Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês – Capítulo 6

19/12/2004 03:00 Atualizado: 28/04/2022 14:10

COMO O PARTIDO COMUNISTA CHINÊS DESTRUIU A CULTURA TRADICIONAL

Este é o sexto dos Nove Comentários

Original em chinês, 19 de novembro de 2004

Atualizado em 28 de abril de 2022

Prefácio

A cultura é a alma de uma nação. Esse fator espiritual é tão importante para a humanidade quanto fatores físicos como a raça e a terra.

O desenvolvimento cultural determina a história da civilização de uma nação. A destruição completa de uma cultura nacional leva ao fim de uma nação. Nações antigas que criaram civilizações gloriosas foram consideradas mortas quando suas culturas desapareceram, mesmo que pessoas desses povos possam ter sobrevivido. A China é o único país no mundo cuja antiga civilização tem se mantido por mais de cinco mil anos. A destruição de sua cultura tradicional é um crime imperdoável.

A cultura chinesa, que se acreditava ter sido transmitida por Deus, começou com mitos como a criação do céu e da terra por Pangu [1], a criação da humanidade por Nüwa [2], a identificação de centenas de ervas medicinais feitas por Shennong [3] e a criação dos caracteres chineses por Cangjie. [4] “O homem segue a Terra, a Terra segue o Céu, o Céu segue o Tao e o Tao segue o que é natural”. [5] A sabedoria taoista da união entre o Céu e a humanidade foi introduzida na veia da cultura Chinesa. “Grandes aprendizados promovem o cultivo da virtude”. [6] Há mais de dois mil anos, Confúcio abriu uma escola para ensinar aos estudantes e transmitir à sociedade os ideais do confucionismo representados pelas cinco virtudes cardeais: benevolência, retidão, decoro, sabedoria e fé. No primeiro século, o budismo de Sakyamuni viajou para o oeste em direção à China dando ênfase à compaixão e à salvação de todos os seres. A cultura chinesa se tornou mais ampla e profunda. Em consequência, confucionismo, budismo e taoismo se tornaram crenças complementares na sociedade chinesa, levando a Dinastia Tang (618-907 d.C.) ao auge da sua glória e prosperidade, como é sabido por todos sob o Céu.

Embora a nação chinesa, muitas vezes na história, tenha sofrido invasões e ataques, a cultura chinesa demonstrou perseverança e vigor – e sua essência foi continuamente transmitida. A unidade entre o Céu e a humanidade representa a cosmologia dos ancestrais chineses. É senso comum recompensar a bondade e punir o mal. É uma virtude básica não fazermos aos outros o que não queremos que os outros nos façam. Lealdade, piedade filial, dignidade e justiça formaram os padrões sociais; e as cinco virtudes cardeais de Confúcio – benevolência, retidão, decoro, sabedoria e fé – estabeleceram as bases para a moralidade social e pessoal. Com esses princípios, a cultura chinesa incorporava honestidade, bondade, harmonia e tolerância. Até mesmo os funerais chineses comuns mostravam reverência “ao Céu, à Terra, à monarquia, aos pais e professores”. Essa é uma expressão cultural das profundas raízes das tradições chinesas, que incluem adoração a Deus (Céu e Terra), lealdade ao país, valores familiares (pais) e respeito pelos professores. A cultura tradicional chinesa busca a harmonia entre o homem e o universo e enfatiza a ética e a moral do indivíduo. Foi baseada na fé das práticas de cultivo do confucionismo, budismo e taoismo que ela proporcionou ao povo chinês tolerância, progresso social, proteção à moralidade humana e crença correta.

Diferente da lei, que prescreve regras rígidas, a cultura exerce uma restrição suave. A lei pune depois que um crime é cometido, enquanto que a cultura tradicional, ensinando primeiro a moralidade, previne que crimes aconteçam. A moralidade de uma sociedade geralmente está incorporada em sua cultura.

Na história chinesa, a cultura tradicional teve seu auge durante a próspera Dinastia Tang, coincidindo com o apogeu do poder da nação chinesa. A ciência também estava adiantada e desfrutava de uma reputação sem par entre todas as nações. Estudiosos da Europa, do Oriente Médio e do Japão vinham para estudar em Chang’an, a capital da Dinastia Tang. Os países vizinhos tinham a China como o Estado suserano. “Dezenas de países vinham pagar tributo à China, mesmo que tivessem de recorrer a traduções múltiplas e abrir passagem por entre costumes diversos”. [7]

Depois da Dinastia Qin (221-207 a.C.), a China foi frequentemente ocupada por grupos minoritários. Isso aconteceu durante as Dinastias Sui (581-618 d.C.), Tang (618-907 d.C.), Yuan (1271-1361 d.C.) e Qing (1644-1911 d.C.) – e outras vezes, quando minorias étnicas estabeleceram seus próprios regimes. Entretanto, quase todos esses grupos étnicos foram assimilados aos costumes chineses. Isso mostra o grande poder de integração da cultura tradicional chinesa. Como disse Confúcio: “[Então], se as pessoas de longe não consentem, tragam-nas por meio do cultivo da [nossa] cultura e virtude”. [8]

Desde que chegou ao poder em 1949, o Partido Comunista Chinês (PCCh) devotou os recursos da nação para destruir a cultura tradicional da China. Essa intenção doentia não veio do zelo do Partido Comunista Chinês pela industrialização, nem pela simples tolice em adorar a civilização ocidental. Ela veio, sim, da inerente oposição ideológica do Partido Comunista Chinês à cultura tradicional chinesa. Assim, a destruição da cultura chinesa pelo Partido Comunista Chinês foi planejada, organizada e sistemática – apoiada pelo uso da violência do Estado. Desde seu estabelecimento, o Partido Comunista Chinês nunca parou de “revolucionar” a cultura chinesa na tentativa de destruir completamente seu espírito.

Mais desprezível ainda do que a destruição da cultura tradicional pelo Partido Comunista Chinês é o mau uso intencional e as modificações traiçoeiras da cultura tradicional. O Partido Comunista Chinês deu ênfase a partes desprezíveis da história da China, coisas que ocorreram sempre que as pessoas divergiam dos valores tradicionais, tais como a luta interna pelo poder dentro da família real, o uso de táticas e conspirações e o exercício da ditadura e do despotismo. Esses exemplos históricos foram usados para ajudar o Partido Comunista Chinês a criar seu próprio conjunto de valores morais, formas de pensar e seu sistema de discurso. Fazendo isso, o Partido Comunista Chinês deu a falsa impressão de que a “cultura do Partido” era na verdade uma continuação da cultura tradicional chinesa. O Partido Comunista Chinês tirou proveito até mesmo da aversão de algumas pessoas pela “cultura do Partido” para incitar ainda mais o abandono da autêntica tradição chinesa.

A destruição da cultura tradicional pelo Partido Comunista Chinês trouxe consequências desastrosas para a China. As pessoas não somente perderam suas coordenadas morais, como foram também doutrinadas à força pelas teorias malignas do Partido Comunista Chinês.

I. Por que o Partido Comunista Chinês quis sabotar a cultura tradicional?

A longa tradição da cultura chinesa baseada na fé e na veneração à virtude

A autêntica cultura da nação chinesa começou há cerca de cinco mil anos, com o lendário Imperador Huang, considerado o primeiro ancestral da civilização chinesa. Na verdade, acredita-se que o Imperador Huang foi o fundador do taoismo, também chamado de escola de pensamento de Huang-Lao (Lao Tsé). A profunda influência do taoismo no confucionismo pode ser vista em dizeres de Confúcio, tais como: “Aspire pelo Tao, alinhe-se com a virtude, siga a benevolência e mergulhe nas artes” e “Se alguém ouve o Tao pela manhã, pode morrer sem remorsos à noite”. [9] O Livro das Mutações (I Ching), um registro do Céu e da Terra, do yin e yang, das alterações cósmicas, do apogeu e declínio social e das leis da vida humana, foi considerado pelos estudiosos do confucionismo como “o número um entre os clássicos chineses”. O poder profético do livro ultrapassou de longe o que a ciência moderna pode conceber. Somado ao taoismo, confucionismo e budismo, especialmente o Zen budismo, exerceu uma sutil, porém profunda, influência nos intelectuais chineses.

O confucionismo é a parte da cultura tradicional chinesa que enfocou “entrar no mundo mundano”. Ele enfatizou a ética baseada na família, em que a piedade filial exercia um papel extremamente importante, ensinando que “toda bondade começa com a piedade filial”. Confúcio defendeu “benevolência, retidão, decoro, sabedoria e fé”, mas também disse: “Não são a piedade filial e o amor fraternal as raízes da benevolência?”

A ética baseada na família pode naturalmente ser estendida para guiar a moralidade social. A piedade filial pode se estender à lealdade dos subordinados ao monarca. Diz-se que: “Raramente uma pessoa que cultive a piedade filial e o amor fraternal será capaz de ofender os que estão acima”. [10] O amor fraternal é a relação entre irmãos e pode se transformar em retidão e justiça entre amigos. Os confucionistas ensinam que, na família, um pai deve ser bom, um filho afetuoso, um irmão mais velho, amigo e um irmão mais novo, respeitoso. Aqui, a bondade paternal pode se transformar na benevolência do governante a seus subordinados. Enquanto as tradições de uma família puderem ser mantidas, a moralidade social naturalmente será sustentada. “Cultivar a si mesmo, ordenar a família, governar o Estado de forma correta e fazer todo o reino tranquilo e feliz”. [11]

O budismo e o taoismo são partes da cultura chinesa que enfocaram “deixar o mundo mundano”. As influências do budismo e do taoismo podem ser encontradas em todos os aspectos da vida das pessoas comuns. As práticas profundamente enraizadas no taoismo incluem a medicina chinesa, qigong, geomancia, feng shui e adivinhação. Essas práticas, bem como as concepções budistas de um reino celeste e do inferno, a recompensa cármica do bom e a retribuição do mal, aliados à ética confucionista, formaram o centro da cultura tradicional chinesa.

As crenças do confucionismo, budismo e taoismo ofereceram ao povo chinês um sistema moral muito estável, imutável “enquanto houver o Céu”. [12] Esse sistema ético proporcionou as bases para sustentabilidade, paz e harmonia da sociedade.

A moralidade pertence ao reino espiritual; assim, ela é sempre conceitual. A cultura expressa esse tipo de sistema moral abstrato em linguagem que pode ser comumente entendida.

Tomemos os “Quatro Clássicos Chineses”, os quatro mais renomados romances na cultura chinesa, como exemplos. Jornada ao Oeste [13] é uma história mística. O Sonho da Câmara Vermelha [14] começa com um diálogo entre uma pedra espiritual e a Divindade do Espaço Infinito e o Tao do Tempo Sem Limite no Penhasco Sem Fundo da Grande Montanha do Desperdício – esse diálogo oferece pistas sobre o drama humano que se desenvolve no romance. Margem da Água [15] começa com um conto  sobre como o primeiro-ministro Hong, encarregado dos assuntos militares, que acidentalmente liberta 108 demônios. Essa lenda explica a origem dos “108 foras da lei militantes de proezas”. Três Reinos [16] começa com um aviso celestial sobre um desastre e acaba com a inescapável conclusão da vontade de Deus: “Os assuntos do mundo correm como a incessante correnteza de um rio; um destino narrado pelo Céu, infinito em seu alcance, condena a todos”. Outras histórias muito conhecidas, tais como O Romance de Zhou do Leste [17] e A História Completa de Yue Fei [18], todas começam com lendas similares.

Esse uso dos mitos pelos novelistas não foi uma coincidência, mas uma reflexão da filosofia básica dos intelectuais chineses em relação à natureza e à humanidade. Essas novelas tiveram uma profunda influência na mente chinesa. Quando se fala em “retidão”, as pessoas pensam em Guan Yu (160-219 d.C.), dos Três Reinos, mais do que no próprio conceito: pensam em como a retidão dele com relação aos amigos transcendeu as nuvens e alcançou o Céu; como sua imutável lealdade a seu superior e irmão de juramento Liu Bei ganhou o respeito até de seus inimigos; como sua coragem nas batalhas prevaleceu na situação mais perigosa, em sua derrota final na batalha perto da Cidade de Mai; e, finalmente, sua conversa, como uma divindade, com seu filho. Quando se fala de “lealdade”, o povo chinês naturalmente pensa em Yue Fei (1103-1141 d.C.), um general da Dinastia Song, que serviu a seu país com lealdade e integridade sem limites, e Zhuge Liang (181-234 d.C.), primeiro-ministro do Estado de Shu, durante o período dos Três Reinos, que “deu tudo de si até seu coração parar de bater”.

A cultura chinesa de elogio à lealdade e à retidão foi totalmente elaborada nas histórias coloridas desses autores. Os princípios morais abstratos que eles defenderam foram individualizados e incorporados em expressões culturais.

O taoismo enfatiza a verdade. O budismo enfatiza a compaixão. E o confucionismo valoriza a lealdade, a tolerância, a benevolência e a retidão. “Enquanto suas formas diferem, seus objetivos são os mesmos… todos eles inspiram o povo a retornar à bondade.” [19] Esses são os aspectos mais valiosos da cultura tradicional chinesa, baseada nas crenças do confucionismo, budismo e taoismo.

A cultura tradicional chinesa é preenchida com conceitos e princípios como Céu, Tao, Deus, Buda, destino, predestinação, benevolência, retidão, decência, sabedoria, fidelidade, honestidade, vergonha, lealdade, piedade, dignidade – e assim por diante. Muitos chineses podem não ser cultos, mas ainda assim estão familiarizados com peças e óperas tradicionais. Essas formas culturais foram um importante meio para a pessoa comum aprender valores morais tradicionais. Entretanto, a destruição da cultura tradicional chinesa pelo Partido Comunista Chinês é um ataque direto à moralidade chinesa e debilita a base para a paz e a harmonia na sociedade.

A maligna teoria comunista se opõe à cultura tradicional

A “filosofia” do Partido Comunista contradiz completamente a autêntica cultura tradicional chinesa. A cultura tradicional respeita o mandado do Céu, conforme Confúcio disse uma vez: “A vida e a morte são predestinadas e a riqueza e a posição social são determinados pelo Céu.” [20] Tanto o budismo como o taoismo são doutrinas que acreditam no divino, na reencarnação, no ciclo de vida e morte e na causalidade cármica do bem e do mal. O Partido Comunista, ao contrário, não somente é ateu, como também promove o caos em desafio ao Tao, violando os princípios celestes. O confucionismo valoriza a família, mas o Manifesto Comunista claramente promove a abolição da família. A cultura tradicional diferencia o chinês do estrangeiro, mas o Manifesto Comunista advoga o fim da nacionalidade. A cultura confucionista exalta a bondade ao próximo, mas o Partido Comunista estimula a luta de classes. A cultura confucionista defende a lealdade ao monarca e o amor pela nação. O Manifesto Comunista encoraja a eliminação de nações.

Para conseguir e manter o poder na China, o Partido Comunista primeiro teve de plantar em solo chinês seus pensamentos imorais. Mao Tsé-Tung proclamou: “Se quisermos derrubar uma autoridade, temos primeiro de fazer propaganda e trabalhar no nível ideológico”. [21] O Partido Comunista Chinês percebeu que a violenta teoria comunista, que é sustentada pelas armas, é o refugo dos pensamentos ocidentais e não podia colocar-se de pé diante da profunda história cultural de cinco mil anos da China. “Um centavo para entrar, um milhão para sair”. Assim, o Partido Comunista Chinês destruiu completamente a cultura tradicional chinesa, de forma que o marxismo e o leninismo pudessem subir ao palco político na China.

A cultura tradicional é um obstáculo para a ditadura do Partido Comunista Chinês

Mao Tsé-Tung disse, certa vez, de forma categórica, que ele não seguia nem o Tao nem o Céu. [22] Sem dúvida, a cultura tradicional chinesa se interpunha como um enorme obstáculo ao desafio do Partido Comunista Chinês ao Tao e à sua luta contra o Céu.

A lealdade à cultura tradicional chinesa não significa devoção cega. Aos olhos do povo, o imperador é um “filho do Céu”, com o céu acima dele. O imperador pode não estar certo o tempo todo. Portanto, existe a necessidade dos observadores apontarem os erros do imperador o tempo todo. O sistema de crônica chinês tinha historiadores que recordavam todas as palavras e feitos do imperador. Oficiais eruditos podiam se tornar professores para seus sábios reis e o comportamento do imperador era julgado pelos clássicos confucionistas. Se o imperador era imoral, não iluminado pelo Tao, as pessoas podiam se levantar e destroná-lo, como aconteceu quando Chengtang atacou Jie, ou no caso da remoção de Zhou pelo Rei Wu. [23] Essas manifestações, julgadas pela cultura tradicional, não foram consideradas violações da lealdade ou do Tao. Ao contrário, foram vistas como um fortalecimento do Tao em nome do Céu. Quando Wen Tianxiang (1236-1283 d.C.) [24], um conhecido comandante militar na Dinastia Song, foi feito prisioneiro, ele se recusou a se render aos invasores mongóis mesmo quando o imperador tentou persuadi-lo. Isso porque, como um confucionista, ele acreditava que: “O povo é de suprema importância; a nação vem depois; e por último o governante”. [25]

O ditatorial Partido Comunista Chinês não poderia de forma alguma aceitar crenças como essas. O Partido Comunista Chinês quis canonizar seus próprios líderes e promover um culto à personalidade, então, não poderia aceitar conceitos enraizados há muito tempo, como Céu, Tao e Deus governando do alto. O Partido Comunista Chinês estava ciente de que o que fazia era considerado o mais abominável e o maior crime contra o Céu e o Tao se mensurado pelos padrões da cultura tradicional. Eles estavam cientes de que, enquanto existisse a cultura tradicional, o povo não poderia considerar o Partido Comunista Chinês “grande, glorioso, e correto”. Intelectuais continuariam a tradição de “arriscar a própria vida para advertir o monarca”, de “manter a justiça ao preço da própria vida” [26] e de colocar o povo acima dos governantes. Dessa forma, o povo não se tornaria uma marionete do Partido Comunista Chinês e o PCCh não poderia forçar a conformidade no pensamento das massas.

O respeito da cultura tradicional pelo Céu, pela Terra e pela natureza se tornou um obstáculo na “batalha contra a natureza” do Partido Comunista Chinês e no seu esforço de “alterar o Céu e a Terra”. A cultura tradicional dá muito valor à vida humana, ensinando que “qualquer situação que envolva a vida humana deve ser tratada com o máximo cuidado”. Esse tipo de percepção atrapalharia os genocídios em massa do Partido Comunista Chinês e seu regime do terror. Os elevados padrões morais da cultura tradicional do “Tao celestial” dificultaram a manipulação dos princípios morais do Partido Comunista Chinês. Por essas razões, o Partido Comunista Chinês fez da cultura tradicional uma inimiga, na tentativa de reforçar seu controle.

A cultura tradicional desafia a legitimidade do regime do Partido Comunista Chinês

A cultura tradicional chinesa acredita em Deus e no mandado do Céu. Aceitar o mandado do Céu significa que os governantes têm de ser sábios, seguirem o Tao e se harmonizarem ao destino. Aceitar a crença em Deus significa aceitar que a autoridade sobre a humanidade reside no Céu.

O princípio de governo do Partido Comunista Chinês está resumido em: “Nunca mais as correntes da tradição nos prenderão, levantem-se trabalhadores não mais em servidão. A terra se erguerá sobre novas fundações; nós não somos nada, nós seremos tudo”. [27]

O Partido Comunista Chinês promove o materialismo histórico, clamando que o comunismo é um paraíso terrestre cujo caminho é traçado pela vanguarda proletária – pelo Partido Comunista. Dessa forma, a crença em Deus desafia diretamente a legitimidade do regime do Partido Comunista Chinês.

II. Como o Partido Comunista sabota a cultura tradicional

Tudo o que o Partido Comunista Chinês faz tem um propósito político. Para obter, manter e consolidar a sua tirania, o Partido Comunista Chinês precisa substituir a natureza humana pela natureza maligna do Partido; e substituir a cultura tradicional chinesa pela cultura do Partido de “falsidade, perversidade e violência”. Essa destruição e substituição incluem as relíquias culturais, locais históricos e livros antigos, que são tangíveis, assim como coisas intangíveis, como a visão tradicional sobre a moralidade, a vida e o mundo. Todos os aspectos da vida das pessoas estão envolvidos, incluindo seus atos, pensamentos e estilos de vida. Ao mesmo tempo, o Partido Comunista Chinês considera manifestações culturais insignificantes e superficiais como a “essência”, mantendo-as, e, depois, coloca essa “essência” como fachada. O Partido mantém as aparências da tradição enquanto substitui a tradição verdadeira pela cultura do Partido. Aí, então, ele engana o povo e a sociedade internacional por trás da fachada de estar “continuando e desenvolvendo” a cultura tradicional chinesa.

A extinção simultânea das três religiões

Pelo fato de a cultura tradicional ter suas raízes no confucionismo, budismo e taoismo, o primeiro passo do Partido Comunista Chinês para destruir a cultura tradicional foi extinguir a manifestação dos princípios divinos no mundo humano, erradicando as três religiões correspondentes a eles.

As três religiões mais importantes, confucionismo, budismo e taoismo, se depararam com destruição em diferentes períodos históricos. Tomemos o budismo como exemplo. Ele sofreu quatro grandes tribulações na história, as quais são historicamente conhecidas como a perseguição aos devotos budistas por quatro imperadores chineses “Três Wu e um Zong”. O Imperador Taiwu [28] da Dinastia Wei do Norte (386-534 d.C.) e o Imperador Wuzong [29] da Dinastia Tang (618- 907 d.C.), ambos tentaram extinguir o budismo para que o taoismo prevalecesse. O Imperador Wu [30] da Dinastia Zhou do Norte (557-581 d.C.) tentou extinguir o budismo e o taoismo juntos, mas venerava o confucionismo. O Imperador Shizong [31] da Dinastia Zhou (951-960 d.C.) tentou extinguir o budismo meramente para usar as estátuas do Buda para cunhar moedas, mas não tocou nem no taoismo nem no confucionismo.

O Partido Comunista Chinês é o único regime que extinguiu as três religiões simultaneamente.

Logo depois que o Partido Comunista Chinês estabeleceu um governo, ele começou a destruir templos, queimar escrituras e forçar monges e monjas budistas a retornarem à vida secular. Ele também não foi menos brando em destruir outros centros religiosos. Nos anos de 1960, restavam muitos poucos locais religiosos na China. A Revolução Cultural trouxe ainda maiores catástrofes religiosas e culturais na campanha de “Erradicação dos Quatro Velhos” [32], isto é, as velhas ideias, a velha cultura, os velhos costumes e os velhos hábitos.

Por exemplo, o primeiro templo budista na China foi o Templo do Cavalo Branco (Templo Bai Ma) [33], construído no início da Dinastia Han do Leste (25-220 d.C.), fora da cidade de Luoyang, província de Henan. Ele é considerado “o berço do budismo na China” e “o lar do fundador”. Durante a “Erradicação dos Quatro Velhos”, o Templo do Cavalo Branco, evidentemente, não pôde escapar da pilhagem.

“Havia uma brigada no Templo do Cavalo Branco perto do templo. O secretário de uma agência do Partido liderou camponeses para destruírem o templo em nome da ‘revolução’. Cerca de mil estátuas de barro dos Dezoito Arhats construídas na Dinastia Liao (916-1125 d.C.) foram destruídas. A escritura Beiye [34], que um famoso monge indiano trouxe para a China há dois mil anos, foi queimada. Um tesouro único, o Cavalo de Jade, foi esmigalhado em pedaços. Muitos anos depois, o Rei do Camboja no exílio, Norodom Sihanouk, fez um pedido especial para homenagear o Templo do Cavalo Branco. Zhou Enlai, o primeiro-ministro da China na época, apressadamente ordenou que transportassem para Luoyang a escritura Beiye guardada no Palácio Imperial em Pequim e as estátuas dos dezoito Arhats construídas na Dinastia Qing do Templo das Nuvens Violetas (Templo Biyun), localizado no Parque Xiangshan [35], nos subúrbios de Pequim. Com essa reposição falsa, uma dificuldade diplomática ficou ‘resolvida’”. [36]

A Revolução Cultural começou em maio de 1966. Ela foi de fato um “revolucionar” da cultura chinesa de uma forma destrutiva. Começando em agosto de 1966, o fogo violento da “Erradicação dos Quatro Velhos” queimou toda a China. Considerados como coisas do “feudalismo, capitalismo e revisionismo”, os templos budistas e taoistas, estátuas de Buda, locais históricos, caligrafias, pinturas e antiguidades se tornaram os principais alvos a serem destruídos pela Guarda Vermelha [37]. Tomemos como exemplo as estátuas de Buda. No topo da Montanha da Longevidade, no Palácio de Verão [38] em Pequim, há mil estátuas coloridas de Buda, com relevo cristalizado. Depois da “Erradicação dos Quatro Velhos”, todas foram danificadas. Nenhuma delas tem mais os cinco órgãos sensoriais.

Assim foi na capital e o mesmo aconteceu pelo restante do país. Até os locais mais remotos não escaparam.

“Há um Templo Tiantai no distrito de Dai, na província de Shanxi. Ele foi construído no tempo de Taiyan no período da Dinastia Wei do Norte há 1.600 anos e tinha estátuas preciosas e afrescos. Embora situado em uma colina lateral a certa distância dos assentamentos do condado, as pessoas que participaram na ‘Erradicação dos Quatro Velhos’ ignoraram as dificuldades e fizeram uma varredura nas estátuas e nos afrescos de lá. O Templo Lougan [39], onde Lao Tsé discursou e deixou o famoso Tao-te Ching, há 2.500 anos, está situado no distrito de Zhouzhi, na província de Shaanxi. Em torno da plataforma em que Lao Tsé discursou, em um raio de 10 li [40], há mais de 50 sítios históricos, incluindo o Templo Venerando o Sábio (Zongsheng Gong) que o imperador Tang Gaozu Li Yuan [41] construiu há mais de 1.300 anos em respeito a Lao Tsé. Agora, o Templo Lougan e outros locais históricos estão destruídos e todos os sacerdotes taoistas foram obrigados a sair. De acordo com o cânone taoista, uma vez que alguém se torna um sacerdote taoista, ele não pode mais se barbear nem cortar os cabelos. Entretanto, os sacerdotes taoistas, hoje, são obrigados a cortar o cabelo, tirar seus mantos taoistas e se tornar membros das comunas populares. [42] Alguns deles se casaram com as filhas dos camponeses locais e se tornaram seus genros. … Nos locais sagrados do taoismo, na Montanha Laoshan, na província de Shandong, o Templo da Paz Suprema, o Templo da Mais Alta Iluminação, o Templo da Suprema Iluminação, o Templo Doumu, o Convento Huayan, o Templo Ningzhen, o Templo de Guan Yu, ‘as estátuas do divino, os recipientes sacrificiais, os pergaminhos dos sutras budistas, as relíquias culturais, e as placas dos templos foram todos esmagados e queimados’. … O Templo da Literatura na província de Jilin é um dos quatro famosos templos do confucionismo na China. Durante a ‘Erradicação dos Quatro Velhos’, ele foi severamente danificado.” [43]

Uma forma especial de destruir religiões

Lênin disse uma vez: “A forma mais fácil de tomar uma fortaleza é partir de dentro dela”. Como descendentes do marxismo-leninismo, o Partido Comunista Chinês natural e tacitamente entende isso.

No “Sutra Mahayana Mahaparinirvana”, [44] Buda Sakyamuni previu que depois do seu nirvana, demônios reencarnariam como monges, monjas e estudiosos budistas para subverter o darma. É claro que não podemos saber exatamente ao que Buda Sakyamuni estava se referindo. Entretanto, a destruição do budismo pelo Partido Comunista Chinês realmente começou com a formação de uma “frente unida” com alguns budistas. Eles até mesmo enviaram membros do Partido Comunista para se infiltrar diretamente na religião e subvertê-la a partir de dentro. Em uma sessão de luta durante a Revolução Cultural, alguém questionou a Zhao Puchu, vice-presidente da Associação Budista da China na ocasião: “Você é um membro do Partido Comunista, por que você acredita no budismo?”

Buda Sakyamuni alcançou a iluminação suprema e completa mediante “preceito, concentração, sabedoria”. Antes de seu nirvana, ele instruiu seus discípulos: “Sustentem e observem os Preceitos. Não os deixem nem os violem”. Ele também preveniu: “As pessoas que violam os Preceitos são desprezadas pelo Céu, pelos dragões, pelos fantasmas e pelo divino. Sua má reputação se espalha distante e amplamente… Quando suas vidas terminam, elas sofrerão no inferno por seus carmas e encontrarão sua inexorável sentença. Então, elas sairão. E continuarão a sofrer carregando o corpo de fantasmas e animais famintos. Elas sofrerão sem alívio em um círculo sem fim como esse”. [45]

Os monges budistas políticos fizeram-se surdos aos avisos de Buda. Em 1952, o Partido Comunista Chinês mandou representantes para assistir à reunião inaugural da Associação Budista da China. Na reunião, muitos budistas da associação propuseram abolir os preceitos budistas. Eles alegavam que essas disciplinas tinham causado a morte de muitos jovens homens e mulheres. Algumas pessoas até defendiam que: “as pessoas deveriam ser livres para acreditar em qualquer religião. Deveria também haver liberdade para os monges e monjas se casarem, beberem álcool e comerem carne. Ninguém deveria interferir nisso”. Naquela época, o Mestre Xuyun estava na reunião e viu que o budismo estava se defrontando e correndo o risco de se extinguir na China. Ele deu um passo à frente, opondo-se às propostas e apelando para a preservação dos preceitos e dos trajes budistas. Mestre Xuyun foi, então, caluniado e rotulado de “contrarrevolucionário”. Ele foi detido no quarto do abade e proibido de comer e beber. Ele não tinha permissão para sair do quarto nem mesmo para usar o banheiro. Ele também foi obrigado a entregar ouro, prata e armas de fogo. Quando Xuyun respondeu que não tinha nada daquilo, ele foi espancado tão severamente que seu crânio foi fraturado e sangrou e suas costelas foram quebradas. Xuyun tinha 112 anos na época. A polícia militar o tirou da cama e o jogou no chão. Quando eles voltaram no dia seguinte e encontraram Xuyun ainda vivo, eles novamente o espancaram brutalmente.

A Associação Budista da China, fundada em 1952, e a Associação Taoista da China, fundada em 1957, ambas claramente declararam em seus estatutos de fundação que estariam “sob a liderança do governo popular”. Na verdade, eles estariam sob a liderança do ateísta Partido Comunista Chinês. Ambas as associações indicaram que participariam ativamente das atividades de produção e construção e que executariam as políticas do governo. Elas foram transformadas em organizações completamente mundanas. Porém, os budistas e taoistas devotos e que seguiam os preceitos foram rotulados como contrarrevolucionários ou membros de seitas supersticiosas e sociedades secretas. Sob o slogan revolucionário “purificando os budistas e taoistas”, eles foram presos, forçados a “se reformar por meio do trabalho” ou até mesmo foram executados. Até as religiões oriundas do Ocidente, como o cristianismo e o catolicismo, não foram poupadas.

“Com base nas estatísticas do livro ‘Como o Partido Comunista Persegue os Cristãos’, publicado em 1958, mesmo o limitado número de documentos que foram tornados públicos revelam que, entre os clérigos considerados ‘proprietários de terra’ ou ‘tiranos locais’, uma quantidade surpreendente de 8.840 foram mortos e 39.200 foram enviados para campos de trabalho. Entre os clérigos considerados como ‘contrarrevolucionários’, 2.450 foram mortos e 24.800 enviados para campos de trabalho”. [46]

As religiões são uma forma das pessoas saírem do mundo secular e se cultivarem. Elas dão ênfase à “outra margem” (o lugar da perfeita iluminação) e ao “Céu”. Sakyamuni era um príncipe indiano. Para procurar mukti, [47] um estado no qual a pessoa obtém paz mental, sabedoria superior, iluminação total e nirvana, [48] ele abriu mão do trono e foi para uma floresta na montanha para cultivar em meio à vivência de tribulações e dificuldades. Antes de Jesus se tornar iluminado, o diabo o trouxe para o alto de uma montanha, mostrou a ele todos os reinos do mundo em todo seu esplendor. O diabo disse: “Se você me reverenciar e me adorar, eu lhe darei todas essas coisas”. Mas Jesus não se deixou seduzir. Porém, os monges e pastores políticos que formaram as “frentes unidas” com o Partido Comunista Chinês criaram uma série de farsas e mentiras do tipo “budismo do mundo humano” e “a religião é a verdade, assim como é o socialismo”. Eles alegavam que, “não há contradição entre esta margem e a outra margem”. Eles encorajavam os budistas e os taoistas a perseguirem a felicidade, a glória, o esplendor, a riqueza e a posição social nesta vida – e mudaram as doutrinas religiosas e seus significados.

O budismo proíbe matar. O Partido Comunista Chinês matou pessoas como moscas durante a “supressão aos contrarrevolucionários”. [49] Os monges políticos, por causa disso, formularam a justificativa de que “matar os contrarrevolucionários é uma compaixão ainda maior”. Durante a “Guerra para Resistir à Agressão dos EUA e Ajudar a Coreia” (1950-1953) [50], os monges foram até mandados diretamente para a linha de frente para matar.

Tomemos o cristianismo como outro exemplo. Em 1950, Wu Yaozong [51] formou a Igreja dos “Três-Autos”, que seguia os princípios da auto-administração, autossustentação e autopropagação. Ele alegava que estariam se libertando do “imperialismo” e ativamente aderiram à “Guerra para Resistir à Agressão dos EUA e Ajudar a Coreia”. Um bom amigo dele foi feito prisioneiro durante 20 anos por ter recusado se juntar aos Três-Autos e sofreu todos os tipos de torturas e humilhações. Quando tal amigo perguntou a Wu Yaozong: “Como você considera os milagres realizados por Jesus?” Wu respondeu: “Eu descartei todos eles”.

Não reconhecer os milagres de Jesus equivale a não reconhecer o Céu de Jesus. Como alguém pode ser considerado cristão se ele nem reconhece o Céu para o qual Jesus ascendeu? Entretanto, o fundador da igreja dos “Três-Autos”, Wu Yao Rong, tornou- se um membro do comitê permanente da Conferência Consultiva Política. Quando ele subiu ao Grande Salão do Povo [52], ele deve ter esquecido completamente as palavras de Jesus. “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Esse é o grande e primeiro mandamento”. (Mateus, 22:37-38) “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (Mateus, 22:21)

“O Partido Comunista Chinês confiscou a propriedade do templo, forçou os monges e monjas a estudarem o marxismo-leninismo para fazer lavagem cerebral neles e os forçou ao trabalho. Por exemplo, em uma ‘oficina Budista’ realizada na cidade de Ningbo, província de Zhejiang, cerca de 25 mil monges e monjas foram forçados, na ocasião, a trabalhar no local. O que é mais absurdo é que o Partido Comunista Chinês encorajava os monges e monjas a se casarem para desintegrar o budismo. Por exemplo, exatamente antes do Dia da Mulher, em 8 de março de 1951, a Federação Feminina na cidade de Changsha, província de Hunan, ordenou que todas as monjas da província decidissem se casar em poucos dias. Além disso, os monges jovens e saudáveis foram forçados a ingressar no exército e enviados aos campos de batalha para servir como bucha de canhão!” [53]

Vários grupos religiosos na China se desintegraram com a violenta supressão do Partido Comunista Chinês. As elites genuínas do budismo e do taoismo foram exterminadas. Entre os que ficaram, muitos voltaram à vida secular e muitos outros se tornaram secretamente membros do Partido Comunista, vestindo a “kesa” [54], trajes taoistas ou longas becas de pastor para distorcerem as escrituras budistas, o cânone taoista e a bíblia cristã, especializando-se em procurar nessas doutrinas justificativas para os movimentos do Partido Comunista Chinês.

Destruição de relíquias culturais

A perda das relíquias culturais é uma parte importante da destruição da cultura tradicional conduzida pelo Partido Comunista Chinês.

Na “Erradicação dos Quatro Velhos”, uma gama de livros, caligrafias e pinturas ímpares das coleções de intelectuais foi lançada às chamas ou retalhada e reduzida à polpa de papel. Zhang Bojun [55] tinha uma coleção familiar de mais de 10 mil livros. Os líderes da Guarda Vermelha usaram-nos para fazer fogo e se esquentar. O que restou foi enviado para fábricas de papel para ser retalhado e convertido em polpa de papel.

Hong Qiusheng, especialista em caligrafia e restaurador de pinturas, era um senhor idoso conhecido como ‘doutor milagre’ em caligrafias e pinturas antigas. Ele havia recuperado incontáveis obras primas, tais como a paisagem da Canção do Imperador Huizong [56], a pintura de bambu de Su Dongpo [57] e as pinturas de Wen Zhengming [58] e Tang Bohu [59]. Durante muitas décadas, a maioria das centenas de caligrafias e pinturas antigas que foi recuperada por ele se tornou coleção nacional de primeira ordem. As caligrafias e pinturas que ele não poupou esforços para colecionar foram rotuladas como “Quatro Velhos” e lançadas às chamas. Depois de tudo, o Sr. Hong disse chorando: “Cerca de 50 quilos de caligrafias e pinturas [60]; levou tempo para queimá-las!” [61]

“Enquanto os assuntos mundanos vêm e vão,

O antigo, o moderno, para cá e para lá,

Rios e montanhas são imutáveis em suas glórias

E ainda podem ser testemunhados por seus rastros. […]” [62]

Se o povo chinês de hoje ainda lembrasse um pouco de sua história, eles provavelmente se sentiriam diferentes ao recitarem esse poema de Meng Haoran. Os locais históricos de famosas montanhas e renomados rios foram arruinados e desapareceram na tormenta da “Erradicação dos Quatro Velhos”. Não somente o Pavilhão da Orquídea, onde Wang Xizhi [63] escreveu o famoso “Prólogo da coleção dos poemas escritos no Pavilhão da Orquídea”, [64] foi destruído, a própria sepultura de Wang Xizhi também foi destruída. A antiga residência de Wu Cheng’en [65] na província de Jiangsu foi demolida; a antiga residência de Wu Jingzi [66] na província de Anhui foi esmagada; a placa de pedra entalhada à mão por Su Dongpo, onde ele escreveu seu artigo “A cabana à margem da estrada do velho ébrio”, [67] foi arrancada pelos “jovens revolucionários” [68] e os caracteres na pedra foram raspados.

A essência da cultura chinesa foi herdada e se desenvolveu durante milhares de anos. Uma vez destruída, não pôde ser recuperada. Ainda assim, o Partido Comunista Chinês a destruiu barbaramente, sem desculpa ou vergonha, em nome da “revolução”. Quando, no passado, suspiramos pelo Antigo Palácio de Verão, conhecido como “palácio dos palácios”, queimado pelas Forças Aliadas Anglo-Francesas, quando suspiramos pelo monumental trabalho da Enciclopédia Yongle [69] destruído pelas chamas dos invasores da guerra, como poderíamos prever que a destruição causada pelo Partido Comunista Chinês tivesse um alcance tão mais amplo, duradouro e penetrante do que a destruição causada por qualquer outro invasor?

Destruição de crenças espirituais

Além da destruição das manifestações materiais da religião e da cultura, o Partido Comunista Chinês também utilizou ao máximo sua capacidade para destruir a identidade espiritual do povo formada pela fé e pela cultura.

Tomemos como exemplo o tratamento do Partido Comunista Chinês em relação às crenças étnicas. O Partido Comunista Chinês considerou as tradições do grupo muçulmano Hui parte dos “Quatro Velhos”; velhas ideias, velha cultura, velhos costumes e velhos hábitos. Por isso, ele obrigou os membros do grupo Hui a comer carne de porco. Os camponeses muçulmanos e as mesquitas eram obrigados a criar porcos, e, todo ano, cada casa tinha de fornecer dois porcos ao país. A Guarda Vermelha até mesmo forçou o segundo maior Buda tibetano vivo, o Lama Panchen, a comer excremento humano. Eles obrigaram três monges do Templo da Felicidade, localizado na cidade de Harbin, província de Heilongjiang, que é o maior templo budista construído nos tempos modernos (1921), a carregar um cartaz dizendo: “Para o inferno com os sutras, eles estão cheios de merda”.

Em 1971, Lin Biao, [70] o vice-presidente do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, tentou fugir da China, mas morreu quando seu avião caiu em Undurkhan, na Mongólia. Mais tarde, na residência de Lin, em Maojiawan, em Pequim, foram encontradas algumas citações de Confúcio. O Partido Comunista Chinês iniciou então um movimento frenético chamado “Criticando Confúcio”. Um escritor chamado Liang Xiao [71] publicou um artigo em A Bandeira Vermelha, uma revista de propaganda do Partido Comunista Chinês, intitulado “Quem é Confúcio?”. O artigo descrevia Confúcio como sendo “um louco e retrógrado que queria retardar a história” e “um demagogo perspicaz e enganador”. A isso se seguiu uma série de desenhos e canções maldizendo Confúcio.

Dessa forma, a dignidade e a santidade da religião e da cultura foram aniquiladas.

Destruição sem fim

Na antiga China, o governo central estendia sua administração somente até o nível dos condados, abaixo dos quais os clãs patriarcais mantinham controle autônomo. Assim, na história chinesa, as destruições – como a “queima de livros e o sepultamento dos estudiosos confucionistas” conduzidos pelo Imperador Qin Shihuang [72] na Dinastia Qin (221-207 a.C.) e as quatro campanhas para eliminar o budismo, entre os séculos quinto e décimo, chamadas de “Três Wu e um Zong” – foram impostas de cima para baixo e, provavelmente, não poderiam erradicar a cultura. Os clássicos e as ideias confucionistas e budistas continuaram a sobreviver em vastos espaços da sociedade. Ao contrário, a campanha “Erradicação dos Quatro Velhos” conduzida pelos jovens estudantes incitados pelo Partido Comunista Chinês foi um movimento que se alastrou em toda a nação com “entusiasmo espontâneo”. A extensão do Partido Comunista Chinês até as vilas, por meio dos ramos do Partido, controlou a sociedade tão estritamente que o movimento “revolucionário” do Partido Comunista Chinês se estendeu sem restrições e atingiu todas as pessoas em cada centímetro de terra na China.

Nunca na história, qualquer imperador erradicou das mentes das pessoas o que elas consideravam ser o mais bonito e o mais sagrado por meio do uso de propaganda caluniosa e desrespeito somados à violência da forma como faz o Partido Comunista Chinês. A eliminação da crença geralmente pode ser mais eficaz e duradoura do que a exclusiva destruição física.

Reformando intelectuais

Os caracteres chineses incorporam a essência de cinco mil anos de civilização. A forma e pronúncia de cada caractere e as alusões idiomáticas e literárias, compostas de combinações de caracteres, todas expressam profundos significados culturais. O Partido Comunista Chinês não somente simplificou os caracteres chineses como também tentou substituí-los pelo formato romanizado pinyin, o que removeria toda a tradição cultural da língua e dos caracteres chineses. O plano de substituição falhou, mas ainda assim trouxe enormes prejuízos para a língua chinesa. Entretanto, os intelectuais chineses que herdaram a mesma cultura tradicional não tiveram a sorte de serem poupados nesse movimento de destruição.

Antes de 1949, a China tinha cerca de dois milhões de intelectuais. Embora alguns tivessem estudado em países ocidentais, ainda conservavam ideias confucionistas. O Partido Comunista Chinês certamente não podia afrouxar seu controle sobre eles, porque, como membros da tradicional classe da “aristocracia-intelectual”, a forma de pensar deles desempenhava um papel importante na formação do pensamento das pessoas comuns.

Em setembro de 1951, o Partido Comunista Chinês iniciou um “movimento de reforma do pensamento” em larga escala, a começar pelos intelectuais na Universidade de Pequim, e requisitou a “organização de um movimento (entre os professores nas faculdades, nas escolas primárias e secundárias, e entre os estudantes universitários) para confessar suas histórias fiel e honestamente, “de forma a eliminar qualquer elemento contrarrevolucionário”. [73]

Mao Tsé-Tung nunca gostou de intelectuais. Ele dizia: “Eles [os intelectuais] pretendem estar a par da verdade sobre a qual, efetivamente, muitos chamados intelectuais são bastante ignorantes; e os trabalhadores e camponeses algumas vezes sabem mais do que eles”. [74] “Comparados aos trabalhadores e camponeses, os intelectuais não reformados não são limpos e, em última análise, os trabalhadores e camponeses são as pessoas mais limpas, mesmo que suas mãos estejam sujas e seus pés imundos com esterco de vaca…” [75].

A perseguição do Partido Comunista Chinês aos intelectuais começou com várias formas de acusações, indo desde a crítica a Wu Xun, em 1951 [76], de “dirigir escolas com dinheiro mendigado” até o ataque pessoal de Mao Tsé-Tung, em 1955, ao escritor Hu Feng [77], apontado, então, como contrarrevolucionário. No começo, os intelectuais não foram categorizados como uma classe reacionária, mas por volta de 1957, depois que muitos importantes grupos religiosos se renderam ao movimento da “frente unida”, o Partido Comunista Chinês pôde focar sua energia nos intelectuais. Foi lançado assim o movimento “antidireitista”.

No final de fevereiro de 1957, o Partido Comunista Chinês, alegando querer “deixar florir uma centena de flores e deixar concorrer uma centena de escolas de pensamento”, convocou os intelectuais a oferecerem sugestões e críticas ao Partido, prometendo que não haveria represália. Há muito tempo, esses intelectuais estavam insatisfeitos com a atuação do regime do Partido Comunista Chinês em várias áreas em que o Partido se mostrou sem conhecimento e preparo técnico, por sua matança de pessoas inocentes durante o movimento de “supressão dos contrarrevolucionários” (1950-1953) e pela “eliminação dos contrarrevolucionários” (1955-1957). Eles pensaram que o Partido Comunista Chinês finalmente havia se tornado aberto e tolerante. Assim, eles começaram a expressar seus verdadeiros sentimentos e suas críticas se tornaram mais e mais intensas.

Muitos anos depois, ainda há muita gente que acredita que Mao Tsé-Tung somente começou o ataque aos intelectuais depois que ficou impaciente com suas críticas excessivamente severas. A verdade, entretanto, é bem diferente.

Em 15 de maio de 1957, Mao Tsé-Tung escreveu um artigo intitulado “As coisas estão começando a mudar” e o distribuiu entre os altos funcionários do Partido Comunista Chinês. O artigo dizia: “Nos últimos anos, os direitistas […] têm demonstrado serem os mais determinados e mais furiosos. […] Os direitistas, que são anticomunistas, estão fazendo uma tentativa desesperadora de provocar um furacão de magnitude sete na China […] e estão muito inclinados a destruir o Partido Comunista”. [78] Depois disso, aqueles funcionários que tinham ficado indiferentes à campanha de “deixar florir uma centena de flores e deixar concorrer uma centena de escolas de pensamento”, subitamente ficaram entusiasmados e “determinados”. A filha de Zhang Bojun conta em suas memórias “O Passado não Desaparece como Fumaça”:

“Li Weihan, ministro do Departamento do Trabalho da Frente Unida, chamou pessoalmente Zhang Bojun para convidá-lo a uma reunião de retificação, em que ele pudesse opinar sobre o Partido Comunista Chinês. Foi arranjado que Zhang se sentasse em um sofá na primeira fila. Não sabendo se tratar de uma armadilha, Zhang expôs suas críticas ao Partido Comunista Chinês. Durante todo o transcorrer da reunião, ‘Li Weihan pareceu estar relaxado. Zhang provavelmente pensou que Li concordava com o que ele dizia. Ele não sabia que Li estava satisfeito em ver a sua vítima cair na armadilha’. Depois da reunião, Zhang foi considerado como o direitista número um na China.”

Podemos citar uma série de datas em 1957 que marcaram as propostas ou discursos de intelectuais fazendo críticas e oferecendo sugestões: em 21 de maio, “Instituto de Modelo Político”, de Zhang Bojun; em 22 de maio, “Absurdos Enfoques Antissoviéticos”, de Long Yun; em 30 de maio, “Criticando o socialismo feudal do Partido Comunista Chinês”, de Lin Xiling, na Universidade de Pequim; em 31 de maio, “O Partido deveria parar de conduzir as artes”, de Wu Zuguang; em 1º de junho, “O Partido domina o mundo”, de Chu Anping. Todas essas propostas e discursos foram convidados e oferecidos depois que Mao Tsé-Tung já havia afiado suas facas de açougueiro.

Como era previsível, todos esses intelectuais foram, mais tarde, qualificados como direitistas. Havia mais de 550 mil tais “direitistas” em toda a nação.

A tradição chinesa diz que “estudiosos podem ser mortos, mas não podem ser humilhados”. O Partido Comunista Chinês foi capaz de humilhar intelectuais negando-lhes o direito de sobreviver e até incriminando suas famílias a menos que elas aceitassem a humilhação. Muitos intelectuais se renderam. Durante essa fase, alguns deles diziam aos outros para se salvarem, o que sensibilizou muita gente. Aqueles que não se submeteram às humilhações foram mortos, servindo de exemplo para aterrorizar outros intelectuais.

A tradicional “classe erudita”, exemplo da moralidade social, foi assim destruída.

Mao Tsé-Tung disse:

“Sobre o que o Imperador Qin Shihuang pode fazer alarde? Ele matou somente 460 estudiosos de Confúcio, mas nós matamos 46 mil intelectuais. Em nossa supressão aos contrarrevolucionários, nós também não matamos alguns intelectuais contrarrevolucionários? Eu argumentei com os pró-democratas que nos acusaram de estarmos agindo como o Imperador Qin Shihuang. Eu disse que estão errados. Nós o ultrapassamos em uma centena de vezes.” [79]

Na verdade, Mao fez mais do que matar os intelectuais, foi muito mais grave, ele destruiu seus espíritos e seus corações.

Criando a fachada de cultura por meio da ação de manter o semblante da tradição, mas substituindo seu conteúdo

Depois que o Partido Comunista Chinês adotou a reforma econômica e uma política de abertura, ele reformou muitas igrejas bem como templos budistas e taoistas. Ele também organizou algumas feiras de exibições de templos, tanto na China como no exterior. Esse foi o último esforço do Partido Comunista Chinês para usar e destruir o restante da cultura tradicional. Havia duas razões para o Partido Comunista Chinês fazer isso. Por um lado, a bondade inerente na natureza humana, que o Partido Comunista Chinês provavelmente não pode erradicar, levará à destruição da “cultura do Partido”. Por outro lado, o Partido Comunista Chinês pretende usar a cultura tradicional para maquiar a [verdadeira] face do Partido, encobrindo sua natureza maligna de “falsidade, perversão e violência”.

A essência da cultura reside em sua profunda conotação moral, enquanto que as formas superficiais só servem como entretenimento. Para encobrir seu propósito de destruir a moralidade, o Partido Comunista Chinês restaurou os elementos superficiais da cultura, os quais servem de entretenimento. Não importa quantas exibições de arte e caligrafia ou festivais culturais com apresentações de danças de dragões e leões o Partido Comunista Chinês organizou, quantos festivais de comida ofereceu ou quanta arquitetura clássica construiu, o Partido está simplesmente restaurando a aparência superficial, mas não a essência da cultura. Enquanto isso, o Partido Comunista Chinês promove apresentações culturais tanto dentro como fora da China, basicamente com o único propósito de manter o poder político.

Mais uma vez, os templos são um exemplo. Os templos foram feitos para as pessoas cultivarem, ouvirem os sinos pela manhã e os tambores ao cair do sol, adorarem o Buda sob as lâmpadas a óleo. As pessoas na sociedade humana comum também podem se confessar e praticar a adoração lá. O cultivo exige um coração puro que não persegue nada. A confissão e a adoração também exigem um ambiente sério e solene. Entretanto, os templos se tornaram locais turísticos com o objetivo de fazer dinheiro. Entre as pessoas que visitam os templos na China hoje, quantas delas vieram para reparar seus erros com um coração sincero e de respeito ao Buda, logo após tomarem banho e trocarem suas roupas?

Restaurar a aparência, mas destruir o significado profundo da cultura tradicional é a tática que o Partido Comunista Chinês adotou para semear a confusão no espírito das pessoas. Seja o budismo, outras religiões ou formas culturais derivadas, o Partido Comunista Chinês deliberadamente as degradou dessa forma.

III. A cultura do Partido

Enquanto o Partido Comunista Chinês destruía a cultura tradicional semidivina, ele silenciosamente estabeleceu sua própria “cultura do Partido” mediante contínuos movimentos políticos. A cultura do Partido transformou a geração mais velha, envenenou a geração mais nova e também teve impacto nas crianças. Sua influência foi extremamente ampla e profunda. Mesmo quando muitas pessoas tentavam expor a maldade do Partido Comunista Chinês, elas não podiam evitar os paradigmas erigidos pelo Partido Comunista Chinês, sua forma de julgar o bom e o mau, de analisar as coisas e seu vocabulário, o que inevitavelmente carregava a marca da cultura do Partido.

A cultura do Partido não somente herdou a essência maligna da recém-nascida cultura marxista-leninista, mas também habilmente combinou todos os elementos negativos de milhares de anos da cultura chinesa com sua revolução violenta e filosofia de luta da propaganda do Partido. Esses componentes negativos incluem a luta interna pelo poder dentro da família real, a formação de grupos para perseguir interesses pessoais, a utilização de artifícios e armações políticas para fazer os outros sofrerem, táticas sujas e conspirações. Durante a luta pela sobrevivência do Partido Comunista Chinês nas últimas décadas, sua característica de “falsidade, perversão e violência” foi enriquecida, amadurecida e levada adiante.

O despotismo e a ditadura são a natureza da cultura do Partido. Essa cultura serve à luta política e à luta de classes do Partido. Observando-se quatro aspectos, pode-se entender como é formado o ambiente “humanístico” do Partido marcado pelo terror e pelo despotismo.

O aspecto de dominação e controle

  1. Uma cultura de segregação

A cultura do Partido Comunista é um monopólio segregado sem liberdade de pensamento, expressão, associação ou crença. O mecanismo de dominação do Partido é semelhante a um sistema hidráulico, que depende de alta pressão e isolamento para manter seu estado de controle. Um mínimo vazamento poderia causar o colapso do sistema. Por exemplo, o Partido recusou dialogar com os estudantes durante o movimento estudantil de 4 de junho, [80] temendo que, se essa fenda vazasse, os trabalhadores, camponeses, intelectuais e militares também exigissem dialogar. Consequentemente, a China finalmente poderia estar se dirigindo para a democracia e a ditadura de partido único estaria desafiada. Por isso, eles escolheram cometer assassinatos ao invés de atender ao pedido dos estudantes. Hoje, o Partido Comunista Chinês emprega dezenas de milhares de “policiais cibernéticos” para monitorar a internet e bloquear diretamente qualquer website de que o Partido não goste.

  1. Uma cultura do terror

Durante os últimos 60 anos, o Partido Comunista Chinês tem usado o terror para suprimir as mentes do povo chinês. O Partido tem empunhado seus chicotes e suas facas de açougueiro – o povo nunca sabe quando desastres inesperados cairão sobre si – para forçar o povo à obediência. O povo, vivendo no medo, se torna obediente. Defensores da democracia, pensadores independentes, céticos dentro do sistema do Partido Comunista Chinês e membros de vários grupos espiritualistas se tornaram alvo da matança como forma de advertir o povo. O Partido deseja cortar pela raiz qualquer ameaça.

  1. Uma cultura de controle de rede

O controle do Partido Comunista Chinês sobre a sociedade é total. Há um sistema de registro de residência, um sistema de comitê de residentes de bairro e diversos níveis estruturais do comitê do Partido. “Agências do Partido estão estruturadas no nível das companhias”. “Cada vila tem um ramo próprio do Partido”. Os membros do Partido e da Liga da Juventude Comunista têm atividades regulares. O Partido Comunista Chinês também faz uso de uma série de slogans do tipo: “Guarde sua própria porta e vigie seu próprio povo”. “Detenha seu povo de apelar”. “Execute com resolução o sistema de impor obrigações, garanta o cumprimento dessas obrigações e certifique-se onde jaz a responsabilidade. Fiscalize e controle com rigidez. Seja severo com a disciplina e os regulamentos e garanta 24 horas de medidas de controle preventivo e de manutenção”. “A Agência 610 [81] formará um comitê de fiscalização para inspecionar e monitorar em intervalos irregulares as atividades em cada região e em cada unidade de trabalho”.

  1. Uma cultura de incriminação

O Partido Comunista Chinês negligenciou completamente os princípios do Estado de Direito da sociedade moderna e promoveu com vigor a política de implicação. Ele usou seu poder absoluto para punir os parentes daqueles que eram rotulados como “proprietários de terra”, “ricos”, “reacionários”, “maus elementos” e “direitistas” e propôs a teoria da “origem de classe”. [82]

Hoje, o Partido Comunista Chinês “responsabilizará os líderes da comunidade e os reprimirá publicamente se eles falharem em seus papéis de liderança em tomar medidas adequadas para prevenir praticantes do Falun Gong de irem a Pequim se manifestar. Em casos sérios, medidas disciplinares serão tomadas”: “Se uma pessoa praticar Falun Gong, todos os membros da família serão demitidos de seus trabalhos”; “Se um empregado praticar Falun Gong, o bônus de cada empregado em toda a companhia será suspenso”. O Partido Comunista Chinês também criou medidas discriminatórias que classificam as crianças em “aquelas que precisam ser educadas e transformadas” ou “cinco classes negras” (os proprietários de terra, fazendeiros ricos, reacionários, maus elementos, e direitistas). O Partido promoveu a obediência ao Partido “colocando a retidão acima da lealdade familiar”. Sistemas de arquivo pessoal e organizacional e sistemas de recolocação temporária foram adotados para assegurar a execução de suas políticas. As pessoas foram encorajadas a acusar e expor as outras e a serem recompensadas por contribuírem com o Partido.

Os aspectos da propaganda

  1. Uma cultura de voz única

Durante a Revolução Cultural, a China ficou saturada de slogans tais como “Instruções Supremas”, “Uma frase [de Mao] carrega o peso de dez mil frases, sendo todas verdades”. Toda a mídia foi incitada a cantar louvores e falar coletivamente em apoio ao Partido. Quando necessário, os líderes de todos os níveis do Partido, do governo, dos militares, dos trabalhadores, da liga da juventude e das organizações femininas seriam trazidos para expressar seu apoio. Todos tinham de passar por essa dura provação.

  1. Uma cultura para promover a violência

Mao Tsé-Tung dizia: “Com 800 milhões de pessoas, como pode funcionar sem luta?”. Na perseguição ao Falun Gong, Jiang Zemin dizia: “Não haverá punição para os espancamentos até a morte de praticantes do Falun Gong”. O Partido Comunista Chinês defendia a “guerra total” e que “a bomba atômica é simplesmente um tigre de papel… mesmo que morra a metade da população, a metade restante ainda reconstruiria das ruínas de nossa terra natal”.

  1. Uma cultura para incitar o ódio

Tornou-se uma política nacional fundamental “não esquecer o sofrimento das classes (pobres) e lembrar firmemente a hostilidade em lágrimas e sangue”. A crueldade às classes inimigas era elogiada como uma virtude. O Partido Comunista Chinês ensinou: “Agarre-se ao seu ódio, mastigue-o e o engula. Plante o ódio no seu coração para que ele brote”. [83]

  1. Uma cultura de fraude e mentiras

Alguns exemplos das mentiras do Partido Comunista Chinês: “A produção por mu [84] é superior a dez mil jin”, durante o Grande Salto para Frente (1958); “Nem uma única pessoa foi morta na Praça Tiananmen”, durante o massacre de 4 de junho, em 1989; “Nós controlamos o vírus SARS”, em 2003; “Atualmente, é a melhor época para os direitos humanos na China”; e a “Teoria das Três Representações”. [85]

  1. A cultura da lavagem cerebral

Esses são alguns slogans do Partido Comunista Chinês para lavagem cerebral das pessoas: “Não haveria uma nova China sem o Partido Comunista”; “A força central conduzindo nossa causa é o Partido Comunista Chinês e a base teórica guiando nosso pensamento é o marxismo-leninismo”; [86] “Mantenha alinhamento máximo como o Comitê Central do Partido”; “Cumpra as ordens do Partido se você as compreender. Mesmo se você não as compreender, de qualquer forma cumpra-as e seu entendimento se aprofundará enquanto você cumpre as ordens”.

  1. Uma cultura de adulação

“O Céu e a Terra são grandes, mas ainda maior é a bondade do Partido”; “Tudo o que conquistamos devemos ao Partido”; “Eu tenho o Partido como minha mãe”; “Eu uso minha própria vida para salvaguardar o Comitê Central do Partido”; “Um Partido grande, glorioso e correto”; “Um Partido indestrutível”; e assim por diante.

  1. A cultura da pretensão

O Partido adotou modelos e fixou exemplos um após o outro e lançou o “progresso socialista ideológico e ético” e campanhas de “educação ideológica”. No fim, as pessoas continuavam a fazer o que sempre fizeram antes de cada campanha. Todas as conferências públicas, sessões de estudo e o compartilhamento de experiências se tornaram “vitrines formais” e o padrão moral da sociedade continuou a dar grandes saltos para trás.

O aspecto das relações interpessoais

  1. Uma cultura de inveja

O Partido promoveu “igualdade absoluta” para que “qualquer um que se destaque seja alvo de ataque”. As pessoas têm inveja daqueles que têm maior capacidade e daqueles que são mais poderosos, a chamada “síndrome do olho vermelho”. [87]

  1. Uma cultura de pessoas pisando umas nas outras

O Partido Comunista Chinês promoveu o “lutar cara a cara e denunciar pelas costas”. Delatar os associados, criando material escrito para incriminá-los, fabricando fatos e exagerando seus erros; esses comportamentos desonestos foram usados para avaliar a proximidade à natureza do Partido e o desejo de avançar.

Influências sutis na mente das pessoas e no comportamento externo

  1. Uma cultura que transforma os seres humanos em máquinas

O Partido quer que as pessoas sejam “parafusos que nunca enferrujam na máquina revolucionária”, sejam uma “ferramenta domesticada para o Partido” ou para “Atacar em qualquer direção que o Partido indicar”. “Os soldados do presidente Mao ouvem o Partido acima de tudo; vão aonde quer que eles sejam necessários e atuam onde quer que haja dificuldades”.

  1. Uma cultura que confunde o certo e o errado

Durante a Revolução Cultural, o Partido Comunista Chinês preferiu: “melhor ter ervas daninhas socialistas do que colheitas capitalistas”. O exército recebeu ordens para atirar e matar no massacre de 4 de junho “em troca de 20 anos de estabilidade”. O Partido Comunista Chinês também “Fez aos outros o que não queria que fosse feito a si mesmo”.

  1. Uma cultura de lavagem cerebral autoimposta e obediência incondicional

“Os postos mais baixos obedecem às ordens dos postos mais altos e todo o Partido obedece ao Comitê Central”. “Lutar impiedosamente para erradicar qualquer pensamento interessado que apareça na sua mente”. “Crie uma revolução nas profundezas de sua alma”. “Mantenha o máximo alinhamento com o Comitê Central do Partido”. “Unifique as mentes, os passos, as ordens e os comandos”.

  1. Uma cultura de subserviência

“A China estaria no caos sem o Partido Comunista”; “A China é tão vasta. Quem mais poderia liderá-la a não ser o Partido Comunista Chinês?”; “Se a China cair, será um desastre mundial, portanto deveríamos ajudar o Partido Comunista Chinês a manter sua liderança”. Por medo e insegurança, os grupos constantemente oprimidos pelo Partido Comunista Chinês frequentemente parecem ainda mais extremistas que o Partido.

Há muitos mais exemplos como esses. Todo leitor poderia encontrar vários elementos da cultura do Partido em suas experiências pessoais.

As pessoas que vivenciaram a Revolução Cultural podem ainda se lembrar vivamente da “Peça Modelo” das óperas modernas, as letras das canções com palavras de Mao e a Dança da Lealdade. Muitos ainda recordam as palavras do diálogo em “A menina dos cabelos brancos”, [88] “Guerra do túnel” [89] e “Guerra das minas”. [90] Por meio desses trabalhos literários, o Partido Comunista Chinês praticou a lavagem cerebral nas pessoas, forçosamente preenchendo suas mentes com mensagens do tipo “que brilhante e grande” é o Partido; como o Partido lutou contra o inimigo “árdua e valentemente”; como os soldados do Partido são “totalmente devotados ao Partido”; como eles voluntariamente se sacrificam pelo Partido; e como os inimigos são maus e estúpidos. Dia após dia, a máquina de propaganda do Partido injeta à força em cada indivíduo as crenças que o Partido Comunista precisa que a pessoa tenha. Hoje, se uma pessoa olhar para trás e observar o “Poema Épico” do musical “O Oriente é vermelho”, vai perceber que todo o tema e estilo do show falam em “matar, matar e matar mais”.

Ao mesmo tempo, o Partido Comunista Chinês criou um estilo próprio de linguagem e discurso, como a linguagem abusiva nas críticas de massa, as palavras de adulação em louvor ao Partido e as banais formalidades oficiais semelhantes ao “ensaio de oito partes”. [91] Ao invés de raciocinar calma e objetivamente, as pessoas são levadas a falar inconscientemente, usando a linguagem predominante, carregada e modelada com pensamentos que promovem o conceito da “luta de classes” e que “exaltam o Partido”. O Partido Comunista Chinês também abusa do vocabulário religioso e distorce o conteúdo dos termos.

Um passo além da verdade é falácia. A cultura do Partido também explora a moralidade tradicional até certo grau. Por exemplo, a cultura tradicional valoriza a “fé”, assim também o Partido Comunista. Entretanto, o que ele promove é “a crença e a honestidade ao Partido”. A cultura tradicional enfatiza a “piedade filial”. O Partido Comunista Chinês pode colocar uma pessoa na prisão por não sustentar seus pais, mas a verdadeira razão é que, caso contrário, esses pais se tornariam um “fardo” para o governo. Quando interessa ao Partido, é exigido que as crianças se separem de seus pais. A cultura tradicional enfatiza a “lealdade”. E assinala: “O povo é de suprema importância; a nação vem depois; e por último o governante”. A “lealdade” preferida pelo Partido Comunista Chinês é a “devoção cega”, tão cega que exige que as pessoas acreditem incondicionalmente no Partido Comunista Chinês e o obedeçam sem questionar.

As palavras comumente usadas pelo Partido Comunista Chinês são muito tendenciosas. Por exemplo, ele chamou a guerra civil entre o Kuomintang e os comunistas de “Guerra de Libertação”, como se o povo estivesse sendo “libertado” da opressão. O Partido Comunista Chinês chamou o período pós-1949 de “depois da fundação da nação”, quando na realidade a China já existia desde muito antes disso. O Partido Comunista Chinês somente estabeleceu um novo regime político. Os três anos da Grande Fome [92] foram chamados de “três anos de desastre natural”, quando na verdade não foi um desastre natural, mas, ao contrário, uma calamidade totalmente gerada pelo homem. Entretanto, ao ouvir essas palavras utilizadas na vida diária e sendo imperceptivelmente influenciadas por elas, as pessoas inconscientemente aceitam o conteúdo ideológico que elas contêm, conforme intencionado pelo Partido Comunista Chinês.

Na cultura tradicional, considera-se que a música é uma forma de moderar os desejos humanos. No Livro da Canção (Yue Shu), volume 24 dos Registros do Historiador (Shi Ji), Sima Qian (145-85 a.C.) [93] disse que a natureza do homem é pacífica; que as suas emoções são afetadas pelas sensações externas e que o sentimento de amor e ódio desperta com base no caráter e sabedoria da pessoa. Se esses sentimentos não são dominados, uma pessoa será seduzida por infindáveis tentações externas e, tomado pelos sentimentos, poderá cometer muitas más ações. Assim, diz Sima Qian, os imperadores do passado usavam rituais e música para moderar as pessoas. As canções deveriam ser “alegres, mas não obscenas; tristes, mas não demasiadamente angustiantes”. Elas deveriam expressar sentimentos e desejos, porém ter controle sobre esses sentimentos. Confúcio disse nos Analectos: “Os trezentos versos de As Odes [um dos cinco clássicos compilados e editados por Confúcio] podem ser resumidos em uma única frase: ‘Pense sem maldade’”.

Entretanto, uma coisa tão bonita como a música foi usada pelo Partido Comunista Chinês como método de fazer lavagem cerebral nas pessoas. Canções como “O socialismo é bom”, “Não haveria uma nova China sem o Partido Comunista” e muitas outras têm sido cantadas do jardim de infância à universidade. Ao cantar essas canções, as pessoas inconscientemente aceitam o significado das letras. Além disso, o Partido Comunista Chinês roubou a melodia da maioria das canções folclóricas e as substituiu com letras que louvam o Partido. Isso serviu tanto para destruir a cultura tradicional, como para promover o Partido.

Um dos documentos clássicos do Partido Comunista Chinês, o “Discurso sobre Literatura e Arte no Fórum de Yan’an”, de Mao, [94] colocou os empreendimentos culturais e os militares como “as duas frentes de batalha”. Ele disse que não era suficiente ter um exército armado; também era necessário ter uma “arte literária armada”. Ele declarou que “as artes literárias deveriam servir à política” e que “as artes literárias da classe proletária… são ‘a mola e a propulsão’ da máquina revolucionária”. A partir daí, foi desenvolvido um sistema completo de “cultura do Partido”, com o “ateísmo” e a “luta de classes” no seu centro. Esse sistema vai completamente contra a cultura tradicional.

A “cultura do Partido” prestou notáveis serviços ao Partido Comunista Chinês, ajudando-o a adquirir o poder e controlar a sociedade. Como seu exército, prisões e força policial, a cultura do Partido também é uma máquina de violência, que pratica um tipo diferente de brutalidade, a “brutalidade cultural”. Essa brutalidade cultural, destruindo cinco mil anos de cultura tradicional, debilitou a vontade do povo e minou a coesão da nacionalidade chinesa.

Hoje, muitos chineses são totalmente ignorantes em relação à essência da cultura tradicional. Alguns até equiparam os 50 anos de “cultura do Partido” aos cinco mil anos da cultura tradicional chinesa. Isso é algo muito triste para o povo chinês. Muitos não percebem que ao se opor à atualmente chamada cultura tradicional, eles na verdade estão se opondo à “cultura do Partido”, e não à verdadeira cultura tradicional chinesa.

Muitas pessoas esperam substituir o atual sistema chinês pelo sistema democrático ocidental. Na verdade, a democracia ocidental também foi edificada em uma base cultural, notadamente, a do cristianismo, que acreditando que “todos são iguais aos olhos de Deus”, respeita a natureza humana e as escolhas humanas. Como poderia a despótica e desumana “cultura do Partido” ser usada como base para um sistema democrático do tipo ocidental?

Conclusão

A China começou a se desviar de sua cultura tradicional na Dinastia Song (960-1279 d.C.), e desde então essa cultura vem experimentando constante degradação. Depois do Movimento de Quatro de Maio de 1919, [95] alguns intelectuais que estavam sedentos por sucesso rápido e resultado imediato tentaram achar um caminho para a China afastando-se da cultura tradicional e em direção à civilização ocidental. Assim, conflitos e alterações no domínio cultural permaneceram um foco de controvérsia acadêmica sem o envolvimento de forças do Estado. No entanto, quando o Partido Comunista Chinês surgiu, ele elevou os conflitos culturais ao nível de uma luta de vida ou morte para o Partido. Assim, o Partido Comunista Chinês começou a atacar diretamente a cultura tradicional, usando meios destrutivos, bem como abusos indiretos “adotando os dejetos e rejeitando a essência”.

A destruição da cultura nacional também foi o processo de estabelecer “a cultura do Partido”. O Partido Comunista Chinês corrompeu a consciência humana e o julgamento moral, fazendo, assim, com que o povo desse as costas à cultura tradicional. Se a cultura nacional for completamente destruída, a essência da nação desaparecerá com ela, deixando à nação apenas um nome vazio. Esse não é um aviso exagerado.

Ao mesmo tempo, a destruição da cultura tradicional trouxe para nós um inesperado prejuízo natural.

A cultura tradicional valoriza a unidade do Céu e dos seres humanos e a coexistência harmoniosa entre os seres humanos e a natureza. O Partido Comunista Chinês expressou alegria sem fim “ao lutar contra o Céu e a Terra”. Essa cultura do Partido Comunista Chinês trouxe uma degradação direta e séria ao meio ambiente e que hoje assola a China. Tomemos como exemplo os recursos hídricos. Tendo abandonado o valor tradicional de que “um homem nobre valoriza a riqueza, mas faz fortuna de maneira decente”, o povo chinês destruiu e poluiu desenfreadamente o meio ambiente. Atualmente, mais de 75% dos 50 mil quilômetros de rios da China são impróprios para peixes. Mais de um terço da água subterrânea estava poluída uma década atrás e a situação continua a piorar. Um tipo estranho de “espetáculo” ocorreu no Rio Huaihe: uma criança pequena brincando no rio cheio de óleo acendeu uma faísca que ao tocar a superfície do rio criou uma chama de cinco metros de altura. Conforme o fogo acendeu no ar, mais de dez salgueiros foram calcinados. [96] Pode-se perceber facilmente que é impossível para os que bebem essa água não desenvolverem câncer ou outras doenças estranhas. Outros problemas ambientais como a desertificação e salinização no noroeste da China e a poluição industrial em regiões desenvolvidas, todos estão relacionados com a perda do respeito à natureza pela sociedade.

A cultura tradicional respeita a vida. O Partido Comunista Chinês proclama que “a revolta é justificável” e que “a luta contra os seres humanos é cheia de contentamento”. Em nome da revolução, o Partido pode matar e deixar morrer de fome dezenas de milhões de pessoas. Isso tem feito as pessoas perderem o valor pela vida, o que encoraja a proliferação de produtos falsificados e venenosos no mercado. Na cidade de Fuyang, província de Anhui, por exemplo, muitos bebês nascidos com saúde desenvolveram membros disformes, corpos magros e fracos e cabeças grandes durante o período de lactação. Oito bebês morreram por causa dessa estranha doença. Após investigação, descobriu-se que a doença foi causada por leite em pó envenenado fabricado por uma indústria inescrupulosa. Algumas pessoas criam caranguejos, cobras e tartarugas com hormônios e antibióticos, misturam álcool industrial com vinho, refinam o arroz com aceleradores industriais e embranquecem a farinha do pão com agentes branqueadores industrializados. Por oito anos, uma indústria na província de Henan produziu mensalmente dezenas de toneladas de óleo de cozinha usando materiais carcinogênicos como resíduos de óleo, óleo extraído de restos de refeições ou outras substâncias descartadas que continham resíduos de óleo depois de usadas. Produzir alimentos venenosos não é um fenômeno local ou regional, mas sim algo comum em toda a China. A destruição da cultura e a consequente degeneração moral contribuíram para essa busca implacável por ganhos materiais fáceis.

A cultura tradicional tem uma tremenda capacidade de integração, diferente do monopólio e da exclusividade absoluta da cultura do Partido. Durante a próspera Dinastia Tang, os ensinamentos budistas, o cristianismo e outras religiões ocidentais coexistiam harmoniosamente com o pensamento taoista e confucionista. A cultura tradicional chinesa teria conservado uma atitude aberta e tolerante em relação à moderna civilização ocidental. Os quatro “tigres” asiáticos (Singapura, Taiwan, Coreia do Sul e Hong Kong) criaram uma identidade cultural chamada de “novo confucionismo”. Seu progresso econômico provou que a cultura tradicional não é um obstáculo para o desenvolvimento social.

Ao mesmo tempo, a autêntica cultura tradicional julga a qualidade da vida humana tendo por base a felicidade interior mais do que o conforto material. “Eu prefiro não ter ninguém falando mal de mim pelas minhas costas, do que ter alguém me elogiando pela frente; prefiro ter paz mental a conforto material”. [97] Tao Yuanming (365-427 d.C.) [98] viveu na pobreza, mas conservou um espírito alegre e tinha como passatempo “colher ásteres sob a cerca leste e observar a Montanha do Sul ao longe”.

A cultura não oferece respostas a questões de como expandir a produção industrial ou qual sistema social a ser adotado. Porém, ela desempenha um papel importante na orientação moral. A verdadeira restauração da cultura tradicional será a recuperação da humildade em relação ao Céu, à Terra e à natureza, o respeito pela vida e o temor a Deus. Isso permitirá que a humanidade viva harmoniosamente com o Céu e a Terra para desfrutar de uma velhice dada pelo Céu.

Notas:

[1] Pangu foi o primeiro ser vivo e o criador de tudo, segundo a mitologia chinesa.

[2] Nüwa foi a Deusa Mãe que criou a humanidade, segundo a mitologia chinesa.

[3] Shennong (literalmente, “O Fazendeiro do Céu”) é uma figura lendária na mitologia chinesa que viveu cinco mil anos atrás. Ele ensinou às pessoas da época a prática da agricultura. Acredita-se também que ele arriscou a própria vida para identificar centenas de ervas medicinais (e venenosas) e várias plantas dessa natureza, que foram cruciais para o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa.

[4] Cangjie é uma figura fabulosa e lendária da antiga China, tido como o historiador oficial do Imperador Amarelo e inventor dos caracteres chineses. O método Cangjie de inserção de caracteres chineses usados na computação foi nomeado em sua homenagem.

[5] Do Tao-te Ching ou Dao De Jing, um dos mais importantes textos taoistas, escrito por Lao Zi ou Lao Tsé.

[6] Comentários de abertura de “O Grande Aprendizado”, de Confúcio.

[7] Da obra “Registros do Historiador” (Shi Ji, também traduzido como “Registro do Grande Escriba”), de Sima Qian (145-85 a.C.), que foi o primeiro grande historiador chinês. Ele documentou a história da China e de seus países vizinhos do passado remoto até seu tempo. A metodologia do trabalho histórico de Sima Qian foi única e serviu de modelo e padrão oficial das histórias das dinastias imperiais pelos 2 mil anos seguintes.

[8] Dos Analectos, de Confúcio.

[9] ibid.

[10] ibid.

[11] Confúcio, em “O Grande Aprendizado”, escreveu: “As pessoas sendo cultivadas, suas famílias estarão em ordem. Suas famílias estando em ordem, seus Estados serão corretamente governados. Seus Estados sendo corretamente governados, todo o reino se tornará tranquilo e contente”.

[12] Dong Zhongshu (ca. 179-104 a.C.), um confucionista durante a Dinastia Han, no tratado “Três meios de harmonizar os seres humanos com o Céu” (Tian Ren San Ce), disse: “se o Céu permanecer, o Tao não mudará”.

[13] Jornada ao Oeste, conhecido pelos ocidentais como “O Rei Macaco”, escrito por Wu Cheng’en (1506?-1582?), é um dos mais renomados romances clássicos chineses. Ele se baseia na verdadeira história de um famoso monge chinês da Dinastia Tang, Xuan Zang (602-664), que fez uma viagem a pé ao que é hoje a Índia, local de nascimento do budismo, em busca dos sutras. Na história, Sun Wukong (o Rei Macaco), Zhu Bajie e Sha Wujing foram arranjados pelo Buda para se tornarem discípulos de Xuan Zang e escoltá-lo para o Oeste para obter os sutras. Eles passam por 81 perigos e calamidades antes de finalmente chegar ao Oeste e atingir o estado de Verdadeira Realização.

[14] Sonho da Câmara Vermelha (Hung Lou Meng), escrito por Cao Xueqin (ou Tsao Hsueh-Chin) (1715?-1763?) na Dinastia Qing (Ching), é uma trágica história de amor tendo como pano de fundo o declínio de uma família aristocrática. Com esse tema central, a história se desdobra em um vasto e dinâmico panorama da história social. Ela também apresenta um memorável e deslumbrante elenco de personagens, sendo os principais, Jia Baoyu e Lin Daiyu. Sua estrutura ampla e meticulosa juntamente com seu mérito literário na forma de uma linguagem primorosa faz essa obra ser reconhecida universalmente como um ícone da arte das novelas clássicas chinesas.

[15] Margem da Água é um dos grandes romances clássicos chineses, escrito no século 14 por Shi Nai’an. Um bando de cento e oito homens e mulheres se junta para se tornarem os foras da lei do pântano. Intriga, aventura, morte, guerra e histórias românticas são narradas em clima de suspense à maneira de um tradicional contador de histórias.

[16] Três Reinos, um dos mais famosos romances clássicos chineses, escrito por Luo Guanzhong (1330?-1400?), baseia-se na história do Período dos Três Reinos (220-280 d.C.). Ele descreve as intrigas e tensas disputas pelo trono entre três poderosas forças políticas, Liu Bei, Cao Cao e Sun Quan, e destaca prodígios e ousadas estratégias do período.

[17] O Romance de Zhou do Leste é um romance originalmente escrito por Yu Shaoyu na Dinastia Ming; e revisado e reescrito por Feng Menglong no final da Dinastia Ming; e mais uma vez revisado por Cai Yuanfang na Dinastia Qing. Ele descreve um período histórico de mais de 500 anos durante o Período de Primavera e Outono (770-476 a.C.) e do Período dos Estados Combatentes (475-221 a.C.).

[18] A Completa História de Yue Fei foi escrita por Qian Cai na Dinastia Qing. Ela descreve a vida de Yue Fei (1103-1142) da Dinastia Song do Sul, um dos mais famosos generais e herói patriótico da história chinesa. O General Yue Fei se destacou em batalha contra os invasores do norte vindos da nação Jin. Ele foi condenado por crimes que não cometeu, mandado para a prisão e executado, enquanto o primeiro ministro Qin Hui tentava eliminar os partidários da guerra. Yue Fei foi posteriormente inocentado das acusações sem base e um templo foi erguido em sua memória. Quatro figuras de ferro foram feitas para seu túmulo. Com peitos à mostra, mãos amarradas atrás das costas e de joelhos diante do túmulo, eles representam os responsáveis pelo assassinato de Yue Fei. Na cultura chinesa, Yue Fei se tornou um modelo de lealdade ao país.

[19] Essa é uma citação do Resumo da Coleção de Escrituras Taoistas (Dao Cang Ji Yao), compilado na Dinastia Qing.

[20] Ver nota 8.

[21] Do discurso feito por Mao no 8º Plenário da 10ª Reunião do Partido Comunista Chinês.

[22] As palavras originais de Mao em chinês fazem um trocadilho: Eu sou como um monge segurando um guarda-chuva – sem Tao (ou Fa, trocadilho para “cabelo”) e sem paraíso (trocadilho para céu).

[23] Jie é o nome do último governante da Dinastia Xia (c. 21-16 a.C.); e Zhou é o nome do último governante da Dinastia Shang (c.16-11 a.C.). Ambos são conhecidos como tiranos.

[24] Wen Tianxiang (1236-1283 d.C.) foi um comandante militar que lutou contra as tropas mongóis para proteger a integridade da Dinastia Song do Sul. Ele foi morto em 9 de janeiro de 1283 por recusar se render aos mongóis depois de ter sido capturado como prisioneiro.

[25] De Mêncio.

[26] De uma frase muito famosa de Mêncio, “Vida, meu desejo; justiça, meu desejo também. Quando eu não puder ter ambos ao mesmo tempo, eu manterei a justiça ao custo de minha vida”.

[27] Do hino comunista, “A Internacional”. A tradução literal do chinês significa: “Nunca houve um salvador, e nem dependemos de Deus; para criar a felicidade humana, nós dependemos inteiramente de nós mesmos”.

[28] Imperador Taiwu da Dinastia Wei do Norte, nascido Tuo Tao (r. 424-452 d.C.).

[29] Imperador Wuzong da Dinastia Wang, nascido Li Yan (r. 840-846 d.C.).

[30] Imperador Wu da Dinastia Zhou do Norte, nascido Yu Yong (r. 561-579 d.C.).

[31] Imperador Shizong da Dinastia Zhou, nascido Chairong (r. 954-959 d.C.).

[32] Um slogan usado em meados de 1960, durante a Revolução Cultural na China.

[33] O Templo do Cavalo Branco, o primeiro monastério budista na China, foi construído em 68 d.C., no décimo primeiro ano de Yong Ping, na Dinastia Han do Leste (25-220 d.C.).

[34] Na linguagem Dai, a escritura Beiye pronuncia-se Tanlan. Beiye é uma planta subtropical pertencente à família das palmas. É um tipo de árvore alta com folhas grossas, à prova de traça e que demora muito para secar. Em tempos remotos, quando o papel ainda não havia sido inventado, os antepassados de Dai imprimiam cartas ou artigos na folha. As cartas gravadas na folha são chamadas de correspondência Beiye; e as escrituras nela, de Tanlan (escritura Beiye).

[35] O Parque Xiangshan, também chamado de Parque das Montanhas Perfumadas, está localizado a 28 km a noroeste do centro de Pequim. Inicialmente construído em 1186, na Dinastia Jin, se tornou uma estância de verão para as famílias imperiais durante as dinastias Yuan, Ming e Qing.

[36] De “Quantas Relíquias Culturais foram Postas em Chamas”, de Ding Shu.

[37] Guarda Vermelha refere-se aos civis que foram os instrumentos da linha de frente da Revolução Cultural. A maioria deles era adolescente.

[38] O Palácio de Verão, localizado a 15 km de Pequim, é o maior e mais bem preservado jardim real na China, com uma história de mais de 800 anos.

[39] O Templo Louguan é um famoso santuário taoista na China. É reverenciado como “a primeira terra dos abençoados sob o Céu”. O templo está situado ao norte nas Montanhas Zhongnan, 15 km a sudoeste do condado de Zhouzhi e 70 km da cidade de Xi’an.

[40] “Li” é uma unidade chinesa de comprimento, um li equivale a 0,5 km.

[41] O Imperador Gaozu da Dinastia Tang, nascido Li Yuan (r. 618-626 d.C.), foi o primeiro imperador da Dinastia Tang.

[42] Na República Popular da China, as comunas populares (Renmin Gongshe) eram, no passado, o mais alto dos três níveis administrativos nas áreas rurais no período de 1958, até cerca de 1982. As comunas tinham funções governamentais, políticas e econômicas. Elas eram as maiores unidades coletivas e estavam divididas em brigadas de produção e equipes de produção. Depois de 1982, foram substituídas pelos municípios.

[43] Ver nota 36.

[44] O Sutra Mahayana Mahaparinirvana pretende ser o sutra Mahayana final do Buda, entregue no último dia de sua vida terrena. Alega-se ser a quintessência de todos os sutras Mahayana.

[45] Do Tripitaka Taisho, Vol. T01, No. 7, Sutra Mahayana Mahaparinirvana. [Tradução não oficial e sujeita a aprimoramento.]

[46] Da Teoria e Prática da Supressão do Partido Comunista Chinês às Religiões, por Bai Zhi.

[47] Mukti significa Primeiro Darma, ou ensinamento ou transmissão da Lei. Mukti também pode ser traduzido como “soltura, libertação, entrega, liberação, deixar livre, emancipação; escapar dos vínculos e obter a libertação, libertação da transmigração, do carma, da ilusão, do sofrimento”; assinala o Nirvana e também a libertação obtida na Dhyāna (meditação). É escapar do Samsara (reencarnação).

[48] Nirvana, no budismo e no hinduísmo, é um estado de paz abençoada e harmonia que está além dos sofrimentos e paixões da existência individual; um estado de encontro com o espírito eterno.

[49] A campanha de “Supressão aos Contrarrevolucionários” tratou violentamente ex-membros de sociedades secretas, associações religiosas e do Kuomintang, no início de 1951.

[50] A “Guerra de Resistência à Agressão dos EUA e Ajuda à Coreia”, assim chamada pelo Partido Comunista Chinês, estourou em 1950. No Ocidente, é mais conhecida como “Guerra da Coreia”.

[51] Wu Yaozong (1893-1975 d.C.) e outros publicaram, em 1950, a obra “Meios do cristianismo chinês empregar forças na construção da nova China”, também chamado de “Manifesto de inovação dos Três-Autos”, o que posteriormente constituiu os “Três-Autos” da igreja chinesa.

[52] O Grande Salão do Povo, construído em 1959, está localizado no lado oeste da Praça Tiananmen. É um local de reuniões do Congresso Nacional do Povo da China.

[53] Ver nota 46.

[54] Toga ou túnica Kesa, a batina ou vestimenta do monge ou padre.

[55] Zhang Bojun (1895-1969) foi um dos fundadores da “Liga Democrática da China”, um partido democrático na China. Ele foi considerado como o “direitista número um”, em 1957, por Mao Tsé-Tung e foi um dos poucos “direitistas” não retificados depois da Revolução Cultural.

[56] Imperador Huizong da Dinastia Song, nascido Zhao Ji (r. 1100-1126 d.C.).

[57] Su Dongpo (1036-1101 d.C.) foi um famoso poeta e escritor chinês na Dinastia Song, um dos “Oito grandes mestres da prosa das dinastias Tang e Song”.

[58] Wen Zhengming (1470-1559 d.C.) foi um pintor chinês da Dinastia Ming.

[59] Tang Bohu (1470-1523) foi um famoso erudito, pintor e poeta chinês da Dinastia Ming.

[60] “Jin” é uma unidade chinesa de peso, um jin equivale a 0,5 kg.

[61] Ver nota 36.

[62] De um poema de Meng Haoran (689-740 d.C.), um renomado poeta da Dinastia Tang.

[63] Wang Xi Zhi (321-379 d.C.), o mais famoso calígrafo na história chinesa, viveu na Dinastia Tang.

[64] O Prólogo Lan Ting original, provavelmente escrito por Wang Xi Zhi no auge de sua carreira de calígrafo (aos 51 anos de idade, 353 d.C.), é universalmente reconhecido como a obra mais importante na história da caligrafia chinesa.

[65] Wu Cheng’en (1506?-1582? d.C.), novelista e poeta chinês da Dinastia Ming, autor de Jornada ao Oeste, uma das quatro mais famosas novelas chinesas.

[66] Wu Jingzi (1701-1754 d.C.), um elegante escritor da Dinastia Qing, autor de “Os Sábios” (Rulin Waishi, também conhecido como História não Oficial dos Sábios).

[67] Prosa escrita por Ouyang Xiu (1007-1072 d.C.), um dos “Oito grandes mestres da prosa das dinastias Tang e Song”. Ouyang Xiu chamava-se de “o velho ébrio”.

[68] Nome alternativo para membros da Guarda Vermelha.

[69] A Enciclopédia Yongle ou Yongle Dadian foi organizada, em 1403, pelo Imperador Yongle da Dinastia Ming. É considerada a primeira e maior enciclopédia do mundo. Dois mil eruditos trabalharam no projeto, incorporando 8000 textos dos tempos antigos até a Dinastia Ming. A enciclopédia, finalizada em 1408, é composta de cerca de 22 mil volumes manuscritos ocupando 40 metros cúbicos.

[70] Lin Biao (1907-1971), um dos importantes líderes do Partido Comunista Chinês, serviu sob Mao Tsé-Tung como membro do Politburo da China, vice-presidente (1958) e Ministro da Defesa (1959). Lin é considerado o arquiteto da Revolução Cultural da China. Ele foi designado sucessor de Mao em 1966, mas perdeu seu favoritismo em 1970. Pressentindo sua queda, Lin se envolveu em uma tentativa de golpe e tentou fugir para a URSS assim que a trama foi descoberta. Durante sua tentativa de fuga, seu avião caiu na Mongólia, resultando em sua morte.

[71] “Liang Xiao” representa um grupo de escritores assinalados, dentre os quais Zhou Yiliang, cuja participação em um grupo de escritores lhe valeu uma carta anônima de um velho amigo referindo-se à “extrema da falta de vergonha”.

[72] Imperador Qin Shihuang (259-210 a.C.), nascido Ying Zheng, foi o primeiro imperador na história da China unificada. Ele padronizou os códigos legais, a linguagem escrita, moedas, pesos e medidas e ordenou a construção da Grande Muralha. Todas essas medidas tiveram uma grande e profunda influência na história e cultura chinesas. Ele ordenou a queima de livros de várias escolas, incluindo os do confucionismo e taoismo; e uma vez ordenou que 460 estudiosos do confucionismo fossem queimados vivos. Esses eventos mais tarde foram chamados pela história de “a queima dos livros e a queima dos estudiosos confucionistas”. Ele construiu um imenso mausoléu para si – e o Exército de Terracota da Tumba do Imperador Qin tornou-se conhecido como a Oitava Maravilha do Mundo.

[73] De “Os escritos de Mao Tsé-Tung 1949-1976”, Vol. 2.

[74] De Mao, “Retifique o estilo de trabalho do Partido”, 1942.

[75] De Mao, “Discurso sobre Literatura e Arte no Fórum de Yan’an”, 1942.

[76] Wu Xun (1838-1896 d.C.), originalmente Wu Qi, nasceu em Tangyi, província de Shandong. Tendo perdido seu pai muito cedo, sua família ficou pobre. Ele teve de mendigar comida para alimentar sua mãe e ficou conhecido como o mendigo da piedade filial. Depois que sua mãe morreu, a mendicância se tornou sua única forma de sobreviver. Ele dirigia escolas gratuitas com o dinheiro da mendicância.

[77] Hu Feng (1902-1985), um sábio e crítico literário, se opôs à política de doutrina literária do Partido Comunista Chinês. Ele foi expulso do Partido em 1955 e condenado a 14 anos de prisão.

[78] Dos “Trabalhos Selecionados de Mao Tsé-Tung”, Vol. 5, “As coisas estão começando a mudar”, 1957.

[79] Qian Bocheng, Cultura Oriental, 4ª ed., 2000.

[80] O movimento estudantil de 4 de junho começou com estudantes universitários pedindo reformas democráticas na China entre 15 de abril e 4 de junho de 1989. Foi mais tarde reprimido pelo Exército de Libertação Popular e conhecido internacionalmente como o massacre de 4 de junho.

[81] A “Agência 610” foi criada especialmente para perseguir o Falun Gong, com poder total sobre cada nível da administração do Partido e sobre todos os outros sistemas políticos e judiciários.

[82] A teoria da “origem de classe” (ou linhagem sanguínea ou pedigree) defende que a natureza da pessoa está determinada pela classe da família em que ela nasceu.

[83] Da canção da ópera moderna de Pequim “A Lenda da Lanterna Vermelha”, uma das populares e oficiais “peças modelo”, criada durante a Revolução Cultural (1966-76).

[84] “Mu” é uma unidade chinesa de área, um mu equivale a 0,165 acres.

[85] As “Três Representações” alegam que o Partido tem sempre de representar a tendência do desenvolvimento das forças produtivas da China, a orientação da cultura avançada da China e os interesses fundamentais da maioria dominante do povo chinês.

[86] Discurso de abertura da 1ª Sessão do 1º Congresso Popular Nacional da República Popular da China (15 de setembro de 1954).

[87] “A síndrome dos olhos vermelhos”, equivalente à expressão ocidental “olho-gordo”, descreve uma pessoa que, quando vê outra pessoa fazendo algo melhor do que ela, se sente invejosa e desconfortável e pensa que deveria ser quem está fazendo melhor.

[88] Uma “peça modelo” oficial, criada durante a Revolução Cultural (1966-76). A lenda folclórica chinesa “A menina dos cabelos brancos” é a história de uma imortal que mora em uma caverna e tem poderes sobrenaturais para premiar a virtude e punir o vício, defender o correto e restringir o mal. Entretanto, no drama “moderno” chinês, ópera e balé, ela foi descrita como sendo uma menina que foi forçada a fugir para uma caverna depois de seu pai ser espancado até a morte por haver recusado casá-la com um velho senhor de terras. Ela ficou com os cabelos brancos por falta de nutrição. Esse se tornou um dos mais conhecidos dramas “modernos” na China e instigou o ódio pela classe dos senhores de terras.

[89] Guerra do túnel (Didao Zhan, 1965), um filme em preto e branco em que o Partido Comunista Chinês alegava que suas guerrilhas na China central lutaram com os invasores japoneses por meio de túneis subterrâneos nos anos de 1940.

[90] Guerra das minas (Dilei Zhan, 1962), um filme em preto e branco em que o Partido Comunista Chinês alegava que suas guerrilhas na província de Hebei lutaram com os invasores japoneses usando minas artesanais nos anos de 1940.

[91] Uma composição literária prescrita para os exames do serviço civil imperial, conhecida por sua forma rígida e pobreza de ideias.

[92] A Grande Fome de 1959-1961 na China foi a maior escassez na história da humanidade. Estima-se que o número de “mortes não naturais” durante a fome tenha sido de 18 a 43 milhões de pessoas.

[93] Ver nota 7.

[94] De Mao Tsé-Tung, 1942.

[95] O Movimento de Quatro de Maio foi o primeiro movimento de massa na história moderna da China, começando em 4 de maio de 1919.

[96] Chen Guili, Advertência sobre o Rio Huaihe, 1995.

[97] Do Prólogo para ver Li Yuan retornar a Pangu, de Han Yu (768-824 d.C.), um dos “Oito grandes mestres da prosa das dinastias Tang e Song”.

[98] Tao Yuanming (365-427 d.C.), também conhecido como Tao Qian, foi um grande poeta da literatura chinesa.

Introdução – Índice

Capítulo 5: A conivência de Jiang Zemin e do Partido Comunista Chinês na perseguição ao Falun Gong

Capítulo 7: A história das matanças do Partido Comunista Chinês

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Editorial Epoch Times