Cientistas revelam primeira imagem já registrada de um buraco negro no espaço

Os buracos negros são uma concentração massiva de matéria comprimida em uma pequena área que gera um campo gravitacional que engole tudo o que o cerca, inclusive a luz

10/04/2019 14:49 Atualizado: 10/04/2019 14:49

Por Agência EFE

Os cientistas responsáveis pelo Telescópio do Horizonte de Eventos (EHT) apresentaram nesta quarta-feira (10) a primeira imagemregistrada de um buraco negro, um dos grandes mistérios do universo.

A fotografia histórica, capturada a partir de uma rede de oito observatórios situados em diferentes pontos do mundo, consiste em um anel com uma metade mais luminosa que a outra, que corresponde ao buraco negro supermassivo localizado no centro da galáxia M87, a 53,3 milhões de anos luz da Terra.

“Transformamos um conceito matemático, algo que é explicado com fórmulas em um quadro-negro, em um objeto físico que pode ser observado”, explicou o italiano Luciano Rezolla, professor de Astrofísica da Universidade Goethe de Frankfurt que faz parte da equipe científica responsável pela descoberta.

A imagem “foi construída como um quebra-cabeças” a partir de diferentes fotografias tiradas em quatro dias pela rede de telescópios que funcionam como um único radiotelescópio, comentou a pesquisadora polonesa Monika Moscibrodzka,

“Nada do interior pode viver e ser transmitido ao exterior. Não se pode ver um buraco negro, mas é possível ver sua sombra, que se produz quando a luz desaparece após o horizonte de eventos (do buraco)”, explicou o presidente do conselho do EHT, Heino Flacke.

Os buracos negros, imaginados no início do século XX pelo físico Albert Einstein e teorizados pelo cientista Stephen Hawking nos anos 70 a partir da radiação que emitem, são uma concentração massiva de matéria comprimida em uma pequena área que gera um campo gravitacional que engole tudo o que o cerca, inclusive a luz.

Esse misterioso fenômeno astrofísico representa a última fase na evolução de um tipo de estrelas que são pelo menos dez vezes maiores que o Sol. Quando uma dessas estrelas se aproxima da morte, ela dobra sobre si mesma e concentra sua massa em uma superfície muito pequena, conhecida como “anã branca”.

Quando este processo de gravidade extrema continua, se transforma em um buraco negro, delimitado pelo qual é conhecido como “horizonte de eventos”, que é o ponto de não retorno a partir do qual nada que ultrapasse essa fronteira pode escapar de atração do buraco, e em cujo entorno giram aglomerações de gás em uma órbita circular.

“Astronomia é algo que não se faz apenas de seu escritório. Às vezes é preciso embarcar em uma expedição. E há dois anos, alguns cientistas embarcaram em uma expedição ao local mais remoto”, resumiu na apresentação o espanhol Eduardo Ros, coordenador do Departamento de Rádio Astronomia/Interferometria de Longa Linha de Base do Instituto Max Planck de Bonn (Alemanha).