O duque de Zhou nos ensina as vantagens da modéstia

Por Qing Yan
19/06/2023 12:01 Atualizado: 19/06/2023 12:01

Haviam se passado apenas três anos desde a grande vitória da Dinastia Zhou (1050–256 a.C.) sobre a Dinastia Shang (1600–1046 a.C.), quando em seu leito de morte, o Rei Wu de Zhou, que liderou bravamente suas forças em batalha, legou a tarefa da consolidação do poder da Dinastia Zhou a seu irmão, o duque de Zhou.

O duque ajudou o Rei Wu e o Rei Cheng, filho do Rei Wu, a governarem a Dinastia Zhou com grande virtude. Durante sua missão, o duque, que Confúcio posteriormente considerou como um santo, estabeleceu um código de conduta para a vida cotidiana.

Uma vez, o Rei Cheng de Zhou propôs dar o estado de Lu ao duque, mas ele recusou o presente. Então, o Rei Cheng decidiu dar o estado de Lu a Bo Qin, o terceiro filho do duque de Zhou. Quando Bo Qin estava prestes a viajar para o estado de Lu, o duque de Zhou lhe deu o seguinte conselho que perdura na memória chinesa.

“Você jamais deve se sentir orgulhoso ou ser teimoso e jamais deve ceder a seus desejos. Você deve ser modesto em todos os momentos, porque a única forma de liderar bem um Estado é sendo virtuoso.”

“Vá e não atue soberbamente apenas porque lhe foi concedido a liderança do estado de Lu e não descuide de seus modos quando estiver na presença dos sábios. Sou o filho do Rei Wen, irmão do Rei Wu e tio do Rei Cheng, mas tenho de assumir com responsabilidade minhas ações para ajudar o Rei Cheng a governar o reino. Estou em posição bastante elevada, mas ainda sou interrompido por visitas quando escovo meu cabelo ou estou jantando e muitas vezes tive de deixar a mesa. Ainda assim, temo não satisfazer os sábios.”

“Sei que um homem virtuoso só alcançará glória e honra se for modesto. Se um homem possui vários estados, tem terras produtivas, acalma seus desejos e leva uma vida humilde, este alcançará uma posição elevada se agir com modéstia. Sei que um general de um grande exército só será bem sucedido se conhecer o temor que um homem mau e inteligente agirá como se não soubesse de nada e que um homem educado e com grande memória só aumentará seu conhecimento se for modesto. Essas são as virtudes da modéstia.”

“Um líder rico que possui os quatro mares arrisca perder tudo, incluindo sua vida, se não for modesto, O Rei Zhou, da Dinastia Shang, e Jie da Dinastia Xia, morreram devido à arrogância; porque não ser discreto e modesto?”

“O céu e a Terra preferem os homens modestos e desprezam os arrogantes. Você deve manter minhas palavras em seu coração! E jamais deve negligenciar suas maneiras perante os sábios somente porque você tem o estado de Lu!”

O duque de Zhou costumava dizer a seus filhos, “Um homem virtuoso pode ser forte como um touro, mas jamais tentará lutar para provar isso. Um homem virtuoso pode ser rápido como um cavalo, mas jamais o desafiará numa corrida para prová-lo. Um homem virtuoso pode ser tão sábio quanto um homem altamente educado, mas ele jamais competirá para prová-lo.”

O duque de Zhou foi conhecido como um dos líderes mais virtuosos da história chinesa. Ele combateu os estados do Leste que haviam se unido às tropas de Shang e em cinco anos conseguiu conquistar seus territórios. Segundo as lendas chinesas, ele escreveu 64 hexagramas e completou o clássico ‘Livro das Mutações’ (o I Ching), estabeleceu os ritos de Zhou e criou o Yayue da música clássica chinesa. Em 2004, arqueólogos chineses descobriram sua tumba no condado de Qishan, província de Shaanxi.

Este artigo pertence a série “Histórias da antiga China”; para ler outros artigos da série, clique aqui.

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