Quarentena de sete semanas para marinheiros na China causa alvoroço

Tentativa do regime chinês de manter estratégia zero-COVID enfureceu a indústria naval

30/11/2021 10:53 Atualizado: 30/11/2021 10:53

Por George Fu

O país que uma vez já foi o mais conveniente para a realização de trocas de tripulação para marinheiros, a China, agora tornou-se a mais incômoda após o regime chinês instituir uma política de quarentena obrigatória de sete semanas para o retorno de marinheiros chineses, devido à COVID-19, em novembro.

A tentativa do regime chinês de manter uma estratégia zero-COVID enfureceu a indústria naval, uma vez que desencadeou uma nova onda de perturbações à uma cadeia de abastecimento global já atormentada por atrasos de embarque e crises de mudança de tripulação.

Mesmo navios com tripulação de transição devem esperar duas semanas antes de serem autorizados a entrar nos portos chineses. A situação fez com que os donos de navios redirecionassem seus navios e trocassem suas operações. Acima de tudo, tornou o recrutamento e a repatriação de marinheiros chineses uma missão quase impossível. 

“As restrições da China causam efeitos colaterais”, afirmou Guy Platten, secretário-geral da Câmara Internacional de Navegação, representando donos de navios e operadores, em um relatório da Bloomberg.

“Quaisquer restrições às operações de navios têm um impacto cumulativo na cadeia de abastecimento e causam interrupções reais.”

No auge da variante Delta, no final de 2020, a demanda por marinheiros chineses vacinados disparou, com companhias marítimas recrutando tripulantes de outras nações para substituir tripulações indianas impedidas de entrar nos portos para suas visitas anteriores à Índia ou Bangladesh. 

As restrições de voos e portos com o objetivo de combater a disseminação das variantes da COVID-19 nas Filipinas também obstruíram a mudança de tripulação. Além disso, a baixa taxa de vacinação no país significava que a tripulação filipina era menos popular para empregos no mar, assim como seus colegas indianos.

A facilidade de troca de tripulação na China e a alta taxa de vacinação entre os marinheiros chineses, por outro lado, aumentaram a demanda por tripulação chinesa em viagens internacionais, substituindo a tradicionalmente preferida tripulação filipina e indiana, que fala inglês. 

“As restrições regulatórias que proíbem a mudança de tripulação estrangeira na China não deixam escolha a não ser usar tripulação chinesa quando os donos de navios e gerentes não possuem outras opções para realizar mudanças de tripulação em outros países, mesmo se os empregadores decidirem mudar a nacionalidade da tripulação posteriormente”, afirmou Praveen Shukla do Wallem Group.

Mas as últimas restrições de Pequim fizeram com que os operadores de navios pedissem o alívio de suas restrições para os marinheiros chineses, que suportariam o peso do tormento físico e mental, como outros marinheiros.

As restrições exigem que os marinheiros chineses fiquem em quarentena por três semanas antes de poderem retornar à China, seguidas por duas semanas no porto de chegada e outras duas semanas em sua província antes de poderem se reunir com suas famílias, de acordo com Terence Zhao, diretor administrativo da Serviços Marítimos de Singhai.

Enquanto Pequim continua a pressionar sua estratégia zero-COVID, fechando cidades mediante à alguns casos e protegendo seus portos marítimos, a tripulação chinesa pode enfrentar a perspectiva de ser substituída pelos próprios marinheiros que inicialmente substituíram, à medida que mais países e portos oferecem vacinas internacionais à tripulações de países alternativos.

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