Histórias da antiga China: grandes conquistas começam com pequenos passos

22/06/2019 22:22 Atualizado: 23/06/2019 08:23

Por Equipe do Epoch Times

“O gotejamento contínuo de água acaba penetrando em uma grande pedra”, diz um antigo ditado chinês. Em outras palavras, não devemos ignorar ações que parecem pequenas ou insignificantes, pois podem resultar em grandes efeitos ao longo do tempo. Grandes feitos são conseguidos por esforços modestos, mas contínuos. Da mesma forma, grandes planos podem ser interrompidos pelo crescimento e acúmulo de pequenos erros.

A história de 5.000 anos da China está repleta de lições significativas de como pequenas ações – positivas ou negativas – acabaram levando a grandes mudanças. Começamos com a história de um jovem ansioso por conquistar o mundo antes de aprender a cuidar de sua própria casa.

Comece por varrer sua própria casa

“O Livro do Han Posterior”, que cobre a história da Dinastia Han de 6 a 18 dC, conta a história de um sujeito orgulhoso chamado Chen Fan. Chen era ambicioso e queria realizar grandes coisas, mas não se preocupou em manter a própria vida em ordem. Como resultado, seu quarto estava constantemente imundo e caótico.

Um dia, Xue Qin, amigo do pai de Chen, veio visitá-lo. Quando ele viu o quão sujo estava o quarto de Chen, ele perguntou a Chen: “Por que você não limpa seu quarto?”

Chen respondeu: “Como um homem de grande ambição, por que eu deveria perder tempo com coisas triviais como varrer meu quarto, quando eu deveria estar focando em varrer o mundo de seus pés?”

Xue Qin refletiu: “Como alguém pode conseguir grandes coisas quando não consegue nem manter seu espaço limpo?” Sua observação deixou Chen sem palavras.

“Uma jornada de 1.000 milhas começa com um único passo”

O filósofo chinês antigo Laozi disse certa vez: “Uma árvore maciça – tão larga que leva dois homens para envolvê-la – começou como uma pequena muda. Um templo de nove andares começou como uma pilha de terra em sua fundação. Uma jornada de mil milhas começa com um único passo”.

Em seu livro “Wei Xue” (“Para Aprender”), o escritor Peng Duanshu, da dinastia Qing, conta a história de um rico monge e um pobre monge que viviam na província de Sichuan, no sudoeste da China. Ambos queriam fazer a peregrinação através do Mar do Sul até a Índia para prestar seus respeitos a Buda.

O rico monge disse ao pobre monge: “Eu tentei por vários anos contratar um navio para navegar através do mar. Meus planos ainda precisam ser concretizados. O que você tem que confiar para fazer a viagem?”

Um ano depois, o rico monge ainda não havia saído de casa, enquanto o pobre monge já havia retornado de sua peregrinação. O pobre monge disse ao surpreso monge rico: “Durante toda a minha jornada, eu só estava com minha garrafa de água e tigela de mendicância. Eles eram tudo que eu precisava para satisfazer o meu desejo”.

O pobre monge alcançou seu objetivo dando um passo de cada vez, confiando apenas na coragem e na vontade. Em contraste, o rico monge manteve seu sonho como um castelo no ar, falando sobre suas aspirações, mas não agindo. Suas diferentes mentalidades produziram resultados bem diferentes.

Nivelando vastas montanhas

O texto taoísta “Liezi” conta uma história sobre Yu Gong, 90 anos, que arrasou duas montanhas por pura fé e perseverança.

Yu Gong vivia perto de duas montanhas na margem norte do rio Amarelo. Elas tinham mais de 1126 quilometros de largura e vários milhares de metros de altura. As pessoas que viajavam para o rio tinham que fazer um longo desvio pelas montanhas.

Depois de anos testemunhando isso, Yu Gong finalmente decidiu que a única solução seria mover as montanhas. Ele e três filhos e netos foram para as montanhas para quebrar as pedras e desenterrar a terra. Eles então transportaram as pedras e terra para as margens do mar de Bohai.

Zhi Sou, que morava na curva do rio, riu de Yu Gong. “Com uma mão de obra tão minúscula, como você pode esperar subir duas montanhas?”

Yu Gong respondeu: “Mesmo depois de eu ter falecido, meus filhos continuarão esse trabalho. Eles terão netos, que terão bisnetos. Minha família sempre terá as futuras gerações para continuar, enquanto essas montanhas não crescerão mais. Elas serão niveladas um dia. Com o que eu tenho que me preocupar?

Zhi Sou estava sem palavras.

Apesar de sua idade avançada e força limitada, Yu Gong não tinha dúvidas de que seu objetivo grandioso seria atingido com esforços constantes e contínuos.

De fato, sua fé e determinação tocaram o Deus Celestial, que instruiu divindades poderosas a ajudá-lo a mover as montanhas. A partir de então, os viajantes poderiam chegar ao Rio Amarelo sem qualquer obstrução.

Derrotas graves começam com pequenas falhas 

Na vida diária, nossos hábitos e pensamentos menores não são insignificantes. Aqueles que são positivos têm uma boa chance de nos ajudar a cumprir nossos objetivos. Da mesma forma, aqueles que são ruins podem se multiplicar e multiplicar com o tempo, manifestando-se como graves conseqüências no final.

Shi Ji” (“Registros do Grande Historiador”), concluído por volta de 94 a.C. pelo antigo funcionário da Dinastia Han, Sima Qian, registrou que o rei Zhou, o último rei da dinastia Shang (cerca de 1556 a 1046 a.C.), certa vez recebeu um par de pauzinhos de marfim que ele adorava.

Vendo isso, seu conselheiro Qi Zi suspirou e disse: “Quanto mais o rei se preocupa com esses pauzinhos, mais ele pode pensar que eles só podem ser emparelhados com tigelas feitas de chifre de rinoceronte e copos feitos de jade branco.

“Com produtos tão finos, ele vai querer que eles tenham apenas as melhores iguarias. Estando acostumado a tais iguarias, ele desejará apenas as vestes de seda mais caras e os palácios majestosos.

“Os luxos dentro de nossas fronteiras acabarão sendo insuficientes, e o rei desejará adquirir itens raros e requintados de outros países. A partir desses pauzinhos, já consigo ver o que vai acontecer. Eu não posso deixar de me preocupar com o rei.”

A previsão de Qi Zi se tornou realidade. As fantasias do rei Zhou cresceram e cresceram. Ele abandonou seus deveres e se entregou a luxos e orgias. Ele cobrava pesados impostos para construir residências opulentas com poças de vinho e florestas de carne. Assim, ele perdeu o respeito e o apoio das pessoas, levando à derrubada da Dinastia Shang.

Após sua derrota, o rei Zhou incendiou seu palácio, guardou tesouros e se suicidou, atirando-se nas chamas.

Em vez de conter seus desejos enquanto ainda eram pequenos, o rei Zhou deixou sua cobiça crescer. O que antes era uma pequena falha tornou-se uma grande catástrofe, que acabou por custar-lhe o seu reino e a sua vida. Sua história transmite uma lição importante: seria sensato refletir e retificar constantemente as deficiências de uma pessoa antes que ela se transformasse em problemas sérios ou até mesmo em desastres.