China lança segundo míssil hipersônico

'Simplesmente não sabemos como podemos nos defender contra essa tecnologia', declara embaixador do desarmamento dos EUA

23/11/2021 19:03 Atualizado: 23/11/2021 19:24

Por Andrew Thornebrooke

Um sistema de armas hipersônicas testado pelo regime chinês em julho supostamente lançou um segundo míssil enquanto voava a cinco vezes a velocidade do som, de acordo com um novo informe do Financial Times.

Atualmente não está claro se o segundo míssil era uma arma com destino aéreo ou uma contramedida destinada a evitar que a arma fosse destruída.

Tal tecnologia representa um salto potencial das tecnologias americanas e russas, de acordo com especialistas, e poderia fornecer ao Partido Comunista Chinês (PCC) e seus militares uma vantagem estratégica em caso de guerra.

“Ao demonstrar o lançamento de carga útil pelo HGV [veículo de planagem hipersônico], a China superou os Estados Unidos na obtenção da capacidade de destruição estratégica quase imediata com armas potencialmente não nucleares”, afirmou Risk Fisher, pesquisador sênior do Centro de Avaliação e Estratégia Internacional.

Um HGV é um veículo manobrável que é disparado para o espaço por foguetes e então lançado para planar até seu alvo na atmosfera. Sua capacidade de fazer mudanças repentinas em sua trajetória durante o voo o torna especialmente perigoso, pois é difícil para os sistemas de alerta antecipado detectá-lo com precisão.

“Simplesmente não sabemos como podemos nos defender contra essa tecnologia. Nem a China, nem a Rússia”, declarou o embaixador dos EUA para o desarmamento, Robert Wood, em outubro.

A notícia chega menos de uma semana após a Casa Branca anunciar que buscaria negociações quanto à estabilidade estratégica com a China, em seguida da primeira cúpula entre o presidente Joe Biden e o líder do PCC, Xi Jinping.

De acordo com a reportagem do Financial Times, alguns funcionários do Pentágono ficaram surpresos com a existência de tal capacidade, pois acreditavam que nenhuma nação ainda a havia desenvolvido.

O general John Hyten, vice-presidente da Junta de Chefes de Estado-Maior, afirmou no início de novembro, no entanto, que os militares dos Estados Unidos pesquisaram um sistema semelhante há uma década, mas cancelaram o projeto após dois testes fracassados devido a uma burocracia “brutal” no Pentágono.

Ele também observou que, desde o cancelamento do projeto, os Estados Unidos realizaram um total de nove testes hipersônicos. A China, por sua vez, conduziu centenas.

“Um dígito versus centenas não é um bom lugar”, declarou Hyten.

Hyten também afirma que o hipersônico testado pela China poderia ser destinado a um ataque surpresa à terra natal dos Estados Unidos e sugeriu que se parecia com uma arma nuclear de “primeiro uso”.

Fisher relata que tal arma, com sua capacidade recém-descoberta de lançar múltiplas cargas durante o voo hipersônico, era perigosa com ou sem uma ogiva nuclear.

“A China poderá, em breve, ser capaz de destruir nossas duas principais bases de submarinos nucleares balísticos e nossas cinco principais bases de bombardeiros em 40 minutos com armas não nucleares”, afirmou Fisher.

“Se tal ataque precedesse uma guerra geral chinesa para conquistar Taiwan e destruir sua democracia, os EUA seriam forçados a escolher entre iniciar uma guerra nuclear que causaria muito mais destruição aos americanos do que aos chineses, abrindo caminho para a hegemonia global do comunismo chinês, ou rendendo-se no Estreito de Taiwan, perdendo suas alianças e criando um segundo caminho para a hegemonia do regime chinês”, acrescentou Fisher.

Os testes ocorrem em meio a um esforço sem precedentes do Partido Comunista Chinês para modernizar e expandir seu arsenal nuclear. Um relatório do Pentágono estimou que o PCC acumularia 1.000 ogivas nucleares até 2030.

Alguns especialistas acreditam que o aprofundamento das capacidades nucleares da China não pretende iniciar uma guerra nuclear, mas dar cobertura a conflitos convencionais, como a invasão de Taiwan. Em tal cenário, o arsenal nuclear da China poderia ser usado para dissuadir os Estados Unidos a engajar em um conflito na defesa de seus parceiros, afirmam.

Para Fisher, a capacidade do regime chinês de lançar ataques surpresa em qualquer lugar da terra natal dos EUA com armas hipersônicas é um risco com o qual os Estados Unidos simplesmente não conseguem sobreviver.

“Os americanos enfrentam uma escolha existencial que ainda não foi reconhecida por seus líderes”, declarou Fisher.

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