O segredo do plástico: TPM é a ponta do iceberg

23/06/2015 08:00 Atualizado: 15/06/2019 01:12

Por Marina Dalila, Epoch Times

Quando pensamos em TPM, tensão pré-menstrual, dificilmente a associamos com algo que está, na realidade, tão presente em nossas vidas: o plástico.

O plástico está em tudo o que nos rodeia. Ele compõe a maior parte das embalagens da nossa comida e bebida. Mas que relação teria o plástico com a TPM?

Plásticos contêm bisfenol-A (BPA) e ftalatos, que são duas fontes de xenoestrogênios. Mas o que seriam os xenoestrogênios? A palavra xenoestrogênio é derivada das palavras gregas xeno (estrangeira), estro (desejo sexual) e gene (que significa “gerar”), significando literalmente “estrogênio estrangeiro”. Xenoestrogênios também são chamados “hormônios ambientais” ou “EDC” (desreguladores endócrinos).

A maioria dos cientistas que estuda o xenoestrogênio, incluindo a The Endocrine Society, considera-o um veículo de sérios riscos ambientais, que tem efeitos hormonais perturbadores tanto em animais selvagens, como em seres humanos.

Os xenoestrogênios em ação

Os xenoestrogênios podem se acumular no organismo humano, desequilibrando o sistema endócrino, que passa a considerá-los como hormônios produzidos pelo próprio corpo. Devido ao fato de eles não serem naturais, eles podem causar diversos problemas, alterando a homeostase (equilíbrio) dentro do nosso sistema.

Além da TPM (ou Síndrome Pré Menstrual – que engloba sintomas como seios doloridos, alterações de humor, etc ), podem ocorrer acne, aumento da gordura localizada, puberdade precoce, baixa libido,  aumento das glândulas mamárias masculinas, interrupção de ciclos reprodutivos, disfunções ovarianas, obesidade, câncer e doenças cardíacas.

Estando em contato com o organismo, os xenoestrogênios podem, temporariamente ou permanentemente, alterar os ciclos de feedback no cérebro, hipófise, gônadas e tireóide, imitando os efeitos do estrogênio e provocando seus receptores específicos, ou podem ligar-se a receptores hormonais e bloquear a ação dos hormônios naturais. Assim, é possível que os estrogênios ambientais possam acelerar o desenvolvimento sexual, se estiverem presentes em uma concentração suficiente ou se as pessoas estiverem expostas a eles de uma forma crônica.

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As maiores vítimas do xenoestrogênio

Os estágios iniciais de desenvolvimento fetal são considerados os mais vulneráveis a danos causados pelo BPA. Para se ter uma idéia, exames laboratoriais encomendados pelo Environmental Working Group (EWG) detectaram BPA no sangue do cordão umbilical de 90 por cento dos recém-nascidos testados,  juntamente com mais de 230 outros produtos químicos.

Além disso, várias mamadeiras e produtos utilizados por recém-nascidos têm sido alvo de mudanças, mas sem melhorar a segurança dos bebês. Como a toxicidade do BPA veio à tona recentemente na mídia, algumas empresas estão simplesmente substituindo o BPA por outro produto químico menos conhecido, mas igualmente tóxico chamado bisfenol-S (BPS), e se utilizam de um marketing duvidoso com a seguinte frase: “Produto livre de BPA”. Não só o BPS parece ter características com efeitos hormonais semelhantes ao BPA, mas também é significativamente menos biodegradável e mais estável ao calor.

Reduzindo a exposição aos xenoestrogênios

Evite comprar alimentos em recipientes de plástico e envolver alimentos em película plástica aderente. Tanto quanto possível, tente comer alimentos orgânicos e usar produtos de higiêne orgânicos ou, pelo menos, naturais, e itens de limpeza doméstica ecológicos, tais como detergentes e sabões para lavar louça. Prefira estocar os alimentos em potes de vidro e minimize o consumo de industrializados.

Não utilize recipientes de plástico para aquecer alimentos em microondas, pois eles podem transferir produtos químicos para o seu alimento. Além disso, não reutilize garrafas de água de plástico: dê preferência ao vidro ou ao aço inoxidável. Nunca beba a água de uma garrafa de água de plástico que foi aquecida, como aquelas deixadas em um carro quente, por exemplo: você notará, certamente, um sabor diferente, que já é a indicação de água contaminada por BPA.

Dieta anti-xenoestrogênios

Para reduzir a exposição aos xenoestrogênios é importante consumir bastante fibra. A fibra naturalmente contida em grãos integrais (por exemplo: sementes de chia, casca de psyllium, arroz integral, quinoa,  amaranto, aveia, trigo sarraceno), frutas e legumes ajudam a impedir que estrogênios derivados de produtos químicos sejam absorvidos pelo corpo, promovendo sua rápida eliminação.

Outra forma de garantir que a sua exposição a xenoestrogênios seja reduzida, é aumentar a ingestão de vegetais crucíferos – isso inclui legumes como brócolis, couve-flor e repolho: todos eles dão suporte ao fígado em seu papel de quebrar esses hormônios em excesso.

Plástico é só a ponta do iceberg

É importante saber que o plástico não é o único fator causador de TPM e de outros problemas derivados de distúrbios hormonais. Outros fatores ambientais também desempenham um grande papel no desequilíbrio hormonal.

Há centenas de milhares de produtos químicos sintéticos que, ou são colocados diretamente na comida – utilizados como pesticidas e adicionados às embalagens -, ou são transformados em alimentos, sendo inclusive acumulados e transmitidos através da cadeia alimentar. Estes são algum deles:

  • Flúor – é adicionado à maioria das águas de abastecimento público, sendo responsável pela redução dos níveis de melatonina, levando ao início precoce da puberdade;
  • Ácido perfluorooctanóico (PFOA) – substância cancerígena encontrada em revestimentos de graxa resistentes à água e em panelas antiaderentes;
  • Metoxicloro e vinclozin – um agrotóxico e um fungicida, respectivamente, responsáveis por causar alterações em ratos machos nascidos em até quatro gerações subseqüentes após a exposição inicial;
  • Etoxilatos de nonilfenol (NPE) – conhecido por ser potente desregulador endócrino, é conhecido por causar mudanças de gênero em animais marinhos. Muito usado em detergentes para a lavagem de roupas em indústrias têxteis;
  • Hormônios de crescimento bovino (rBGH) – comumente adicionados ao leite comercial, têm sido implicados como contribuintes para a adolescência precoce;
  • MSG (glutamato monossódico) – um aditivo alimentar que tem sido associado à redução da fertilidade. Está presente em diversos alimentos industrializados, como, por exemplo, em macarrões instantâneos;
  • Produtos de soja não-fermentados – são carregados com substâncias semelhantes a hormônios;
  • DDE (Dichlorodiphenyldichloroethylene – um produto da decomposição do pesticida DDT, muito utilizado no passado) – carcinogênico humano, ele é particularmente perigoso porque é solúvel em gordura, sendo raramente excretado do corpo, de forma que suas concentrações tendem a aumentar ao longo da vida;
  • PCBs – (bifenilos policlorados) – compostos orgânicos sintéticos utilizados na indústria como fluídos dielétricos em transformadores e capacitores, tintas e óleos lubrificantes hidráulicos. São capazes de causar relevantes alterações, tais como neurotoxicidade, disrupção endócrina, imunossupressão, entre outros;
  • Metalestrogênio – um xenoestrogênio que pode conter alumínio, antimônio, arsênico, bário, cádmio, crômio, cobalto, cobre, chumbo, mercúrio, níquel, selenito, estanho e vanadato. São adicionados em milhares de produtos de consumo, incluindo vacinas. São considerados altamente tóxicos e estão relacionados com casos de ocorrência de câncer de mama.