aqueles que são roubados de sua propriedade privada, eventualmente, também perdem seus direitos sociais e políticos. Ao final, perdem a sua liberdade de pensar e crer.

Diante de uma crise de sobrevivência, o Partido Comunista Chinês foi forçado a reformar a economia chinesa, na década de 80. Alguns direitos de propriedade foram restituídos ao povo. Isto criou uma brecha na enorme máquina do acurado controle do PCCh. Essa brecha se tornou ainda maior com a ambição desenfreada dos membros do Partido por acumular fortunas privadas. O Partido, um espectro maligno possessor sustentado pela violência, por mentiras e pela frequente mudança de sua aparência e imagem, agora começa a apresentar sinais de decadência, mostrando-se inquieto ao menor distúrbio. Ele tenta sobreviver, acumulando mais riqueza e acirrando ainda mais o controle, mas essas ações só servem para intensificar a crise.

A China de hoje aparenta prosperidade, porém os conflitos sociais chegaram a um nível nunca visto antes. Usando técnicas de intriga política do passado, o PCCh poderá tentar alguma forma de recuo, retratando-se em relação ao Massacre da Praça da Paz Celestial ou à perseguição ao Falun Gong, ou fazendo outro grupo seu inimigo escolhido, para, dessa forma, continuar a exercer o poder pelo terror.

Os desafios enfrentados pela nação chinesa nos últimos 100 anos foram respondidos pela importação de soluções estrangeiras, reformas sistemáticas e revoluções extremas e violentas. Perderam-se inumeráveis vidas e também a maior parte da cultura tradicional chinesa. Estas respostas parecem ter falhado. Valendo-se de inquietação e ansiedade no seio da sociedade chinesa, o Partido encontrou oportunidades para se manifestar, e, por fim, veio a controlar a última civilização do mundo a herdar de seus ancestrais um legado que remonta a primórdios tão remotos.

Nos desafios futuros, o povo chinês terá inevitavelmente de escolher outra vez. E não importa qual escolha seja feita, cada chinês deve entender que qualquer vestígio de esperança no PCCh apenas piorará o dano causado à nação chinesa e dará nova vida ao malevolente e possessor espectro do Partido Comunista Chinês.

Somente abandonando todas as ilusões, buscando dentro de nós mesmos em profunda introspecção, resolutamente inspirados a negar a influência de ódio, cobiça ou interesses, poderemos nos livrar por completo do terror e do controle exercidos pelo Partido Comunista Chinês — um pesadelo que dura mais de cinco décadas — e restabelecer, em nome de uma nação livre, a civilização chinesa pautado pelo respeito à própria natureza humana e pela compaixão ao próximo.

Notas:

[1] A Reforma dos Cem Dias foi uma reforma que durou de 11 de junho até 21 de setembro de 1898, totalizando 103 dias. Guangxu, o imperador da Dinastia Qing (1875-1908), encomendou uma série de reformas visando mudanças sociais e institucionais abrangentes. A oposição à reforma era intensa entre uma elite conservadora do governo. Apoiada pelos ultraconservadores e com o tácito apoio do político oportunista Yuan Shikai, a imperatriz viúva Cixi orquestrou um golpe de Estado em 21 de setembro de 1898, forçando Guangxu, o jovem proponente da reforma, à reclusão. Cixi tomou o governo como regente. A Reforma dos Cem Dias terminou com a anulação dos novos decretos e a execução de seis dos principais defensores da reforma.

[2] A Revolução Xinhai (ou Revolução Hsinhai), nomeada em referência ao ano chinês de Xinhai (1911, ano do Porco de Metal no calendário chinês), foi a quedada (10 de outubro de 1911 – 12 de fevereiro de 1912) da Dinastia Qing que reinava na China e o estabelecimento da República da China.

[3] O Movimento de Quatro de Maio foi o primeiro movimento de massa na história moderna da China, iniciado em 4 de maio de 1919.

[4] http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000042.pdf

[5] O Kuomintang (KMT), ou Partido Nacionalista Chinês, originou-se em 1912 e governou grande parte da China a partir de 1928 até sua derrota pelo PCCh, em 1949.

[6] Cartas de Mao Tsé-Tung à sua esposa Jiang Qing, 1966.

[7] http://www.debates.org

[8] Superestrutura, no contexto da teoria social marxista, refere-se ao modo de interação entre a subjetividade humana e a realidade material da sociedade.

[9] Capítulo 25, Tao Te Ching, um dos mais importantes textos taoístas, escrito por Lao Tsé.

 

Introdução – Índice

Capítulo 2: No início do Partido Comunista Chinês

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Editorial Epoch Times